CONTEXTO E OBJETIVO: A ligadura tubária é um dos métodos contraceptivos mais utilizados em todo o mundo. Como a controvérsia sobre seus possíveis efeitos ainda continua, o objetivo deste estudo foi avaliar as repercussões clínicas e psíquicas da laqueadura videolaparoscópica.
TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo observacional de coorte único, retrospectivo, conduzido em hospital público terciário.
MÉTODOS: Foi aplicado um questionário a 130 mulheres, entre 21-46 anos, submetidas à ligadura tubária videolaparoscópica, pelas técnicas de eletrocoagulação bipolar/secção ou inserção do anel tubário, entre janeiro de 1999 e dezembro de 2007. Nesse questionário avaliou-se: intervalo do ciclo menstrual, intensidade e duração do sangramento, sintomas pré-menstruais, dismenorreia, dispareunia, dor pélvica não cíclica e grau de satisfação sexual. Cada mulher serviu como seu próprio controle, foi realizada análise comparativa entre os períodos pré- e pós-cirúrgico e entre as duas técnicas utilizadas.
RESULTADOS: As repercussões clínicas e psicológicas mostraram-se significativas, com aumento de sangramento (P = 0,001), de sintomas pré-menstruais (P < 0,001), dismenorreia (P = 0,019), dor pélvica não cíclica (P = 0,001), e redução no número de relações sexuais por semana (P = 0,001) e na libido (P = 0,001). Mulheres com idade ≤ 35 anos, no momento da laqueadura, mostraram-se mais propensas a desenvolverem alterações menstruais. A técnica de eletrocoagulação bipolar mostrou maiores repercussões clínicas e psíquicas.
CONCLUSÃO: A ligadura tubária videolaparoscópica, independentemente da técnica, repercutiu com aumento do fluxo menstrual e de sintomas pré-menstruais, principalmente em mulheres com idade ≤ 35 anos, tendo também influenciado negativamente na atividade sexual.
Serviços de planejamento familiar; Laparoscopia; Distúrbios menstruais; Esterilização reprodutiva; Esterilização tubária