RESUMO
CONTEXTO E OBJETIVO:
A vaginose bacteriana é uma condição, comum em gestantes, que aumenta a susceptibilidade a infecções sexualmente transmissíveis (IST). Considerando que adolescentes são desproporcionalmente afetadas por IST, o objetivo deste estudo foi avaliar os níveis cervicovaginais de interleucina (IL)-1 beta, IL-6, IL-8 e sialidases bacterianas em gestantes adolescentes com vaginose bacteriana. DESENHO DO ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal em Unidade de Referência Materno Infantil
(UREMIA), Belém, Pará, Brasil.
MÉTODOS:
Amostras vaginais das 168 gestantes adolescentes incluídas foram testadas para tricomoníase e candidíase e a microbiota vaginal foi classificada em normal, intermediária e vaginose bacteriana, segundo os critérios de Nugent (1991). Infecções cervicais por Chlamydia trachomatis eNeisseria gonorrhoeae também foram avaliadas. Os níveis de citocinas e sialidades foram quantificados, respectivamente, por método imunoenzimático e pela conversão do MUAN nos lavados cervicovaginais. Foram excluídas 48 (28,6%) adolescentes positivas para alguma das infecções investigadas. As 120 gestantes remanescentes foram agrupadas de acordo com o padrão de flora vaginal em: normal (n = 68) e vaginose bacteriana (n = 52). Níveis de citocinas e sialidases foram comparados pelo teste de Mann-Whitney, P < 0,05.
RESULTADOS:
As gestantes adolescentes com vaginose bacteriana entre os grupos apresentaram níveis aumentados de IL-1 beta, IL-6 and IL-8 (P < 0,05). Sialidases foram exclusivamente detectadas em 35 (67,2%) adolescentes com vaginose bacteriana.
CONCLUSÕES:
Não apenas a IL-1 beta e as sialidases estão aumentadas em gestantes adolescentes com vaginose bacteriana, mas também IL-6 e IL-8, indicando resposta inflamatória mais pronunciada dessa alteração de microbiota nesta população, potencializando a vulnerabilidade à aquisição de IST.
PALAVRAS-CHAVE:
Gravidez; Adolescente; Vaginose bacteriana; Citocinas; Neuraminidase