RESUMO
Objetivo:
conhecer perspectivas, práticas e desafios na tomada de decisão para admissão de pacientes em leitos de Unidades de Terapia Intensiva na pandemia da Covid-19.
Métodos:
estudo qualitativo, desenvolvido em dois hospitais públicos do Maranhão, Brasil, de novembro/2020 a janeiro/2021. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais guiadas por roteiro. Participaram do estudo 22 profissionais: enfermeiros e médicos que atuaram em Unidade de Terapia Intensiva e Regulação de Leitos na primeira onda da pandemia. Empregou-se a Análise de Conteúdo na modalidade temática, com apoio do Qualitative Data Analysis Software para categorização dos dados. A teoria da Responsabilidade pela Razoabilidade norteou o estudo.
Resultados:
emergiram duas categorias principais: “Contexto do processo decisório - o paradoxo das altas celestiais” e “Tomada de decisão para admissão”. No cenário de alta demanda, insuficiência de leitos e de incertezas da “nova doença”, decidir quem ocuparia o leito era árduo e conflitante. Critérios clínicos e não clínicos, como gravidade, chance de sobrevivência, distância a ser percorrida e condições do transporte foram considerados. Constatou-se que a ambivalência de sentimentos atribuídos à morte e ao cuidado, naquele momento da pandemia, marcaram o ambiente social e técnico da terapia intensiva.
Conclusões:
evidenciou-se a complexidade do processo decisório para admissão em unidade de terapia intensiva, demonstrando a importância de analisar a alocação de recursos críticos em cenários pandêmicos. Conhecer as perspectivas dos profissionais e as reflexões deles sobre as experiências naquele período podem auxiliar no planejamento de alocação de recursos de saúde em cenários emergenciais futuros.
DESCRITORES:
Covid-19; Unidades de Terapia Intensiva; Tomada de decisão; Leitos; Admissão do paciente