RESUMO
CONTEXTO E OBJETIVOS:
Inibidores da glicoproteína (abciximab, eptifibatide, tirofiban) são utilizados em pacientes com angina instável e infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMSSST) antes da intervenção coronária percutânea. Dentre eles, o tirofiban é o menos eficaz. Nossa hipótese é que a resposta ao tirofiban possa estar associada a mutações no gene da glicoproteína.
DESENHO E LOCAL:
Estudo prospectivo na Unidade de Emergência do Instituto do Coração (InCor), Universidade de São Paulo (USP).
MÉTODOS:
Foram analisadas a evolução intra-hospitalar e agregabilidade plaquetária em resposta ao tirofiban de 4 mutações da glicoproteína em 50 pacientes com indicação para intervenção coronária percutânea, 17 (34%) com angina instável e 33 (66%) com IAMSSST. A agregação plaquetária foi analisada pelo método de Born. Amostras de sangue foram obtidas antes e uma hora após infusão do tirofiban. As glicoproteínas Ia (807C/T ), Ib (Thr/Met ), IIb (Ile/Ser ) e IIIa (PIA ) foram as mutações selecionadas.
RESULTADOS:
Hipertensão, dislipidemia, diabetes, tabagismo, doença coronariana e acidente vascular cerebral prévios foram semelhantes entre os grupos. Observou-se menor agregabilidade plaquetária dos genótipos mutantes da glicoproteína IIIa antes da administração de tirofiban do genótipo selvagem (41% ± 22% versus 56% ± 21%; P = 0,035). Genótipos mutantes da glicoproteína IIIa correlacionaram-se moderadamente com menor inibição plaquetária (r = -0,31; P = 0,030). Após a administração tirofiban, as mutações das glicoproteínas Ia, Ib, IIb, e IIIa não influenciaram o grau de inibição da agregação plaquetária e mortalidade intra-hospitalar.
CONCLUSÕES:
Mutações das glicoproteínas Ia, Ib, IIb e IIIa não influenciaram a agregação plaquetária em resposta ao tirofiban nos pacientes com angina instável e IAMSSST.
Glicoproteínas; Complexo glicoproteico GPIIb-IIIa de plaquetas; Polimorfismo genético; Síndrome coronariana aguda; Angina instável; Infarto do miocárdio