Resumo:
O artigo analisa o papel central da ciência no ordenamento da experiência disruptiva de tempo produzida pela Covid-19 a partir de janeiro de 2020. São examinadas as estratégias discursivas de atores-chave da Fundação Oswaldo Cruz, instituição que assumiu protagonismo no enfrentamento da doença, em sua comunicação com o público por meio da imprensa durante o primeiro ano pandêmico. Argumentamos que a ciência atuou como instância de modulação do tempo presente, a conferir-lhe direção em um momento em que a temporalidade do vírus perturbava rotinas e cercava o futuro de dúvidas. Evocando seu passado de respostas a outras emergências como referência de estabilidade, a Fiocruz colocou-se como expressão de uma ciência que, sujeita ao imperativo da aceleração e lidando com incertezas a “céu aberto”, buscou equilibrar a velocidade imposta pela urgência e a cautela exigida pela temporalidade dos protocolos científicos.
Palavras-chave:
Tempo presente; Ciência; Fundação Oswaldo Cruz; Pandemia de Covid-19