RESUMO
Objetivo:
analisar a autonomia reprodutiva em mulheres quilombolas e os fatores intervenientes da transmissão intergeracional entre mães e filhas.
Método:
estudo transversal e analítico desenvolvido com 160 mulheres, mães e filhas de comunidades quilombolas do município de Vitória da Conquista, Bahia. Utilizou-se o questionário da Pesquisa Nacional de Saúde para verificar características sociodemográficas e fatores intervenientes; e a Escala de Autonomia Reprodutiva. Foram aplicados testes qui-quadrado, Mann-Whitney e Wilcoxon. Os dados foram analisados através de regressão linear simples e múltipla.
Resultados:
o grupo das mães apresentou maior frequência de mulheres casadas ou com companheiro (66,2%), que trabalhavam (51,2%) e maior renda (358,00 ± 663,00). As filhas apresentaram mais anos de estudo (10,50 ± 5,00). A autonomia reprodutiva e a transmissão intergeracional entre mães e filhas ocorrem, sobretudo, nos domínios Ausência de Coerção (CCI=0,70; p=0368) e Comunicação (CCI=0,69; p=0694). A idade da mãe (β-ajustado=-0,027; p=0,039) e cor/raça da filha (β-ajustado=0,423; p=0,049) foram fatores intervenientes na transmissão intergeracional relacionada a Tomada de Decisão, associados a menor idade da mãe e ao autorreconhecimento da filha como negra.
Conclusão:
as filhas não acompanham a mesma escolha das mães, o que pode ser entendido por uma maior acessibilidade aos serviços de planejamento reprodutivo e aumento nos níveis de escolaridade. A transmissão intergeracional entre quilombolas apresenta especificidades importantes para decisões reprodutivas e possibilita melhor entendimento das informações e qualificação da assistência dos profissionais de saúde no cuidado com essas mulheres.
DESCRITORES:
Grupos Étnicos; Autonomia; Gênero; Relações familiares; Mulheres