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Esta seção destina-se a divulgar as teses e as dissertações dos alunos do Programa de Pós-graduação em História, da UFF, assim como as teses dos professores do Departamento.

A Tradição por um fio: Uma história das sensibilidades em relação aos espaços na crise dos padrões tradicionais de masculinidade no Nordeste (1940/1980)

Valdinar da Silva Oliveira Filho

Defesa: 01/03/2010 – Doutorado

Banca: Norberto Osvaldo Ferreras (Orientador), Vanderlei Vazelesk Ribeiro – UFRRJ (Arguidor), Claudia Feierabend Baêta Leal – IPHAN (Arguidor), Cecília da Silva Azevedo – UFF (Arguidor), Andrea Barbosa Marzano – UNIRIO (Arguidor).

A tradição por um fio: uma história das sensibilidades em relação aos espaços na crise dos padrões tradicionais de masculinidade no Nordeste (1940/1980), num primeiro instante se preocupou em demonstrar, narrar, problematizar e apresentar que o sensível. Não podemos esquecer que as abordagens estruturais servem para nos dar a sintaxe da região, mas não a sua semântica. Em um segundo momento, esta tese se preocupou em demonstrar que o que ocorre entre a sensibilidade humana e os espaços praticados pelos mesmos é relacional, que nossas relações com os lugares, com os territórios, com a terra é da ordem do sensível, talvez por isso não se tenha, durante muito tempo, encontrado pessoas dispostas a fazer a história destas relações. É sobre a história das relações do gênero masculino sustentado e demarcado pela tradição nordestina marcada por padrões e estereótipos em crise do que é ser homem nessa região que se constitui o eixo principal desta tese. A partir da história entre a prática dos lugares e espaços praticados da nordestinidade e da masculinidade, percebemos os limites do mundo masculino demarcado entre o "fogo morto" e os limites do mando que entravam em crise, em confronto, em luta.

Planejamento e industrialização em regiões periféricas: As ideias da CEPAL no Projeto Paranaense de Desenvolvimento

Carlos Alberto Ferreira Gomes

Defesa: 04/03/2010 – Doutorado

Banca: Ismênia de Lima Martins (Orientador), Geraldo de Beauclair Mendes de Oliveira – UFF (Arguidor), Cezar Teixeira Honorato – UFF (Arguidor), Glória Maria Moraes da Costa – CEBELA (Arguidor), Pedro Paulo Zahluth Bastos – UNICAMP (Arguidor)

O presente trabalho tem por objetivo investigar a influência das teses formuladas pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) no processo de desenvolvimento econômico e social do Brasil e, em especial, do estado do Paraná, tendo como foco central as ações empreendidas pelos governos e suas instituições ao longo do período 1950-1970.

Pioneirismo e hegemonia: A construção da agronomia como campo científico na Bahia (1832-1911)

Nilton de Almeida Araújo

Defesa: 08/03/2010 – Doutorado

Banca: Sonia Regina de Mendonça (Orientador), José Carlos Barreto De Santana – UEFS (Arguidor), Luiz Carlos Soares – UFF (Arguidor), Maria Letícia Corrêa – UERJ (Arguidor), Théo Lobarinhas Piñeiro – UFF (Arguidor)

A história da agronomia na Bahia é o tema deste estudo. Esta investigação se debruça sobre a institucionalização da agronomia enquanto campo científico em dois momentos: enquanto projeto e enquanto ação. Como projeto através da análise da Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia (SACIPBA) e do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (IIBA); e, especialmente, como ação entre 1877 e 1911, a partir da Escola Agrícola da Bahia (EAB, 1877) fundada pelo Imperial Instituto, da Secretaria de Agricultura da Bahia (SEAGRIBA, 1896) e da Sociedade Baiana de Agricultura (SBA, 1902), buscando reconstituir as práticas e representações dos grupos sociais envolvidos neste processo – principalmente os engenheiros agrônomos.

Identidades de gênero, amor e casamento em Teresina (1920-1960)

Elizangela Barbosa Cardoso

Defesa: 09/03/2010 – Doutorado

Banca: Rachel Soihet (Orientador), Pedro Vilarinho Castelo Branco – UFPI (Arguidor), Roselane Neckel – UFSC (Arguidor), Luzia Margareth Rago – UNICAMP (Arguidor), Suely Gomes Costa – UFF (Arguidor)

Este trabalho estuda as relações de gênero e as condições históricas que tornaram possível a construção da identidade feminina centrada no casamento e na maternidade, no período compreendido entre 1920 e 1960, em Teresina (PI). Questiona-se acerca das formas de perceber o gênero que teriam possibilitado às mulheres se significarem a partir da maternidade e do casamento, das normas que asseguraram essa definição e das articulações entre as normas e a organização social. São abordadas diferenças e hierarquias de gênero no campo da educação formal, no mercado de trabalho, na trajetória do flerte ao noivado e em códigos de sexualidade. Igualmente, analisa-se a difusão do amor romântico no processo de formação de casais e seu impacto na colonização do futuro feminino. É também abordada a definição da mulher pela maternidade e a ampliação do papel materno, no decorrer do período em estudo.

"O dote é a moça educada": Mulher, dote e instrução em São Luís na Primeira República

Elizabeth Sousa Abrantes

Defesa: 10/03/2010 – Doutorado

Banca: Rachel Soihet (Orientador), Margareth de Almeida Gonçalves – UFRRJ (Arguidor), Suely Gomes Costa – UFF (Arguidor), Pedro Vilarinho Castelo Branco – UFPI (Arguidor), Sheila Siqueira de Castro Faria – UFF (Arguidor)

A presente pesquisa analisa como simbolicamente a instrução formal destinada às mulheres passou a ser valorizada como um componente fundamental na sua educação, tornando-se seu símbolo moderno de "dote" no início do século XX. Queremos mostrar os sentidos de uma educação que pretendia preparar as mulheres para serem as "mães educadoras" das novas gerações e que, ao mesmo tempo, criava brechas para a emancipação feminina através da conquista de uma profissão, o seu dote.

"Natural jeyto e boa ensinança": Aspectos moralísticos e políticos na literatura técnica da Dinastia de Avis (Portugal, séc. XIV/XV)

Jonathan Mendes Gomes

Defesa: 11/03/2010 – Mestrado

Banca: Roberto Godofredo Fabri Ferreira (Orientador), Miriam Cabral Coser – UFRRJ (Arguidor), Vânia Leite Fróes – UFF (Arguidor)

Estudo sobre o papel dos jogos na educação dos príncipes e nobres na corte portuguesa do fim da Idade Média. Usou-se como referência a literatura de proveito produzida nos dois primeiros reinados da Dinastia de Avis, em Portugal, de 1385 a 1438, representada aqui por duas importantes obras,

O livro de montaria de D. João I, e a Arte de bem cavalgar toda sela de D. Duarte. O conteúdo moralístico e político destes tratados favorecia a centralização do poder régio, e afirmava a legitimidade da nova dinastia. A formação de uma sociedade de corte, composta por uma nova nobreza, incluía grupos antes excluídos, cuja manutenção dos privilégios vinha através da proximidade com o rei, e da busca por similitudes com este. Os tratados transmitiam normas aos cortesãos para se enquadrarem na reordenação dos sentimentos e comportamentos, seguindo uma conduta mais polida. Assim, iniciou-se a transformação dos cavaleiros em cortesãos.

"Batuque na cozinha, sinhá num quer!" Repressão e resistência cultural dos cultos afrobrasileiros no Rio de Janeiro (1870-1890).

Rafael Pereira de Souza

Defesa: 11/03/2010 – Mestrado

Banca: Gizlene Neder (Orientador), Keila Grinberg – UNIRIO (Arguidor), Humberto Fernandes Machado – UFF (Arguidor)

O objetivo deste trabalho é estudar a questão relacionada à perseguição às casas destinadas aos cultos afrobrasileiros nas últimas décadas do século XIX na cidade do Rio de Janeiro. Analisamos diversas prisões de líderes religiosos afrodescendentes para observar a repressão policial e traçar um roteiro das experiências vivenciadas por estes líderes religiosos que se valiam da tradição de enaltecer a bravura de seus antepassados, conforme o escopo mais geral das crenças e práticas religiosas das populações afrodescendentes no Brasil. Para tanto, pesquisamos os Livros de Matrículas da Casa de Detenção, jornais da época e obras literárias. O trabalho teve a preocupação de identificar as diferentes estratégias de resistência e negociação das práticas religiosas cultuadas pelas classes subalternas da cidade do Rio de Janeiro. Cultos afro-brasileiros; perseguição policial; resistência cultural.

Serras de Ibiapaba. De aldeia à vila de índios: Vassalagem e identidade no Ceará colonial – Século XVIII

Lígio José de Oliveira Maia

Defesa: 12/03/2010 – Doutorado

Banca: Maria Regina Celestino de Almeida (Orientador), John Manuel Monteiro – UNICAMP (Arguidor), Eurípides Antônio Funes – UFC (Arguidor), João Pacheco de Oliveira Filho – UFRJ (Arguidor), Mariza de Carvalho Soares – UFF (Arguidor)

Analizar os povos indígenas, nas Serras de Ibiapaba, como sujeitos históricos atuantes nos contatos interétnicos, vendo-se e fazendo-se ver como vassalos reais e agentes fundamentais, na capitania do Ceará (séc. XVIII).

Retratos, instantâneos e lembranças: a trajetória e o acervo da fotógrafa Írica Kaefer, Marechal Rondon (1954 – 1990)

Lucia Teresinha Macena Gregory

Defesa: 12/03/2010 – Doutorado

Banca: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade (Orientador), Charles Monteiro – PUC-RS (Arguidor), Ismênia de Lima Martins – UFF (Arguidor), Paulo Knauss de Mendonça – UFF (Arguidor), Mariana De Aguiar Ferreira Muaze – UNIRIO (Arguidor)

Este é um estudo sobre fotografias e memórias feito a partir do acervo particular de Írica Kaefer, constituído pela Foto Kaefer, uma das primeiras casas fotográficas da então Vila General Rondon, com funcionamento desde meados de 1950 até 1990, período que define o nosso recorte temporal. Na perspectiva teórico-metodológica adotada, a fotografia é identificada como uma prática social de produção de sentido. A pesquisa, portanto, relaciona fotografia e memória a fim de discutir o processo de construção social e a relação dos sujeitos com a história local.

As unidades culturais foram organizadas nas categorias espaço fotográfico, espaço geográfico, espaço do objeto, espaço da figuração e espaço da vivência, que serviram de base para a análise. Em síntese, definidas as séries fotográficas, documentos tais como entrevistas, textos, jornais e revistas, acompanharam a análise e fundamentaram a relação percebida entre a cultura fotográfica e a construção de memórias em Marechal Cândido Rondon/PR, no período 1954 a 1990.

Socialistas libertários e lutas sociais no Rio de Janeiro: Memórias, trajetórias e práticas (1985-2009)

Mariana Affonso Penna

Defesa: 12/03/2010 – Mestrado

Banca: Laura Antunes Maciel (Orientador), Alexandre Ribeiro Samis – CPII (Arguidor), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes – UFF (Arguidor)

O objetivo é analisar o processo de formação e consolidação de agrupamentos políticos socialistas atualmente existentes no Rio de Janeiro, os quais na luta pela superação do capitalismo e suas moléstias, se pautam por modelos distintos de estrutura organizativa. Tratam-se de organizações de influência marcadamente Socialista Libertária que através da crítica às organizações hierárquicas, cujas decisões mais relevantes são tomadas por uma espécie de cúpula, apresentam uma estrutura horizontal a fim de que desta maneira, toda a coletividade envolvida possa deliberar sobre suas questões. É imprescindível observar através dos Movimentos Sociais promovidos por estas organizações, com foco na promoção de Ocupações, como é implementado este distinto modelo organizativo. Para elencar algumas organizações a serem analisadas: FLP, CMI-Rio, FARJ e OELI.

Um ritmo espontâneo: O organicismo em Raízes do Brasil e Caminhos e Fronteiras, de Sérgio Buarque de Holanda

João Kennedy Eugênio

Defesa: 17/03/2010 – Doutorado

Banca: Ronaldo Vainfas (Orientador), Ismênia de Lima Martins – UFF (Arguidor), Lúcia Maria Paschoal Guimarães – UERJ (Arguidor), Claudete Maria Miranda Dias – UFPI (Arguidor), Luiz Carlos Soares – UFF (Arguidor)

Há uma fonte comum a Raízes do Brasil e Caminhos e fronteiras: o organicismo, com seus tópicos característicos: senso de realidade e aversão a fantasias ou programas; crescimento espontâneo, a partir das próprias forças do organismo cultural; adaptabilidade ou plasticidade; singularidade cultural, isto é, a consideração da tradição e da identidade de um povo; cultura como totalidade dotada de um "filtro" que atua nas trocas culturais. Desviando o olhar da história do Brasil como um todo, Sérgio Buarque vê a realização do crescimento orgânico e da adaptação à realidade na história de São Paulo, sem os dilemas que marcaram a sociedade brasileira do latifúndio monocultor escravista. Nesse livro, Sérgio Buarque faz história de inspiração antropológica, revelando um traço do organicismo – afinal as raízes da antropologia cultural se ligam à noção aristotélica de forma como princípio de individuação e à valorização das coisas particulares como dotadas de teleologia (princípio de crescimento) própria. Em Caminhos e fronteiras a pesquisa disciplinada e a narrativa histórica são guiadas pela imaginação "orgânica": os tópicos característicos (crescimento orgânico, adaptação à realidade, singularidade cultural) estão por toda parte e os capítulos compõem um tácito argumento organicista.

A Mulher-Faraó: Representações da Rainha Hatshepsut como instrumento de legitimação (Egito Antigo – Século XV A.C.)

Aline Fernandes de Sousa

Defesa: 18/03/2010 – Mestrado

Banca: Ciro Flamarion Santana Cardoso (Orientador), Sônia Regina Rebel de Araújo – UFF (Arguidor), Regina Maria da Cunha Bustamante – UFRJ (Arguidor)

Em comparação com as mulheres de outras civilizações antigas, as egípcias desempenharam um papel privilegiado em questões jurídicas e econômicas. No entanto, seu estado ainda era inferior ao dos homens egípcios, pois eram excluídas. O faraó, descendente direto do deus criador, encarnava uma divindade masculina. Isso fazia com que o reinado de uma mulher fosse percebido como algo contrário a Maat, a ordem cósmica e social que permeava o cosmos, conceito central para os antigos egípcios. Por essa razão, o reinado da rainha-faraó Hatshepsut, no século XV a.C., ponto central dessa pesquisa, torna-se peculiar, já que a mesma ocupou o trono do Egito por quase vinte anos e produziu uma série de imagens que a representavam como um legítimo faraó varão. As fontes selecionadas tem como uma de suas bases teóricas o conceito de gênero, relacionado a papéis socialmente construídos, o presente trabalho tem por objetivo identificar as estratégias empregadas por esta mulher-faraó, sexta governante da XVIII dinastia, a fim de legitimar seu poder como soberano do trono das Duas Terras, o Egito.

Litígios ao sul do Império: a Lei de Terras e a consolidação política da Coroa no Rio Grande do Sul (1850-1880).

Cristiano Luis Christillino

Defesa: 22/03/2010 – Doutorado

Banca: Marcia Maria Menendes Motta (Orientador), Keila Grinberg – UNI-RIO (Arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro – UFF (Arguidor), Maria Verônica Secreto Ferreras – UFF (Arguidor), Paulo Afonso Zarth – UNIJUI (Arguidor)

Na presente tese, analisamos a aplicação da Lei de Terras de 1850 na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Recuperamos os conflitos enfrentados pelo Império no Prata e a participação dos milicianos sul-rio-grandenses nesses eventos, de modo a mostrar que a aprovação dos processos de legitimação pelos presidentes de província contribuiu às negociações políticas entre a Coroa e as elites locais. Nosso recorte temporal se estende de 1850 a 1880, período que abrange a promulgação da Lei até a década em que foi produzido o maior volume de processos de legitimação e revalidação de terras. Eles resultaram, principalmente, do avanço da colonização e da exploração da erva-mate. Analisamos a imigração na província meridional e discutimos os interesses da elite sul-rio-grandense nesse processo, para demonstrar que tal processo marcou o encontro do projeto da Coroa com os objetivos de parte da elite local. A erva-mate foi a segunda atividade econômica mais importante da província nesse período e constituiu a principal alternativa encontrada pelos estancieiros à pecuária. A expansão da fronteira fundiária, sobre as terras florestais, multiplicou o número de litígios entre os terratenentes e, com isso, aumentou a procura pelos expedientes da Lei para reconhecimento do direito de acesso a terras. No entanto, os velhos mecanismos de afirmação de propriedade permaneceram entre as estratégias dos fazendeiros para enfrentarem as disputas por terras.

Mario Baldi: experiências Fotográficas e a trajetória do "repórter perfeito"– (1896-1957)

Marcos Felipe De Brum Lopes

Defesa: 23/03/2010 – Mestrado

Banca: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade (Orientador), Paulo Knauss de Mendonça – UFF (Arguidor), Mauricio Lissovsky – UFRJ (Arguidor)

Esta dissertação de mestrado tem como tema a trajetória de Mario Baldi, fotógrafo austríaco da primeira metade do século XX, emigrado ao Brasil em 1921. Sua produção visual é abordada através das noções de prática social e experiência fotográfica, mapeando seus projetos, estratégias e campo de possibilidades. Sugere-se que as experiências de Baldi iluminam importantes aspectos do surgimento da linguagem foto-jornalística, na primeira metade do século XX, bem como testemunha o aparecimento do sujeito-fotógrafo na cena pública, através da fotografia de imprensa. Além disso, trata-se de identificar como as narrativas verbais e visuais de Mario Baldi constroem uma identidade para o fotógrafo, em concordância com o que se pensava ser um bom repórter fotográfico

Todo o Leme a Bombordo. Marinheiros e Ditadura Civil-Militar no Brasil: Da Rebelião de 1964 à Anistia

Anderson Da Silva Almeida

Defesa: 24/03/2010 – Mestrado

Banca: Samantha Viz Quadrat (Orientador), Denise Rollemberg Cruz – UFF (Arguidor), Maria Paula Nascimento Araújo – UFRJ (Arguidor)

A dissertação discute as trajetórias dos praças da Marinha pertencentesà Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB), durante o período da ditadura civil-militar no Brasil. Com este objetivo, analisam-se as principais causas e reivindicações da rebelião ocorrida em 1964, as participações de atores políticos, a ideia de que o acontecimento foi o estopim para o golpe e os caminhos posteriores percorridos pelos rebeldes. Nesse sentido, terão destaque tanto os marinheiros que participaram dos movimentos armados, quanto os que tentaram seguir suas vidas sem se envolver com a guerrilha. Por fim, a abordagem do longo e tortuoso processo de anistia destes atores sociais.

As mulheres negras por cima: o caso de Luzia Jeje. Escravidão, família e mobilidade social – Bahia, c. 1780 – c. 1830.

Adriana Dantas Reis Alves

Defesa: 24/03/2010 – Doutorado

Banca: Sheila Siqueira de Castro Faria (Orientador), Luiz Roberto de Barros Mott – UFBa (Arguidor), Marcus Joaquim Maciel de Carvalho – UFPE (Arguidor), Ronaldo Vainfas – UFF (Arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro – UFF (Arguidor)

Em 1807, o senhor de engenho, Capitão Manoel de Oliveira Barrozo, morador na Freguesia de Paripe, Recôncavo Baiano, legitimou e libertou seis filhos pardos e os estabeleceu como herdeiros. Todos foram concebidos pela escrava jeje Luzia Gomes de Azevedo. A trajetória dessa família é o objeto principal desta tese. Através de testamentos, inventários, processos cíveis, escrituras públicas, jornais, assentos de casamentos/batismos, vasta bibliografia e documentos diversos, foi possível relacionar escravidão com cultura sexual/família, patriarcado/gênero, cor/mestiçagem, paternidade/legitimidade, e mobilidade social. Percebemos que os simbolismos sexuais relativos às mulheres "de cor", ao mesmo tempo em que as deixavam vulneráveis, poderiam torná-las importantes mecanismos de ascensão ao nível dos brancos. Revisitei as discussões sobre família escrava na Bahia, incluindo as políticas de gênero como fatores relevantes na definição de estratégias de organização e controle das escravarias. E, finalmente, tentei desvendar os enigmas das classificações de cores no período colonial, relacionando-os com processos de inserção de libertos no mundo dos livres.

Baixa Núbia como infraestrutura para construção da potência hegemônica egípcia na XVIIIª Dinastia (1550 – 1323 a.C.)

Fábio Afonso Frizzo de Moraes Lima

Defesa: 24/03/2010 – Mestrado

Banca: Ciro Flamarion Santana Cardoso (Orientador), Mário Jorge da Motta Bastos – UFF (Arguidor), Marcelo Aparecido Rede – USP (Arguidor)

A pesquisa focar-se-á na importância da dominação da Baixa Núbia, através de uma relação de periferia negociada, para a construção do imperialismo egípcio e para sagração desta civilização como "potência hegemônica" do Oriente Próximo no período do Reino Novo (1550-1069 a.C.). Para tanto, concentrar-nos-emos no período da XVIIIª Dinastia, que inclui a reunificação do Egito e sua fase de maior expansão territorial, através da análise de um corpus documental composto basicamente pelas tumbas dos vice-reis da Baixa Núbia e pela correspondência internacional trocada entre o faraó e outros líderes do Oriente Próximo durante os reinados de Amenhotep III e Amenhotep IV– que ficou conhecida posteriormente como "cartas de Amarna".

O historiador e o agente da história: Os embates políticos travados no curso de História da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (1959-1969)

Ludmila Gama Pereira

Defesa: 24/03/2010 – Doutorado

Banca: Marcos Alvito Pereira de Souza (Orientador), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes – UFF (Arguidor), Roberto Leher – UFRJ (Arguidor)

A pesquisa pretende analisar a atuação de agentes históricos na ditadura militar e os enfrentamentos, conformismos ou adesões dos intelectuais brasileiros frente ao regime militar . Os agentes que escolhi como tema de pesquisa são os historiadores que lecionaram na Universidade Federal do Rio de Janeiro, não como analistas do tempo, mas agentes historicizados, sujeitos às polêmicas que afetam tanto a construção do "saber histórico" como as suas próprias vidas. A partir deste pressuposto, constitui-se um conjunto de questões visando avaliar até que ponto o campo intelectual que pretendo estudar tornou-se resistência ou legitimaçãoà repressão do Estado; bem como acompanhar as diferentes tomadas de posição nos anos de ditadura no Brasil.

"O Mundo Negro": A constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970 – 1995)

Amilcar Araujo Pereira

Defesa: 25/03/2010 – Doutorado

Banca: Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro (Orientador), Verena Alberti – FGV (Arguidor), Martha Campos Abreu – UFF (Arguidor), Jacques D'Adesky – UCAM (Arguidor),Álvaro Pereira do Nascimento– UFRRJ (Arguidor)

O principal objetivo desta tese é examinar aspectos da história do movimento negro no Brasil e das trajetórias de algumas de suas principais lideranças, que têm se dedicado à luta contra o racismo e por melhores condições de vida para a população negra em diversos setores da sociedade brasileira desde a década de 1970. Para tanto, a pesquisa iniciou-se com uma análise da construção da ideia de raça na Europa e nos Estados Unidos e de suas repercussões para a população negra na diáspora e para as relações raciais no Brasil. Utilizando a metodologia da história oral, este trabalho reuniu e analisou entrevistas com lideranças negras de todas as regiões do Brasil e com intelectuais negros norte-americanos com passagens pelo nosso país, que, juntamente com outras fontes históricas, forneceram o material necessário para a elaboração de uma história social do movimento negro contemporâneo no Brasil.

Paul Ricouer e uma epistemologia da História centrada no sujeito

Aldo Nelson Bona

Defesa: 26/03/2010 – Doutorado

Banca: Paulo Knauss de Mendonça (Orientador), Temístocles Américo Correa Cezar – UFRGS (Arguidor), Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves – UFF (Arguidor), José Adilçon Campigoto – UNICENTRO (Arguidor), Newton Aquiles Von Zuben – PUC-CAMP (Arguidor)

Este trabalho apresenta uma discussão de epistemologia da história, tendo como foco central o pensamento de Paul Ricoeur, filósofo francês contemporâneo, que, particularmente nos últimos anos de sua produção acadêmica, manteve intenso diálogo com importantes historiadores. Além de apresentar uma reflexão sobre a trajetória intelectual deste pensador, como profundamente ancorada em sua trajetória de vida, o texto discute a hermenêutica, a narrativa e a memória como método, linguagem e objeto da história, respectivamente, objetivando evidenciar a centralidade do sujeito no processo de construção do conhecimento histórico e a dimensão ética desse saber.

"Se faz preciso misturar o agro com o doce": A administração de Gomes Freire de Andrada, Rio de Janeiro e Centro-Sul da América Portuguesa (1748-1763)

Mônica da Silva Ribeiro

Defesa: 26/03/2010 – Doutorado

Banca: Ronald José Raminelli (Orientador), Nuno Gonçalo Pimenta de Freitas Monteiro – U-LISBOA (Arguidor), Iris Kantor – USP (Arguidor), João Luís Ribeiro Fragoso – UFRJ (Arguidor), Francisco Carlos Cardoso Cosentino – UFV (Arguidor)

As transformações político-administrativas desencadeadas no Império português no século XVIII, especialmente a partir das décadas de 1720 e 1730, trouxeram modificações importantes na prática governativa, tanto no Reino, quanto nas suas colônias e conquistas. Nesse processo, a gestão de Gomes Freire de Andrada na América lusa funciona como um importante exemplo das mudanças que vinham sendo realizadas, especialmente se considerarmos a segunda fase de sua administração – de 1748 a 1763 – quando a jurisdição do Conde de Bobadela passou a abarcar – além do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e São Paulo – toda a região centro-sul. Nesse sentido, o presente trabalho tem como intuito analisar a dinâmica administrativa de Gomes Freire durante os quinze últimos anos de seu governo a fim de perceber nela a aplicação da ideia de "razão de Estado", norteadora da política imperial naquele momento

Dinâmica social e estratégias indígenas: Disputas e alianças no Aldeamento do Ipanema, em Águas Belas, Pernambuco (1860-1920)

Mariana Albuquerque Dantas

Defesa: 26/03/2010 – Doutorado

Banca: Maria Regina Celestino de Almeida (Orientador), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro – UFF (Arguidor), Vânia Maria Losada Moreira – UFRRJ (Arguidor), João Pacheco de Oliveira Filho – UFRJ (Co-orientador)

Este trabalho traz uma análise que enfoca as redes de relacionamentos entre índios e não-índios durante e após o processo de extinção do Aldeamento do Ipanema, entre as décadas de 1860 e 1920. Os índios Carnijó, habitantes do referido aldeamento, valeram-se de estratégias variadas para interferirem nos rumos políticos da localidade e na administração de suas terras, no mesmo período em que várias autoridades locais e provinciais construíam uma imagem de mestiçagem dos índios e abandono das aldeias. Num caminho contrário a esse discurso que prioriza categorias generalizantes, torna-se fundamental abordar os vários processos de mistura pelos quais os índios que habitavam a região entre o rio Ipanema e a serra do Comunati (atual município de Águas Belas) passaram no período colonial, bem como a reelaboração de suas culturas e identidades. Durante o século XIX, os Carnijó continuaram a refabricar suas identidades, a articular alianças interétnicas e também a se apropriar de instrumentos legais da administração imperial para fazer suas reivindicações alcançarem diversas autoridades. A permanência do grupo no território do extinto aldeamento do Ipanema e as suas relações com a sociedade não-indígena águas-belense sugerem a existência de elementos de coesão que possibilitaram o seu reconhecimento frente ao Estado no início do século XX. Assim, a análise da dinâmica social que envolve dois movimentos aparentemente contraditórios: – a extinção do aldeamento e o posterior reconhecimento de sua população indígena – é o objetivo principal do presente trabalho.

A "utopia estético-política" da arte: A arte como parte da estratégia revolucionária na obra de Mário Pedrosa

Larissa Costard Soares

Defesa: 29/03/2010 – Mestrado

Banca: Adriana Facina Gurgel do Amaral (Orientador), Marcelo Badaró Mattos UFF (Arguidor), Victor Hugo Adler Pereira – UERJ (Arguidor)

A obra de Mário Pedrosa, intelectual e ativista político, tem na produção atual pouquíssima expressão, fato curioso quando tomamos conhecimento da trajetória e do prestígio do crítico em seu período de atuação. O objetivo desta dissertação é entender as conexões entre sua militância como crítico de arte com a participação nas organizações políticas, concebendo assim a visão de mundo do autor de uma maneira coesa. Divulgador de um marxismo arejado e com ideias bastante inovadoras para os meios em que circulava, Mário Pedrosa não se intimidou em compor com a arte sua estratégia revolucionária. O intuito é, portanto, entender como a obra de arte passa a fazer parte da estratégia revolucionária do crítico, de maneira constitutiva, sem que este precisasse abandonar as outras formas de militância.

Marechal Henrique Teixeira Lott: A opção das esquerdas

Karla Guilherme Carloni

Defesa: 29/03/2010 – Doutorado

Banca: Daniel Aarão Reis Filho (Orientador), Celso Castro – FGV (Arguidor), Marieta de Moraes Ferreira – FGV (Arguidor), Orlando de Barros – UERJ (Arguidor), Paulo Ribeiro Rodrigues Da Cunha – UNESP (Arguidor)

Marechal Henrique Duffles Teixeira Lott foi ministro da Guerra durante os anos de 1955 e 1959. No período em que ocupou o ministério, liderou o contragolpe de 11 de Novembro de 1955 e foi responsável pela manutenção de Juscelino Kubitschek no poder. Sua carreira política e militar foi associada a ideais de legalidade, democracia e nacionalismo. As esquerdas da época, tanto militar quanto civil, escolheram o velho oficial como representante de suas aspirações por uma sociedade mais igualitária e justa e um Brasil economicamente independente. Sua popularidade o levou à candidatura à presidência da República, em 1960. O resgate da biografia política do marechal Henrique Lott ajuda a entender construção da identidade do Exército brasileiro durante o século XX e esclarece a existência de um grupo de militares com identidade alternativa à tradicional imagem construída do militar brasileiro, principalmente após o Golpe Civil Militar de 1964.

A atuação dos monges Irlandeses na Gália Merovíngia: 590- 650 d.C. Uma comparação entre a Vita Amandi e a Vita Columban

Lílian Salaber Souza e Silva

Defesa: 29/03/2010 – Mestrado

Banca: Edmar Checon de Freitas (Orientador), Leila Rodrigues da Silva – UFRJ (Arguidor), Mário Jorge da Motta Bastos – UFF (Arguidor)

Este trabalho investiga a Vita Columbani, de Jonas de Bobbio, e a Vita Amandi, cujo autor é desconhecido, estabelecendo uma comparação entre os textos com base na metodologia da análise de conteúdo. A análise busca situar as opções estilísticas presentes em cada texto nas tradições de escrita hagiográfica irlandesa e gaulesa, as quais foram relacionadas ao contexto da atuação dos monges irlandeses na Gália merovíngia da primeira metade do século VII. Dentre esses, o que alcançou maior destaque foi São Columbano, homem que, tendo chegado à Gália em 590 d.C., desde logo estabeleceu relações diretas com as casas reais merovíngias. Sua inserção no ambiente aristocrático atraiu discípulos francos que em breve se lançaram a pregar, fundar mosteiros afiliados à linha irlandesa e/ou patrociná-los, instaurando assim uma nova fase na história monástica gaulesa alto-medieval. Santo Amando, um dos principais nomes dessa geração, representa bem essa tendência, motivo pelo qual ficou conhecido como "o bispo viajante".

"Para a maior Glória de Deus e serviço do Reino": As cartas jesuíticas no contexto da resistência ao domínio holândes no Brasil do século XVII

Mário Fernandes Correia Branco

Defesa: 30/03/2010 – Doutorado

Banca: Ronaldo Vainfas (Orientador), Maria Regina Celestino de Almeida – UFF (Arguidor), Ronald José Raminelli – UFF (Arguidor), Célia Cristina da Silva Tavares – UERJ (Arguidor), Charlotte De Castelnau Dessenault De Lestoile – UPOND (Arguidor)

Tendo como pano de fundo o período que passou à história do Brasil com o título generalizante de 'Invasões Holandesas', e apresentando uma dimensão pouco conhecida da abrangência alcançada pelas cartas jesuíticas, esta tese pretende identificar as especificidades da rede de informações desenvolvida pelos missionários da Companhia de Jesus entre 1624 e 1640 na luta contra as tropas da West-Indische Compagnie. Por conseguinte, trata-se de verificar se durante aqueles anos as cartas dos jesuítas cumpriram, de fato, um papel mais amplo do que o de simples missivas institucionais, tornando-se as ferramentas primordiais de um serviço de coleta e difusão de informações estratégicas e militares, que muitas vezes atuou infiltrado nas áreas dominadas pelos calvinistas.

A ação popular e a questão do humanismo: das origens cristãs ao marxismo (1963-1973)

Hugo Villaça Duarte

Defesa: 30/03/2010 – Mestrado

Banca: Marcelo Badaró Mattos (Orientador), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes – UFF (Arguidor), Edson Teixeira da Silva Jr. – UNIFOA (Arguidor)

Este trabalho discute a trajetória política da Ação Popular, na década de 1960 e no início dos anos 1970, e apresenta uma análise crítica sobre as formulações elaboradas pela organização acerca da concepção filosófica humanista. Contando inicialmente com a participação majoritária de militantes oriundos da Juventude Universitária Católica, a Ação Popular foi fundada em 1963, reivindicando-se como uma organização não-confessional e revolucionária. A partir da segunda metade da década de 1960, a Ação Popular reformulou seus projetos políticos e procurou afirmar-se como uma organização marxista. No período em questão, a intervenção política da organização esteve pautada por elementos do humanismo cristão, da perspectiva humanista do marxismo e, inclusive, da controversa tese anti-humanista do filósofo francês Louis Althusser.

Partidos, candidatos e eleitores: O Rio Grande do Norte em campanha política (1945-1955)

Jailma Maria De Lima

Defesa: 31/03/2010 – Doutorado

Banca: Angela Maria de Castro Gomes (Orientador), Maria de Lourdes Monaco Janoti – USP (Arguidor), Raimundo Nonato Araújo Da Rocha – UFRN (Arguidor), Marly Silva da Motta – FGV (Arguidor), Jorge Luiz Ferreira – UFF (Arguidor)

Esta tese acompanha as dinâmicas das campanhas eleitorais ocorridas no estado do Rio Grande do Norte, entre 1945 e 1955, considerando partidos políticos, candidatos, eleitores e Justiça Eleitoral como seus atores principais. Como fontes utilizamo-nos da imprensa escrita publicada no estado, considerada também um ator político, já que os jornais apresentavam opção político-partidária bastante evidente. Assim, a partir de referenciais teóricos ligados à Nova História Política e Cultural, ao longo do texto, dialogamos com a literatura norte-riograndense produzida sobre o período abordado, em especial a memorial. Momento importante da experiência democrática brasileira, o período foi vivenciado no estado de forma intensa, ocorrendo então a ampliação do número de eleitores e de partidos políticos; além do desenvolvimento de estratégias de propaganda política para atrair o voto dos eleitores. Estes passaram a ocupar o espaço público e a vivenciar e participar das campanhas eleitorais.

Trajetórias intelectuais no exílio: Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena e Vítor Ramos (1954-1974)

Fábio Ruela de Oliveira

Defesa: 12/04/2010 – Doutorado

Banca: Adriana Facina Gurgel do Amaral (Orientador), Gelsom Rozentino de Almeida – UERJ (Arguidor), Renato Luís do Couto Neto e Lemos – UFRJ (Arguidor), Douglas Mansur Da Silva – UFV (Arguidor), Hélvio Alexandre Mariano – UNICENTRO (Arguidor)

Esse estudo analisa a trajetória intelectual de três professores e críticos literários portugueses antissalazaristas que se exilaram no Brasil entre 1954 e 1974. A atuação de Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena e Vítor Ramos foi significativa no âmbito das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLs) públicas paulistas, no grupo de oposição ao fascismo português e no "Suplemento Literário" do jornal O Estado de S. Paulo. Além de exercerem as atividades de professores, ensaístas e poetas, reuniram-se e militaram no jornal Portugal Democrático, destacado instrumento de luta contra o salazarismo – a ditadura mais longa do século XX. A tese de que foram "intelectuais orgânicos" (GRAMSCI) contra hegemônicos se fundamenta a partir da biografia de militantes antifascistas e por seus ensaios e livros, que igualmente configuraram um canal de difusão do marxismo na crítica literária de língua portuguesa. A situação e a experiência do exílio propiciaram-lhes as condições para a elaboração de suas obras e para a militância antissalazarista e anticapitalista. Quanto ao material consultado para esse trabalho destaca-se a Coleção Portugal Democrático (1956-1975 / 205 edições), os depoimentos orais e as obras de cada um dos três, cujas trajetórias constituem um capítulo da história intelectual e cultural coetâneas de Brasil e Portugal.

Formas de apreensão do espaço em Portugal no contexto da Expansão Ultra-marina (séculos XV-XVI)

Álvaro Mendes Ferreira

Defesa: 12/04/2010 – Mestrado

Banca: Mário Jorge da Motta Bastos (Orientador), Ciro Flamarion Santana Cardoso – UFF (Arguidor), Therezinha Barcellos Baumann Zavataro – UFRJ (Arguidor)

A partir do século XIII, em particular, a Europa começa a experimentar um grande desenvolvimento no pensamento abstrato, cujos resultados mais conspícuos foram o surgimento de formas de conceptualizar a realidade a partir de relações matemáticas. Em parte imbuídos desse espírito, em parte por necessidade prática, os mareantes portugueses de meados do século XV foram levados a desenvolverem uma navegação astronômica. Estudaremos as implicações do surgimento da especialidade abstrata (processo lento, multissecular e, pela própria definição, interminável) na prática discursiva do império ultramarino português durante os séculos XV e XVI.

Reorganização política Nortenha: O processo de formação do Reino das Astúrias (Dos séculos VIII ao X)

Bruno de Melo Oliveira

Defesa: 12/04/2010 – Doutorado

Banca: Mário Jorge da Motta Bastos (Orientador), Renata Rodrigues Vereza – UFF (Arguidor), Edmar Checon de Freitas – UFF (Arguidor), Maria Do Carmo Parente Santos – UERJ (Arguidor), Leila Rodrigues da Silva – UFRJ (Arguidor), Lívia Lindóia Paes Barreto – UFF (Co-orientador)

A intenção central desta pesquisa é analisar a constituição do Reino das Astúrias entre os anos 711 e 910, identificando sua estruturação enquanto entidade político-territorial surgida após a fragmentação do Reino Visigodo de Toledo. Intentaremos constatar que o reino nortenho não foi tão somente a continuidade da realidade precedente, nem tampouco uma ruptura radical, mas algo que conjugou tradição e renovação política. Para isso, concentramo-nos nos primeiros passos do nascente reino e na identificação da relação entre a sua monarquia e setores aristocráticos laicos e religiosos, grupos que cooperavam imediatamente com as ações perpetradas pelos jovens reis asturianos ou que resistiam aos desígnios destes. Além destas referências contidas no interior do território que veio a pertencer aos soberanos asturianos, agregamos ainda um fator de não pouca importância: a pressão exercida pelos exércitos emirais. Portanto, a interação de elementos internos e externos delimitou também a construção política nortenha. Trabalhando com fontes narrativas latinas e muçulmanas, documentação notarial e epigráfica, procuramos rastrear as transformações, desde a revolta de Pelágio, em 718, até o final do reinado de Afonso III, em 910.

Negócios de Minas: Família, fortuna, poder e redes de sociabilidades nas Minas Gerais – A Família Ferreira Armonde (1751-1850)

Antônio Henrique Duarte Lacerda

Defesa: 13/04/2010 – Doutorado

Banca: Carlos Gabriel Guimarães (Orientador), Afonso de Alencastro Graça Filho – UFSJ (Arguidor), Ângelo Alves Carrara – UFJF (Arguidor), Sheila Siqueira de Castro Faria – UFF (Arguidor), Théo Lobarinhas Piñeiro – UFF (Arguidor)

Este texto discute questões concernentes à atuação de uma das mais ricas, influentes e poderosas família de Minas Gerais – os Ferreira Armonde, entre os anos 1751-1850. Esta família foi o fio condutor a partir do qual busquei compreender a formação e atuação das redes de sociabilidades – familiares, econômicas, sociais e políticas – estabelecidas pelos abastados fazendeiros/comerciantes das Minas Gerias e suas relações com a praça comercial do Rio de Janeiro. A partir dela, discuti o comércio de cargas, poaia, café e negros estabelecidos entre os fazendeiros/comerciantes com os comissários do Rio de Janeiro; as atividades de prestamistas e a prática da troca de favores ("economia do dom"); a formação dos laços de compadrio familiar e consanguíneo. Analisei, também, o poder emanado e construído a partir do poderio econômico e a atuação política dos Armonde em sua localidade, na província e na Corte.

Linguagens do poder no Portugal Sete-centista: Um estudo a partir da dedução cronológica e analítica (1767)

Gilmar Araujo Alvim

Defesa: 14/04/2010 – Doutorado

Banca: Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves (Orientador), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor), Keila Grinberg – UNIRIO (Arguidor), Antonio Cesar de Almeida Santos – UFPR (Arguidor)

A partir do estudo da Dedução Cronológica e Analítica, publicada em 1767, esta dissertação tem por objetivo analisar os discursos políticos utilizados em Portugal nessa época. A obra pretende legitimar o processo de centralização política e administrativa empreendido pela Coroa portuguesa durante o século XVIII, cujo ápice encontra-se no período de atuação do Marquês de Pombal (1750-1777). Para tanto, ela realçou, primeiro, o princípio do direito divino dos reis, opondo um discurso, aqui denominado absolutista-regalista, àquele contratualista-corporativo, identificado às doutrinas dos jesuítas, porque formulado pelos autores da segunda escolástica no século XVI. Ao mesmo tempo, ao adotar uma abordagem histórica para ratificar os argumentos favoráveis ao caráter sagrado da monarquia, construiu a visão de um determinado passado para Portugal, que partilha certos aspectos, mas não outros, da historiografia do período.

"O Conselho de Estado no tempo de D. Pedro I": um estudo da política e da sociedade no Primeiro Reinado (1826 – 1831)

Eder da Silva Ribeiro

Defesa: 14/04/2010 – Mestrado

Banca: Carlos Gabriel Guimarães (Orientador), Maria Fernanda Vieira Martins – UFJF (Arguidor), Gladys Sabina Ribeiro – UFF (Arguidor)

Este trabalho trata do papel que teve o Conselho de Estado ao longo do reinado de D. Pedro I. Criada com o objetivo de auxiliar o monarca no uso das atribuições do Poder Moderador, a instituição se mostrou um espaço privilegiado para o exercício da dominação política e para a reiteração das hierarquias sociais, sobretudo na medida em que possibilitou aos seus membros reproduzir no interior do Estado uma antiga prática institucional baseada nos relacionamentos diversos de caráter pessoais. Apreendendo as origens e as trajetórias individuais dos conselheiros, bem como as redes sociais das quais eram provenientes, o estudo procurou contribuir tanto para um melhor entendimento das esferas mais básicas do jogo político existente no Primeiro Reinado, quanto para a compreensão dos embates parlamentares que contribuíram decisivamente para a abdicação do primeiro Imperador.

Mosaicos da Escravidão: identidades africanas e conexões atlânticas do Recôncavo da Guanabara (1780-1840)

Nielson Rosa Bezerra

Defesa: 15/04/2010 – Doutorado

Banca: Mariza de Carvalho Soares (Orientador), João José Reis – UFBa (Arguidor), Carlos Eugênio Líbano Soares – UFBa (Arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro – UFF (Arguidor), Alexsander Lemos de Almeida Gebara – UFF (Arguidor)

Elaborar um estudo sobre a composição étnica da escravaria Africana na região do fundo da Baía do Rio de Janeiro, de forma que seja possível estabelecer os padrões de africanidade e os níveis de criolização presentes na população escrava da região.

De Como Administrar Cidades e Governar Impérios: almotaçaria portuguesa, os mineiros e o poder (1745-1808)

Thiago Nicodemos Enes dos Santos

Defesa: 15/04/2010 – Mestrado

Banca: Mariza de Carvalho Soares (Orientador), Antônio Carlos Jucá de Sampaio – UFRJ (Arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor)

A almotaçaria foi um dos mais tradicionais ofícios da administração Ibérica. Profundamente marcados pelas civilizações islâmicas, os almotacés foram os grandes responsáveis por uma tríade de atribuições relacionadas ao mercado, ao construtivo e às questões sanitárias de vilas e cidades, sendo nomeados pelas Câmaras Municiais e Concelhos durante mais de setecentos anos, somente no reino cristão de Portugal. Apesar dessa longevidade e das denotadas funções à seu cargo, a ocupação foi um dos temas menos visitados pelos historiadores, especialmente na América do Antigo Regime. Essa pesquisa lança novas luzes a esses representantes de El-Rei, analisando suas atuações, padrões de recrutamento e perfis sociológicos em Mariana e na Capitania mineira no século XVIII e princípios do século seguinte. Considerada ocupação menor no estamento camarário ou realizada por modestos agentes, a almotaçaria se mostrou um necessário e importante ofício do poder local, além de um dos principais meios de ascensão política e social.

Terra, Trabalho e Propriedade: A estrutura agrária da Campanha Rio-Grandense nas décadas finais do período Imperial (1870-1890)

Graciela Bonassa Garcia

Defesa: 16/04/2010 – Doutorado

Banca: Márcia Maria Menendes Motta (Orientador), Helen Osório – UFRGS (Arguidor), Paulo Afonso Zarth – UNIJUI (Arguidor), Maria Verônica Secreto Ferreras – UFF (Arguidor), Théo Lobarinhas Piñeiro – UFF (Arguidor)

No Brasil a escravidão negra teve um fôlego muito longo, se comparado aos demais países americanos. Diferentes atividades produtivas dependiam da mão-de-obra cativa, que estava difundida entre todos os grupos sociais. Na atividade pecuária realizada no sul do Brasil isso não foi diferente e, na medida que o escravismo entrava em crise, era necessário buscar alternativas aos braços escravos que escasseavam. Neste trabalho busca-se investigar a estrutura agrária da Campanha rio-grandense (região localizada na fronteira sul do Brasil) nas duas últimas décadas do regime escravista (1870-1890). Foi justamente na década que antecedeu o fim da escravidão que o processo de cercamento dos campos na região tomou fôlego. Esse será, portanto, um período de profundas transformações na estrutura agrária da região: o fim iminente da escravidão, junta e paralelamente ao início do processo de cercamento dos campos, redefinirá os padrões de trabalho e propriedade vigentes até então. Buscar explicar essas transformações, suas motivações e consequências é o objetivo central deste trabalho.

Justiça do Trabalho e Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964 – 1985): atuação e memória.

Claudiane Torres da Silva

Defesa: 16/04/2010 – Mestrado

Banca: Samantha Viz Quadrat (Orientador), Denise Rollemberg Cruz – UFF (Arguidor), Elina Gonçalves da Fonte Pessanha – UFRJ (Arguidor)

O presente trabalho pretende discutir a atuação da Justiça do Trabalho durante a ditadura civil-militar (1964 a 1985). Para alcançar esse objetivo proponho o estudo das ações jurídicas do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro relacionadas às mudanças e características legais ocorridas durante a ditadura tendo ação direta nos interesses da população e do patronato. Essa escolha deve-se ao fato de representar uma instância que dá jurisprudência na área do Direito do Trabalho, já que as ações apresentam especificidades que, em muitos casos, fogem do ordenamento jurídico. Dessa maneira, optou-se por concentrar a pesquisa nos acórdãos do tribunal acima identificado e em entrevistas com magistrados. O conteúdo do texto em consonância com a prática da magistratura sobre a atuação desses atores, durante a ditadura civil-militar, expressaria suas posições políticas apresentando-se ora como conflito ora como acordo permitindo identificar áreas de conflitos e negociações.

O gênero do adultério no discurso jurídico do governo de Afonso X (1252-1284)

Marcelo Pereira Lima

Defesa: 16/04/2010 – Doutorado

Banca: Mário Jorge da Motta Bastos (Orientador), Roberto Godofredo Fabri Ferreira – UFF (Arguidor), Rachel Soihet – UFF (Arguidor), Miriam Cabral Coser – UFRRJ (Arguidor), Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva – UFRJ (Arguidor)

O projeto de pesquisa intitulado "Relações de Gênero e casamento nas fontes jurídicas de Afonso X" tem como meta principal discutir as relações entre o matrimônio e as fontes de caráter jurídico do reinado de Afonso X (1252-1284), além de investigar as conexões entre História Medieval, Estudos Feministas e Estudos de Gênero. Desse modo, problematizando as correlações entre diretrizes de gênero e diversas instituições (casamento, direito, realeza), nosso objetivo é fazer também indagações a partir de análises qualitativas que, de maneira nenhuma, constituem elementos típicos ou esgotam a multiplicidade, instabilidade e subjetividade de atitudes jurídicas do período e das documentações estudadas.

A pesca da baleia no Brasil Colonial: Contratos e contratadores do Rio de Janeiro no século XVII

Camila Baptista Dias

Defesa: 19/04/2010 – Mestrado

Banca: Mariza de Carvalho Soares (Orientador), Luciana Mendes Gandelman – UFRRJ (Arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor)

Embora iniciada antes de 1650, pode-se afirmar que é na segunda metade do seiscentos que a pesca da baleia se consolida como uma importante atividade comercial presente na economia colonial brasileira, sobretudo na capitania do Rio de Janeiro. Portanto, a presente dissertação visa apresentar alguns contratadores do Rio de Janeiro que arremataram o contrato da pesca das baleias, bem como, as redes de sociabilidade que levaram esses homens a elaborar estratégias para manterem-se na elite colonial, que marginalizava a prática de atividades comerciais. Tudo engendrado a partir das características do Antigo Regime vigentes e adaptado à realidade da América portuguesa. Assim, destacamos a participação desses contratadores nos cargos públicos, nas ordenanças e irmandades, além da formação de alianças através de casamentos e relações de parentesco. A partir dessa análise torna-se possível perceber a estruturação e o desenvolvimento dessa prática mercantil até finais do século XVII.

Os negros do Rosário: Memória(s), identidades(s) e tradição no Congado de Oliveira (1950 aos dias atuais)

Fernanda Pires Rubião

Defesa: 26/04/2010 – Mestrado

Banca: Martha Campos Abreu (Orientador), Mário Grynszpan – UFF (Arguidor), Silvia Maria Jardim Brugger – UFSJ (Arguidor)

O objetivo dessa pesquisa é analisar os significados políticos e identitários do Congado da cidade de Oliveira, em Minas Gerais, que é uma festa de devoção à Nossa Senhora do Rosário, desde os anos de 1950 até aos dias atuais. Esse recorte cronológico justifica-se pela importância atribuída pelos congadeiros a data de 1950 que representa o reinício dos festejos, que foram paralisados em diversos anos. Os negros do Rosário através do ritual festivo – com suas danças e cânticos – relembram o seu passado, construindo e resignificando a sua identidade e estabelecendo tradições culturais para o Congado. Serão enfocadas principalmente questões como a relação da comunidade de congadeiros com a Prefeitura e alguns representantes da Igreja Católica, os conflitos internos, a afirmação de sua identidade de negros do Rosário assim como uma luta política e a reconstrução da memória.

Das Cañadas ao Palco: Pastoreio e imaginário político na Baixa Idade Média espanhola (Séculos XIV – XVI)

Raquel Alvitos Pereira

Defesa: 26/04/2010 – Doutorado

Banca: Vânia Leite Fróes (Orientador), Edmar Checon de Freitas – UFF (Arguidor), Lenora Pinto Mendes – UFF (Arguidor), Leila Rodrigues da Silva – UFRJ (Arguidor), Maria Eurydice de Barros Ribeiro – UnB (Arguidor)

Estudo da figura do pastor em Castela e de sua inserção sociopolítica até a unificação espanhola. Questiona-se a noção elaborada pelo historiador Bronislaw Geremek, segundo o qual este rústico seria um exemplo de marginalização plena no Ocidente cristão. O estudo de caso aqui desenvolvido revela, ao contrário, um estatuto singular do pastor em Castela. A criação da Mesta, corporação que unificou os ofícios ligados à atividade lanífera, criou medidas de proteção e privilégios diversos para o pastoreio, possibilitando interações imaginárias das figuras do rei e do pastor, cuja representação renova-se com a releitura feita por poetas e dramaturgos quase sempre a serviço do poder monárquico. Nos serões e festas das cortes nascentes das Espanhas, unificam-se em torno do pastor memórias diversas: bíblicas, líricas e regionais, e associa-se o pastor e o rei num mesmo campo do imaginário. Tomam-se como fontes principais o material normativo da Mesta, a lírica pastoril e a dramaturgia de Juan de Encina e Lope de Rueda.

A imagem do cavaleiro ideal em Avis à época de D. Duarte e D. Afonso V. (1433-1481)

Katiuscia Quirino Barbosa

Defesa: 29/04/2010 – Mestrado

Banca: Vânia Leite Fróes (Orientador), Miriam Cabral Coser – UFRRJ (Arguidor), Roberto Godofredo Fabri Ferreira – UFF (Arguidor)

Ao assumir o trono português, a Dinastia de Avis necessitou fundamentar o reino a partir de uma concepção capaz de gerar coesão social e de legitimar a própria Dinastia no poder. Progressivamente estruturou-se uma ideologia assente em valores caros a cultura portuguesa como a propagação e afirmação da fé cristã e a honra cavaleiresca. Nosso objetivo é definir o paradigma de cavalaria em Avis a partir da análise dos modelos expostos no livro da ensinança de bem cavalgar toda sela, nas crônicas de Gomes Eanes de Zurara e no Amadis de Gaula.

A trajetória d'O Repúblico no fim do Primeiro Reinado e na Regência: os discursos impressos de Antônio Borges da Fonseca sobre a política imperial (1830 – 1837)

Carolina Paes Barreto da Silva

Defesa: 29/04/2010 – Mestrado

Banca: Gladys Sabina Ribeiro (Orientador), Marco Morel – UERJ (Arguidor), Carlos Gabriel Guimarães – UFF (Arguidor)

O início da construção da Nação brasileira foi marcado por um intenso embate político-ideológico, fazendo da imprensa lugar privilegiado nesse processo. As discussões travadas por meio dos jornais e dos panfletos possibilitaram a elaboração de projetos de Brasil, que revelavam concepções distintas do que deveria ser a nação e a tentativa de implantar novas ideias e práticas políticas quanto ao relacionamento do indivíduo com o Estado. Nesse sentido, buscar-se-á perceber, através das cinco fases do jornal "exaltado" O Repúblico (1830-1855), as questões acerca da construção do Estado Imperial e da existência de uma linguagem republicana neste período. Tentar-se-á, por conseguinte, examinar o discurso da'facção exaltada', grupo político marcado por uma fronteira de recuos, posições, alianças entre os escritores de jornais, que hoje nos parecem tão contraditório, assim como a própria figura política de Antônio Borges da Fonseca.

Legislação da Educação Brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985): um espaço de disputas

Alexandre Tavares do Nascimento Lira

Defesa: 29/04/2010 – Doutorado

Banca: Luiz Carlos Soares (Orientador), Marcelo Badaró Mattos – UFF (Arguidor), José dos Santos Rodrigues – UFF (Arguidor), Lená Medeiros de Menezes – UERJ (Arguidor), Sonia Maria De Castro Nogueira Lopes – UFRJ (Arguidor)

O presente trabalho tem como objetivo investigar os elementos fundamentais da política educacional brasileira na época da ditadura militar, buscando as determinações sociais que atuaram na formação de uma legislação ampla, considerando as principais consequências sobre a realidade social e a educação brasileira.

Comércio e trabalho em Cabinda durante a ocupação colonial portuguesa, c.1880 – c.1915

Ana Flávia Cicchelli Pires

Defesa: 30/04/2010 – Doutorado

Banca: Mariza de Carvalho Soares (Orientador), Marcelo Bittencourt Ivair Pinto – UFF (Arguidor), Alexsander Lemos de Almeida Gebara – UFF (Arguidor), Carlos Moreira Henriques Serrano – USP (Arguidor), Beatriz Gallotti Mamigonian – UFSC (Arguidor)

Tenho por objetivo através da presente tese analisar o processo de formação do enclave de Cabinda, na costa centro-ocidental africana, ao norte do rio Congo, e acompanhar os avanços e retrocessos inerentes à ocupação colonial portuguesa na região, entre 1880 e 1915. Neste período, o colonialismo português empregou uma política que conjugou expropriação de terras, cobrança de impostos e amplo controle sobre a força de trabalho africana. Estas medidas tinham por finalidade financiar a ocupação e a construção do aparato colonial, assim como viabilizar os investimentos do capital público e privado, garantindo o retorno do capital investido. Diante deste quadro, procuro dar destaque à experiência colonial das populações que habitavam o enclave, na tentativa de compreender como elas receberam e reagiram frente às transformações decorrentes da política colonial. Para uma melhor elucidação do processo histórico, territórios ao sul do rio Congo, que compunham o antigo reino do Kongo, também serão analisados em perspectiva comparada.

Potentados e Conflitos nas Sesmarias da Comarca do Rio das Mortes

Francisco Eduardo Pinto

Defesa: 04/05/2010 – Doutorado

Banca: Marcia Maria Menendes Motta (Orientador), Júnia Ferreira Furtado – UFMG (Arguidor), Luciano Raposo de Almeida Figueiredo – UFF (Arguidor), Ângelo Alves Carrara – UFJF (Arguidor), Rafael Ivan Chambouleyron – UFPA (Arguidor)

Nesta tese, propomo-nos a investigar a ocupação territorial das regiões mais remotas da extensa Comarca do Rio das Mortes, em Minas Gerais, na segunda metade do século XVIII e no primeiro quartel do XIX a partir das doações de sesmarias. Observamos que, à medida que a comarca foi ganhando destaque no abastecimento do Rio de Janeiro, acirrou-se a disputa pelas terras de agricultura resultando em conflitos com as populações marginais da capitania: índios, quilombolas e colonos pobres. Para isso, abordamos o processo de conquista dos sertões das nascentes do rio São Francisco, a oeste, e dos sertões dos rios Pomba e Peixe, a leste, avançando sobre as terras indígenas, imediatamente distribuídas em sesmarias. Estudamos ainda as partes dos autos de medição e demarcação de algumas sesmarias da comarca e os conflitos judiciais daí decorrentes. Para a percepção desses conflitos focalizamos alguns poderosos proprietários de terras. Procuramos entender o funcionamento dos processos de medição e demarcação das sesmarias, marcados pelo inevitável envolvimento das autoridades judiciais e administrativas em benefício desses potentados. Apontamos as dificuldades enfrentadas por sesmeiros absenteístas para a conservação das suas propriedades usurpadas por administradores e ocupadas por posseiros, como foi o caso dos nobres portugueses da família Souza Coutinho. Por fim, observamos a disputa pela posse de uma grande sesmaria entre diversos moradores da freguesia da Campanha do Rio Verde e o coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto, ouvidor da Comarca do Rio das Mortes e um dos homens mais ricos e influentes da capitania.

Amor, sacrifício e lealdade: O Donativo para o casamento de Catarina de Bragança e para a Paz de Holanda (Bahia, 1661-1725)

Letícia Dos Santos Ferreira

Defesa: 06/05/2010 – Mestrado

Banca: Rodrigo Nunes Bentes Monteiro (Orientador), Pedro Luís Puntoni – USP (Arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor)

O donativo para o dote da Sereníssima Rainha da Grã-Bretanha e pela paz de Holanda é constantemente citado pela historiografia. Entretanto, nenhum trabalho debruçou-se mais detalhadamente sobre sua imposição, dinâmica ou princípio. Esta dissertação, atenta à especificidade desta contribuição à Fazenda Real, procurou entender seu caráter dentro de uma lógica de Antigo Regime, sem contudo perder de vista as configurações especificas da América portuguesa. Igualmente, estivemos atentos às relações políticas e econômicas entre as principais nações europeias durante o século XVII, uma vez que o donativo resultava de acordos diplomáticos firmados pela monarquia portuguesa recém-restaurada com a Grã-Bretanha e a Holanda. Para viabilizar o estabelecimento do donativo, bem como seu pagamento, a coroa valeu-se de uma lógica de serviços que, da mesma forma, foi utilizada pelos vassalos régios quando acharam necessário. Perceber, portanto, como os vassalos portugueses na Bahia relacionavam-se com a coroa através do donativo de Inglaterra e paz de Holanda foi o objetivo desta dissertação.

O Revérbero Constitucional Fluminense, constitucionalismo e imprensa no Rio de Janeiro na independência.

Virgínia Rodrigues da Silva

Defesa: 06/05/2010 – Mestrado

Banca: Gladys Sabina Ribeiro (Orientador) , Marco Morel – UERJ (Arguidor), Andrea Slemian – USP (Arguidor)

Este trabalho trata as especificidades das propostas políticas e projetos de Estado e nação no processo de Independência, que recorrentemente variavam de acordo com o momento, o espaço geográfico e o lugar social a partir do qual eram veiculadas. Partimos da análise de um dos principais jornais da polemista imprensa de opinião do Rio de Janeiro no período de 1821-1822, o Revérbero Constitucional Fluminense, publicado por Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa. Objetivamos o entendimento das fronteiras e pertencimentos que caracterizavam sua identidade política, definida em meio às transformações (não evolutivas) do espaço público e da afirmação, por formas enviesadas e diversas, de uma cultura política baseada nos princípios do liberalismo e constitucionalismo. Com isso, pretendemos estabelecer de que forma a noção de soberania e as variadas vertentes do pensamento constitucionalista e liberal de fins do século XVIII e início do século XIX manifestaram-se no discurso do jornal.

Páginas golpistas: democracia e anticomunismo através do projeto editorial do IPES (1961-1964)

Martina Spohr Gonçalves

Defesa: 14/05/2010 – Mestrado

Banca: Adriana Facina Gurgel do Amaral (Orientador), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes – UFF (Arguidor), Renato Luís do Couto Neto e Lemos – UFRJ (Arguidor)

O tema deste projeto é a atividade de disseminação dos valores ideológicos do grupo multinacional e associado realizada no Brasil na primeira metade da década de 1960, através de empreendimentos culturais, mais especificamente a edição de livros. O anticomunismo e um modelo de democracia isento de características consideradas negativas – a agitação sindical, o nacionalismo extremado e a indisciplina militar etc. – estão entre os principais valores constitutivos dos livros, produzidos internamente ou importados, principalmente, dos EUA. Tais livros expressam a aspiração por uma nova ordem, do ponto de vista de setores econômicos, políticos e militares críticos do sistema político praticado no Brasil desde 1946. Mais do que pregar a oposição ao governo João Goulart (1961-1964), procuram influenciar, pela propaganda de valores, a geração da qual sairiam os futuros dirigentes do país.

O Comissário Real Martinho de Mendonça (1693-1743): Estratégias e práticas administrativas na primeira metade do século XVIII

Irenilda Reinalda Barreto de Rangel Moreira Cavalcanti

Defesa: 20/05/2010 – Doutorado

Banca: Luciano Raposo de Almeida Figueiredo (Orientador), Rodrigo Nunes Bentes Monteiro – UFF (Arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor), Laura de Mello e Souza – USP (Arguidor), Caio Cesar Boschi – PUC-MG (Arguidor)

A pesquisa visa configurar a trajetória de vida de Martinho de Mendonça (1693-1743) pequeno fidalgo da corte do rei D. João V e, a partir dele, reconstruiu as redes de sociabilidade existentes em Portugal. Buscar-se-á também perceber a expansão dessas redes na América Portuguesa, durante o século XVIII.

A gestação de Crispim: um estudo sobre a constituição da piauiensidade

Alcebíades Costa Filho

Defesa: 21/05/2010 – Doutorado

Banca: Edwar de Alencar Castelo Branco (Orientador), Ana Maria Mauad de Sousa Andrade – UFF (Arguidor), Francisco Alcides do Nascimento – UFPI (Arguidor), José Henrique De Paula Borralho – UEMA (Arguidor), Raimunda Celestina Mendes Da Silva – UEMA (Arguidor)

Este trabalho reflete sobre alguns aspectos da formação histórica da piauiensidade, entendida como a média dos parâmetros identitários que foram capazes de dar aos piauienses um sentimento de pertença a uma comunidade. Os recursos empíricos utilizados para o estudo foram principalmente livros, jornais e revistas que veicularam produtos literários da lavra de intelectuais piauienses, em especial aqueles produzidos entre os anos de 1852 e 1952. Tais recursos foram lidos como instrumentos através dos quais, do ponto de vista deste trabalho, seria possível refletir sobre como se constituiu um sistema literário no Piauí e, no seu lastro, como se conformou uma identidade piauiense.

O Império dos Souza Breves nos Oitocentos: Política e escravidão nas trajetórias dos Comendadores José e Joaquim de Souza Breves

Thiago Campos Pessoa Lourenço

Defesa: 25/05/2010 – Mestrado

Banca: Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro (Orientador), Martha Campos Abreu – UFF (Co-orientador), Carlos Gabriel Guimarães – UFF (Arguidor), Keila Grinberg – UNIRIO (Arguidor)

O projeto de pesquisa buscará estudar as estruturas do tráfico ilegal de africanos construídas no pós 1830. Para isso, utilizaremos como fio condutor de pesquisa a trajetória da família Souza Breves. Os Breves, certamente foram um dos principais articuladores do empreendimento traficante no período ilegal, organizando fazendas para recepção de escravos ao longo do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro. A partir delas, procuraremos analisar os novos padrões de funcionamento do tráfico após sua reestruturação com a lei de 1831.

Vício dos Clérigos: A Sodomia nas Malhas do Tribunal do Santo Ofício de Lisboa

Verônica de Jesus Gomes

Defesa: 27/05/2010 – Mestrado

Banca: Georgina Silva dos Santos (Orientador), Daniela Buono Calainho – UERJ (Arguidor), Ronaldo Vainfas – UFF (Arguidor)

Não obstante as determinações dos concílios, especialmente as de Trento, quanto à moral sexual dos eclesiásticos, a alcunha medieval vício dos clérigos caracterizou muito bem o contexto de Portugal e do Brasil da Época Moderna, quando um expressivo número de homens da Igreja se envolveu com o crime da sodomia e caiu nas malhas da Inquisição portuguesa. A partir dos documentos gerados pelo Santo Ofício lusitano, especialmente os oriundos das Visitações à Bahia colonial, o trabalho analisa as relações sodomíticas entre os eclesiásticos e os seus parceiros sem, contudo, se esquecer daqueles que sofreram o que atualmente designamos de "abusos sexuais" perpetrados pelos homens da Igreja. Tal contexto demonstra que, ainda que tenha existido um conjunto de regras que regulavam os comportamentos dos membros da Igreja, objetivando constituí-los exemplos para a sociedade, não foi possível exercer um total controle sobre suas atitudes que, muitas vezes, pareceram desafiar os códigos católicos de conduta. A perspectiva reforça a ideia de que os sodomitas da Igreja, mesmo com um estilo de vida que se propunha diferente do dos leigos, não foram presas passivas de um discurso de submissão e austeridade.

Em busca da honra: a remuneração dos serviços da guerra holandesa e os hábitos das Ordens Militares (Bahia e Pernambuco, 1641 – 1683)

Thiago Nascimento Krause

Defesa: 28/05/2010 – Mestrado

Banca: Ronald José Raminelli (Orientador), Rodrigo Monteferrante Ricupero – USP (Arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho – UFF (Arguidor)

Em 1640, a Restauração demandou uma recriação dos laços de vassalagem entre a monarquia e seus súditos, com a ascensão da dinastia dos Bragança. A economia de mercê exerceu então um papel crucial, inserida em uma sociedade com características estamentais, fundada numa dinâmica centralizadora baseada na ideologia do serviço/ recompensa. Servir a Coroa tornou-se um modo de vida e estratégia de ascensão social para certos grupos sociais. Os hábitos das Ordens Militares, especialmente da Ordem de Cristo, representaram grande parte das mercês régias, devido a sua importância social e aos privilégios que acarretava. Esta pesquisa versa sobre a requisição dos hábitos na Bahia e Pernambuco durante a "conjuntura crítica" da Restauração portuguesa, utilizando a documentação disponível no Projeto Resgate Barão do Rio Branco referente a Bahia e Pernambuco, especialmente requerimentos e consultas de mercês e o Livro de Registro de Consultas de Mercê do Conselho Ultramarino. Os objetivos são a definição do perfil social dos suplicantes, a importância dos hábitos para eles, os serviços que oferecem à Coroa e a apreciação do Conselho Ultramarino sobre estes mesmos serviços. Desta maneira, tento contribuir para o entendimento da economia de mercê e da estruturação das elites coloniais, em perspectiva comparada.

Entre Pernambuco e a África. História dos maracatus-nação do Recife e a espetacularização da cultura popular (1960-2000)

Ivaldo Marciano de França Lima

Defesa: 07/06/2010 – Doutorado

Banca: Martha Campos Abreu (Orientador), Isabel Cristina Martins Guillen – UFPE (Arguidor), Jocélio Teles Dos Santos – UFBa (Arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro – UFF (Arguidor), Rachel Soihet – UFF (Arguidor)

Este trabalho se propõe a pensar a história dos maracatus-nação no Recife, nos anos de 1960 a 2000, imersos numa complexa luta política para estabelecer o poder de significar suas práticas culturais negras. Pensar a história dos maracatus-nação é estar atento à complexidade do processo de globalização e espetacularização da cultura popular, e de como esse processo se desdobra localmente. Nesse sentido, importa discutir as relações que os maracatuzeiros e os seus maracatus estabeleceram com os poderes públicos que normatizam o carnaval, bem como com a indústria do turismo que objetiva transformar as manifestações da cultura popular em bens culturais vendáveis. Concomitantemente, objetiva-se discutir como os folcloristas e intelectuais que promovem a "defesa" da cultura popular contra suas descaracterizações têm atuado em favor dos maracatus e na defesa dessas manifestações contra o assédio da indústria cultural que promove sua espetacularização. No entanto, esse processo não pode ser pensado sem se considerar a própria história dos maracatus, e suas relações com as comunidades de negros e negras, com o movimento negro e com o poder público. Optou-se por analisar a atuação individual dos maracatuzeiros diante do processo histórico mais global, discutindo as estratégias que estes sujeitos definiram diante de um campo cultural bastante disputado, ganhando visibilidade e legitimidade para os seus grupos

Sob o signo da metamorfose: As esquerdas comunistas brasileiras e a democracia (1974-1982)

Rosalba Lopes

Defesa: 07/06/2010 – Doutorado

Banca: Daniel Aarão Reis Filho (Orientador), Marcelo Siqueira Ridenti – UNESP (Arguidor), Rodrigo Patto Sá Motta – UFMG (Arguidor), Maria Paula Nascimento Araújo – UFRJ (Arguidor), Lucia Grinberg – UCAM (Arguidor)

Pretende-se analisar o pensamento e a ação das esquerdas marxistas brasileiras, no período de 1974 a 1982, buscando compreender os sentidos e as dimensões da transformação vivida no período. Busca-se acompanhar a ação reflexão de parte dessas esquerdas, tentando compreender em que medida o encontro e a incorporação da democracia ao campo das esquerdas brasileiras significou transformações em sua cultura política.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Maio 2011
  • Data do Fascículo
    2011
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