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Editorial

EDITORIAL

Certamente você já ouviu as expressões: "quem ama, cuida" e "quem ama, educa". O primeiro você pode ter ouvido em verso da melodia "Quando a gente ama é claro que a gente cuida";o segundo é título de livro. Nos chama a atenção que o amor está presente em ambas as expressões. Poderíamos nos perguntar o que o amor teria a ver com cuidar e educar, já que as duas são atividades profissionais, desempenhadas em nossa sociedade em troca de pagamento e socialmente reguladas. Se cuidar e educar são atividades dessa natureza, onde entra o amor?

Os processos formais de cuidar e educar, por sua importância para a sociedade, são cada vez mais alvos de reflexão, críticas e teorização atualmente. Tanto assim que já não é possível falar em cuidado e educação, mas sim em cuidados e educações, pois há diferentes formas de cuidar e inúmeras formas de educar.

As idéias de ajudar os outros na solução e prevenção de problemas e de colocar-se no lugar do outro, ainda permanecem válidas como referências e conteúdos básicos da noção de cuidado em Enfermagem no século XXI, mas não bastam para provocar as mudanças que se fazem necessárias. É preciso compreender e prestar o cuidado na perspectiva de valorização da vida, uma vida cidadã, que reconheça a educação na promoção da mesma. Torna-se então pertinente o objetivo de construir enfoques que harmonizem cuidado e educação, enfrentando o desafio de construir o novo referencial de uma prática cuidativo-educativa, à exemplo de algumas reflexões teóricas existentes, que já apontam nesse sentido, ao enfatizarem que toda ação sanitária é uma ação educativa.1

Para isso é imprescindível o envolvimento pessoal com o objeto comum entre cuidado e educação: a pessoa humana. Há que se construir modos de cuidar que eduquem e modos de educar que cuidem. Não apenas em um sentido, mas em suas múltiplas possibilidades, de modo que se alcance as seguintes idéias: uma prática educativa que envolva afetividade, compromisso amoroso, alegria, capacidade científica, bem querer as pessoas, domínio técnico a serviço da mudança.2 É com essa intencionalidade de abertura, de coragem, de autenticidade e de compromisso com o ser humano, que estaremos sorvendo os trabalhos e estudos apresentados neste número da Texto & Contexto Enfermagem.

Dra. Vânia Marli Schubert Backes

-Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Líder do Grupo de Pesquisa em Educação em Enfermagem (EDEN). Diretora de Educação da ABEn/Seção Santa Catarina. Pesquisadora CNPq-

Dra. Maria do Horto Fontoura Cartana

-Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSC. Participante do Grupo de Pesquisa em Educação em Enfermagem (EDEN)-

  • 1 Briceño-León R. Siete tesis sobre la educación sanitaria para la participación comunitaria. Cader. Saúde Públ. 1996 Jan-Mar; 12 (1): 7-30.
  • 2 Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8a ed. São Paulo: Cortez; 1998.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Mar 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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