Neste artigo examina-se a afirmação de Larry Laudan de que "desde a Antigüidade os críticos do realismo epistêmico basearam seu ceticismo numa convicção profundamente enraizada de que a falácia da afirmação do conseqüente é de fato falaciosa". Tal afirmação é confrontada com o "argumento do milagre", formulado por Hilary Putnam, que desempenha papel central na defesa do realismo científico. Embora esse argumento apresente uma estrutura lógica semelhante à da referida falácia, procura-se mostrar que nas circunstâncias especiais em que é empregado captura uma intuição epistemológica legítima e relevante para a ciência. Avalia-se, ao longo da análise, uma série de interpretações e críticas ao argumento por parte de anti-realistas, indicando-se sob que aspectos elas são insatisfatórias, ou podem ser rebatidas.
Realismo científico; Abdução; Argumento do milagre; Indução pessimista; Método hipotético-dedutivo; Empirismo; Larry Laudan; Hilary Putnam; Arthur Fine