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Discurso do sujeito coletivo: representações sociais e intervenções comunicativas

Resumos

Apresentamos aqui o método do Discurso do Sujeito Coletivo como um modo de resgatar representações sociais. Através dele, buscamos reconstituir essas representações sociais preservando suas dimensões individual e coletiva articuladas. Os Discursos do Sujeito Coletivo foram obtidos em uma pesquisa empírica e são aqui denominados produtos falando e falado. Eles são produtos falando porque representações sociais são práticas discursivas, comportamentos reais de agentes sociais. Eles são também produtos falados porque a sociedade (ou os "outros"), enquanto esquemas cognitivos 'socialmente compartilhados, estão sempre presentes nas falas individuais. As representações sociais reconstituídas pelo Discurso do Sujeito Coletivo permitem que o sujeito comum se identifique com elas, viabilizando sua utilização em práticas de intervenção social.

Pesquisa qualitativa; Metodologia; Anticoncepcionais pós-coito


We present herein the Discourse of the Collective Subject method as a way to retrieve social representations. We sought to reconstitute these social representations through DCS maintaining the link between their individual and collective dimensions. The Discourse of the Collective Subject were obtained through an empirical study and they are herein called speaking and spoken products. They are speaking products because social representations are discursive practices, current behaviors of social agents. They are also spoken products because society (or the others), while socially-shared cognitive schemes, are always present in individual speeches. The social representations reconstructed by Discourse of the Collective Subject allow common people to identify with them, enabling its use in practices of social intervention.

Qualitative research; Methodology; Contraceptives, postcoital


Se presenta el método del Discurso del Sujeto Colectivo como método de rescate de las representaciones sociales. A través de él, se buscó reconstituir dichas representaciones preservando las dimensiones individuales y colectivas articuladas. En este sentido los Discursos del Sujeto Colectivo fueron obtenidos en una investigación empírica y son denominados aquí como productos hablando/hablado. Las consideramos como productos hablando porque las representaciones sociales son prácticas discursivas, comportamientos habituales de los agentes sociales y son productos hablado porque la sociedad (o el "otro"), como esquemas cognitivos socialmente compartidos, están siempre presentes en los discursos individuales. Las representaciones sociales reconstruidas por Discursos del Sujeto Colectivo permiten que el sujeto común se identifique con ellas, lo que viabiliza su uso en las prácticas de intervención social.

Investigación cualitativa; Metodología; Anticonceptivos post-coito


INTRODUÇÃO

Apresenta-se aqui o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) como um método de resgate da Representação Social (RS) caracterizado pelo fato de buscar reconstituir tais representações preservando a sua dimensão individual articulada com a sua dimensão coletiva. O texto está organizado em dois grandes itens, onde no primeiro são retomadas concepções teórico-metodológicas das RSs em articulação com o DSC e no segundo item é apresentado o Programa Di@seguinte que resultou de uma pesquisa efetuada usando o DSC, como forma de mostrar as possibilidades desta metodologia.

RESGATE DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Representações sociais como esquemas sócio- cognitivos

A RS na qualidade de conhecimento do senso comum11. Jodelet D. Représentations Sociales: un domaine en expansion. In Jodelet D. organizador. Les Représentations Sociales. Paris (FR): PUF, 1989. está sempre presente numa opinião, posicionamento, manifestação ou postura de um individuo em sua vida cotidiana.

Uma prova disso é que é sempre possível agrupar e reconstituir, em grandes categorias de sentido, depoimentos ou outras manifestações de pensamentos individuais.

O que são tais categorias?

São esquemas sócio cognitivos22. Herzlich C. A problemática da representação social e sua utilidade no campo da doença. Rev Saúde Coletiva. 2005; 15(Supl):57-70. ou seja, modos socialmente compartilhados de conhecer, ou representar e interagir com o mundo e a vida cotidiana, presentes nos atores sociais de uma dada formação social11. Jodelet D. Représentations Sociales: un domaine en expansion. In Jodelet D. organizador. Les Représentations Sociales. Paris (FR): PUF, 1989. e que revelam consciência possível de tais atores em determinado momento histórico.

Mas, o simples fato de que seja possível agrupar ou reunir pensamentos ou opiniões individuais dispersas em categorias semânticas gerais inclusivas, não garante que estejamos em presença de representações sociais.

Por quê?

Antes de responder é preciso assinalar que categorias de sentido podem ser de natureza empírica ou teórica ou estarem em algum ponto de um contínuo que vai da pura empiria à teoria pura.

Ora, quanto mais afastadas da empiria, maior a chance das categorias estarem ligadas a teorias interpretativas, o que, em princípio, as distancia das RSs na medida em que as RSs não são teorias interpretativas stricto senso, mas entidades práticas, ou seja, conhecimentos usados pelos indivíduos ou grupos sociais nas suas interações ordinárias (ainda que uma de suas características consista no fato de serem frequentemente transformações vulgarizadas de grandes teorias, por exemplo, a Psicanálise.33. Moscovici S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 1978

Assim, metodologicamente, as RSs podem ser entendidas como sínteses próximas da empiria, reconhecíveis, sem dificuldades maiores, pelo senso comum como "coisas suas", como conhecimentos familiares.

Representações sociais e discursos do sujeito coletivo

O Discurso do Sujeito Coletivo-DSC44. Lefevre F, Lefevre AMC. Depoimentos e discursos. Brasília (DF): Liberlivro,2005. - 55. Lefevre F, Lefevre AMC. Pesquisa de Representação Social. Um enfoque qualiquantitativo. Brasilia (DF): Liberlivro, 2012. é uma forma de metodologicamente resgatar e apresentar as RSs obtidas de pesquisas empíricas. Nessas, as opiniões ou expressões individuais que apresentam sentidos semelhantes são agrupadas em categorias semânticas gerais, como normalmente se faz quando se trata de perguntas ou questões abertas.

O diferencial da metodologia do DSC é que a cada categoria estão associados os conteúdos das opiniões de sentido semelhante presentes em diferentes depoimentos, de modo a formar com tais conteúdos um depoimento síntese, redigido na primeira pessoa do singular, como se tratasse de uma coletividade falando na pessoa de um indivíduo.

Sujeito falando/falado

Este indivíduo/coletivo é um sujeito falando/falado já que carrega, além dos conteúdos da RS que pessoalmente (falando) adota como prática discursiva,66. Spink MJP. Análise de documentos de domínio público. Em Spink MJP (Org.), Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, São Paulo (SP): Cortez, 1999 também os conteúdos (falados) dos "outros", ou seja, das representações semanticamente equivalentes disponíveis na sociedade e na cultura e adotadas por seus "colegas de representação".

Assim, podemos dizer que se um determinado sujeito que, ao lado de outros, compõe um DSC falando/falado casualmente não utilizou os conteúdos que fazem parte do DSC, poderia utilizá-los já que enquanto ator social é capaz de se reconhecer em tais conteúdos.

Na forma de DSCs as RSs ficam, pois, bastante próximas das opiniões como elas de fato são praticadas por coletividades de atores sociais.

Histórias coletivas

Outro aspecto a salientar é que, submetidas ao processo de produção usado no DSC, as RSs sob a forma de depoimentos coletivos veiculam histórias coletivas a respeito de um dado tema ou problema pesquisado.

Tais histórias coletivas refletem ou carregam códigos narrativos socialmente compartilhados; por isso, é possível com os conteúdos e os argumentos dos diferentes depoimentos que apresentam sentido semelhante, construir, na primeira pessoa do singular, uma narrativa verossímil, ou seja, uma história aceitável para um individuo culturalmente equivalente aos pesquisados.

Enquanto depoimentos coletivos e narrativas socialmente compartilhadas os DSCs traduzem o modo como as RSs são "metabolizadas" por uma sociedade, um grupo, uma cultura determinada.

Dialética das abstrações concretizadas

Mas longe de serem meras empirias, os DSCs são abstrações concretizadas na medida em que a sua construção se dá num movimento dialético em que os conteúdos e argumentos das opiniões individuais de sentido semelhante são "minerados" ( no sentido de mineração) nos depoimentos individuais e abstraídos na categoria que os unifica, permanecendo contudo, a despeito da abstração, como conteúdos e argumentos do DSC.

Os DSCs são opiniões individuais que, ao passarem pelo crivo analítico do pesquisador - o que exige o uso das operações de abstração e conceituação-são transformadas em produtos cientificamente tratados, mantendo, porém, as características espontâneas e reconhecíveis como tal, da fala cotidiana.

A resultante final de uma pesquisa como o DSC (um painel de depoimentos coletivos) é um constructo, um artefato, uma descrição sistemática da realidade e uma reconstrução do pensamento coletivo como produto científico.

Pesquisador como parteiro das Representações Sociais

Na técnica do DSC o pesquisador tem a função maior de ser um "parteiro" das representações sociais ou das suas manifestações sob a forma de depoimentos coletivos.

Isto equivale dizer que dar à luz uma opinião coletiva, da mesma forma que a uma criança, consiste numa operação capitaneada por sujeitos técnicos, especialistas, envolvendo tecnologia e produção.

O produto que nasce de tal produção, um homem ou uma opinião, é essencialmente, uma naturalidade que, no caso da opinião, expressa uma manifestação da vida em sociedade como forma de existência de animais gregários e simbólicos como o ser humano. Tal opinião é, pois, uma alteridade, uma existência própria que, saindo, graças à expertise do pesquisador, do "útero da sociedade" onde foi gestado para a vida, não mais pertence ao "pesquisador parteiro".

Descrição e interpretação das Representações Sociais

Esta característica de não pertencimento da opinião ao pesquisador permite entender claramente a distinção, necessária e fundamental, entre descrição e interpretação como momentos cronologicamente distintos das pesquisas de representação social.

O segmento ou a parte que apresenta esta característica de não pertencimento é o descrito o que, por contraste, permite ver que o interpretado -onde se indaga não mais o que a comunidade x pensa, mas porque pensa deste modo e não de outro - pertence ao pesquisador, que neste momento não é mais o "pesquisador parteiro".

A face do pesquisador que descreve as RSs é a do "parteiro", a que interpreta é a do "inventor", do criador. O descrito não é, portanto, uma invenção ou criação do pesquisador, mas uma reconstituição de uma entidade existente, de um fato social, mesmo que de natureza simbólica; já o interpretado é, enquanto criação, de plena responsabilidade do pesquisador.

Ambas as funções, no entanto, são tarefas igualmente nobres do pesquisador e atos seus de atribuição de sentido. Aceito isso, estão equivocadas as (frequentes) caracterizações da pesquisa qualitativa (pelo menos a que apresenta como objeto crenças ou opiniões coletivas) como sendo eminentemente interpretativa, definindo-se, equivocadamente, interpretação como sinônimo da tarefa de atribuição de sentido o que excluiria a descrição desta tarefa.

Conhecer as RSs é, desde o início do processo, um ato de atribuição de sentido; para conhecer as RSs é preciso descrevê-las e, para isso, é preciso reconstituí-las, o que é muito mais do que simplesmente o pesquisador constatar ou detectar sua presença. Tal reconstituição é uma tarefa especializada que pressupõe uma série de ações, opções e decisões envolvendo o tema pesquisado, o recorte efetuado no tema, a seleção de perguntas ou estímulos indutores e todas as tarefas relativas ao processamento da "matéria prima" (o depoimento individual, o artigo de jornal, etc) da qual resultará como produto final: o pensamento de uma dada coletividade.

A RS que o pesquisador reconstitui é o sentido que os diferentes atores sociais dão ao mundo em que vivem; a interpretação que o pesquisador dá destas Representações é o sentido que ele, pesquisador, dá ao sentido dado pelos atores sociais. Ambas as tarefas implicam, pois, produção de sentido.

DSC PARA ALÉM DO DADO CIENTÍFICO: DSC COMO RECURSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL

Espelho coletivo

Uma produção científica que se apresenta sob a forma de uma equação, de uma fórmula química, de gráficos de barras, etc. é, obviamente, uma produção cientifica, mas isso não quer dizer que toda produção científica tenha que ter essa aparência, este distanciamento da realidade (nem muito menos que esta simples aparência distanciada garanta a cientificidade dos resultados).

No caso das pesquisas cujo produto são representações sociais, a reconstituição de tais representações como produtos coletivos permite, com o uso de artefatos como o DSC, que os resultados apareçam como coisas diretas ou não distanciadas, espontaneamente identificáveis pelo cidadão comum enquanto pensamentos ou opiniões familiares que ele poderia adotar.

Tal produto pode ser visto como um signo do tipo representamen7 7. Peirce CS. Semiótica e filosofia. São Paulo (SP): Cultrix/Edusp, 1975.do pensamento ou opinião coletiva na medida em que busca trazer à luz não apenas o sentido ou significado de tal pensamento, mas também sua forma significante de depoimento, discurso, história.

Tal forma significante permite o uso generalizado do DSC em intervenções comunicativas na medida em que o receptor ou interlocutor do processo comunicativo consegue, por meio dele, ver-se e identificar-se com as ideias, opiniões, argumentos de modo (afetivamente) mais intenso do que ocorre quando os resultados de pesquisa são apresentados sob a forma convencional e distante de gráficos, quadros, tabelas.

Assim, a partir desta identificação, o DSC pode funcionar como "espelho psicanalítico" do pensamento de coletividades e grupos, o que faz dele instrumento útil para intervenções em que se busque despertar consciências coletivas e/ou ensejar diálogos com posturas ou opiniões distintas.

Um exemplo de intervenção comunicativa: o programa Di@Seguinte

O Dia seguinte é um programa multimídia elaborado com os resultados da pesquisa "Gravidez na Adolescência e Pílula do Dia Seguinte. Desvelando seus sentidos entre adolescentes e profissionais de saúde", projeto CNPq 550763/2007-4, desenvolvido durante os anos de 2007 a 2010 em São Paulo junto a 300 jovens, do sexo feminino e do sexo masculino e 70 profissionais de saúde da PMSP responsáveis por programas de saúde destinados a jovens e adolescentes.

A pesquisa visou retratar as RSs dos jovens e dos profissionais a partir de seis casos ou histórias, cada uma delas relacionada a um aspecto particular da problemática associada à sexualidade e ao uso da pílula do dia seguinte.

As respostas dos jovens e dos profissionais foram processadas com o uso do DSC, obtendo-se ao final um expressivo número de DSCs que retrataram de modo bastante detalhado e diversificado, as categorias de opinião desta coletividade sobre o tema em tela.

O multimídia, elaborado com os DSCs dos jovens pesquisados é destinado prioritariamente a jovens e está disponibilizado, a partir de 2011, gratuitamente, no site www.tolteca.com.br

O programa tem início com uma apresentação pelo coordenador da pesquisa, que descreve a origem do programa e seu modo de utilização. Em seguida, abre-se uma tela em que o usuário pode escolher uma das seis histórias. A história é apresentada (visual e oralmente) e em seguida é apresentada uma versão em "quadrinhos" com fundo musical.

Ao final da versão em quadrinhos pede-se ao usuário que escolha respostas do jovem ou da jovem pesquisados; tais respostas são apresentadas visual e oralmente e ao final da resposta o usuário pode ter acesso ao comentário de cada resposta elaborado por um profissional de saúde, que enuncia sua posição enquanto técnico frente à opção presente na resposta do jovem pesquisado.

Vejamos um exemplo deste diálogo:

Caso 3: Uma adolescente namorava, faz tempo, um rapaz. Como eles se amavam muito, acabaram não resistindo e indo para a cama. No dia seguinte, a moça ficou muito nervosa achando que poderia ter ficado grávida; ela então contou para as amigas e mesmo para a mãe, que recomendaram que ela tomasse a pílula do dia seguinte. Ela, porém, decidiu não tomar porque era uma pessoa muito religiosa.

Se essa adolescente religiosa fosse pedir conselhos para você o que diria para ela?

Abaixo uma das categorias de resposta das jovens expressa sob a forma de DSC

Ela devia tomar pra ela não ficar grávida, porque vai ver que era um a gravidez indesejada e ainda tava em tempo de parar, né? Então eu diria para ela tomar a pílula porque ela não estaria fazendo um aborto, ela estaria se prevenindo de uma criança indesejada pra ela; por que a pílula, ela não tá matando nenhum ser. Ela tá simplesmente fazendo com que não aconteça a ovulação e você fique grávida. Ela tá simplesmente parando aquele ovulamento que vai gerar um feto realmente, né?Eu aconselharia ela a tomar o remédio pra não pegar gravidez, porque ela ia ter que depender da mãe pra ajudar ela a sustentar o filho. Se ela tava namorando ou ela tava ficando a primeira vez com ele, não devia ter ido para a cama com ele, deveria tomar a pílula já que ela se arrependeu, não sabe direito o que ela quer, por causa que ela é nova, nem acabou os estudos às vezes. Então eu daria o conselho pra ela de tomar a pílula e obedecer à mãe dela, pois filho não é brincadeira, não é assim, o que "nós faz" e deixa no mundo. Tem que criar, tem que aprender, conviver com a criança, porque assim, as consequências na vida de uma mulher que passa a ser mãe é totalmente diferente da pessoa solteira, que tem mais liberdade pra sair, pra curtir, pra ter uma vida assim, livre mesmo.

Comentário do profissional de saúde

Vejo que você tem uma visão madura sobre este problema. É importante saber que a contracepção de emergência não é abortiva. Penso também que os adolescentes que têm essa posição poderiam ser multiplicadores dessa informação. Eu também concordo que não vale a pena sacrificar o futuro de todos os envolvidos. O melhor é que todos possam preparar seu futuro com estudos e uma boa profissão, reunindo condições para constituir sua família.

O programa apresenta também uma série de informações técnicas relativas à pílula do dia seguinte e a seu uso

O objetivo com o Di@Seguinte foi o de informar os jovens sobre os diversos aspectos relativos à pílula do dia seguinte no quadro da problemática da gravidez na adolescência. Sua particularidade reside no fato de apresentar aos jovens que acessam o programa as diversas posturas possíveis frente ao uso, ou não uso, da pílula do dia seguinte adotadas pelos jovens e pelas jovens pesquisadas.

Objetiva-se, com esta forma de apresentação, favorecer a identificação do usuário do programa com uma ou outra posição ou postura frente ao tema e o acesso a outras posições possíveis bem como o confronto com a posição técnica do profissional de saúde.

A GUISA DE CONCLUSÃO

Coloca Cabecinhas citando Vala: "...afirmar que as representações são sociais envolve a utilização de três critérios: critério quantitativo - uma representação é social na medida em que é partilhada por um conjunto de indivíduos; critério genético - uma representação é social no sentido em que é coletivamente produzida (as representações sociais são o resultado da atividade cognitiva e simbólica de um grupo social); e critério funcional - as representações sociais constituem guias para a comunicação e a ação (as representações sociais são teorias sociais práticas)".8: 126

As representações sociais são entidades sócio individuais dotadas de poder e funções cognitivas de natureza prática na medida em que se constituem como guias utilizados pelos indivíduos para nortear suas interações correntes.

O objetivo básico da criação da técnica do DSC foi, em conformidade com os princípios da RS, o de personalizá-las atribuindo-lhes um sujeito discursivo que ao mesmo tempo é capaz de falá-las e ser por elas falado.

Tal "falando/falado" permite descrever e apresentar as representações de um modo que ao mesmo tempo respeite os cânones da produção científica e torne úteis os resultados, fazendo com que possam funcionar eficazmente como recursos de intervenção social.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos vivamente a Eliane Brígida de Morais Falcão pelas sugestões e críticas

REFERENCES

  • 1
    Jodelet D. Représentations Sociales: un domaine en expansion. In Jodelet D. organizador. Les Représentations Sociales. Paris (FR): PUF, 1989.
  • 2
    Herzlich C. A problemática da representação social e sua utilidade no campo da doença. Rev Saúde Coletiva. 2005; 15(Supl):57-70.
  • 3
    Moscovici S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 1978
  • 4
    Lefevre F, Lefevre AMC. Depoimentos e discursos. Brasília (DF): Liberlivro,2005.
  • 5
    Lefevre F, Lefevre AMC. Pesquisa de Representação Social. Um enfoque qualiquantitativo. Brasilia (DF): Liberlivro, 2012.
  • 6
    Spink MJP. Análise de documentos de domínio público. Em Spink MJP (Org.), Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, São Paulo (SP): Cortez, 1999
  • 7
    Peirce CS. Semiótica e filosofia. São Paulo (SP): Cultrix/Edusp, 1975.
  • 8
    Cabecinhas R. Representações sociais, relações intergrupais e cognição social. Paidéia. 2004, 14(28)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    03 Fev 2014
  • Aceito
    04 Abr 2014
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