Os Principia de Newton pressupõem uma filosofia da matemática, em particular, uma ontologia dos objetos matemáticos. Mas, para que isso seja relevante, deve de algum modo ter consequências para a compreensão das advertências de Newton sobre a sua consideração matemática das forças referidas nos primeiros teoremas dos Principia. O artigo procura mostrar que essas advertências, ao contrário do que podem sugerir, não esvaziam a matemática - e as forças consideradas matematicamente - de qualquer compromisso ontológico. Elas estão estruturadas em uma certa ontologia de caráter não-aristotélico em que as relações têm primazia sobre as essências. Essa ontologia tem nítidos antecedentes naquilo que Marion chamou de ontologia cinzenta de Descartes.
Newtonianismo; Gravitação universal; Objetos matemáticos; Ontologia da natureza; Cartesianismo