Open-access Informantes folk: concepciones de salud

tce Texto & Contexto - Enfermagem Texto contexto - enferm. 0104-0707 1980-265X Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Florianópolis, SC, Brazil El objetivo del trabajo fue conocer las concepciones sobre la salud de los informantes folk. Este es un estudio cualitativo que participan siete informantes indicado por campesinos ecológico de cuatro condados del sur del Brasil. Los datos fueron recolectados durante 2009 y 2010, utilizando la entrevista semiestructurada y observación. El análisis se realizó en dos núcleos temáticos, acorde a Minayo. El marco teórico se basó en la antropología interpretativa. La concepción de salud de los informantes folk se vincula con la forma en que las personas se relacionan con los espacios en que viven y como perciben sus relaciones con los demás, consigo mismos y con el ambiente. Profesionales necesitan tener en cuenta los conceptos de salud y enfermedad en la población atendida, y aceptar la existencia del sistema popular de cuidado, que busca contribuir a la mejora de su calidad de vida en el contexto histórico, social y cultural. ARTIGO ORIGINAL Informantes folk: concepções de saúde1 Informantes folk: concepciones de salud Caroline Vasconcellos LopesI; Ângela Roberta Alves LimaII; Márcia Kaster Portelinha VasconcelosIII; Anelise Miritz BorgesIV; Rosa Lía BarbieriV; Rita Maria HeckVI IDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPel. Enfermeira assistencial da prefeitura municipal de Pelotas. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: carolinevaslopes@gmail.com IIMestre em Enfermagem. Enfermeira assistencial da prefeitura municipal de Pelotas. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: oseiaseangela@hotmail.com IIIMestre em Enfermagem. Técnica-administrativa da UFPel. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: marciakaster@ibest.com.br IVDoutoranda do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: miritzenfermeira@yahoo.com.br VDoutora em Genética e Biologia Molecular. Pesquisadora da Embrapa Clima Temperado. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: lia.barbieri@gmail.com VIDoutora em Enfermagem. Professora Associado da Faculdade de Enfermagem da UFPel. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: rmheckpillon@yahoo.com.br Endereço para correspondência RESUMO Este trabalho teve como objetivo conhecer as concepções de saúde dos informantes folk. Trata-se de pesquisa qualitativa, envolvendo sete informantes indicados pelos agricultores ecológicos de quatro municípios do Rio Grande do Sul. A coleta de dados ocorreu em 2009 e 2010. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e observações simples. A análise resultou em dois núcleos temáticos, segundo a análise temática de Minayo. O referencial teórico embasou-se na antropologia interpretativa de Geertz e Kleinman. A concepção de saúde dos informantes folk está vinculada com a forma como as pessoas se relacionam nos espaços em que estão inseridos e como se percebem em suas relações com os outros, consigo e com o ambiente. Os profissionais necessitam considerar os conceitos de saúde e doença da população assistida, aceitando a existência do sistema de cuidado folk, que busca contribuir para a melhora da qualidade de vida, no seu contexto histórico, social e cultural. Descritores: Enfermagem. Cultura. Saúde. Antropologia. RESUMEN El objetivo del trabajo fue conocer las concepciones sobre la salud de los informantes folk. Este es un estudio cualitativo que participan siete informantes indicado por campesinos ecológico de cuatro condados del sur del Brasil. Los datos fueron recolectados durante 2009 y 2010, utilizando la entrevista semiestructurada y observación. El análisis se realizó en dos núcleos temáticos, acorde a Minayo. El marco teórico se basó en la antropología interpretativa. La concepción de salud de los informantes folk se vincula con la forma en que las personas se relacionan con los espacios en que viven y como perciben sus relaciones con los demás, consigo mismos y con el ambiente. Profesionales necesitan tener en cuenta los conceptos de salud y enfermedad en la población atendida, y aceptar la existencia del sistema popular de cuidado, que busca contribuir a la mejora de su calidad de vida en el contexto histórico, social y cultural. Descriptores: Enfermería. Cultura. Salud. Antropología. INTRODUÇÃO O ser humano, desde o princípio de sua existência, tem buscado várias alternativas na tentativa de eliminar os males físicos ou psicológicos. As diferentes ações de cuidado em saúde estão relacionadas ao contexto sociocultural, que caracteriza cada momento histórico vivido. Desse modo, os padrões culturais de uma realidade social podem ser entendidos como colaboradores nas concepções sociais que envolvem o processo saúde-doença.1 Nesse sentido, refletir sobre o sistema de atenção em saúde como um sistema cultural, ajuda a compreender os múltiplos caminhos percorridos pela população para o alcance da cura ou do alívio de seus problemas de saúde.2-4 A antropologia interpretativa, que propõe um modelo explicativo de cuidado à saúde, atentando para o fato da coexistência de diferentes sistemas de saúde dentro da mesma sociedade, o que inclui uma multiplicidade de concepções.4-5 Nesse contexto, são diferenciados três sistemas culturais de cuidado à saúde: o profissional, o folk e o familiar. No sistema de cuidado profissional, encontram-se as profissões de cura organizadas e legalmente reconhecidas, das quais o sistema biomédico é o maior representante nas sociedades ocidentais. O sistema de cuidado folk refere-se aos especialistas de cura não reconhecidos legalmente, que utilizam recursos como o uso de plantas medicinais, tratamentos manipulativos e espirituais. Esses especialistas são legitimados pela sociedade e estão fortemente ligados ao sistema de cuidado familiar.4-5 O sistema de cuidado familiar, composto por conhecimento leigo, referente aos saberes e práticas cotidianas que estão relacionadas ao fenômeno saúde-doença e, ainda, neste contexto são adotados os primeiros cuidados com a saúde e a doença. Destaca-se, também nesse sistema familiar, que diferentes indivíduos e grupos sociais constroem concepções de tratamento e cura. Esses assimilam, avaliam, julgam os conhecimentos e práticas provenientes dos outros sistemas.4-5 A doença e as preocupações com a saúde são universais, presentes em todas as sociedades. No entanto, cada grupo organiza-se coletivamente, por meios materiais, pensamentos e elementos culturais, para compreender e desenvolver técnicas em resposta às experiências ou episódios de doença, sejam eles individuais ou coletivos.3 Tais elementos culturais são compostos por um sistema de símbolos compartilhados, que as pessoas usam para perceber, interpretar e organizar o mundo.6 Os informantes folk, na maioria das vezes, compartilham os mesmos valores culturais e a visão de mundo das comunidades onde vivem.4-5 Esse fato desencadeia a necessidade de conhecê-los, para enriquecer o entendimento de saúde e doença, construído pelas relações socioculturais específicas de cada grupo populacional. Conhecer os contextos de vida dos informantes folk torna-se importante, para que se possam lançar subsídios aos profissionais de saúde, em especial aos enfermeiros, sobre a percepção da vida em meio à relação sociocultural que permeia as comunidades. Os profissionais acompanham a saúde da população, e tal fato é determinante para que repensem e ampliem seus conhecimentos, aprimorando-os para o cuidado, podendo utilizar os recursos presentes na comunidade, como as plantas medicinais.7 Nessa perceptiva, ressalta-se que o contexto em que os informantes folk estão inseridos é um dos elementos significativos para a sua constituição, sendo, para tanto, direcionada a presente pesquisa àqueles indicados por integrantes das famílias de agricultores de base ecológica. Esses agricultores valorizam o consumo de alimentos sem agrotóxicos e os benefícios desse hábito para a saúde, além de recorrerem às plantas medicinais como prática de cuidado à saúde no sistema informal.8 Tais concepções corroboram com um novo paradigma de religação, de reencantamento pela natureza e de compaixão pelos que sofrem, inaugurando uma nova ternura para com a vida e um sentimento autêntico de pertença amorosa à mãe Terra. Essa mudança evidencia-se no crescimento dos grupos que cultivam a ecologia, a meditação e a espiritualidade, incorporando a perspectiva da Terra como um todo vivo e orgânico. Desse modo, as pessoas têm procurado alimentar-se com produtos naturais e mantêm sob severo controle o nível de contaminação e quimicalização dos produtos.9 Destarte, objetivou-se conhecer as concepções de saúde dos informantes folk da região Sul do Rio Grande do Sul. METODOLOGIA Realizou-se uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, vinculada ao projeto "Plantas bioativas de uso humano por famílias de agricultores de base ecológica na Região Sul do Rio Grande do Sul", realizado pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, com a parceria da Embrapa Clima Temperado. A coleta de dados ocorreu nos meses de setembro e outubro de 2009 e de março a setembro de 2010. O estudo foi desenvolvido nos municípios de Pelotas, Canguçu, Morro Redondo e São Lourenço do Sul, localizados na região Sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Constituíram-se, como sujeitos do estudo, sete pessoas conhecedoras de plantas medicinais, indicadas pelos agricultores ecológicos, participantes de uma pesquisa anterior5 vinculada ao projeto citado acima. Quatro informantes foram abordados no domicílio, e os demais, no local onde prestavam atendimento ao público. Destaca-se, ainda, que os sujeitos foram identificados pelas letras iniciais do nome, seguidas pela idade. Para chegar a esses informantes folk foram examinados registros de uma pesquisa anterior,5 que os indicaram, com intuito de rastrear seus nomes e seus contatos. Em algumas situações, quando não estavam completas as informações para entrar em contato com os informantes, foi feito o retorno ao agricultor, na feira ecológica, para possibilitar o acesso aos sujeitos. A partir desse rastreamento de informações, foi elaborada uma lista de nomes de informantes folk , com os respectivos endereços e telefones. Na maioria das situações, o primeiro contato com esses informantes folk foi realizado por ligação telefônica, para marcar uma visita em seu domicílio ou local onde prestavam atendimento ao público. Em alguns casos, foi utilizado um mapa para deslocamento até o local no meio rural. Durante essa visita, foi feito o convite formal para participação na pesquisa, e estabelecida uma agenda de encontros, que variou de dois a 12. As abordagens envolveram a observação do cenário (aparência e postura do entrevistado, ambiente de cuidado e disposição das plantas) e a entrevista semiestruturada foi gravada, adequando-se à dinâmica do entrevistado. Somente um informante folk não concordou com o uso do gravador. Nesse caso, a abordagem foi realizada com a participação de, pelo menos, duas pessoas para auxiliar nas anotações dos registros. Para elaboração deste artigo, foram utilizadas as respostas dos informantes a duas perguntas da entrevista: o que é saúde para o(a) senhor(a)? O que é doença? Foram respeitados os princípios éticos de pesquisas com seres humanos da Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.10 O projeto recebeu aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, sob protocolo n. 072/2007. Os dados que resultaram das entrevistas foram transcritos e organizados por núcleos temáticos, sendo feita posterior releitura das transcrições e das anotações das observações do contexto, para se destacarem as ideias-chave que foram discutidas como subtemas.11 Foi utilizado o suporte teórico da antropologia interpretativa, em todos os passos, para a compreensão, interpretação e crítica na construção do trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÃO Apresentação e contextualização dos informantes folk Todos os informantes foram indicados por agricultores ecológicos, que residem em diferentes municípios da região Sul do Rio Grande do Sul e participam de uma associação de movimento agroecológico, existente há mais de 17 anos, e, como referido na metodologia, os informantes folk também residem e indicam as plantas medicinais na mesma região em que se encontram os agricultores ecológicos. Desse modo, é possível perceber que esses informantes desenvolvem um cuidado em saúde que se destaca nas comunidades, uma vez que foram lembrados e citados pelas famílias como um dos primeiros recursos terapêuticos ao qual recorrem. Quem são esses informantes folk? São pessoas com idades que variam de 45 a 86 anos, o que indica tratar-se de sujeitos com experiência de vida. Dentre eles, destacou-se a predominância do gênero feminino, com a participação de seis mulheres, e um representante do gênero masculino, todos considerando a natureza que cerca as pessoas como promotora terapêutica de cuidado à saúde. Tais dados estão em consonância com várias pesquisas que referem as pessoas idosas e/ou mulheres, como aquelas que detêm mais conhecimentos, quando se trata de plantas medicinais.12-15 Nesse sentido, um estudo apontou que o homem também compartilha do conhecimento sobre plantas medicinais, mas com menos intensidade que a mulher.9 Essa característica, possivelmente, esteja relacionada ao trabalho do homem de cultivar a planta, conhecendo as características vegetais e não se detendo no uso voltado ao cuidado terapêutico. Historicamente, a mulher está intimamente ligada ao cuidado, uma vez que, já na infância, é estimulada ao instinto materno, ou seja, desde cedo aprende que é de sua responsabilidade manter o lar "em ordem". À mulher cabe a responsabilidade de garantir a saúde da família por meio de ações no cotidiano, como o preparo de alimentos, higiene do ambiente doméstico e cuidado com os filhos. Para isso, busca informações sobre diversas terapêuticas, inclusive a respeito da utilização de plantas medicinais, ocorrendo essa transmissão de conhecimento entre mulheres de diferentes gerações.15 Com relação à profissão e à ocupação dos informantes folk, foi observada uma grande diversidade, tendo participado: uma agricultora; uma líder religiosa da Pastoral da Saúde*;19 uma enfermeira e uma técnica de enfermagem, que trabalham com extensão rural; e três aposentados, sendo dois da agricultura familiar e uma do serviço público de extensão rural. Com relação à descendência e à religiosidade, quatro informantes são de origem alemã e se declararam pertencentes à igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Uma entrevistada é de origem portuguesa e católica não praticante. Duas têm origem na miscigenação de etnias (uma é descendente de italianos, portugueses e espanhóis, e a outra é descendente de alemães, italianos e "brasileiros") e declaram-se católicas. A iniciação no conhecimento sobre as plantas medicinais, desses informantes folk, deu-se pela valorização das práticas populares na década de 80 e no início da década de 90, promovidos por iniciativas de Organizações Não Governamentais (ONGs), com apoio das Igrejas Católica e Luterana, fato que evidencia a influência dessas religiões na disseminação desse conhecimento. Ainda, outros fatores que podem ter favorecido o acúmulo de conhecimento em plantas medicinais, foram a diversidade de espécies utilizadas com fins medicinais, o encontro de várias etnias, somados à biodiversidade e à topografia do estado do Rio Grande do Sul. Os últimos forneceram a base para a formação da cultura e da identidade do povo gaúcho, fortemente vinculadas à terra, à atividade agrícola e ao uso dos recursos naturais no cuidado à saúde.16 Dentre os entrevistados, três moravam na zona rural e quatro na zona urbana. Desses, seis indicavam plantas no meio rural, e apenas uma indicava e cultivava as plantas medicinais no meio urbano. Quanto à escolaridade, três têm ensino fundamental incompleto, dois possuem ensino médio completo e curso técnico e outros dois possuem ensino superior. Esses achados contrapõem-se às literaturas que revelam uma relação inversa quanto à escolaridade e ao conhecimento no uso de plantas medicinais, inferindo que o maior nível de escolaridade envolve uma certa massificação dos costumes, principalmente frente à globalização, o que levaria a uma perda gradual dos hábitos ancestrais relacionados à fitoterapia.17-18 No entanto, este trabalho evidenciou que a diferença entre as escolaridades dos informantes não influenciou no saber relacionado à utilização de plantas medicinais. Todos os sujeitos buscam e enfatizam a importância de adquirir maiores conhecimentos acerca do tema, uma vez que relataram e mostraram os livros de seu acervo pessoal, usados para consulta em caso de dúvida. Essa realidade demonstra que o conhecimento folk vai além do saber familiar, pois os informantes buscam outros meios para respaldar o seu cuidado de saúde. Ainda, coincidindo com esses resultados, em uma pesquisa realizada em Ariquemes, Rondônia, os entrevistados referiram que a maior parte da aquisição dos seus saberes sobre as plantas medicinais foi por meio de livros, seguida de trocas de materiais entre os familiares, pessoas da comunidade e com as pastorais.17 Tal fato demonstra que os informantes abordados tornam-se pessoas-referência no conhecimento sobre as plantas aplicadas na saúde humana, pois, além de manterem o contato com a terra e as plantas, buscam o conhecimento a partir de fontes bibliográficas. As concepções de saúde e doença dos informantes folk O processo de saúde e doença, para os informantes folk, está muito ligado à forma como as pessoas se relacionam nos espaços em que estão inseridas e como se percebem em suas relações com os outros, consigo mesmas e com o ambiente. Essa concepção é visível a seguir: [...] a maior parte das pessoas não são doentes, são perturbadas; eles estão perdidos no tempo e na consciência [...]. Psicologia perturbada, porque pelo menos isso é uma coisa que os médicos dizem certo, as doenças psicossomáticas [...] (GHW, 68a). Esse informante entende que a doença está relacionada à subjetividade e às emoções, evidenciando-se a partir dos sentimentos de insatisfação, que impedem o indivíduo de perceber a perpetuação da vida, desencadeando a incapacidade de viver a plenitude do momento, levando a perturbações e, posteriormente, se não superado, ao adoecimento físico. Existe uma distinção entre as dimensões biológica e cultural da doença, que é reconhecida por esse informante. Essa diferença pode ser dividida em duas categorias: a patologia, disease, e a enfermidade, illness.4 Conforme o paradigma biomédico ocidental, patologia significa mau funcionamento ou má adaptação de processos biológicos e psicológicos no indivíduo; a enfermidade, ou estar doente, representa as reações pessoais, interpessoais e culturais perante a doença e o desconforto, imbuídos de complexas conexões familiares, sociais e culturais.4-5 As concepções de doença também estão fortemente ligadas aos processos de vida contemporâneos das pessoas, os quais são percebidos nos discursos que seguem: [...] aquela pessoa que está sempre se queixando, ou nada está bem para ela, é que já é uma pessoa doente, ou ela é física ou emocional [...]. Tem pessoas que são doentes, porque elas não têm atenção, são doentes de carinho, de afeto, de uma escuta [...] (IR, 45 anos). Essa informante tem a concepção de doença como dualidade, pois identifica a doença física e social, em que o modo de vida contemporâneo, a concepção de individualismo e o incentivo ao consumismo interferem, ocasionando uma forma de adoecimento individual e coletivo. Além da diminuição da solidariedade humana e da instantaneidade da vida, o sentimento do imediatismo oferece consequências à líquida e individualizada sociedade moderna.20 A essência do ato de conviver e o partilhar em grupo se perdem, muitas vezes, pois as pessoas não possuem mais o tempo para coexistir, conversar e trocar experiências. Nessa perspectiva, um informante folk abordou a saúde como um elemento que possui valor inestimável, fortemente ligado aos princípios de cultura em que as regras e os costumes foram construídos, a partir de experiências entre os seus membros e a natureza.6 Essa realidade pode ser observada no discurso a seguir: [...] estar de bem com a vida e com a natureza também, porque eu acho que a saúde é o melhor bem que a pessoa pode ter [...] (GWH, 68 anos). A saúde também foi apresentada, por um dos sujeitos entrevistados, como o equilíbrio entre o estado saudável, a doença e a vida humana. [...] pois é, saúde é isso, é um equilíbrio, entre o todo da tua vida, [...] esta noção, assim, de equilíbrio e de qualidade de vida, de bem-estar, não naquela visão antiga que o bem-estar é uma coisa que vem de fora, mas aquilo que tu constrói (KP, 45 anos). Nesse discurso, identificaram-se dois princípios que possivelmente norteiam a noção de equilíbrio da informante: o hipocrático e o naturalista. O hipocrático envolve a manutenção da saúde, a qual depende fundamentalmente do equilíbrio de agentes internos e externos ao organismo humano.21 Também na medicina oriental, o corpo necessita manter-se equilibrado com o ambiente para garantir seu funcionamento harmônico.22 De acordo com o princípio naturalista, o indivíduo é o agente de sua própria saúde, pelas escolhas e atitudes frente às situações cotidianas.21 Esse dado é contraposto na fala a seguir: a maioria das doenças das pessoas vem da alimentação errada; é lamentável isso! [...] está com o sangue cheio de lixo, impurezas que vêm da alimentação unicamente (GWH, 68 anos). O informante supracitado expressa que as doenças estão muito relacionadas às questões de impureza, conceito advindo da teoria judaico-cristã, em que os indivíduos tornam-se impuros através da alimentação ou das práticas cotidianas. Os alimentos têm a capacidade de nutrir, proteger e garantir a manutenção do organismo e, também, podem agredir o corpo, provocando ou agravando doenças.21 Assim, a impureza alimentar versus a natureza, foi descrita em vários estudos da antropologia alimentar, que descrevem como um alimento impuro ou "reimoso", aquele que é capaz de desencadear o movimento dos fluidos corporais, levando ao desequilíbrio dos agentes internos.23-27 Na atualidade, a impureza alimentar pode se referir também aos alimentos que sofrem processo de industrialização, quando são adicionados produtos artificiais, que contribuiriam para a contaminação do organismo humano ou, ainda, para a alteração e a poluição do ambiente onde são produzidos. A seguir, outra informante declara que a ausência de natureza nos medicamentos industrializados, favorece uma resposta rápida ao tratamento, no entanto, não fortalece o organismo para enfrentar situações adversas, deixando-o suscetível a condições de adoecimento. Esses remédios que eu chamo de química, eles não são uma coisa natural. Esses remédios têm uma ação mais rápida no organismo, e as pessoas da geração mais jovem, pelo fácil alcance os utilizam mais, mas ao mesmo tempo ficam mais abertas para as doenças. Porque, se tivessem um conhecimento sobre a terra como a gente tem, também fortaleceriam a saúde, através de uma alimentação equilibrada, e, sendo isso uma medicação, o corpo não adoeceria [...] (NLB, 66 anos). Para essa informante, a química se refere à interação de elementos que compõem os medicamentos industrializados, não reconhecendo as interações químicas presentes nos elementos da natureza. Assim, seguindo essa lógica frente ao sistema naturalístico, essa informante entende que as causas do adoecimento podem estar relacionadas com o seu viver diário, e nesse raciocínio a pessoa não é vítima, mas agente de sua própria doença, pois sofrerá as consequências de suas ações conforme o que fez, o que comeu ou onde esteve.28 Nesse contexto, a natureza é percebida como um dos fatores essenciais para se pensar em saúde, e as plantas medicinais são elementos de ligação da natureza com o ser humano, como pode se acompanhar no que segue: [...] para quem gosta, é muito legal tu manipular essa planta, porque tu vê que a planta tem vida, e tu usar ela e saber que ela te dá resultado é muito legal (IR, 45 anos). [...] a gente tem que ter respeito pela natureza, pedir licença para a planta e, quando for arrancar, só tirar o que vai precisar naquela hora (MT, 86 anos). A partir dos relatos, fica perceptível que, entre as pessoas e a natureza, existe uma relação, e essa pode ser determinante para ter saúde ou adoecer. Ao respeitar o ambiente, se está valorizando o contexto.9 Assim, essa representação é considerada categoria simbólica, a partir do conceito hipocrático de que as pessoas, as doenças, os alimentos, os medicamentos (plantas medicinais, animais ou minerais) possuem uma natureza viva. Desse modo, o cuidado consiste em compreender a natureza da pessoa, determinar a natureza da doença e restaurar o equilíbrio perdido.21 Assim, as políticas de saúde que queiram abordar as populações como simples consumidores de cuidados, que privilegiam a eficácia técnica sem levar em conta as questões do significado dado às realidades materiais, ao próprio corpo humano, à saúde e à doença, correm grande risco de fracasso. Uma vez que o modo como as pessoas lidam com o corpo, com as doenças, com as terapias, com a dor é amplamente determinado pelas representações que a sua cultura tem sobre o corpo e de suas relações com a mente, a fé e as emoções.28-29 Nesse sentido, trazendo a discussão para as terapias complementares, com destaque às plantas medicinais, torna-se impostergável pensar que o cuidado com essas terapias não pode ser padronizado como se fossem medicamentos industrializados. Porém, é preciso que os enfermeiros e os demais profissionais da área da saúde considerem a cultura local e os conhecimentos das pessoas da comunidade onde estão inseridos, uma vez que as plantas medicinais fazem parte de seus costumes e tradições de maneira peculiar com o processo de saúde e doença. CONCLUSÃO A pesquisa revelou que os informantes folk possuem uma forma de cuidar ímpar, na qual o processo de saúde e doença é pensado de forma indivisível, estando corpo, alma e espírito em equilíbrio com a natureza e sua cultura. A utilização das plantas medicinais, nesse contexto, não se limita apenas à saúde, mas à construção do cuidado e de indivíduos participativos no seu processo de bem-estar. O ato de cuidar, para os informantes folk, é desenvolvido em meio a uma relação baseada na confiança, no vínculo e na troca de saberes. Durante esse processo, os indivíduos não apenas recebem as orientações necessárias para o restabelecimento de sua saúde, mas também para o desenvolvimento de práticas cotidianas saudáveis e sustentáveis. Assim, os profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, necessitam considerar os conceitos de saúde e doença da população assistida, e aceitar a existência do sistema de cuidado folk, que busca contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas, no seu contexto histórico, social e cultural. A democratização e a relativização do emprego das terapias complementares, em especial das plantas medicinais, dar-se-ão por meio de ações interdisciplinares no cuidado em saúde, valorizando o saber e os recursos de cada comunidade, e apoiando-se nas políticas públicas. Nesse sentido, os conceitos de saúde e doença, construídos por uma população, contribuirão para que os profissionais entendam as regras, os valores, os costumes, o viver de um grupo social, tornando-se um apoio essencial, para se promover saúde com respeito às diferenças. Este trabalho evidenciou a necessidade de olhar para os informantes folk existentes em cada comunidade, valorizando o seu conhecimento no cuidado à saúde. Desse modo, existe o desafio de continuidade de ações que promovam a aproximação entre o conhecimento científico dos profissionais de saúde, em especial os que atuam na estratégia de saúde da família, com os saberes empíricos existentes na comunidade em que atuam. A aproximação desses conhecimentos, dentro do nível primário de saúde, pode refletir, posteriormente, em outros níveis de atenção, como ambulatorial e hospitalar. Endereço para correspondência: Caroline Vasconcellos Lopes Rua Rudi Bonow, 866 96070-310 - Três Vendas, Pelotas, RS, Brasil E-mail: carolinevaslopes@gmail.com Recebido: 30 de Julho 2012 Aprovado: 28 de Outubro 2013 * A Pastoral da Saúde é uma das Pastorais Sociais da CNBB com organização cívico-religiosa, sem fins lucrativos, de atuação em âmbito nacional e de referência internacional, comprometida em defender, preservar, cuidar, promover e celebrar a vida de todo o povo de Deus, independente de quaisquer fatores de exclusão social, inclusive do credo. Com milhares de agentes por todo o território nacional, essa atua em três dimensões: solidária, comunitária e político-institucional. 19 1 Artigo extraído da dissertação - Informantes folk em plantas medicinais no Sul do Brasil: contribuições para enfermagem, apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 2010, financiada pelo CNPq. 1. Siqueira KM, Barbosa MA, Brasil VV, Oliveira LMC, Andraus LMS. Crenças populares referentes à saúde: apropriação de saberes sócio-culturais. Texto Contexto Enferm. 2006 Jan-Mar; 15(1):68-73. Crenças populares referentes à saúde: apropriação de saberes sócio-culturais Texto Contexto Enferm 2006 03 68 73 1 15 Siqueira KM Barbosa MA Brasil VV Oliveira LMC Andraus LMS 2. Leininger, M. Culture Care Theory: a major contribution to advance transcultural nursing knowledge and practices. J Transcult Nurs. 2002 Jul; 13(3):189-92. Culture Care Theory: a major contribution to advance transcultural nursing knowledge and practices J Transcult Nurs 2002 07 189 92 3 13 Leininger M 3. Langdon EJ, Wiik FB. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev Latino-Am Enferm [online]. 2010 Mai-Jun; [acesso 2011 Dez 15]; 18(3):173-81. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_23.pdf Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde Rev Latino-Am Enferm 2010 06 173 81 3 18 Langdon EJ Wiik FB 4. Kleinman A. Patients and healers in the context of culture: an exploration of the bordeland between anthropology, medicine and psychiatry. California (US): Regents; 1980. Patients and healers in the context of culture: an exploration of the bordeland between anthropology, medicine and psychiatry 1980 Kleinman A 5. Kleinman A. Concepts and a model for the comparison of medical systems as cultural systems. Soc Sci Med. 1978 Abr 12(2B):85-95. Concepts and a model for the comparison of medical systems as cultural systems Soc Sci Med 1978 12 04 85 95 2B Kleinman A 6. Geertz C. A interpretação das culturas. 13ª reimpr. Rio de Janeiro (RJ): LTC; 2008. A interpretação das culturas 2008 Geertz C 7. Souza ADZ, Ceolin T, Vargas NRC, Heck RM, Lopes CV, Borges AM, Mendieta MC. Plantas medicinais utilizadas na saúde da criança. Enferm Glob [online]. 2011 Out; [acesso 2011 Set 23]; 10(4):46-52. Disponível em: http://revistas.um.es/eglobal/article/view/137331/124661 Plantas medicinais utilizadas na saúde da criança Enferm Glob 2011 10 46 52 4 10 Souza ADZ Ceolin T Vargas NRC Heck RM Lopes CV Borges AM Mendieta MC 8. Ceolin T. Conhecimento sobre plantas medicinais entre agricultores de base ecológica do sul do Brasil [dissertação]. Pelotas (RS): Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem; 2009. Conhecimento sobre plantas medicinais entre agricultores de base ecológica do sul do Brasil 2009 Ceolin T 9. Boff L. Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela terra. 18ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes; 2012. Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela terra 2012 Boff L 10 10. Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução n. 196 de 10 de outubro de 1996: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília (DF): MS; 1996. Resolução n: 196 de 10 de outubro de 1996: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos 1996 11. Minayo MCS, organizadora. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro (RJ): Vozes; 2008. Pesquisa social: teoria, método e criatividade 2008 Minayo MCS 12. Badke MR, Budó MLD, Alvim NAT, Zanetti GD, Heisler EV. Saberes e práticas populares de cuidado em saúde com o uso de plantas medicinais. Texto Contexto Enferm. 2012 Abr-Jun; 21(2):363-70. Saberes e práticas populares de cuidado em saúde com o uso de plantas medicinais Texto Contexto Enferm 2012 06 363 70 2 21 Badke MR Budó MLD Alvim NAT Zanetti GD Heisler EV 13. Veiga Junior VF. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela população. Rev Bras Farmacogn [online]. 2008 Abr-Jun [acesso 2011 Nov 11]; 18(2):308-13. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000200027 Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela população Rev Bras Farmacogn 2008 06 308 13 2 18 Veiga Junior VF 14. Marchese JA, Ming LC, Franceschi L, Camochena RC, Gomes GDR, Paladini M, et al. Medicinal plants used by "Passo da Ilha" rural community in the city of Pato Branco, southern Brazil. An Acad Bras Ciênc [online]. 2009 Dez [acesso 2011 Out 11]; 81(4):691-700. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0001-37652009000400008&script=sci_arttext Medicinal plants used by "Passo da Ilha" rural community in the city of Pato Branco, southern Brazil An Acad Bras Ciênc 2009 12 691 700 4 81 Marchese JA Ming LC Franceschi L Camochena RC Gomes GDR Paladini M 15. Ceolin T, Heck RM, Barbieri RL, Schwartz E, Muniz RM, Pillon CN. Plantas medicinais: transmissão do conhecimento nas famílias de agricultores de base ecológica no sul do RS. Rev Esc Enferm USP [online]. 2011 Mar [acesso 2011 Out 05]; 45(1):47-54. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000100007&lng=en&nrm=iso Plantas medicinais: transmissão do conhecimento nas famílias de agricultores de base ecológica no sul do RS Rev Esc Enferm USP 2011 03 47 54 1 45 Ceolin T Heck RM Barbieri RL Schwartz E Muniz RM Pillon CN 16. Heiden G, Iganci JRV. Sobre a paisagem e a flora. In: Stumpf ERT, Barbieri RL, Heiden G, organizadores. Cores e formas no Bioma Pampa: plantas ornamentais nativas. Pelotas (RS): Embrapa Clima Temperado; 2009. p.15-21. Cores e formas no Bioma Pampa: plantas ornamentais nativas 2009 15 21 Heiden G Iganci JRV Stumpf ERT Barbieri RL Heiden G 17. Santos MRA, Lima MR, Ferreira MGR. Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia. Hortic Bra [online]. 2008 Abr-Jun [acesso 2011 Out 05]; 26(2):244-50. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-05362008000200023 Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia Hortic Bra 2008 06 244 50 2 26 Santos MRA Lima MR Ferreira MGR 18. Silva CSP, Proença CEB. Uso e disponibilidade de recursos medicinais no município de Ouro Verde de Goiás, GO, Brasil. Acta Bot Bras [online]. 2008 Abr-Jun [acesso 2011 Nov 03]; 22(2):481-92. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abb/v22n2/a16v22n2.pdf Uso e disponibilidade de recursos medicinais no município de Ouro Verde de Goiás, GO, Brasil Acta Bot Bras 2008 06 481 92 2 22 Silva CSP Proença CEB 19 19. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil [página na internet]. Pastoral da Saúde Nacional. Brasília (DF): Edições CNBB; 2011 [acesso 2013 Mar 07]. Disponível em: http://pastoraldasaudenacional.com.br/pastoral-da-sa%C3%BAde.php Pastoral da Saúde Nacional 2011 20. Baumann Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de janeiro (RJ): Zahar; 2004. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos 2004 Baumann Z 21. Rodrigues AG. Buscando raízes. Horiz Antropol [online]. 2001 Dez [acesso 2011 Nov 12]; 7(16):131-44. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ha/v7n16/v7n16a07.pdf Buscando raízes Horiz Antropol 2001 12 131 44 16 7 Rodrigues AG 22. Moura FBP, Marques JGW. Zooterapia popular na chapada diamantina: uma medicina incidental? Ciênc Saúde Coletiva [online]. 2008 Dez [acesso 2011 Dez 15]; 13(Suppl 2):2179-88. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232008000900023&script=sci_arttext Zooterapia popular na chapada diamantina: uma medicina incidental? Ciênc Saúde Coletiva 2008 12 2179 88 13 Moura FBP Marques JGW 23. Canesqui AM. Antropologia e alimentação. Rev Saúde Pública. 1988 Jun; 22(3):207-16. Antropologia e alimentação Rev Saúde Pública 1988 06 207 16 3 22 Canesqui AM 24. Woortmann K. Quente, frio e reimoso: alimentos, corpo humano e pessoas. Rev Estud Fem. 2008 Jan-Jul; 19(1):17-30. Quente, frio e reimoso: alimentos, corpo humano e pessoas Rev Estud Fem 2008 07 17 30 1 19 Woortmann K 25. Canesqui AM, Garcia RWD, organizadoras. Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro (RJ): Editora Fiocruz; 2005. Antropologia e nutrição: um diálogo possível 2005 Canesqui AM Garcia RWD 26. Canesqui AM. A qualidade dos alimentos: análise de algumas categorias da dietética popular. Rev Nutr. 2007 Mar-Abr; 20(2):203-16. A qualidade dos alimentos: análise de algumas categorias da dietética popular Rev Nutr 2007 04 203 16 2 20 Canesqui AM 27. Marques ES, Cotta RMMC, Botelho MIV, Franceschini SCC, Araújo RMA. Representações sociais sobre a alimentação da nutriz. Ciênc Daúde Coletiva. 2011 Out; 16(10):4267-74. Representações sociais sobre a alimentação da nutriz Ciênc Daúde Coletiva 2011 10 4267 74 10 16 Marques ES Cotta RMMC Botelho MIV Franceschini SCC Araújo RMA 28. Foster G. Disease etiologies in non-western medical systems. American Anthropologist. 1976 Dez; 78(4):773-82. Disease etiologies in non-western medical systems American Anthropologist 1976 12 773 82 4 78 Foster G 29. Raynaut C. Interfaces entre a antropologia e a saúde: em busca de novas abordagens conceituais. Rev Gaúch Enferm [online]. 2006 Jun [acesso 2011 Dez 6]; 27(2):149-65. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4592/2513 Interfaces entre a antropologia e a saúde: em busca de novas abordagens conceituais Rev Gaúch Enferm 2006 06 149 65 2 27 Raynaut C Original Article Folk informants: conceptions of health This study aimed to know the conceptions of health by folk informants. It is a qualitative research involving seven informers indicated by ecological farmers in four municipalities of Rio Grande do Sul state. Data were collected in 2009 and 2010. Semi-structured interviews and simple observations were done. The analysis resulted in two thematic nuclei, according thematic analysis by Minayo. The supported theoretical reference was based on interpretative anthropology by Geertz and Kleinman. The conception of health by the folk informants is linked with the way as people relate themselves to each other in the spaces where they live and how they view their relationships with the others, with themselves and with the environment. Professionals need to consider the concepts of health and disease in population served, and accept the existence of folk care system, which seeks to contribute to improve the quality of life in its historical, social and cultural context. Nursing Culture Health Anthropology ORIGINAL ARTICLE Folk informants: conceptions of health1 Informantes folk: concepciones de salud Caroline Vasconcellos LopesI; Ângela Roberta Alves LimaII; Márcia Kaster Portelinha VasconcelosIII; Anelise Miritz BorgesIV; Rosa Lía BarbieriV; Rita Maria HeckVI IDoctoral student on UFPel's Postgraduate Nursing Program. Nurse of the municipal prefecture of Pelotas. Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: carolinevaslopes@gmail.com IIMaster degree in Nursing. Nurse of the municipal prefecture of Pelotas. Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: oseiaseangela@hotmail.com IIIMaster degree in Nursing. UFPel technical-administrative staff. Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: marciakaster@ibest.com.br IVDoctoral student on the Postgraduate Program of the School of Nursing of the Federal University of Rio Grande. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: miritzenfermeira@yahoo.com.br VPh.D. in Genetics and Molecular Biology. Researcher of the Brazilian Agricultural Research Corporation - Temperate Climate. Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: lia.barbieri@gmail.com VIPh.D. in Nursing. Associate professor of the Faculty of Nursing at UFPel. Rio Grande do Sul, Brazil. E-mail: rmheckpillon@yahoo.com.br Correspondence ABSTRACT This work aimed to investigate folk informants' conceptions on health. It is qualitative research, involving seven informants indicated by ecological farmers from four municipalities in Rio Grande do Sul. Data collection took place in 2009 and 2010. Semi-structured interviews were held and simple observations undertaken. The analysis resulted in two thematic nuclei, according to Minayo's thematic analysis. The theoretical framework was based on the interpretive anthropology of Geertz and Kleinman. The folk informants' conception of health is linked to how people relate in the spaces in which they are inserted, and how they perceive themselves in their relationships with others, themselves and the environment. Health professionals need to take into account the concepts of health and illness of the population assisted, accepting the existence of the system of folk care, which seeks to contribute to improving quality of life, in its historical, social and cultural context. Descriptors: Nursing. Culture. Health. Anthropology. RESUMEN El objetivo del trabajo fue conocer las concepciones sobre la salud de los informantes folk. Este es un estudio cualitativo que participan siete informantes indicados por agricultores ecológicos de cuatro municipios del sur del Brasil. Los datos fueron recolectados durante 2009 y 2010, utilizando la entrevista semiestructurada y observación. El análisis se realizó en dos núcleos temáticos, según Minayo. El marco teórico se basó en la antropología interpretativa. La concepción de salud de los informantes folk se vincula con la forma en que las personas se relacionan con los espacios en que viven y como perciben sus relaciones con los demás, consigo mismos y con el ambiente. Los profesionales necesitan tener en cuenta los conceptos de salud y enfermedad en la población atendida, y aceptar la existencia del sistema popular de cuidado, que busca contribuir a la mejora de su calidad de vida en el contexto histórico, social y cultural. Descriptores: Enfermería. Cultura. Salud. Antropología. INTRODUCTION Human beings, throughout their existence, have sought various alternatives in the attempt to eliminate the physical or psychological illnesses. The different care actions in health are related to the socio-cultural context, which characterizes each historical time experienced. As a result, the cultural patterns of a social context may be understood as contributing to the social conceptions which surround the health-illness process.1 In this regard, reflecting on the healthcare system as a cultural system helps one to understand the multiple paths traced by the population so as to cure or relieve their health problems.2-4 Interpretive anthropology, which proposes an explicatory model of healthcare, pays attention to the fact of the coexistence of different health systems within the same society, which includes a multiplicity of conceptions.4-5 In this context, three cultural systems of healthcare are differentiated: the professional, the folk, and the family. In the professional system of care, one finds the organized and legally-recognized care professions, of which the biomedical model is the largest representative in western societies. The folk system of care refers to the cure specialists who are not legally-recognized, who use resources such as medicinal plants, manipulative treatment, and spiritual treatments. These specialists are legitimated by society and are strongly linked to the system of family care.4-5 The system of family care, made up of lay knowledge, is referent to those knowledges and routine practices which are related to the health-illness phenomenon and, further, it is in this context that the first care is adopted for health and illness. Also in this family system, it stands out that different individuals and social groups build conceptions of treatment and cure. These assimilate, evaluate and judge the knowledges and practices originating from the other systems.4-5 Illness and concerns about health are universal, present in all societies. However, each group is organized collectively, through material means, thoughts, and cultural elements, so as to understand and develop techniques in response to the experiences or episodes of illness, whether these are individual or collective.3 These cultural elements are made up of a system of shared symbols, which people use to perceive, interpret and organize the world.6 The folk informants, mostly, share the same cultural values and world view of the communities where they live.4-5 This fact triggers the need to know them, so as to enrich the understanding of health and illness, built by the specific socio-cultural relationships of each populational group. It becomes important to investigate the folk informants' life contexts so that these may provide support for health professionals, in particular nurses, regarding the perception of life in the socio-cultural relationship which permeates the communities. The professionals monitor the population's health, and this fact is determinant for them to re-think and widen their knowledges, improving themselves for care, being able to use the resources available in the community, such as medicinal plants.7 In this perspective, it is noteworthy that the context in which the folk informants are inserted is one of the significant elements for its constitution. This being the case, the present research focussed on those indicated by the members of the families of ecological farmers. These farmers value the consumption of food grown without agrotoxins and the benefits of this habit for health, as well as using medicinal plants as a health care practice in the informal system.8 Such conceptions contribute to a new paradigm of re-linking, of re-enchantment with nature and of compassion for those who suffer, inaugurating a new tenderness for life and an authentic feeling of loving belonging to Mother Earth. This change is evidenced in the growth of groups which promote ecology, meditation, and spirituality, incorporating the perspective of the Earth as a living, organic whole. As a result, people have sought to feed themselves with natural products and maintain a strict control over products' level of contamination and chemicalization.9 Thus, it was aimed to investigate the conceptions of health of folk informants from the southern region of the state of Rio Grande do Sul. METHODOLOGY Qualitative, exploratory and descriptive research was undertaken, linked to the "Bio-active plants for human use utilized by the families of ecological farmers in the southern region of Rio Grande do Sul" project undertaken by the Faculty of Nursing of the Federal University of Pelotas, in partnership with Brazilian Agricultural Research Corporation - Temperate Climate. Data collection took place in the months of September and October 2009 and from March to September 2010. The study was carried out in the municipalities of Pelotas, Canguçu, Morro Redondo and São Lourenço do Sul, located in the southern region of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. The study subjects were seven people with knowledge of medicinal plants, indicated by ecological farmers, who participated in previous research5 linked to the project mentioned above. Four informants were approached in their homes, and the others in the places where they attend the public. It is also emphasized that the subjects were identified by the initial letters of their names, followed by their ages. In order to locate these folk informants, the researchers examined records from a previous study,5 which indicated them, with the aim of tracing their names and contacts. In some situations, when the information for contacting informants was not complete, the researchers returned to the farmers at the ecological market, so as to make access to these subjects possible. Resulting from this tracking down of the information, a list of folk informants was elaborated, with their respective names and telephone numbers. In the majority of situations, the first contact with these folk informants was made by telephone, so as to arrange a visit to their home or the place where they attend the public. In some cases, a map was used to get to places in rural areas. During the visit, the subjects were formally invited to participate in the research, and a timetable for meetings was arranged, varying from two meetings to 12. The approaches involved observing the scenario (the appearance and posture of the interviewee, the care setting, and the placing of the plants), and the semi-structured interview was recorded, thus being adapted to the interviewee's dynamics. Only one folk informant did not agree to the use of the recording device. In that particular case, the approach was undertaken with the participation of at least two people to assist in noting down the records. For the elaboration of this article, the researchers used the informants' responses to two interview questions: What is health, to you? What is illness? The study respected the ethical principles of research involving human beings as described in the National Health Council's Resolution 196/96.10 The project was approved by the Federal University of Pelotas' Research Ethics Committee under protocol n. 072/2007. The data resulting from the interviews was transcribed and organized by thematic nuclei. Later, the transcriptions and notes on the observations of the context were re-read, so as to emphasize the key ideas, which were discussed as sub-themes.11 The theoretical support of interpretive anthropology was used at all stages for understanding, interpreting and criticism in the construction of the work. RESULTS AND DISCUSSION Presentation and contextualization of the folk informants All the informants were indicated by ecological farmers who lived in different municipalities of the southern region of Rio Grande do Sul and who participated in an association of the agro-ecological movement, in existence for over 17 years, As mentioned in the methodology, the folk informants also live in, and indicate medicinal plants in, the same region in which one finds the ecological farmers. As a result, one can see that these informants carry out care which stands out in the communities, given that they were remembered and mentioned by the families as one of the first therapeutic resources to which they have recourse. Who are these folk informants? They are people with ages varying between 45 and 86 years old, which indicates that they are subjects with experience of life. Among them, the predominance of women stood out, with six women participating, and one man. All considered the nature which surrounds people to be a therapeutic promoter of health care. This data is in accordance with various studies which mention older adults and/or women as those who have more knowledge of medicinal plants.12-15 In this regard, one study indicated that men also share knowledge of medicinal plants, but with less intensity than women.9 This characteristic may possibly be related to the work of men in cultivating the plant, knowing the vegetable characteristics as well as the use directed at therapeutic care. Historically, women are closely linked with care, as even in childhood the maternal instinct is encouraged - that is, from an early age they learn that it is their responsibility to keep the home "in order". The responsibility of ensuring the family's health through daily actions - such as food preparation, keeping the domestic environment clean, and caring for the children - falls to the woman. To this end, women seek information about various therapies, including in regard to the use of medicinal plants, the transmission of this knowledge happening between women of different generations.15 Great diversity was observed in relation to the folk informants' professions and occupations, the following participating: one farmer; one religious leader from the Pastoral Health Care program*;16 one nurse, and one nurse technician, both working in rural extension programs; and three retirees, two with backgrounds in family agriculture, and one from the public rural extension service. In relation to ethnicity and religion, four informants are from German families and stated themselves to belong to the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil. One interviewee is of Portuguese extraction and is a non-practicing Roman Catholic. Two are from more than one ethnic group (one is a descendant of Italians, Portuguese and Spaniards, and another is descended from Germans, Italians and "Brazilians") and declared themselves to be Roman Catholics. These folk informants started learning about medicinal plants through valuing folk practices in the 1980's and in the early 1990's, promoted by initiatives of Non-Governmental Organizations (NGOs), with support from the Roman Catholic and Lutheran Churches, a fact which emphasizes these Churches' influence in the dissemination of this knowledge. Furthermore, other factors may have favored the accumulation of knowledge of medicinal plants, such as the diversity of species used for medicinal purposes and the meeting of different ethnic groups, added to the biodiversity and topography of the state of Rio Grande do Sul. These last provided the basis for the shaping of the Gaúcho people's culture and identity, which is strongly linked to the earth, to agricultural activity, and to the use of natural resources in caring for their health.17 Of the interviewees, three lived in the rural zone, and four in the urban zone. Of these, six indicated plants in the rural area, and only one indicated and cultivated the medicinal plants in the urban environment. Regarding education, three had not completed junior high, two had completed high school, and technical courses, and another two had completed higher education. These findings contradict the literature, which reveals an inverse relationship regarding schooling and knowledge in the use of medicinal plants, implying that a higher level of education involves a certain massification of customs, principally due to globalization, which might be expected to lead to a gradual loss of the ancestral habits related to phytotherapy.18-19 This work, however, evidenced that the difference in the informants' level of education did not influence their knowledge related to the use of medicinal plants. All the subjects seek, and emphasize the importance of acquiring, greater knowledge on the issue, as they mentioned and showed the books from their personal collections, used for consulting in the event of doubts. This context demonstrates that folk knowledge goes beyond family knowledge, as the informants seek other means for grounding the health care they provide. Moreover, coinciding with these results, in a study carried out in Ariquemes in the state of Rondônia, the interviewees mentioned that they acquired most of their knowledge of medicinal plants from books, followed by the exchanging of materials between family members, people from the community, and with the pastoral programs.18 This fact shows that the informants approached become reference-persons for knowledge on the plants applied in human health - as, in addition to keeping in contact with the earth and the plants, they seek knowledge from bibliographic sources. The folk informants' conceptions of health and illness For the folk informants, the health-illness process is closely linked with how the people relate in the spaces in which they are inserted, and with how they perceive themselves in their relationships with others, with themselves, and with the environment. This conception is visible in the account below: [...] most of the people are not ill, they are troubled; they are lost in time and in consciousness [...]. Troubled psychology, because at least this is something the doctors have right, the psycho-somatic illnesses [...] (GHW, 68 years old). This informant understands that the illness is related to the subjectivity and to the emotions, evidencing that feelings of dissatisfaction prevent the individual from perceiving the perpetuation of life, triggering the inability to fully live the moment, leading to disorders and, later, if the feelings are not overcome, to physical illness. There is a distinction between the biological and cultural dimensions of the illness, which is recognized by this informant. This difference may be divided in two categories: the pathology - the disease, and the infirmity - the illness.4 According to the western biomedical paradigm, pathology means poor functioning or poor adaptation of biological and psychological processes in the individual; while infirmity, or being ill, represents the personal, interpersonal and cultural reactions in the face of the illness and the discomfort, imbued with complex family, social and cultural connections.4-5 The conceptions of illness are also strongly linked to the people's contemporary processes of life, which may be perceived in the discourses below: [...] that person who is always complaining, or for whom nothing is good enough, it's because she's already ill, either physically or emotionally [...]. There are people who are ill because they don't get attention, they are ill for tenderness, for warmth, for being listened to [...] (IR, 45 years old). This informant conceives of illness as a duality, as she identifies illness as physical and social, influenced by the contemporary way of life, the conception of individualism and the encouragement to consumerism, causing a form of individual and collective illness. Besides the reduction of human solidarity and the instantaneity of life, the feeling of immediatism offers consequences to the liquid and individualized modern society.20 The essence of the act of living and sharing in a group is often lost, as people no longer have the time to co-exist, converse and exchange experiences. Accordingly, one folk informant addressed health as an element which has incalculable value, strongly linked to the principles of culture in which the rules and customs were constructed, based on experiences between their members and nature.6 This context may be observed in the discourse below: [...] being in harmony with life and with nature, too, because I think that health is the best possession a person can have [...] (GWH, 68 years old). Health was presented, by one of the subjects interviewed, as the balance between the healthy state, the illness, and human life. [...] well, health is this, it's a balance, between the whole of your life, [...] this notion, thus, of balance and quality of life, of well-being, not in that old vision that well-being is a thing that comes from outside, but that which you build (KP, 45 years old). In this discourse, two principles were identified which may guide the informant's notion of balance: the Hippocratic and the naturalist. The Hippocratic involves maintaining health, which depends fundamentally on the balance of agents which are internal and external to the human organization.21 Also in oriental medicine, the body needs to keep in balance with the environment to ensure harmonious functioning.22 According to the naturalist principle, the individual is the agent of his or her own health, through the choices and attitudes adopted in routine situations.21 This data is contradicted in the account below: the majority of the people's illnesses come from wrong food; this is disgraceful! [...] their blood is full of trash, impurities which come entirely from the food (GWH, 68 years old). The informant cited above expresses that the illnesses are closely related to issues of impurity, a concept arising from Judaic-Christian theory, in which the individuals become impure through what they eat or their routine practices. Foods have the ability to nourish, protect and ensure the maintenance of the organism - and can also harm the body, provoking or worsening illnesses.21 Thus, impurity of alimentation versus nature has been described in various studies of alimentary anthropology, which describe food which is impure or "bad for the blood", that which is able to trigger the movement of body fluids, leading to imbalance of the internal agents.23-27 At the present time, impurity of food can also refer to the foods which suffer a process of industrialization, when artificial products are added, which are thought to contribute to the contamination of the human organism or, further, to the alteration and pollution of the environment in which they are produced. Below, another informant states that the absence of nature in the industrialized medications favors a rapid response to the treatment, but that they do not strengthen the organism to confront adverse situations, leaving it susceptible to conditions in which a person may fall ill. These remedies that I call chemical, they aren't natural. These remedies have a faster action on the organism, and the people of the younger generation use them more, because they're easy to get, but at the same time, they become more open to the illnesses. Because, if they had a knowledge about the earth like we have, they would also strengthen their health, through balanced eating, and - this being a medication - the body would not become ill [...] (NLB, 66 years old). For this informant, chemical refers to the interaction of elements which make up the industrialized medications, the informant not recognizing the chemical interactions which are present in the elements from nature. Thus, according to this logic, regarding the naturalist system, this informant understands that the causes of illness may be related to people's daily living, and by this reasoning, the person is not the victim, but the agent of his own illness, as he suffers the consequences of his actions depending on what he did, what he ate and where he was.28 In this context, nature is perceived as one of the essential factors for thinking about health, and the medicinal plants are elements linking nature with the human being, as may be seen in the below: [...] for those who like doing so, it's great to manipulate this plant, because you see the plant has life, and you use it and know that it gives you results, it's really great (IR, 45 years old). [...] we have to have respect for nature, to ask the plant's permission, and when it's time to pull it up, only to take what you're going to need at that time (MT, 86 years old). Based on the accounts, one can perceive that there is a relationship between people and nature, and that this can determine whether one is healthy or falls ill. In respecting the environment, one is valuing the context.9 Thus, this representation is considered a symbolical category, based on the Hippocratic concept that people, illnesses, foods, medications (medicinal plants, animals or minerals) have a live nature. In this way, the care consists of understanding the person's nature, determining the nature of the illness, and restoring the lost balance.21 Thus, health policies which wish to address populations as simple consumers of care, which prioritize technical effectiveness without taking into consideration the issues of meaning given to the material realities, to the human body itself, to health and to illness, run a great risk of failing. Because how people deal with their body, with the illnesses, with the therapies and with the pain is widely determined by the representations which their culture has on the body and on its relations with the mind, faith, and the emotions.28-29 In this regard, bringing the discussion to the complementary therapies, with emphasis on the medicinal plants, it is compelling to think that care with these therapies cannot be standardized as if they were industrialized medications. However, it is necessary for nurses and the other professionals from the area of health to consider the local culture and the knowledge of the people in the community where they are inserted, as the medicinal plants are part of their customs and traditions relating in a specific way to the health-illness process. CONCLUSION The research revealed that the folk informants possess a unique form of caring, in which the process of health and illness is thought of indivisibly, the body, soul and spirit being in balance with nature and their culture. The use of medicinal plants, in this context, is not limited only to health, but to the construction of care and to the participation of individuals in their process of well-being. The act of caring, for the folk informants, is undertaken through a relationship based on trust, links, and the exchange of knowledge. During this process, the individuals receive not only the guidance needed for re-establishing their health, but also for developing healthy and sustainable routine practices. Thus, the health professionals, in particular the nurses, need to consider the concepts of health and illness held by the population being assisted, and need to accept the existence of the system of folk care, which seeks to contribute to improving people's quality of life in their historical, social and cultural context. The democratization and relativization of the use of complementary therapies, in particular of the medicinal plants, occurs through interdisciplinary actions in health care, valuing the knowledge and the resources of each community, and supported by public policy. In this regard, the concepts of health and illness, constructed by a population, can contribute to the professionals understanding the rules, the values, the customs and the way of life of a social group, becoming an essential support, to allow one to promote health with respect for differences. This work evidenced the need to look to the folk informants existing in each community, valuing their knowledge in health care. In this way, the challenge exists of continuity of actions which promote approximation between the health professionals' scientific knowledge - in particular of those who work in the Family Health Strategy - and the empirical knowledges existing in the community in which they work. The approximation of these knowledges, within the primary level of health, can be reflected, later, in other levels of care, such as outpatient and hospital care. REFERENCES Correspondence: Caroline Vasconcellos Lopes Rua Rudi Bonow, 866 96070-310 - Três Vendas, Pelotas, RS, Brazil Email: carolinevaslopes@gmail.com Received: July 30, 2012 Approved: October 23, 2013 * The Pastoral Health Care Program is one of the Social Pastoral Programs of the National Conference of Bishops of Brazil (CNBB), has a civic-religious organization, is non-profit-making, and works on a national scale in Brazil, being an international benchmark, committed to defending, preserving, caring for, promoting and celebrating the life of all of God's people, regardless of any factors of social exclusion, including that of belief. With thousands of agents throughout Brazil, it works in three dimensions: solidarity, community, and political-institutional. 16 1 Article from the dissertation - Folk informants on medicinal plants in the south of Brazil: contributions to nursing. Presented to the Postgraduate Nursing Program of the Federal University of Pelotas (UFPel), in 2010, financed by the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq).
location_on
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Campus Universitário Trindade, 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil, Tel.: (55 48) 3721-4915 / (55 48) 3721-9043 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: textoecontexto@contato.ufsc.br
rss_feed Stay informed of issues for this journal through your RSS reader
Accessibility / Report Error