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O valor da microscopia eletrônica no diagnóstico das glomerulopatias

CONTEXTO: A microscopia eletrônica tem sido usada há mais de três décadas para o diagnóstico morfológico das doenças glomerulares e seu valor tem sido amplamente enfatizado. Entretanto, relatos recentes têm analisado criticamente o uso rotineiro da microscopia eletrônica. O seu uso em outras áreas de diagnóstico como doenças tumorais tem declinado consideravelmente. Além disso, em virtude da inevitável pressão financeira para redução dos custos da investigação na rotina diagnóstica, a seleção dos casos para microscopia eletrônica tem sido rigorosa. OBJETIVO: Com o intuito de se identificarem as doenças glomerulares que dependem da microscopia eletrônica para o diagnóstico final, foram revisadas biópsias renais recebidas no período de 12 anos. TIPO DE ESTUDO: Prospectivo LOCAL: Hospital Ana Costa, Hospital Guilherme Álvaro e Serviço de Anatomia Patológica de Santos, São Paulo, Brasil. PARTICIPANTES: 200 biópsias renais consecutivas, obtidas de hospital privado e hospital-escola de 1979 a 1991. PRINCIPAIS VARIÁVEIS: Todos os casos foram analisados por microscopia óptica, imunofluorescência e microscopia eletrônica. O diagnóstico foi inicialmente feito por microscopia óptica e de imunofluorescência, e posteriormente pela microscopia eletrônica. RESULTADOS: A microscopia eletrônica foi diagnóstica ou essencial para o diagnóstico em 10,0% dos casos, correspondendo a 3,4% de glomerulopatias primárias e 100% das glomerulopatias hereditárias. A microscopia eletrônica foi contributiva para o diagnóstico em 5,5% dos casos, confirmando os diagnósticos formulados com base em dados clínicos e laboratoriais, e achados de microscopia óptica e de imunofluorescência. Obtivemos 7,5% de imunofluorescências discordantes, assim consideradas quando os achados de imunofluorescência não foram confirmados pela microscopia eletrônica. Em 77,0% dos casos, o diagnóstico final pôde ser estabelecido exclusivamente com base nos achados de microscopia óptica e de imunofluorescência. CONCLUSÕES: Foi possível diagnosticar com exatidão grande porcentagem (82,5 - 90,0%) dos casos com base nos achados isolados de microscopia óptica e de imunofluorescência. A microscopia eletrônica foi essencial para o diagnóstico das nefropatias hereditárias.

Glomerulopatia membranosa; Microscopia eletrônica; Biópsia; Glomerulonefrite


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