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APLICAÇÃO E DESEMPENHO DE RASTREADORES PARA DETECÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS CIRÚRGICOS

RESUMO

Objetivo:

identificar a frequência e desempenho dos critérios de rastreamento do Canadian Adverse Events Study para confirmação de eventos adversos cirúrgicos em pacientes adultos.

Método:

estudo descritivo e retrospectivo realizado em hospital público do estado do Paraná de maio a novembro de 2017. Realizou-se revisão retrospectiva de 192 prontuários utilizando 16 critérios de rastreamento; a confirmação do evento adverso ocorreu por comitê de especialistas composto por médico e enfermeiros. Os dados foram analisados por estatística descritiva.

Resultados:

o rendimento médio dos rastreadores foi de 73,3%. Foram confirmados 70 rastreadores em 21,8% de prontuários com eventos adversos. A média de rastreador foi de 0,4 por prontuário (variação de zero a três). Reação adversa ao medicamento; retorno não planejado à sala de cirurgia; remoção, lesão ou correção não planejada de um órgão ou estrutura durante cirurgia ou procedimento invasivo; parada cardiorrespiratória revertida e infecção/sepse hospitalar foram classificados como rastreadores de alto desempenho (100,0%). Oito rastreadores não contribuíram para identificação de eventos adversos.

Conclusão:

os rastreadores de alto desempenho podem auxiliar na detecção dos eventos adversos; há potencial para aprimorar a ferramenta de rastreamento contribuindo para seu desempenho como método de investigação em hospitais brasileiros.

DESCRITORES:
Eventos adversos; Programas de rastreamento; Indicadores de qualidade em assistência à saúde; Segurança do paciente; Centros cirúrgicos

ABSTRACT

Objective:

to identify the frequency and performance of the Canadian Adverse Events Study tracking criteria for the confirmation of surgical adverse events in adult patients.

Method:

a descriptive and retrospective study conducted in a public hospital in the state of Paraná from May to November 2017. A retrospective review of 192 medical records was conducted using 16 tracking criteria; and the confirmation of adverse events was in charge of a committee of experts composed of a physician and nurses. Data was analyzed by means of descriptive statistics.

Results:

the mean performance of the trackers was 73.3%. A total of 70 trackers were confirmed in 21.8% of the medical records with adverse events. The mean number of trackers was 0.4 per medical record (varying from zero to three). Adverse reaction to the medication; unplanned return to the operating room; unplanned removal, injury or correction of an organ or structure during surgery or invasive procedure; cardiopulmonary arrest reversed and hospital infection/sepsis were classified as high performance trackers (100.0%). Eight trackers did not contribute to the identification of adverse events.

Conclusion:

high-performance trackers can assist in detecting adverse events; there is potential to improve the tracking tool, contributing to its performance as a research method in Brazilian hospitals.

DESCRIPTORS:
Adverse events; Tracking programs; Quality indicators in health care; Patient safety; Surgical centers

RESUMEN

Objetivo:

identificar la frecuencia y el rendimiento de los criterios de rastreo del Canadian Adverse Events Study para la confirmación de eventos adversos quirúrgicos en pacientes adultos.

Método:

estudio descriptivo y retrospectivo realizado en un hospital público del estado de Paraná entre mayo y noviembre de 2017. Se realizó una revisión retrospectiva de 192 historias clínicas utilizando 16 criterios de rastreo; la confirmación del evento adverso estuvo a cargo de un comité de especialistas compuesto por un médico y por profesionales de Enfermería. Los datos se analizaron por medio de estadística descriptiva.

Resultados:

el rendimiento medio de los rastreadores fue del 73,3%. Se confirmaron 70 rastreadores en el 21,8% de las historias clínicas con eventos adversos. La cantidad media de rastreadores fue de 0,4 por historia clínica (con una variación de cero a tres). Reacción adversa al medicamento; retorno no planificado a la sala de operaciones; remoción, lesión o corrección no planificada de un órgano o de una estructura durante la cirugía o durante el procedimiento invasivo; parada cardiopulmonar revertida e infección/sepsis hospitalaria se clasificaron como rastreadores de alto rendimiento (100,0%). Ocho rastreadores no contribuyeron en la identificación de eventos adversos.

Conclusión:

los rastreadores de alto rendimiento pueden ser útiles en la detección de los eventos adversos; hay potencial para mejorar la herramienta de rastreo, contribuyendo así para su rendimiento como como método de investigación en hospitales de Brasil.

DESCRIPTORES:
Eventos adversos; Programas de rastreo; Indicadores de calidad en la atención a la salud; Seguridad del paciente; Centros quirúrgicos

INTRODUÇÃO

Estima-se que anualmente 230 milhões de cirurgias são realizadas no mundo com ocorrência de sete milhões de eventos adversos (EA), e um milhão de pacientes cirúrgicos evoluindo ao óbito.11. World Health Organization. The second global patient safety challenge: safe surgery saves lives. Geneva (CH): World Health Organization. [Internet]. 2008 [cited 2018 Mar 25]. Available from: http://apps.who.int/iris/handle/10665/70080
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Apesar de serem inegáveis os avanços ocorridos na segurança do paciente cirúrgico, após a publicação do segundo desafio global da Organização Mundial de Saúde (OMS) “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, persiste a elevada incidência de EA22. Alemzadeh H, Raman J, Leveson N, Kalbarczyk Z, Iyer RK. Adverse events in robotic surgery: a retrospective study of 14 years of FDA data. PLoS One [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 01]; 11(4):e0151470. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0151470
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-33. Araújo IS, Carvalho R. Serious adverse events in surgical patients: occurrences and outcomes. Rev SOBECC [Internet]. 2018 [cited 2019 June 30];23(2):77-83. Available from: https://doi.org/10.5327/Z1414-4425201800020004
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bem como o custo relativo a sua ocorrência,44. Bailey JG, Davis PJB, Levy AR, Molinari M, Johnson PM. The impact of adverse events on health care costs for older adults undergoing nonelective abdominal surgery. Can J Surg [Internet]. 2016 [cited 2019 Apr 09];59(3):172-9. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4982862/
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ainda subestimada frente às lacunas na notificação e investigação desses agravos.

A notificação de EA constitui ferramenta fundamental para promover a segurança do paciente. Ela fornece dados importantes nos processos de melhoria da qualidade, pressupondo análises e avaliações, implementação de barreiras, revisões de processos assistenciais e gerenciais.55. Costa DBD, Ramos D, Gabriel CS, Bernardes A. Patient safety culture: evaluation by nursing professionals. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2018 [cited 2019 June 30];27(3):e2670016. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-070720180002670016
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Tradicionalmente a detecção desses eventos está amparada na notificação e no rastreamento voluntário de erros.66. Griffin FA; Resar RK. IHI global trigger tool for measuring adverse events. IHI innovation series white paper. 2th ed. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2009. [cited 2019 Jan 19]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/IHIWhitePapers/IHIGlobalTriggerToolWhitePaper.aspx
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No entanto, a prática de notificação dos EA pelos profissionais de saúde permanece limitante,77. Siman AG, Cunha SGS, Brito MJM. The practice of reporting adverse events in a teaching hospital. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2017 [cited 2019 June 30];51:e03243. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2016045503243
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-88. Vandresen L, Pires DEP, Martins MM, Forte ECN, Lorenzetti J. Participatory planning and quality assessment: contributions of a nursing management technology. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2019 [cited 2019 June 30];23(2):e20180330. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0330
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e muitas vezes associada à dificuldade do profissional de identificar se o evento é notificável, bem como ao receio/estigma relacionado à comunicação e notificação de um EA.88. Vandresen L, Pires DEP, Martins MM, Forte ECN, Lorenzetti J. Participatory planning and quality assessment: contributions of a nursing management technology. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2019 [cited 2019 June 30];23(2):e20180330. Available from: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0330
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Frente a este panorama, é necessário elencar métodos confiáveis para mensurar os EA, sua evitabilidade e os principais fatores contribuintes, e possibilitar consistentes ações para melhoria da qualidade e garantia de segurança nas intervenções cirúrgicas.11. World Health Organization. The second global patient safety challenge: safe surgery saves lives. Geneva (CH): World Health Organization. [Internet]. 2008 [cited 2018 Mar 25]. Available from: http://apps.who.int/iris/handle/10665/70080
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,99. World Health Organization. Assessing and tackling patient harm: a methodological guide for data-poor hospitals. [Internet]. 2010 [cited 2019 Feb 21]. Available from: http://www.who.int/iris/handle/10665/77100
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Instrumentos não válidos ou não confiáveis para quantificar a segurança do paciente podem levar a diagnóstico inadequado e, subsequentemente, à implementação de intervenções inadequadas1010. Hanskamp-Sebregts M, Zegers M, Vincent C, Van Gurp PJ, Vet HCW, Wollersheim H. Measurement of patient safety: a systematic review of the reliability and validity of adverse event detection with record review. BMJ Open [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 01];6(8):e011078. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2016-011078
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que impactam em custos adicionais e descrédito da equipe de saúde.

Desta forma, a mensuração de EA também pode ocorrer por meio de indicadores de segurança1111. Miller MR, Elixhauser A, Zhan C, Meyer GS. Patient safety indicators: using administrative data to identify potential patient safety concerns. Health Serv Res [Internet]. 2001 [cited 2019 Feb 06];36(6):110-32. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1383610/pdf/16148964.pdf
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e por revisão de prontuários, isoladamente ou com o uso de ferramenta de rastreamento.1212. Wachter RM. Understanding patient’s safety. Porto Alegre, RS (BR): Artmed; 2013. Entre os métodos de revisão de registros retrospectivos mais utilizados destacam-se a ferramenta Global Trigger Tool, desenvolvida pelo Institute of Healthcare Improvement,66. Griffin FA; Resar RK. IHI global trigger tool for measuring adverse events. IHI innovation series white paper. 2th ed. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2009. [cited 2019 Jan 19]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/IHIWhitePapers/IHIGlobalTriggerToolWhitePaper.aspx
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e os critérios de rastreamento baseados no método de Harvard e preconizados pelo Canadian Adverse Events Study.1313. Baker GR, Norton PG, Flintoft V, Blais R, Brown A, Cox J, et al. The Canadian adverse events study: the incidence of adverse events among hospital patients in Canada. CMAJ [Internet]. 2004 [cited 2019 Mar 04];170(11):1678-86. Available from: https://doi.org/10.1503/cmaj.1040498
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Ambas as ferramentas, basicamente, consistem em revisão retrospectiva de amostra aleatória de prontuários de pacientes hospitalizados, utilizando-se “rastreadores" (indícios, pistas) previamente definidos para identificar potenciais eventos adversos (pEA),66. Griffin FA; Resar RK. IHI global trigger tool for measuring adverse events. IHI innovation series white paper. 2th ed. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2009. [cited 2019 Jan 19]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/IHIWhitePapers/IHIGlobalTriggerToolWhitePaper.aspx
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posteriormente confirmados, ou não, por profissional médico.

Observa-se que a revisão de prontuários, associada ao uso de ferramentas de rastreamento, é considerada padrão-ouro para identificação de EA.66. Griffin FA; Resar RK. IHI global trigger tool for measuring adverse events. IHI innovation series white paper. 2th ed. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2009. [cited 2019 Jan 19]. Available from: http://www.ihi.org/resources/Pages/IHIWhitePapers/IHIGlobalTriggerToolWhitePaper.aspx
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,1212. Wachter RM. Understanding patient’s safety. Porto Alegre, RS (BR): Artmed; 2013.,1414. Health Quality & Safety Commission. The global trigger tool: A review of the evidence. Wellington (AU): Health quality & safety commission [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 04]. Available from: https://www.hqsc.govt.nz/publications-and-resources/publication/1189/
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Ademais, esta metodologia apresenta como principal vantagem o potencial de caracterizar os EA mais frequentes, permitindo priorizar ações para a melhoria da qualidade e para o aprimoramento dos profissionais de saúde em relação à segurança do paciente para resolução de danos.1515. Hibbert PD, Molloy CJ, Hooper TD, Wiles LK, Runciman WB, Lachman P, et al. The application of the Global Trigger Tool: a systematic review. Int J Qual Health Care [Internet]. 2016 [cited 2019 Feb 25];28(6):640-9. Available from: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzw115
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Considerando a crescente necessidade de tratamento cirúrgico em nível mundial1616. Shrime MG, Bickler SW, Alkire BC, Mock C. Global burden of surgical disease: an estimation from the provider perspective. Lancet Glob Health [Internet]. 2015 [cited 2019 June 30];3(2):8-9. Available from: https://doi.org/10.1016/S2214-109X(14)70384-5
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e o uso promissor de ferramentas para o rastreamento de EA decorrentes do cuidado em saúde, o objetivo desta pesquisa foi identificar a frequência e desempenho dos critérios de rastreamento do Canadian Adverse Events Study para confirmação de eventos adversos cirúrgicos em pacientes adultos.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, desenvolvido em cinco unidades de internação cirúrgicas (ortopedia, cirurgia geral e do aparelho digestivo, neurocirurgia, cirurgia plástica e transplante hepático) e um centro cirúrgico de hospital público do Estado do Paraná, com mais de 600 leitos financiados pelo Sistema Único de Saúde, que realiza, em média, 890 cirurgias/mês. A coleta de dados ocorreu no período compreendido entre os meses de maio e novembro de 2017.

A população foi composta por pacientes submetidos a cirurgias no período de junho de 2014 a maio de 2015. O recorte temporal decorre de o hospital em estudo ter iniciado transição administrativa no segundo semestre de 2014; fato esse que pode, ou não, impactar nas ações de segurança e qualidade assistencial. Os critérios de inclusão foram pacientes com idade ≥18 anos e com tempo de internação mínimo de 24 horas. Aqueles diagnosticados com doenças psiquiátricas foram excluídos, conforme previamente estabelecido no protocolo do Canadian Adverse Events Study1313. Baker GR, Norton PG, Flintoft V, Blais R, Brown A, Cox J, et al. The Canadian adverse events study: the incidence of adverse events among hospital patients in Canada. CMAJ [Internet]. 2004 [cited 2019 Mar 04];170(11):1678-86. Available from: https://doi.org/10.1503/cmaj.1040498
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e versão adaptada transculturalmente para o Brasil.1717. Mendes W, Travassos C, Martins M, Marques PM. Adjustment of adverse events assessment forms for use in Brazilian hospitals. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2008 [cited 2018 Oct 07]; 11(1):55-66. Available from: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2008000100005.
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Elegeram-se para o estudo 2.593 pacientes, sendo extraída amostra aleatória simples de 192, estimada a partir da incidência de complicações cirúrgicas de 16%,11. World Health Organization. The second global patient safety challenge: safe surgery saves lives. Geneva (CH): World Health Organization. [Internet]. 2008 [cited 2018 Mar 25]. Available from: http://apps.who.int/iris/handle/10665/70080
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erro amostral de 5% e nível de significância de 5%. Não houve perdas insubstituíveis.

Aplicou-se técnica de revisão de prontuários dos pacientes eleitos usando os critérios de rastreamento traduzidos e adaptados transculturalmente para o Brasil.1717. Mendes W, Travassos C, Martins M, Marques PM. Adjustment of adverse events assessment forms for use in Brazilian hospitals. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2008 [cited 2018 Oct 07]; 11(1):55-66. Available from: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2008000100005.
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Esses rastreadores são propostos pelo protocolo do Canadian Adverse Events Study que preconiza a identificação e análise do EA em duas fases.1313. Baker GR, Norton PG, Flintoft V, Blais R, Brown A, Cox J, et al. The Canadian adverse events study: the incidence of adverse events among hospital patients in Canada. CMAJ [Internet]. 2004 [cited 2019 Mar 04];170(11):1678-86. Available from: https://doi.org/10.1503/cmaj.1040498
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A fase I refere-se ao rastreamento de pEA orientada por critérios explícitos, a qual foi executada por dupla revisão de prontuários por dois enfermeiros com experiência na área cirúrgica. Ao detectar a presença de pelo menos um critério de rastreamento, independentemente de qual rastreador, foi preenchida a ficha de investigação dos pEA e incluído o prontuário para a revisão da fase seguinte.

A fase II refere-se à confirmação, ou não, do EA, por revisão estruturada implícita, a qual foi realizada por comitê de especialistas composto por um médico e dois enfermeiros com tempo de atuação superior a 20 anos na área de gestão da qualidade e segurança do paciente. O consenso foi norteado pela definição de EA e do grau de dano físico proposto pela OMS, ou seja, qualquer incidente que tenha resultado em dano leve, moderado e grave ao paciente,11. World Health Organization. The second global patient safety challenge: safe surgery saves lives. Geneva (CH): World Health Organization. [Internet]. 2008 [cited 2018 Mar 25]. Available from: http://apps.who.int/iris/handle/10665/70080
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e pela aplicação de duas escalas. A primeira para julgar se o EA foi causado pela assistência prestada ao paciente, e a segunda para avaliar o grau de evitabilidade. As escalas possuem seis pontos, considerou-se como EA e com potencial de evitabilidade quando a pontuação alcançou ≥4 pontos.1313. Baker GR, Norton PG, Flintoft V, Blais R, Brown A, Cox J, et al. The Canadian adverse events study: the incidence of adverse events among hospital patients in Canada. CMAJ [Internet]. 2004 [cited 2019 Mar 04];170(11):1678-86. Available from: https://doi.org/10.1503/cmaj.1040498
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,1818. Mendes W, Martins M, Rozenfeld S, Travassos C. The assessment of adverse events in hospitals in Brazil. Int J Qual Health Care [Internet]. 2009 [cited 2019 Apr 24];21(4):279-84. Available from: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzp022
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Foram utilizados 16 critérios de rastreamento de pEA relacionados aos procedimentos cirúrgicos e anestésicos, uso de medicamentos, diagnóstico, cuidados e tratamento não medicamentoso, provenientes da lista original.1313. Baker GR, Norton PG, Flintoft V, Blais R, Brown A, Cox J, et al. The Canadian adverse events study: the incidence of adverse events among hospital patients in Canada. CMAJ [Internet]. 2004 [cited 2019 Mar 04];170(11):1678-86. Available from: https://doi.org/10.1503/cmaj.1040498
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,1717. Mendes W, Travassos C, Martins M, Marques PM. Adjustment of adverse events assessment forms for use in Brazilian hospitals. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2008 [cited 2018 Oct 07]; 11(1):55-66. Available from: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2008000100005.
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Para a identificação dos pEA, relacionados à infecção de sítio cirúrgico (ISC) ocorridos após a alta hospitalar, utilizaram-se os registros contidos nas fichas de consultas ambulatoriais e foram considerados os critérios recomendados pelos Centers for Disease Control and Prevention que definem ISC como aquela que ocorre em até 30 dias após o procedimento cirúrgico e/ou 90 dias após inserção de implante.1919. Centers for Disease Control and Prevention. The National healthcare safety network. Surgical site infection (SSI) event. Manual: patient safety component manual [Internet]. Atlanta (US): CDC; 2017 [cited 2018 Feb 26]. Available from: https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/pcsmanual_current.pdf
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Para a análise do desempenho dos critérios de rastreamento, e sua capacidade de identificar EA cirúrgicos, utilizou-se o modelo de rendimento proposto por estudos prévios2020. Giordani F, Rozenfeld S, Oliveira DFM, Versa GLGS, Terencio JS, Caldeira LF, et al. Surveillance of adverse drug events in hospitals: implementation and performance of triggers. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2012 [cited 2019 Apr 23];15(3):455-67. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v15n3/02.pdf
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-2121. Rozenfeld S, Giordani F, Coelho S. Adverse drug events in hospital: pilot study with trigger tool. Rev Saúde Pública [Internet]. 2013 [cited 2019 Mar 01];47(6):1102-11. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004735
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e analisados em três componentes. O primeiro foi calculado dividindo-se o número de registros de cada rastreador pelo número total de prontuários avaliados, multiplicado por 100 (1). O segundo componente resultou da divisão do número de EA cirúrgicos identificados por meio dos rastreadores pelo número total de prontuários avaliados, multiplicado por 100 (2); e o terceiro rastreador foi calculado dividindo-se o resultado do segundo componente (2) pelo primeiro (1), multiplicado por 100. Este último corresponde à proporção que define o rendimento do rastreador e expressa, em valores relativos, o potencial de cada um deles para identificar EA cirúrgicos.

Cabe destacar que para o cálculo do componente 2 é necessário considerar que um mesmo evento pode ser identificado por mais de um rastreador. Assim, após consenso do comitê de especialistas, considerou-se o rastreador que melhor representasse o evento julgado. Os rastreadores foram agrupados em categorias de desempenho a partir do valor médio de rendimento: rastreadores de alto desempenho (rendimento de 100%); médio desempenho (rendimento entre o valor médio e 99,9%); e de baixo desempenho (rendimento abaixo do valor médio).2020. Giordani F, Rozenfeld S, Oliveira DFM, Versa GLGS, Terencio JS, Caldeira LF, et al. Surveillance of adverse drug events in hospitals: implementation and performance of triggers. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2012 [cited 2019 Apr 23];15(3):455-67. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v15n3/02.pdf
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,2222. Fabretti SC, Brassica SC, Cianciarullo MA, Romano-Lieber NS. Triggers for active surveillance of adverse drug events in newborns. Cad saúde pública [Internet]. 2018 [cited 2019 Mar 01];34(9):e00069817. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00069817
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Os dados coletados foram transferidos para planilha do Microsoft Office Excel 2016® por dupla digitação para validação e checagem de inconsistências, e foram analisados por estatística descritiva. Esta pesquisa seguiu os preceitos da Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional.

RESULTADOS

Foram identificados 82 rastreadores, dos quais 70 (85,4%) foram considerados positivos para a detecção de 60 EA cirúrgicos. A média de rastreador foi de 0,4 por paciente, com variação de zero a três. O uso dos rastreadores mostra que 21,8% dos prontuários apresentaram EA cirúrgico e possibilitaram identificar de um a cinco EA por paciente (Figura 1).

Figura 1 -
Fluxograma da revisão dos registros dos prontuários e distribuição dos rastreadores e eventos adversos cirúrgicos. Curitiba, PR, Brasil, 2017.

O rendimento médio dos rastreadores foi de 73,3%; cinco rastreadores foram considerados de alto rendimento, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 -
Frequência e desempenho de rendimento de rastreadores de eventos adversos cirúrgicos. Curitiba, PR, Brasil, 2017. (n=50)

Oito rastreadores não identificaram pEA, foram eles: transferência não planejada para outro hospital de cuidados agudos; desenvolvimento de alteração neurológica ausente na admissão, mas presente no momento da saída da internação índice; óbito; alta hospitalar inapropriada/planejamento de alta inadequado para a internação índice (exclui alta à revelia); insatisfação com o cuidado recebido documentada no prontuário ou evidência de queixa apresentada; documentação ou correspondência indicando litígio, seja somente intenção ou ação efetiva; partindo de uma creatinina normal na internação, houve duplicação do seu valor durante a permanência no hospital? e quaisquer outros eventos indesejados não mencionados na lista de rastreadores.

A Tabela 2 apresenta o desempenho dos rastreadores em relação ao grau de dano do EA cirúrgico. Verifica-se que, apesar de os rastreadores de alto desempenho detectarem maior número de EA, foi entre os rastreadores de baixo desempenho a identificação da maior frequência de danos moderados a graves (n=17;28,4%).

Tabela 2 -
Distribuição do desempenho de rendimento de rastreadores e grau de dano de eventos adversos cirúrgicos. Curitiba, PR, Brasil, 2017. (n=42)

DISCUSSÃO

O uso de rastreadores proporcionaram identificar, na revisão primária, 26% de prontuários com rastreadores positivos para pEA cirúrgicos. Deve-se considerar, ainda, que foram detectados 82 rastreadores, dos quais 70 contribuíram para confirmação de pelo menos um EA em 21,8% dos prontuários revisados na fase II. Em contraste, estudo sobre EA em hospitais irlandeses, com análise de 1.580 prontuários, apontou índice de 45% de rastreadores positivos na fase primária.2323. Rafter N, Hickey A, Conroy RM, Condell S, O´Connor P, Vaughan D, et al. The irish national adverse events study (INAES): the frequency and nature of adverse events in Irish hospitals - a retrospective record review study. BMJ Qual Saf [Internet]. 2016 [cited 2019 Jan 19];26(2):111-9. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjqs-2015-004828
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Na China, após revisão de 480 prontuários de pacientes idosos, 1.904 rastreadores foram identificados e 610 EA detectados.2424. Hu Q, Wu B, Zhan M, Jia W, Huang Y, Xu T. Adverse events identified by the global trigger tool at a university hospital: A retrospective medical record review. J Evid Based Med [Internet]. 2019 [cited 2019 Feb 25];12:91-7. Available from: https://doi.org/10.1111/jebm.12329
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As divergências encontradas entre os resultados da presente pesquisa e outras apresentadas podem estar relacionadas ao perfil dos pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico, ao tamanho amostral e a aspectos relacionados à gestão hospitalar. A frequência de cada rastreador encontrada na fase primária também pode estar condicionada à completude das anotações/registros, agravada pelo uso institucional de prontuário físico, o que contribui para subestimar a detecção dos pEA.2525. Batista J, Cruz EDA, Alpendre FT, Rocha DJM, Brandão MB, Maziero ECS. Prevalence and avoidability of surgical adverse events in a teaching hospital in Brazil. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2019 [cited 2019 Sept 11];27:e2939. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.2939.3171
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Esses fatores explicam, parcialmente, os oito rastreadores que não foram encontrados na presente pesquisa como, por exemplo, alteração neurológica ausente na admissão, mas presente no momento da alta hospitalar, bem como a duplicação da creatinina do paciente durante a internação. Esses rastreadores necessitam de registro contínuo e acesso a exames complementares nos quais, muitas das vezes, não foram obtidas essas informações e/ou não foi possível identificá-los anexados nos prontuários analisados.

O hospital em estudo, por ser considerado de alta complexidade e por utilizar tecnologias de ponta, raramente necessita transferir pacientes para continuidade do tratamento em outras instituições de saúde, o que justifica não ter encontrado o rastreador “Transferência não planejada para outro hospital de cuidados agudos” na amostra estudada, o que significa, portanto, a necessidade de as instituições adaptarem a lista de rastreadores a sua realidade de atendimento, conforme recomendado por estudo prévio,2626. Saavedra PAE, Soares L, Nascimento SB, Oliveira JVL, Areda CA, Cunha KB, et al. Os rastreadores de eventos adversos a medicamentos se aplicam a pacientes hospitalizados por queimaduras? Rev Bras Queimaduras [Internet]. 2018 [cited 2019 Sept 11];17(1):20-7. Available from: http://www.rbqueimaduras.org.br/export-pdf/404/nahead0329a01.pdf.
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para que, desta forma, obtenham dados confiáveis de EA.

Adicionalmente, a literatura aponta que não realizar, de forma rotineira, testes laboratoriais e microbiológicos relacionados a rastreadores acaba não permitindo a avaliação da capacidade de identificar EA de todos os rastreadores, em especial dos relacionados a administração de medicamentos.2626. Saavedra PAE, Soares L, Nascimento SB, Oliveira JVL, Areda CA, Cunha KB, et al. Os rastreadores de eventos adversos a medicamentos se aplicam a pacientes hospitalizados por queimaduras? Rev Bras Queimaduras [Internet]. 2018 [cited 2019 Sept 11];17(1):20-7. Available from: http://www.rbqueimaduras.org.br/export-pdf/404/nahead0329a01.pdf.
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Circunstância essa que interfere na média de rastreadores, que, por sinal, foi relativamente baixa na presente pesquisa, quando comparada a outros cenários de saúde. Em um centro de oncologia dos Estados Unidos da América, por exemplo, ao aplicar ferramenta de triagem com rastreadores similares, os pesquisadores encontraram média de 1,98% rastreador por prontuário.2727. Lipitz-Snyderman A, Classen D, Pfister D, Killen A, Atoria CL, Fortier E, et al. Performance of a Trigger Tool for identifying adverse events in oncology. J Oncol Pract [Internet]. 2017 [cited 2019 Feb 25];13(3):e223-e230. Available from: https://doi.org/10.1200/JOP.2016.016634
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Cabe destacar que este achado precisa ser interpretado com cautela, haja vista que o número total de rastreadores, bem como o percurso metodológico utilizado dificultam e até mesmo impossibilitam a comparação de resultados.1515. Hibbert PD, Molloy CJ, Hooper TD, Wiles LK, Runciman WB, Lachman P, et al. The application of the Global Trigger Tool: a systematic review. Int J Qual Health Care [Internet]. 2016 [cited 2019 Feb 25];28(6):640-9. Available from: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzw115
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Em contraste, o desenvolvimento e a adaptação do método de revisão retrospectiva são importantes para fornecer aos profissionais de saúde informações adequadas sobre as lacunas e riscos nos sistemas de saúde, além de permitir pesquisas adicionais sobre a epidemiologia do EA.2828. Unbeck M, Lindemalm S, Nydert P, Ygge BM, Nylén U, Berglund C, et al. Validation of triggers and development of a pediatric trigger tool to identify adverse events. BMC Health Serv Res [Internet]. 2014 [cited 2019 Mar 01];14(1):655. Available from: https://doi.org/10.1186/s12913-014-0655-5
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Revisão sistemática incluindo 48 estudos distribuídos em 16 países reforça que as diferenças existentes nas taxas de EA estão associadas a diferenças metodológicas e interpretações discrepantes dos revisores.1515. Hibbert PD, Molloy CJ, Hooper TD, Wiles LK, Runciman WB, Lachman P, et al. The application of the Global Trigger Tool: a systematic review. Int J Qual Health Care [Internet]. 2016 [cited 2019 Feb 25];28(6):640-9. Available from: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzw115
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Outro fator que colabora para essas divergências de resultados concentra-se na quantidade de revisores. A confiabilidade da revisão de registros é estatisticamente maior em grupos de, no máximo, cinco integrantes; ou seja, um pequeno grupo de revisores estimula trabalhar em conjunto, resultando em menor variação na metodologia de revisão e mais consenso sobre a definição do incidente que ocasionou dano ao paciente.1010. Hanskamp-Sebregts M, Zegers M, Vincent C, Van Gurp PJ, Vet HCW, Wollersheim H. Measurement of patient safety: a systematic review of the reliability and validity of adverse event detection with record review. BMJ Open [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 01];6(8):e011078. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2016-011078
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Apesar destas limitações, o uso de ferramentas com rastreadores de EA é promissor para aprimorar a segurança e a qualidade do cuidado, bem como para reduzir os custos dos serviços de saúde.2424. Hu Q, Wu B, Zhan M, Jia W, Huang Y, Xu T. Adverse events identified by the global trigger tool at a university hospital: A retrospective medical record review. J Evid Based Med [Internet]. 2019 [cited 2019 Feb 25];12:91-7. Available from: https://doi.org/10.1111/jebm.12329
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No entanto, seu uso requer tempo para execução2929. Veroneze C, Maluf EMCP, Giordani F. The use of trigger tools in the identification of adverse drug events. Cogitare Enferm [Internet]. 2017 [cited 2019 Mar 01];22(2):e45632. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v22i1.45632
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e exige apropriação da metodologia pelos pesquisadores, tanto para reduzir o risco de viés como para aprimorar as ferramentas já existentes. A título de exemplo, cita-se otimizar a eficiência do instrumento com a criação de acionadores eletrônicos automatizados para uso em algoritmos de detecção e mitigação de EA em tempo real.2727. Lipitz-Snyderman A, Classen D, Pfister D, Killen A, Atoria CL, Fortier E, et al. Performance of a Trigger Tool for identifying adverse events in oncology. J Oncol Pract [Internet]. 2017 [cited 2019 Feb 25];13(3):e223-e230. Available from: https://doi.org/10.1200/JOP.2016.016634
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Desta forma, dada a importância deste método para prática clínica e para identificação de problemas relacionados à segurança do paciente, acredita-se que a inclusão desse tema e a utilização dessa ferramenta de rastreamento na prática durante a formação dos profissionais de saúde, contribuirão efetivamente para a execução do processo de revisão primária e secundária. Isto proporciona melhorar a identificação dos rastreadores e suprir essa lacuna existente na prática profissional em saúde e em enfermagem.

O desempenho geral dos rastreadores foi de 73,3% (variação de 0,0% a 100,0%) entre os 16 rastreadores utilizados. Embora não seja diretamente comparável, parece haver divergências entre o rendimento geral encontrado em diversas investigações, em especial, dos rastreadores utilizados para detectar EA relacionados a medicamentos, que apontou taxa de rendimento de 22,5%;2222. Fabretti SC, Brassica SC, Cianciarullo MA, Romano-Lieber NS. Triggers for active surveillance of adverse drug events in newborns. Cad saúde pública [Internet]. 2018 [cited 2019 Mar 01];34(9):e00069817. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00069817
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e da utilização de ferramenta contendo 88 gatilhos pediátricos, a qual revelou valor preditivo positivo geral de 22,9% (variação de 0,0-100,0%).2828. Unbeck M, Lindemalm S, Nydert P, Ygge BM, Nylén U, Berglund C, et al. Validation of triggers and development of a pediatric trigger tool to identify adverse events. BMC Health Serv Res [Internet]. 2014 [cited 2019 Mar 01];14(1):655. Available from: https://doi.org/10.1186/s12913-014-0655-5
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Na Espanha, o valor preditivo positivo foi de 89% após a aplicação de ferramenta de rastreio de EA em pacientes submetidos a cirurgia geral.3030. Zapata AIP, Samaniego MG, Cuéllar ER, Esteban EMA, Cámara AG, López PR. Detection of adverse events in general surgery using the “Trigger Tool” Methodology. Cirurgia Española [Internet]. 2015 [cited 2019 Feb 25];93(2):84-90. Available from: https://doi.org/10.1016/j.cireng.2014.12.005
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As incongruências existentes em relação à capacidade do rastreador em captar pEA depende, possivelmente, do contexto investigado, do número de rastreadores aplicados, da confiabilidade entre revisores e da qualidade dos registros analisados. Assim, torna-se viável avaliar a sensibilidade e especificidade dos rastreadores para testar a validade desses instrumentos, que permanecem insuficientemente estudados.1010. Hanskamp-Sebregts M, Zegers M, Vincent C, Van Gurp PJ, Vet HCW, Wollersheim H. Measurement of patient safety: a systematic review of the reliability and validity of adverse event detection with record review. BMJ Open [Internet]. 2016 [cited 2019 Mar 01];6(8):e011078. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2016-011078
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No que se refere ao desempenho individual dos rastreadores, observou-se que cinco foram classificados como de alto desempenho (100,0%). Dentre estes, destaca-se que os EA cirúrgicos mais identificados estiveram relacionados ao rastreador infecção/sepse hospitalar (12,0/100 prontuários) com gravidade menos severa quando comparado ao rastreador retorno não planejado à sala de cirurgia, o qual foi eficiente para identificar EA de maior gravidade. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo realizado na Europa, o qual revelou que os fatores desencadeantes de infecção hospitalar, retorno não planejado ao centro cirúrgico e remoção/lesão não planejada durante a cirurgia tiveram os maiores riscos relativos para a determinação de EA subsequentes com 5,3, 4,8 e 4,7, respectivamente.2323. Rafter N, Hickey A, Conroy RM, Condell S, O´Connor P, Vaughan D, et al. The irish national adverse events study (INAES): the frequency and nature of adverse events in Irish hospitals - a retrospective record review study. BMJ Qual Saf [Internet]. 2016 [cited 2019 Jan 19];26(2):111-9. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjqs-2015-004828
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Em oncologia, exemplos de rastreadores de alto desempenho incluíram o retorno ao centro cirúrgico ou radiologia intervencionista, com valor preditivo positivo de 0,38% para EA evitáveis ocorridos nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico.2727. Lipitz-Snyderman A, Classen D, Pfister D, Killen A, Atoria CL, Fortier E, et al. Performance of a Trigger Tool for identifying adverse events in oncology. J Oncol Pract [Internet]. 2017 [cited 2019 Feb 25];13(3):e223-e230. Available from: https://doi.org/10.1200/JOP.2016.016634
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Desta forma, esses rastreadores tornam-se válidos e relevantes para captar EA em pacientes admitidos em unidades de internação cirúrgica. Há vários fatores explicativos para o destaque destes rastreadores na identificação e confirmação de EA. Um deles concentra-se no fato de que os rastreadores mais identificados refletem a maior facilidade para serem encontrados nos prontuários, e implicam alta carga de trabalho no seu processo de análise.2222. Fabretti SC, Brassica SC, Cianciarullo MA, Romano-Lieber NS. Triggers for active surveillance of adverse drug events in newborns. Cad saúde pública [Internet]. 2018 [cited 2019 Mar 01];34(9):e00069817. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00069817
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Sabe-se que a infecção do sítio cirúrgico, por exemplo, continua sendo uma das causas mais comuns de EA graves11. World Health Organization. The second global patient safety challenge: safe surgery saves lives. Geneva (CH): World Health Organization. [Internet]. 2008 [cited 2018 Mar 25]. Available from: http://apps.who.int/iris/handle/10665/70080
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e mais passíveis de serem encontrados nos registros da equipe de saúde.

Por outro lado, estudo prévio ressaltou que os rastreadores categorizados como de alto desempenho não necessariamente são os mais frequentemente registrados nos prontuários. Porém, quando encontrados, demonstram a ocorrência de EA,2222. Fabretti SC, Brassica SC, Cianciarullo MA, Romano-Lieber NS. Triggers for active surveillance of adverse drug events in newborns. Cad saúde pública [Internet]. 2018 [cited 2019 Mar 01];34(9):e00069817. Available from: https://doi.org/10.1590/0102-311x00069817
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corroborando os achados aqui apresentados. Ao analisar o rastreador mais prevalente, destacou-se o rastreador “Outras complicações inesperadas ocorridas durante a internação” (21,4/100 prontuários), com rendimento relativo de 51,6%. Apesar de ter sido considerado de baixo desempenho, este rastreador exige do revisor expertise para prosseguir na análise dos casos, principalmente em decorrência de identificar EA graves, conforme apontado nesta pesquisa. Complicações como, por exemplo, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, entre outras, apresentaram sensibilidade de 21,3%, especificidade (95,4%), valor preditivo positivo e negativo (41,7% e 88,7%, respectivamente) e risco relativo de 3,7 para determinação de EA em internações de pacientes adultos de oito hospitais irlandeses.2323. Rafter N, Hickey A, Conroy RM, Condell S, O´Connor P, Vaughan D, et al. The irish national adverse events study (INAES): the frequency and nature of adverse events in Irish hospitals - a retrospective record review study. BMJ Qual Saf [Internet]. 2016 [cited 2019 Jan 19];26(2):111-9. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjqs-2015-004828
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Isso incita a necessidade de aprimorar a ferramenta neste quesito, e de elencar outros métodos para excelência da investigação desses EA pelos revisores primários.

A ferramenta utilizada na presente pesquisa apresentou elevado número de rastreadores considerados de baixo desempenho para identificação de EA no contexto cirúrgico, com destaque para o rastreador óbito, o qual não foi identificado em prontuário, possivelmente por questões metodológicas (técnicas de amostragem probabilística). Neste caso, foi considerado rastreador insatisfatório para mensurar EA cirúrgicos, porém, é um gatilho importante para a prática cirúrgica, pois sua ocorrência retrata o risco relativo de ocorrência de EA.2323. Rafter N, Hickey A, Conroy RM, Condell S, O´Connor P, Vaughan D, et al. The irish national adverse events study (INAES): the frequency and nature of adverse events in Irish hospitals - a retrospective record review study. BMJ Qual Saf [Internet]. 2016 [cited 2019 Jan 19];26(2):111-9. Available from: https://doi.org/10.1136/bmjqs-2015-004828
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Entre as limitações desta pesquisa cita-se a incipiência de estudos com métodos de rastreamento semelhantes, o que dificulta a comparação de resultados. Apesar da recomendação para que hospitais individuais não realizem estudos exaustivos para avaliar a confiabilidade entre avaliadores,1515. Hibbert PD, Molloy CJ, Hooper TD, Wiles LK, Runciman WB, Lachman P, et al. The application of the Global Trigger Tool: a systematic review. Int J Qual Health Care [Internet]. 2016 [cited 2019 Feb 25];28(6):640-9. Available from: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzw115
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destaca-se que a não realização de testes estatísticos para esse fim, bem como para analisar a sensibilidade e especificidade de cada rastreador, isoladamente, pode contribuir para os limites dessa pesquisa. Tais limitações implicam precaução na generalização dos resultados e indicam a necessidade de inclusão destas variáveis em análises de estudos subsequentes.

CONCLUSÃO

Os rastreadores de alto desempenho contribuíram para a detecção de EA cirúrgicos e podem ser utilizados para acompanhar melhorias na segurança e qualidade do cuidado perioperatório. Novos estudos podem contribuir com o aprimoramento da ferramenta de rastreio para melhorar seu desempenho e garantir elevada confiabilidade no método de investigação para hospitais brasileiros.

Sugere-se a construção de guia para nortear e padronizar parâmetros a serem utilizados durante a fase de revisão retrospectiva de prontuários, e a criação de software para sinalizar potenciais EA durante os registros eletrônicos realizados pelos profissionais de saúde no contexto cirúrgico.

AGRADECIMENTO

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da dissertação - Avaliação da cultura de segurança e ocorrência de eventos adversos cirúrgicos em diferentes naturezas administrativas da gestão pública, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal do Paraná, 2018.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas da Universidade Federal Do Paraná, parecer n. 1.990.760/2017, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 62101216.7.0000.0096.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2019
  • Aceito
    20 Nov 2019
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