RESUMO
Objetivo:
analisar as campanhas publicitárias sobre doação de órgãos e tecidos como estratégias biopolíticas.
Método:
pesquisa qualitativa, inspirada na vertente Pós-Estruturalista dos Estudos Culturais. A coleta de dados ocorreu entre julho e setembro de 2020 e o corpus da pesquisa se constituiu dos componentes visuais e textuais de 421 peças publicitárias de doação de órgãos e tecidos de sites institucionais do Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais de Saúde, das Centrais Estaduais de Transplante e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Os dados foram gerenciados no programa Ethnograph v6, submetidos à análise proposta por Janice Morse e discutidos com as noções teóricas de biopoder e biopolítica, de Michel Foucault.
Resultados:
duas categorias são apresentadas. Na primeira, discutiu-se a representação da diversidade cultural e etária nas campanhas como forma de incluir todas as pessoas no processo de doação e transplante; na segunda, abordou-se a utilização do heroísmo, altruísmo e empatia para mobilização do “eu” do sujeito doador.
Conclusão:
a inclusão da diversidade cultural e etária e o recurso às características como empatia, altruísmo e heroísmo, nas campanhas publicitárias, são estratégias biopolíticas utilizadas pelo Estado brasileiro para conduzir a população para a doação de órgãos.
DESCRITORES:
Obtenção de tecidos e órgãos; Morte encefálica; Família; Meios de comunicação; Cultura