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Adeus à Nobuko Kameyama

Good-bye to Nobuko Kameyama

HOMENAGEM

Depois do adeus, fica aquele vazio imenso: a saudade.

Tudo se enche com a presença de uma ausência.

Oh! Como seria bom se não houvesse despedidas...

Rubem Alves, 2003.

Faleceu na manhã de 8 de junho de 2011 em São Paulo, a assistente social, professora e pesquisadora Nobuko Kameyama, uma vida dedicada ao Serviço Social, à pesquisa e à formação de assistentes sociais, sempre numa direção comprometida com a construção de outra ordem societária.

Nobuko estudou Serviço Social na Faculdade de Serviço Social de Lins (SP), onde foi professora por um longo período. Foi ainda nessa cidade a primeira diretora do Instituto Paulista de Promoção Humana (IPPH), onde iniciou seu trabalho social no campo da organização dos trabalhadores rurais. Muito lhe devem os cortadores de cana, os sem-terra, os grupos e movimentos de mulheres, entre elas lavadeiras e empregadas domésticas. Por estar sofrendo ameaças da parte dos militares, Dom Pedro Paulo, bispo local, enviou-a para estudar em Louvain, na Bélgica. Depois um tempo na Bélgica, ela se transferiu para Paris, onde concluiu seu doutorado em sociologia, estudando a mobilização e a organização dos lavradores na região de Jales e procurando entender melhor as condições de vida, de trabalho e as lutas sociais dos camponeses.

Esteve presente na criação e organização do Partido dos Trabalhadores em Lins, pelo qual foi candidata a deputada estadual.

Saindo de Lins, assumiu a escola de formação política do PT em Cajamar (SP). Trabalhou na pós-graduação de Serviço Social da PUC de São Paulo e depois assumiu a pós-graduação nessa mesma área na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A professora Nobuko, nossa querida companheira, nos deixou lições de coerência, humildade, ética e integridade humana, além de um importante legado intelectual para a área do Serviço Social, expresso em artigos e ensaios que priorizaram as temáticas dos movimentos sociais e a pesquisa em Serviço Social. Mas, certamente, sua contribuição maior encontra-se na formação acadêmica qualificada de várias gerações de assistentes sociais, mestres e doutores que tiveram o privilégio de desfrutar de seus ensinamentos, razão pela qual recebeu uma justa homenagem no último Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social, realizado na Uerj, em dezembro de 2010. "Nobuko primou por ser uma mulher de poucas palavras, porém de falas certeiras. Quando pensávamos que ela estava distante e alheia, com a sua costumeira posição de olhos fechados, surpreendia-nos com suas posições e com a sua capacidade de formar opinião e redirecionar uma decisão coletiva. Ela conseguia dizer "a coisa certa, na hora certa", afirma Ana Elizabete Mota nessa homenagem à companheira.

Que seu exemplo nos acompanhe e inspire nossas lutas na construção de um tempo novo, um tempo de justiça e de igualdade.

Maria Carmelita Yazbek

Julho de 2011

Recebido em 13/6/2011

Aprovado em 4/7/2011

  • Adeus à Nobuko Kameyama

    Good-bye to Nobuko Kameyama
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Set 2011
    • Data do Fascículo
      Set 2011
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