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Checklist para o transporte intra-hospitalar de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva

Resumos

O checklist representa uma ferramenta simples que incorpora barreiras de proteção para a segurança do paciente. O objetivo foi elaborar um roteiro para avaliação do paciente para o transporte intra-hospitalar de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital da região do Triângulo Mineiro, a partir de duas estratégias. A primeira: estudo descritivo, prospectivo, quantitativo; e a segunda: pesquisa integrativa, realizada em quatro bases de dados. Verificou-se que os incidentes estão relacionados a panes e problemas de mau funcionamento nos equipamentos e dispositivos, sendo eventos adversos frequentes a variação da pressão arterial, a agitação, a queda da saturação arterial periférica e a taquicardia. Ressalta-se, ainda, a necessidade de verificar a efetividade do presente roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar para a segurança do paciente e qual seu nível de praticidade por meio de sua utilização nos diversos espaços hospitalares, a fim de que o mesmo se torne um checklist.

Enfermagem; Checklist; Transporte de pacientes; Unidade de terapia intensiva


Checklists represent a simple tool incorporating barriers for protecting patient safety. The objective was to develop a script for patient evaluation for the intrahospital transport of patients admitted to the Intensive Care Unit of a hospital in the Triângulo Mineiro region, based on two strategies. The first: a descriptive, prospective and quantitative study; the second: integrative research, undertaken in four databases. It was ascertained that the incidents are related to breakdowns and problems related to poor functioning in equipment and devices, with adverse events being frequent involving variation in blood pressure, agitation, drops in peripheral arterial saturation and tachycardia. Emphasis is also placed on the need to verify the effectiveness of the present script for patient evaluation for intrahospital transport in relation to patient safety, and its level of practicality through its use in the varying hospital spaces, such that the same may become a checklist.

Nursing; Checklist; Patient transport; Intensive care unit


El Checklist representa una herramienta sencilla que introduce barreras de protección para la seguridad del paciente. El objetivo fue crear un guión de evaluación para el transporte intrahospitalario de los pacientes internados en la Unidad de Terapia Intensiva de un hospital en la región del Triangulo Mineiro a partir de un estudio descriptivo, prospectivo y cuantitativo y de una investigación integrada realizada en cuatro bases de datos. Fue comprobado que los incidentes están relacionados con problemas de mal funcionamiento de los equipos y las adversidades más frecuentes fueron la variación de la presión arterial, la agitación psicomotora, la disminución de la saturación arterial periférica y taquicardia. Resaltamos todavía la necesidad de investigar la efectividad del presente guión para la evaluación del paciente para el transporte intrahospitalario para garantizar su seguridad y cuál es el nivel de practicidad en su utilización en los hospitales para que él se torne un Checklist.

Enfermería; Checklist; Transporte de pacientes; Unidad de terapia intensiva


INTRODUÇÃO

Em todo mundo, milhões de pacientes sofrem danos incapacitantes, prolongamento do tempo de permanência hospitalar ou mortes a cada ano decorrentes de uma assistência de saúde insegura.1World Health Organization. WHO Patient Safety Health Topic [online]. 2012 [acesso 2012 Nov 08]. Disponível em: http://www.who.int/topics/patient_safety/en
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Baseado no princípio de que pacientes não devem sofrer danos, a segurança do paciente tem sido cada vez mais reconhecida em todos os paises como uma questão de importância global, visto que o processo de cuidados à saúde contém certo grau de insegurança inerente.2World Health Organization. WHO Patient Safety [online]. 2013 [acesso 2013 Out 29]. Disponível em: http://www.who.int/topics/patient_safety/en/
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A percepção geral de segurança do paciente é uma dimensão de resultado e indica a existência de processos e sistemas para prevenir erros e problemas de segurança do paciente.3Mello JF, Barbosa SFF. Cultura de segurança do paciente em terapia intensiva: recomendações da enfermagem. Texto Contexto Enferm [online]. 2013 [acesso 2013 Out 30]; 22(4):1124-33 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072013000400031&script=sci_arttext .
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A segurança do paciente é o resultado da redução de riscos e danos evitáveis durante o processo de cuidados à saúde a um mínimo aceitável.1World Health Organization. WHO Patient Safety Health Topic [online]. 2012 [acesso 2012 Nov 08]. Disponível em: http://www.who.int/topics/patient_safety/en
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Compreender a frequência, as causas, a natureza da ocorrência de incidentes e de eventos adversos (EAs) possibilita a elaboração de estratégias que minimizam os danos decorrentes dos cuidados prestados e o sofrimento desnecessário do paciente e da equipe de atendimento.

O incidente é um evento ou circunstância, que poderia ter resultado ou resultou em dano desnecessário ao paciente. O incidente tem sempre um conjunto de fatores contribuintes e não quer dizer necessariamente que causará dano ao paciente, mas se trata de uma circunstância que tem potencial para isso.4Ministério da Saúde (BR). Portaria n 529 de 1 abril de 2013 institui o programa nacional de segurança do paciente (PNSP) [online]. Brasília (DF): MS; 2013 [acesso 2013 Jun 1] Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html.
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- 5Vincent C. A evolução da segurança do paciente. In: Vincent C. Segurança do paciente: orientações para evitar eventos adversos. São Caetano do Sul (SP): Yendis Editora; 2009. O evento adverso (EA) é uma complicação indesejada ou uma injúria não intencional decorrente da atenção à saúde que ocasiona lesão no paciente.6Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. Porto Alegre (RS): Artmed Editora; 2010. Para este estudo foram definidos como incidentes: desconexão, desposicionamento, oclusão, perda, tração dos dispositivos, extubação acidental, término da bateria, término do oxigênio e mau funcionamento dos equipamentos. Também foram categorizados para este estudo como EAs: hipertensão arterial sistêmica, hipotensão arterial sistêmica, taquicardia, bradicardia, taquipnéia, bradipnéia, apneia, queda de saturação, parada cardíaca, arritmias, agitação, queda, sangramento e óbito.9Zuchelo LTS, Chiavone PT. Transporte intrahospitalar de pacientes sob ventilação invasiva: repercussões cardiorrespiratórias e EA. J Bras Pneumo [online] 2009 Abr [acesso 2013 Out 21]; 35(4):367-74 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v35n4/v35n4a11.pdf .
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- 1010 Lieshout EJV, Stricker K. Patient transportation: skills and techniques. [s.l.]. European Society of Intensive Care Medicine. 2011.

Sabe-se que a assistência inadequada torna os pacientes em vítimas de complicações, sendo que a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um dos locais que mais compromete a segurança do paciente.7Tofolleto MC. Fatores associados aos eventos adversos em unidade de terapia intensiva [tese online]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem; 2008 [acesso 2013 Out 30] Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-07052009-112654/pt-br.php .
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A UTI é um ambiente repleto de recursos tecnológicos que auxiliam na tentativa de preservar a vida do paciente, permite aos profissionais maior controle das situações de risco, além de ajudar a guiar tratamentos e detectar complicações indesejadas. Entretanto, ainda são encontradas, nesse ambiente, dificuldades para a realização de alguns exames e procedimentos que não podem ser realizados à beira leito, porque os aparelhos tecnológicos não são portáteis e se localizam em áreas fora da UTI. Neste sentido, o transporte intra-hospitalar (TIH) se torna indispensável e necessário.8Schwonke CRGB, Lunardi Filho WD, Lunardi VL, Santos SSC, Barlem ELD. Perspectivas filosóficas do uso da tecnologia no cuidado de enfermagem em terapia intensiva. Rev Bras Enferm. 2011 Jan-Fev [acesso 2013 Out 30]; 64(1):189-92 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672011000100028 .
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- 9Zuchelo LTS, Chiavone PT. Transporte intrahospitalar de pacientes sob ventilação invasiva: repercussões cardiorrespiratórias e EA. J Bras Pneumo [online] 2009 Abr [acesso 2013 Out 21]; 35(4):367-74 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v35n4/v35n4a11.pdf .
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As opções para intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas levam ao crescente deslocamento de pacientes da UTI para outros setores, tais como o de imaginologia e o centro cirúrgico (CC). O deslocamento de pacientes da UTI é uma atividade frequente e com potencial para incidentes e EAs relacionados aos equipamentos, assistência ao paciente, comunicação e planejamento. Assim, os riscos e benefícios em deslocar um paciente devem ser considerados, incluindo uma avaliação do estado clínico do paciente antes do transporte, dos benefícios desse transporte para o paciente, da equipe que o acompanhará e dos equipamentos disponíveis.1010 Lieshout EJV, Stricker K. Patient transportation: skills and techniques. [s.l.]. European Society of Intensive Care Medicine. 2011. Dentre as intervenções possíveis para a prevenção de incidentes e EAs, o checklist tem sido um instrumento disponível para auxiliar no planejamento do transporte e na redução de EAs.1111 World Health Organization. WHO Patient Safety Checklists [online]. 2014 [acesso 2014 Sep 20]. Disponível em: http://www.who.int/patientsafety/implementation/checklists/en
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Na saúde, o checklist foi lançado pela OMS e teve inicialmente sua implementação em centro cirúrgico, mostrando redução de complicações de 11% para 7% após sua introdução.1212 Haynes AB, Weiser TG, Berry WR, Lipsitz SR, Breizat AH, Dellinger EP. A surgical safety checklist to reduce morbidity and mortality in a global population. N Engl J Med. 2009 Jan 29 [acesso 2013 Out 30]; 360(5):491-9 Disponível em: http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMsa0810119 .
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A estratégia de utilização de um checklist também foi apresentada como um método de intervenção para reduzir os EAs durante o TIH de pacientes do setor de emergência.1313 Choi HK, Shin SD, Ro YS, Kim do K, Shin SH, Kwak YH. A before and after-intervention trial for reducing unexpected events during the intrahospital transport of emergency patients. Am J Emerg Med [online]. 2012 Oct [acesso 2013 Out 21]; 30(8):1433-40 Disponível em: http://www.ajemjournal.com/article/S0735-6757(11)00535-3/abstract# .
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Em geral, os EAs diminuiram significativamente de 36,8% antes da intervenção para 22,1% no período pós-intervenção, concluindo que o uso de checklist para o TIH reduz as taxas de EAs.1313 Choi HK, Shin SD, Ro YS, Kim do K, Shin SH, Kwak YH. A before and after-intervention trial for reducing unexpected events during the intrahospital transport of emergency patients. Am J Emerg Med [online]. 2012 Oct [acesso 2013 Out 21]; 30(8):1433-40 Disponível em: http://www.ajemjournal.com/article/S0735-6757(11)00535-3/abstract# .
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Dessa forma, entende-se como um instrumento aplicável e eficiente para o TIH.

Os checklists tem potencial para melhorar a segurança e a qualidade do cuidado prestado aos pacientes nos serviços à saúde e de reduzir custos na UTI. Eles facilitam a aplicação de tarefas complexas, diminuem a variabilidade, melhoram a comunicação entre equipe e ajudam a garantir que tudo o que deve ser feito realmente seja feito.1414 Réa-Neto A, Castro JEC, Knibel MF, Oliveira MC. Gutis-Guia da UTI segura [online]. São Paulo (SP): Associação de Medicina Intensiva Brasileira; 2010 [acesso 2013 Nov 17]. Disponível em: http://www.orgulhodeserintensivista.com.br/PDF/Orgulho_GUTIS.pdf .
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. Em contrapartida, ainda são poucos os estudos que trazem a opção do uso dessa ferramenta na prática clínica como forma de melhorar a segurança no TIH.1515 Jarden RJ, Quirke S. Improving safety and documentation in intrahospital transport: development of an intrahospital transport tool for critically ill patients. Intensive Crit Care Nurs. 2010 Apr; 26(2):101-7.

Na realidade da UTI pesquisada, o TIH é realizado pela própria equipe da UTI, nos três turnos do serviço, sempre acompanhada por, no mínimo, dois profissionais. Os equipamentos mínimos necessários, quando lembrados no momento do planejamento, que acompanham o paciente durante o transporte são: o ambú, o oxímetro de pulso, o cilindro de oxigênio, o estetoscópio, o esfigmomanômetro, a maleta de transporte (contendo materiais e medicamentos para o atendimento de emergência na iminência de um incidente ou EA) e o ventilador de transporte (VT). Não existe no setor da UTI um documento que padronize o processo de TIH e que vise minimizar a ocorrência de incidentes e EAs.

Neste sentido, é recomendável que seja organizado um roteiro com o intuito de promover a segurança e melhorar as complicações decorrentes do TIH. Este roteiro pode ser em forma de checklist e deve ser um processo de vigilância contínua, para identificar riscos potenciais, proporcionar uma melhor comunicação entre equipe e direcionar esforços para implementar melhores práticas para uma assistência mais segura relacionada ao TIH. O presente estudo teve como pergunta de pesquisa: quais são os elementos necessários para um roteiro de avaliação do paciente para o transporte intra-hospitalar de pacientes internados na UTI de um hospital da região do Triângulo Mineiro? Teve como objetivo elaborar um roteiro para avaliação do paciente para o transporte intra-hospitalar de pacientes internados na UTI de um hospital da região do Triângulo Mineiro.

MÉTODO

Para a elaboração do roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar foram utilizadas duas estratégias. A primeira estratégia foi a realização de um estudo descritivo, quantitativo, realizado na UTI de um hospital de ensino da região do Triângulo Mineiro, realizada entre 11 de fevereiro de 2013 e 10 de maio de 2013. Foram acompanhados 103 transportes, o que representou a inclusão de 70 pacientes e 100 profissionais, tendo em vista que cada transporte foi acompanhado por no mínimo dois profissionais da equipe da UTI. Foram considerados critérios de inclusão ser o TIH de paciente maior de 18 anos, internado na UTI, que necessitou de TIH para realização de um exame no setor de propedêutica (área física destinada aos exames de imaginologia), permanência dos profissionais que realizaram o TIH durante o deslocamento (ida e volta) e a realização do exame, sair e retornar à UTI, ser acompanhado por profissionais lotados na UTI ou estar em período de estágio durante a coleta de dados. Foram excluídos os TIHs de pacientes que realizaram mais de um exame durante o mesmo deslocamento.

O método utilizado para a coleta de dados foi a observação não participante com a aplicação de um instrumento intitulado "Roteiro de observação". Esse roteiro é composto por duas partes: na primeira estão os dados do paciente (iniciais do nome do paciente, data do exame, idade, sexo, diagnóstico médico); na segunda estão os dados que foram coletados durante o preparo, deslocamento e retorno do paciente do TIH (relacionados à condição clínica do paciente, destino do exame, profissionais envolvidos, presença de dispositivos, drogas e equipamentos utilizados durante o transporte, duração do transporte e ocorrências de EAs). Foi validado por um teste piloto aplicado durante 16 TIH. Foram preservadas as identidades e os direitos dos participantes, conforme a Resolução n. 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi autorizado pela instituição participante e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, protocolo n. 154.992, CAAE 11026912900000121.

Os dados obtidos foram analisados de maneira descritiva, inferencial e analítica, através do total de respostas, percentual e intervalo de confiança de 95% por item do questionário, ou por medidas de tendência central e de variação. Para a realização das análises estatísticas, foram inicialmente testadas a normalidade e a homocedasticidade dos dados não categóricos sem transformação, por meio do Teste de Shapiro-Wilk e de Levene, respectivamente.1616 Zar JH. Biostatistical analysis. 4ª ed. New Jersey (US): Prentice-Hall; 1999. - 1717 Callegari-Jacques SM. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre (RS): Artmed; 2003. Em seguida, de acordo com os resultados desses testes, foram empregados os Testes Estatísticos de Wilcoxon, Kruskall-Wallis, Anova e Tukey, adotando nível de significância de p≤0,05. As análises foram realizadas com o programa R 3.0.1.1818 R core team. 2013 A language and environment for statistical computing [online]. Vienna (AT): R Foundation for Statistical Computing [acesso 2013 Nov 17]. Disponível em: http://www.R-project.org/ .
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Todos os pacientes, ou seus responsáveis, os profissionais e os estagiários que manifestaram sua concordância em participar deste estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A segunda estratégia foi a realização de uma revisão integrativa, realizada entre 19 e 22 de julho de 2013 que obedeceu seis etapas. Nas duas primeiras etapas foram delineados o motivo da pesquisa e a pergunta de pesquisa que seria o eixo deste estudo. A pergunta estabelecida foi: qual a produção sobre a segurança do paciente grave e o transporte intra-hospitalar, relacionado ao cuidado de enfermagem, no período de 2003 a 2013, por meio de uma revisão integrativa em estudos de enfermagem? Na terceira etapa, foram determinadas as bases de dados: Scientific Electronic Library online (SCIELO), Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Na quarta, foram determinados os critérios de inclusão e exclusão para o TIH. Os critérios de inclusão foram: ser artigos científicos, disponíveis na íntegra, on-line, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre janeiro de 2003 e junho de 2013, contendo título, resumo, descritores ou palavras-chave: transporte intra-hospitalar, segurança do paciente, paciente adulto grave e unidade de terapia intensiva, relacionados ao cuidado de enfermagem. Foram excluídos os artigos científicos publicados fora do período de coleta, duplicados, não disponíveis na íntegra, teses ou dissertações de outras áreas de conhecimento e com pacientes graves que não estavam na idade adulta. Na quinta e sexta fases, os dados foram apresentados e avaliados respectivamente. Para o registro dos dados, foi utilizado um roteiro, o qual apresenta a referência dos artigos, tipo de estudo, local, variáveis, amostra, fonte dos dados, testes estatísticos, descobertas, recomendações, pontos fortes e pontos fracos.1919 Polit D, Beck CT. Fundamentos da pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. 7ª ed. Porto Alegre (RS): Artmed; 2011. A análise foi realizada de forma crítica, buscando explicar os resultados dos diferentes estudos.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE

Os resultados serão apresentados em três etapas: na primeira etapa estarão relatados os resultados da aplicação do roteiro de observação, na segunda estão descritos os achados da pesquisa integrativa e na terceira será apresentado o roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar.

Primeira etapa: observação não participante do transporte intra-hospitalar

Os resultados da utilização do "Roteiro de observação" revelam que o mesmo identificou os incidentes e EAs. Os incidentes que ocorreram foram devido aos equipamentos e dispositivos. Entre eles, uma desconexão e uma perda com cateter arterial invasivo, duas trações com o cateter de oxigênio, uma perda com cateter venoso central e uma perda com cateter venoso periférico, uma desconexão e uma tração com sonda vesical de demora. Nos equipamentos ocorreram: término da bateria da bomba de infusão contínua uma vez, término do oxigênio do cilindro uma vez, uma vez houve o mau funcionamento do oxímetro de pulso e sete vezes houve o término da bateria do oxímetro de pulso. Os EAs mais frequentes foram hipertensão (8,9%), seguida do evento hipotensão (4,9%), e agitação, queda da saturação arterial periférica, hipertensão e taquicardia, com 2,9% dos casos cada.

Ressalta-se, por sua vez, que as condições clínicas do paciente e sua gravidade indicam o número de pessoas que participarão do transporte.20 20 Pereira Júnior GA, Nunes TL, Basile-Filho A. Transporte intrahospitalar do paciente crítico. Medicina. 2007 Ou-Dez; 40(4):500-8.O transporte de paciente da sua unidade de internação para outras áreas do ambiente hospitalar constitui um desafio para os profissionais de saúde envolvidos nessa tarefa devido à gravidade do paciente e às complicações as quais esse paciente está exposto durante o transporte.

Segunda etapa: revisão integrativa

Dos 2685 artigos encontrados, foram selecionados 115, dos quais 65 se repetiram em uma ou mais bases, restando 50 artigos. Desses 50 artigos, 45 não atendiam à pergunta de pesquisa ou não tinham seu foco em enfermagem, ficando cinco artigos para análise.

O quadro 1 apresenta os artigos selecionados de acordo com o objetivo, método e resultados.

Quadro 1.
Distribuição dos artigos de acordo com o objetivo, método, resultados. Florianópolis-SC

Dos artigos selecionados para a revisão integrativa somente um era semiexperimental e demonstrou que o TIH tem potencial para incidentes e EAs, tendo em vista a desconexão dos aparelhos.2121 Chang, Y. Lin LH, Chen WH, Liao HY, Hu PH, Chen SF, et al. Quality control work group focusing on practical guidelines for improving safety of critically ill patient transportation in the emergency department J Emerg Nurs. 2010 Mar; 36(2):140-5.Nesse mesmo estudo, foram identificados quatro indicadores de segurança para o TIH: aparelho respiratório, aparelho circulatório, equipamentos e duração do transporte. Também foi aplicado o círculo de qualidade como método para organizar e implementar um guideline para o TIH seguro de pacientes do serviço de emergência. Após a implementação do guideline e a capacitação da equipe de profissionais, verificou-se que houve melhora na qualidade dos serviços, com o planejamento do transporte, avaliação do paciente e dos equipamentos e minimização dos riscos com a diminuição dos incidentes e EAs.2121 Chang, Y. Lin LH, Chen WH, Liao HY, Hu PH, Chen SF, et al. Quality control work group focusing on practical guidelines for improving safety of critically ill patient transportation in the emergency department J Emerg Nurs. 2010 Mar; 36(2):140-5.

Outro artigo foi uma pesquisa aplicada, que objetivou desenvolver uma página educacional na World Wide Web, disponibilizando informações em TIH de pacientes adultos de UTI, cujo conteúdo foi avaliado por especialistas e propôs um protocolo de condutas para a realização do TIH. O website foi avaliado como relevante, informativo, de fácil manuseio e de excelente conteúdo e contribuiu para a disseminação de informações e auxílios em programas de capacitação e aperfeiçoamento. O protocolo de condutas foi elaborado em três eixos, quais sejam: avaliação das condições clínicas do paciente, composição, conhecimento científico e capacitação da equipe que realizou o TIH e avaliação dos equipamentos e materiais que fizeram parte do transporte.2222 Nogueira VO, Marin HF, Cunha ICKO. Informações on-line sobre transporte intrahospitalar de pacientes críticos adultos. Acta Paul Enferm. 2005; 4(18):390-6.

Os demais artigos, três, eram revisões de literatura, as quais apontaram que os EAs mais comuns estavam relacionados a dois aspectos: um relacionado aos equipamentos e outro aos pacientes. Os problemas com os equipamentos incluíam as desconexões, perda de acesso intravenoso, suprimento de oxigênio esgotado e falhas de equipamentos. Os problemas com os pacientes envolviam hipotensão, arritmias, hipóxia e aumento da pressão intracraniana.1515 Jarden RJ, Quirke S. Improving safety and documentation in intrahospital transport: development of an intrahospital transport tool for critically ill patients. Intensive Crit Care Nurs. 2010 Apr; 26(2):101-7. , 2323 Almeida ACG, Neves ALD, Souza LBC, Garcia JH, Lopes JL, Barros ALBL. Transporte intrahospitalar de pacientes adultos em estado crítico: complicações relacionadas à equipe, equipamentos e fatores fisiológicos. Acta Paul Enferm [online] 2012 [acesso 2012 Nov 14]; 25(3):471-6 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/v25n3a24.pdf .
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- 2424 MacLenon M. Use of a specialized transport team for intrahospital transport of critically 111 patients. Dimens Crit Care Nurs. 2004 Set-Out; 23(5):225-9.

Um dos estudos recomenda que o TIH fosse realizado por uma equipe especializada. Essa equipe necessita de conhecimento cientifico, apoio administrativo e financeiro.2323 Almeida ACG, Neves ALD, Souza LBC, Garcia JH, Lopes JL, Barros ALBL. Transporte intrahospitalar de pacientes adultos em estado crítico: complicações relacionadas à equipe, equipamentos e fatores fisiológicos. Acta Paul Enferm [online] 2012 [acesso 2012 Nov 14]; 25(3):471-6 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n3/v25n3a24.pdf .
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Os estudos ainda destacaram que a avaliação do paciente, o uso de protocolos e guideline para o TIH, avaliação dos equipamentos e comunicação entre os integrantes da equipe de transporte são fundamentais.

Terceira etapa: organização do roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar

Com base neste cenário teórico e prático, o roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar foi construído contemplando os seguintes itens: identificação do paciente, exames solicitados, comunicação entre setores, destino e profissionais envolvidos, avaliação pré-transporte dos sistemas respiratórios, circulatório, neurológico, metabólico, digestivo, genito-urinário, terapia medicamentosa e equipamentos, avaliação durante o transporte intra-hospitalar (monitorização dos sinais vitais, controle dos equipamentos e seu funcionamento, alterações na infusão de drogas vasoativas) e avaliação do retorno do transporte intra-hospitalar.

O checklist foi dividido em quatro etapas: identificação do paciente, avaliação pré TIH (do sistema respiratório, circulatório, neurológico, metabólico, digestivo, genito-urinário, drogas vasoativas e sedativas, equipamentos), avaliação durante o TIH (abrange as condições clínicas do paciente, dispositivos, equipamentos e drogas) e a avaliação no retorno do TIH (abrange as condições clínicas do paciente, dispositivos, equipamentos, drogas e registro do transporte). Desta forma, esse instrumento pode auxiliar todas as etapas relacionadas ao TIH e servir de alerta para a prevenção de incidentes e EAs, a fim de promover uma assistência mais segura por parte da equipe envolvida no TIH. A seguir, está apresentado o roteiro.


Assim, diante da adoção do roteiro por outras áreas, como é o caso da aviação, este se apresenta como uma medida simples e adequada na redução de incidentes e EAs. Dessa forma, o uso de um roteiro deve ser incorporado pelos profissionais da saúde à prática clínica, pois fornece um método padronizado para se realizar um TIH mais seguro e por possibilitar à equipe observar e inspecionar todas as etapas que podem comprometer a segurança do TIH. Em consequência disso, o roteiro poderá se constituir em um checklist, sendo uma estratégia para melhorar a prática da segurança no cenário do TIH.

CONCLUSÃO

Considera-se que o checklist é um instrumento que corrobora na organização de todas as fases do TIH para diminuir a ocorrência de incidentes e EAs. Em virtude do número elevado de EAs, seja por falta de capacitação da equipe ou por falta da padronização de ações, os checklists são facilmente aplicáveis, pois medidas simples de segurança podem ser adotadas por todos os membros da equipe. É uma forma de garantir práticas seguras para o TIH. Pondera-se que os hospitais necessitam organizar o seu serviço no sentido de promover a segurança do paciente com a implementação dos checklists. Além de manter seus profissionais capacitados com relação ao deslocamento de pacientes, independentemente de ser paciente internado em UTI, é necessário o planejamento e a organização de um serviço específico para o transporte de pacientes.

Ressalta-se, ainda, a necessidade de verificar a efetividade do presente roteiro para avaliação de paciente para transporte intra-hospitalar para a segurança do paciente e qual seu nível de praticidade por meio de sua utilização nos diversos espaços hospitalares, a fim de que o mesmo se torne um checklist.

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2014
  • Aceito
    11 Set 2014
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