Resumo:
Este artigo parte do estudo sobre um culto religioso liderado por escravos e libertos que assumiram as identidades do Papa e de divindades católicas, para inseri-lo como uma das formas de resistência incitada pelo quadro econômico e social da Bahia, entre fins do século XVIII e início do século XIX, marcado pela pobreza de pequenos lavradores e uma forte presença africana centro-ocidental. Nesse sentido, o estudo analisa as correntes do tráfico atlântico para compreender os processos de mestiçagem e como podem ter impactado no entendimento do sagrado e nas ações reivindicatórias lideradas por escravizados. O culto do Santo Padre só pode ser compreendido em associação a outras formas de resistência, como o aquilombamento e a produção e comercialização de farinha sob o controle de escravizados, como evidências de uma ampla mobilização em torno da autonomia sobre suas vidas.
Palavras-chave:
Escravidão; Autonomia escrava; Religiosidade