Resumo:
No contexto da Restauração portuguesa, a banalização das confianças promoveu uma profusão de suspeitas, prisões e execuções, mesmo no seio da mais alta fidalguia. Nem sempre a queda daqueles que cercavam o novo rei era definitiva, muito embora frequente. Uma das trajetórias mais representativas do binômio “subir” e “descer”, objeto de tanta tinta de Antônio Vieira, é a do marquês de Montalvão. Preso e libertado algumas vezes, Montalvão sintetizava uma conjuntura de incerteza, que conjugava fracasso e prestígio. Em face de uma carreira instigante e de uma tipologia variada de documentos, este artigo tem a pretensão de discutir a carreira do marquês à luz da ideia de roda da fortuna, alegoria comum nos escritos e representações de época. Uma de suas principais contribuições é a de que, apesar da noção de movimento advinda da roda da fortuna, ela acabava por cristalizar e conservar comportamentos sociais.
Palavras-chave:
Fortuna; Marquês de Montalvão; Restauração portuguesa