RESUMO
CONTEXTO E OBJETIVO:
Prevalência e características do diabetes mellitus gestacional (DMG) modificaram-se com o tempo, refletindo transição nutricional e diferentes critérios diagnósticos. Nosso objetivo foi avaliar características de gestações com DMG em intervalo de 20 anos.
TIPO DE ESTUDO E LOCAL:
Comparação de duas coortes gestacionais arroladas em diferentes períodos, em hospitais universitários de Porto Alegre, Brasil: 1991 a 1993 (n = 216) e 2009 a 2013 (n = 375).
MÉTODOS:
Aplicamos dois critérios diagnósticos às coortes: International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups (IADPSG)/Organização Mundial de Saúde (OMS); e National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Comparamos características e desfechos materno-fetais entre as coortes e dentro de cada uma.
RESULTADOS:
Na coorte dos anos 2010, as mulheres eram mais velhas (31 ± 7 versus 30 ± 6 anos), obesas (29,4% versus 15,2%), apresentaram mais distúrbios hipertensivos (14,1% versus 5,6%) e risco aumentado de cesariana (risco relativo ajustado 1,8; intervalo de confiança de 95% 1,4 - 2,3), comparadas às da coorte de 1990. Desfechos neonatais, como categoria do peso ao nascer e hipoglicemia, foram semelhantes. Na coorte de 1990, essas características e desfechos foram semelhantes nas mulheres que preenchiam apenas um dos critérios; na de 2010, mulheres diagnosticadas apenas pelo IADPSG/OMS eram mais obesas (33 ± 8 kg/m2 versus 28 ± 6 kg/m2, P < 0,001) do que as diagnosticadas apenas pelo NICE.
CONCLUSÃO:
A epidemia de obesidade parece ter modificado o perfil de mulheres com DMG. Embora desfechos neonatais sejam semelhantes, houve diferenças na intensidade de tratamento ao longo do tempo. O critério da IADPSG/OMS parece identificar um perfil mais associado à obesidade.
PALAVRAS-CHAVE:
Diabetes gestacional; Gravidez; Diagnóstico; Complicações na gravidez; Recém-nascido