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Booktubers brasileiros: canais literários de incentivo à leitura

Brazilian booktubers: literary channels to encourage reading

Resumo

Booktubers são produtores de vídeos com conteúdo literário que incentivam a leitura de livros e compartilham as produções no espaço virtual do YouTube. Objetivou-se investigar os principais canais literários e o conteúdo veiculado pelos booktubers mais influentes do Brasil. Realizou-se uma pesquisa quantiqualitativa na plataforma YouTube com os descritores “booktubers Brasil”, “booktuber Brasil” e “booktubers brasileiros”, para localizar canais nacionais com número de inscritos igual ou superior a 100 mil e acessar os vídeos e as estatísticas correspondentes. Os resultados revelaram seis canais – “Bel Rodrigues”, “Ler antes de morrer”, “Tatianagfeltrin”, “Ler até amanhecer”, “Vá ler um livro” e “Melina Souza” – e 18 vídeos. Verificou-se que, em conjunto, congregam 2.910.000 inscritos, com média anual de 624 postagens e de 34.783.434 visualizações. Todas as influenciadoras são mulheres jovens e brancas, que, com notável fluência verbal e corporal, resenham diferentes gêneros literários, adensados por dados históricos, jornalísticos, sociais e outros. Elementos verbo- -visuais, como cenas cinematográficas, fragmentos musicais, fotografias e textos em destaque, ilustram os relatos. Conclui-se que os booktubers transformam o YouTube em um atrativo cenário de aprendizagem e de incentivo à leitura. Apesar de ter expressivo número de acesso, ainda é inacessível aos carentes de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.

Palavras-chave:
Booktubers; YouTube; Leitura; Educação

Abstract

Booktubers are producers of videos with literary content that encourage the reading of books and share the production in the virtual space of YouTube. The objective was to investigate the main literary channels and the content conveyed by the most influential booktubers in Brazil. Quantitative-qualitative research carried out on the YouTube platform with the descriptors ”booktubers Brasil”, ”booktuber Brasil” and ”Brazilian booktubers”, to locate national channels with a number of subscribers equal to or greater than 100 thousand and access the videos and statistics correspondents. The results showed six channels – ”Bel Rodrigues”, ”Ler antes de morrer”, ”Tatianagfeltrin”, ”Ler até amanhecer”, ”Vá ler um livro”, and ”Melina Souza” – and 18 videos. It was found that, together, they bring together 2,910,000 subscribers, with an annual average of 624 posts and 34,783,434 views. All the influencers are young white women, who, with remarkable verbal and corporal fluency, review different literary genres, densified by historical, journalistic, social. Verbal-visual elements such as cinematographic scenes, musical fragments, photographs and highlighted texts illustrate the reports. It is concluded that booktubers transform YouTube into an attractive learning and reading incentive scenario. Despite the expressive amount of access, it is inaccessible to those lacking in Digital Information and Communication Technologies.

Keywords:
Booktubers; YouTube; Reading; Education

1

Introdução

O êxito acadêmico e profissional é atribuído ao hábito de ler, mas,s por vezes, em razão das influências socioeconômicas e culturais, a adesão a tal prática é dificultosa ( RAMOS-NAVAS-PAREJO et al., 2020RAMOS-NAVAS-PAREJO, Magdalena et al. uso de las TIC para la animación a la lectura en contextos vulnerables. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 13, n. 3, p. 240–261, out. 2020. DOI: 10.35699/1983-3652.2020.25730. Disponível em: <https://doi.org/10.35699/1983-3652.2020.25730>.
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). Nitidamente, a leitura, ao se qualificar como construtora do conhecimento, torna-se um instrumento de comunicação e de interação com o mundo, desde que o leitor, adotando uma postura crítica, dialógica e promotora da emancipação humana, acautele-se para não se extraviar no viés do mecanicismo ( KRUG 2019KRUG, Flavia Susana. O texto eletrônico e suas particularidades textuais. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 12, n. 1, p. 37–47, abr. 2019. DOI: 10.17851/1983-3652.12.1.37-47. Disponível em: <https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.1.37-47>.
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; L. O. DE SOUZA y ANSELMO, 2020SOUZA, Leticia Oliveira de; ANSELMO, Katyanna De Brito. Saberes da docência: leitura crı́tica, emancipação humana e profissional. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades - Rev. Pemo, Revista Praticas Educativas, Memorias e Oralidades, v. 3, n. 1, e314290, dez. 2020. DOI: 10.47149/pemo.v3i1.4290. Disponível em: <https://doi.org/10.47149/pemo.v3i1.4290>.
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).

Nessa trilha, os produtos literários hospedados na plataforma digital YouTube configuram-se em importantes recursos pedagógicos que requisitam leitura com criticidade interpretativa para proporcionar a inteligibilidade da intertextualidade do discurso contido nos textos e favorecer uma formação mais qualificada ( CARMEN QUILES, 2021CARMEN QUILES, Marı́a del. Discurso publicitario e intertextualidad: itinerarios para la formación comunicativa del profesorado. Educação & Formação, v. 6, n. 1, e3455, jan. 2021. DOI: 10.25053/redufor.v6i1.3455. Disponível em: < https://revistas.uece.br/index.php/redufor/article/view/3455>.
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).

Para motivar a leitura, principalmente nos espaços informais do cotidiano, a comunidade booktuber, através de mensagens no formato vlog (abreviação de videoblog), compartilha o interesse por livros e autores de diversos gêneros no YouTube. Sobre essa prática, importa esclarecer que o movimento de vlogueiros é designado de booktubers e que, para se tornar booktuber – produtor e disseminador do conteúdo literário –, não há regras de idade, mas a maioria deles é composta por jovens ou adolescentes que utilizam o ambiente virtual para alcançar um número expressivo de acesso e de seguidores ( OLIVEIRA et al., 2021OLIVEIRA, Heloá Cristina Camargo de et al. Booktubers e bibliotecas: uma proposta de atuação inovadora de mediação de leitura. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, v. 14, p. 8–25, 2021.; TEIXEIRA y COSTA, 2016TEIXEIRA, Claudia Souza; COSTA, Andressa Abraão. Movimento Booktubers: práticas emergentes de mediação de leitura / Booktubers movement: emerging practices of reading mediation. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 9, n. 2, p. 13–31, dez. 2016. DOI: 10.17851/1983-3652.9.2.13-31. Disponível em: <https://doi.org/10.17851/1983-3652.9.2.13-31>.
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; TOMASENA, 2021TOMASENA, José Miguel. ¿Quiénes son los bookTubers? Ocnos. Revista de estudios sobre lectura, Universidad Castilla la Mancha, v. 20, n. 2, p. 43–55, jun. 2021. DOI: 10.18239/ocnos_2021.20.2.2466. Disponível em: <https://doi.org/10.18239/ocnos_2021.20.2.2466>.
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; VIZCAÍNO-VERDÚ; CONTRERAS-PULIDO y GUZMÁN-FRANCO, 2019VIZCAÍNO-VERDÚ, Arantxa; CONTRERAS-PULIDO, Paloma; GUZMÁN-FRANCO, Marı́a-Dolores. Reading and informal learning trends on YouTube: The booktuber. Comunicar, Grupo Comunicar, v. 27, n. 59, p. 95–104, abr. 2019. DOI: 10.3916/c59-2019-09. Disponível em: <https://doi.org/10.3916/c59-2019-09>.
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).

Partindo da premissa de que a educação é um processo mutável, que incorpora novas contribuições, ressignificando-se ao longo da história, pode-se reiterar que os booktubers, ao despertarem o interesse pela leitura, favorecem a educação ( L. O. DE SOUZA y ANSELMO, 2020SOUZA, Leticia Oliveira de; ANSELMO, Katyanna De Brito. Saberes da docência: leitura crı́tica, emancipação humana e profissional. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades - Rev. Pemo, Revista Praticas Educativas, Memorias e Oralidades, v. 3, n. 1, e314290, dez. 2020. DOI: 10.47149/pemo.v3i1.4290. Disponível em: <https://doi.org/10.47149/pemo.v3i1.4290>.
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). Diante do contexto pandêmico atual, que impôs restrições na circulação de pessoas e suspensão de aulas presencias, verifica-se o incremento das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) 1 1 Entende-se por TDICs o conjunto de aplicações tecnológicas mediadas por equipamentos digitais que utilizam a internet. como mediadoras do processo de ensino-aprendizagem ( NEVES et al., 2021NEVES, Vanusa Nascimento Sabino; MACHADO, Charliton José dos Santos et al. Utilização de lives como ferramenta de educação em saúde durante a pandemia pela Covid-19. Educação & Sociedade, v. 42, e240176, 2021. ISSN 1678-4626. DOI: 10.1590/es.240176. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302021000100308&tlng=pt>. Acesso em: 18 out. 2022.
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; NEVES, VALDEGIL, y SABINO 2021NEVES, Vanusa Nascimento Sabino; VALDEGIL, Daniel de Assis; SABINO, Raquel do Nascimento. Ensino remoto emergencial durante a pandemia de COVID-19 no Brasil: estado da arte. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades - Rev. Pemo, v. 3, n. 2, e325271, mar. 2021. ISSN 2675-519X. DOI: 10.47149/pemo.v3i2.5271. Disponível em: < https://revistas.uece.br/index.php/revpemo/article/view/5271>. Acesso em: 18 out. 2022.
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).

A propósito, vale mencionar que, nas várias modificações operacionalizadas por tais tecnologias, verificam-se os deslocamentos nas dimensões de leitura literária, em que os papéis de mediadores de leitura, historicamente legitimados aos professores, críticos literários e bibliotecários, atualmente, também são cumpridos pelos jovens booktubers;. Outrossim, nessa mesma óptica, os leitores avaliam, comentam, criticam e sugerem leituras. Com isso, afastam-se as limitações do tempo-espaço, e a leitura deixa de ser um ato linear, individual ou para poucos indivíduos, senão massivo ( KIRCHOF y SILVEIRA, 2018KIRCHOF, Edgar R; SILVEIRA, Rosa Hessel. Leitura em tempos de rede: booktubers e jovens leitores/as. Revista Letras Raras, Editora da Universidade Federal de Campina Grande, v. 7, n. 3, p. 55–74, dez. 2018. DOI: 10.35572/rlr.v7i3.1171. Disponível em: <https://doi.org/10.35572/rlr.v7i3.1171>.
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), para aqueles que não padecem da exclusão digital ( NEVES; FIALHO y MACHADO, 2021NEVES, Vanusa Nascimento Sabino; FIALHO, Lia Machado Fiuza; MACHADO, Charliton José dos Santos. Trabalho docente no Brasil durante a pandemia da Covid-19. Educação Unisinos, v. 25, p. 1–18, set. 2021. ISSN 2177-6210. DOI: 10.4013/edu.2021.251.26. Disponível em: < http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/23128>. Acesso em: 18 out. 2022.
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).

Ante essa conjuntura, emergiu a seguinte inquietação: qual o conteúdo difundido pelos booktubers brasileiros mais populares, que agregam 100 mil ou mais seguidores? Na intenção de responder a tal questionamento, empreendeu-se uma pesquisa quantiqualitativa, pormenorizada na seção metodológica, com o objetivo de investigar os principais canais literários e o conteúdo veiculado pelos booktubers mais influentes do Brasil.

A relevância desta pesquisa consiste no fato de que ela permite lançar visibilidade às novas maneiras de fomentar o estímulo à leitura literária mediada pelas TDICs, que, inclusive, estão atraindo um número cada vez maior de jovens brasileiros. Ademais, ao exprimir uma natureza interdisciplinar, especialmente no campo das Letras e da Educação, possibilita não apenas identificar canais que influenciam parcela da juventude brasileira, como também entender o gosto leitor desse público e refletir sobre como essa comunidade – booktuber – pode ser significada de maneira educativa para melhorar a capacidade interpretativa e crítica dos leitores.

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Metodologia

Nas ciências humanas, a inter-relação entre a abordagem quantitativa e a qualitativa pode possibilitar compreensão mais fidedigna da realidade requisitada, pois, se utilizadas de maneira complementar, ampliam e aprofundam a perspectiva crítica e analítica do fenômeno em estudo. Elegeu-se, para esta pesquisa, a abordagem quantiqualitativa, porque consideraram-se os dados numéricos em relação à quantidade de inscritos nos canais, visualizações e curtidas (inclusive para selecionar os canais objeto de estudo) e desenvolveu-se uma análise mais específica e pormenorizada acerca dos vídeos mais acessados em cada canal. Em suma, os dados empíricos numéricos explicaram-se com recursos estatísticos em simultâneo à interpretação das realidades multifacetadas mais qualitativamente aprofundadas ( K. R. SOUZA y KERBAUY, 2017SOUZA, Kellcia Rezende; KERBAUY, Maria Teresa Miceli. Abordagem quanti-qualitativa: superação da dicotoamia quantitativa-qualitativa na pesquisa em educação. Educação e Filosofia, EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlandia, v. 31, n. 61, p. 21–44, abr. 2017. DOI: 10.14393/revedfil.issn.0102-6801.v31n61a2017-p21a44. Disponível em: <https://doi.org/10.14393/revedfil.issn.0102-6801.v31n61a2017-p21a44>.
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), decorrentes de análises que não são alheias às experiências, valores, ações humanas e sociais ( SOUZA MINAYO, 2012SOUZA MINAYO, Maria Cecı́lia de. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva, FapUNIFESP (SciELO), v. 17, n. 3, p. 621–626, mar. 2012. DOI: 10.1590/s1413-81232012000300007. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/s1413-81232012000300007>.
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).

Na plataforma de compartilhamento de vídeos YouTube, a presente pesquisa se constituiu de duas etapas. Na primeira, buscaram-se os canais de booktubers brasileiros. Na segunda, escrutinaram-se os canais qualificados na etapa antecedente e analisaram-se os três vídeos literários mais acessados de cada um desses canais quanto à produção disseminada, à preferência do público – por meio de mecanismos de registro de emoções como os botões gostei (likes) e não gostei 2 2 No dia 10 de novembro de 2021, o YouTube anunciou que a contagem de “dislike ” se tornaria invisível para o público, permanecendo uma meta privada apenas para os criadores de conteúdo. Neste artigo, como a coleta se deu em 18 de outubro de 2021, a referida métrica ainda era acessível a todos. Ver mais em: “Atualização da contagem ‘não gostei’ do YouTube”, disponível em: https://blog.youtube/intl/pt-br/news-and-events/atualizacao-nao-gostei/. (dislikes) –, ao número de visualizações, à duração dos vídeos e à data de postagem.

Nesta pesquisa, foram incluídos canais de booktubers brasileiros verificados pelo YouTube com 100 mil ou mais inscritos em 18 de outubro de 2021. Por outro lado, foram excluídos os canais com menos de 100 mil inscritos; os canais que, contendo vídeos sobre temáticas não literárias, não apresentaram ao menos três vídeos com conteúdo literário dentre seus dez vídeos mais populares; e os canais que se repetiram nas buscas.

Na primeira fase, utilizaram-se os descritores: “ Booktubers Brasil”, “ Booktubers brasileiros” e “ Booktuber Brasil”, refinados com os filtros: a) tipo: canal e b) ordenado por: relevância, conforme se especifica na ( Tabela 1).

Tabela 1.
Achados da primeira etapa.

A busca resultou em 93 canais, todavia, excluindo-se aqueles com número menor que 100 mil seguidores, consideraram-se inicialmente 21 canais. De antemão, a leitura dos títulos possibilitou eliminar 11 recorrências por repetição. Restaram dez canais, que foram averiguados quanto aos requisitos de pertinência. Logo, excluíram-se das etapas seguintes quatro canais: 1) Clau reads books; 2) Toda matéria; 3) Isabela Borges; e 4) Quarto dos gêmeos. O primeiro, por se tratar de um canal em espanhol, e os demais, porque, dentre os dez vídeos mais populares na data-base da pesquisa, não possuíam os três vídeos literários estabelecidos como regra de inclusão, inclusive versavam sobre sistema digestório, modelos anatômicos, ossos do corpo humano, compras nos Estados Unidos e álbuns de artistas musicais. Com isso, qualificaram-se, para integrar o corpo analítico da segunda fase do estudo, os seis canais contidos na ( Tabela 2).

Tabela 2.
Canais habilitados para a discussão analítica.

Em cada um desses seis canais, sondaram-se as guias início, vídeos, playlist, comunidade, canais e sobre. Os três vídeos mais populares de cada um deles, totalizando 18 vídeos, foram examinados sistematicamente em confluência com os demais elementos verbo-visuais e com as informações disponibilizadas nas páginas de cada um deles. O diálogo crítico com estudos preexistentes sobre a temática embasou a análise dos dados empíricos.

Sobre os aspectos éticos, este estudo prescindiu de apreciação e de chancela pelo Comitê de Ética, por manusear somente conteúdo de acesso público. Contudo, os autores observaram a ética e a legalidade no desenvolvimento de todas as etapas da pesquisa, respeitando as ideias dos criadores dos canais e do público que com eles interagem, bem como fazendo a devida referência às iniciativas em análise.

3

Resultados

Em harmonia com o objetivo formulado, o estudo evidenciou, para cada um dos seis canais integrantes da amostragem, o constante na ( Tabela 3): data de criação; tempo da existência em meses; e total de inscritos, de vídeos disseminados e de visualizações.

Tabela 3.
Canal, data da criação e dados numéricos.

Por se considerar que o quantitativo de inscritos em um canal do YouTube e de visualizações ao seu conteúdo é variável, a atualização desses valores tomou, por referência, o dia 28 de outubro de 2021, data da consulta.

Para se conhecer a média anual dos inscritos, dos vídeos postados e das visualizações, a totalidade dos meses (574) foi convertida em anos, ou seja, em 47 anos. Dessa maneira, ao se dividir o número de inscritos (2.910.000), de vídeos (3.744) e de visualizações (208.700.606) pelo denominador 47, evidenciou-se que os canais, anualmente, agregam 61.914 inscritos e disseminam 624 vídeos, visualizados 34.783.434 vezes. Além do mais, os dados mostraram que os canais foram criados entre os anos de 2007, “Tatianagfletrin”, e 2018, “Ler até amanhecer”.

Na ( Tabela 4), pormenorizam-se os 18 vídeos literários mais acessados quanto ao título, ao número de visualizações, à avaliação (gostei/não gostei), à data da postagem, à duração, ao objeto e à síntese narrativa.

Tabela 4.
Detalhamento, por canal, dos 18 vídeos incluídos na análise.

Notadamente, todos os canais que atenderam aos critérios de inclusão foram criados por mulheres brancas, a maioria jovem e todas de boa aparência. Com grande fluência verbal e expressividade corporal, utilizam-se da multimodalidade nas apresentações. Outrossim, interagem com os espectadores mediante centenas de comentários.

O canal “Bel Rodrigues”, inscrito na plataforma desde 5 de junho de 2013, traz o nome de sua criadora e se pormenoriza em literatura, criminologia e cinema. A apresentadora tece resenhas críticas, recomenda e incentiva a aquisição de determinados livros, disponibilizando links de livrarias específicas. Suas narrativas comparam obras literárias e cinematográficas, incrementadas com documentários e notícias jornalísticas, quando se trata de livros com base em acontecimentos reais. Tal canal se correlaciona com dois outros canais, que tratam sobre temáticas diferentes da literária: “Bel no controle”, com 60,6 mil inscritos, e “Cortes da Bel”, com 40,2 mil inscritos ( B. RODRIGUES, 2021RODRIGUES, Bel. Literatura, criminologia, cinema. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/belrodrigues.
https://www.youtube.com/c/belrodrigues...
). O canal “Ler antes de morrer” foi criado por Isabella Lubrano, em 5 de maio de 2014, que se apresenta como jornalista, enfatizando como meta ler e resenhar 1.001 livros. Aborda clássicos literários nacional e internacional, endossados com imagens conexas ao contexto histórico-social abordado nas obras. Isenta-se de alusão a outros canais, porém, remete às redes Twitter, Instagram, Facebook, Skood e Sound Cloud e a livrarias, ao mesmo tempo que incentiva a compra dos livros sob alegação de ajudar o canal a crescer ( ISABELLA LUBRANO, 2021ISABELLA LUBRANO. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/lerantesdemorrer.
https://www.youtube.com/c/lerantesdemorr...
).

O canal “Tatianagfeltrin” é o canal mais antigo dentre os selecionados, produzido por Tatiana Feltrin, em 23 de setembro de 2007, tendo por slogan “Ligando livros a pessoas”. Por vezes, expressa-se em inglês e não se abstém de críticas aos enredos, aos custos para aquisição, às traduções e ao material utilizado pelas editoras. Disponibiliza link que remete ao seu blog 5 5 Disponível em: http://www.tatianafeltrin.com/. , ao Instagram e a livrarias ( FELTRIN, 2021FELTRIN, Tatiana. Ligando livros e pessoas. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/user/tatianagfeltrin.
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).

O canal “Ler até amanhecer”, apresentado por Joici Rodrigues, foi inscrito no YouTube em 17 de agosto de 2018 e volta-se para livros antigos e recentes do gênero terror. Não se restringe à ficção, tecendo também resenhas enriquecidas com notícias jornalísticas a respeito de crimes e tragédias de grande repercussão nacional e internacional. Conforme o caso, compara os livros ao respectivo filme ou à série. Disponibiliza links para livrarias, Twitter e Instagram, bem como para o blog com o mesmo nome do canal, e se dirige ao público pelo vocativo “corujitos” ( J. RODRIGUES, 2021RODRIGUES, Joici. Ler até amanhecer. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/lerat%c3%89amanhecer.
https://www.youtube.com/c/lerat%c3%89ama...
).

O canal “Vá ler um livro” foi registrado em 23 de julho de 2015 por Tatiany Leite, que se identifica como professora. Na descrição, introduz o tema educação como meio de transformação social. Suas playlists também se dedicam a escritoras lésbicas, eventos editoriais, resoluções de questões literárias de vestibulares, com narrativas descontraídas e repletas de gestos, imagens, fragmentos de vídeos e de textos. Remete ao site com o mesmo nome do canal, ao Facebook, ao Twitter e ao Instagram ( LEITE, 2021LEITE, Tatiany. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/channel/UCS5a1_esduzm8pczibavnmq.
https://www.youtube.com/channel/UCS5a1_e...
).

O canal “Melina Souza”, criado em 1º de março de 2012, traz o nome de sua criadora, que se apresenta por “Mel”. Versa sobre temas variados, como livros, viagens, moda e beleza e remete ao canal “Melina Souza – Tea with Mel6 6 Disponível em: https://www.youtube.com/channel/uciuuj_ugp-ob2kk8x0j20ia. , em que igualmente registra e compartilha livros, viagens, estudos e outros. Assim como os demais canais, incentiva a aquisição dos livros em certas livrarias, inobstante conter várias playlists literárias, como as intituladas vlog de leitura, maratona literária, desafios literários, lendo em inglês, resenhas literárias, tags literárias, unboxing literário, entre outras. Curiosamente, os três vídeos mais populares não se referem à literatura, mas sim à coleção de produtos Kipling, com 291.000 visualizações; dicas para estudar inglês em casa, com 164.000 visualizações; e apresentação da câmera Instax Mini 25 review, com 152.000 visualizações. Os vídeos literários mais populares ocupam a quarta, sétima e décima posições nesse canal. Além disso, disponibiliza links para o blog pessoal e para as redes sociais Facebook, Twitter, Instagram, Skoob e Goodreads ( M. SOUZA, 2021SOUZA, Melina. Melina Souza. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/melinasouza01.
https://www.youtube.com/c/melinasouza01...
).

Considerando a explanação acima, na ( Figura 1) é possível observar o somatório das visualizações obtidas pelos três vídeos de cada canal incluído no estudo e o percentual dessas em relação ao total das visualizações dos 18 vídeos selecionados:

Figura 1
Somatório e percentual das visualizações dos vídeos integrantes da amostragem por canal.

Ao se contabilizar o total de visualizações dos vídeos selecionados por canal, observou-se que os vídeos mais populares são os que versam sobre crimes reais ( true crime). Nesse gênero literário, os três vídeos do canal “Bel Rodrigues”, apesar de postados recentemente, em 2018 e em 2019, são os mais visualizados, com 6.041.851 (44%) visualizações. A segunda posição, com 3.433.155 (25%) visualizações, é dos três vídeos do canal “Ler até amanhecer”, postados em 2020. O conteúdo com menor visualização foi o de “Melina Souza”, postado em 2013, 2014 e 2017, com 284.043 (2%) visualizações. O canal “Vá ler um livro”, cujos três vídeos mais acessados são exclusivos de literatura brasileira para as seleções que conferem acesso ao Ensino Superior, contou com 845.782 (6%) visualizações.

Além disso, na ( Figura 2), demonstra-se o quantitativo de likes (gostei) e de dislikes (não gostei), tendo por base o total de visualizações alcançado pelos três vídeos agrupados por canal. De cima para baixo, no topo das colunas, está inscrito o total de visualizações obtido pelos vídeos examinados. As avaliações dos espectadores, “gostei”, estão inscritas no centro, pouco acima das bases das colunas, em percentagem. Os valores percentuais, na parte mais inferior, à direita das colunas, refletem o julgamento “não gostei”.

Figura 2
Total de visualizações e avaliações “gostei” e “não gostei”.

Ainda na ( Figura 2), observa-se que os vídeos mais acessados, do canal “Bel Rodrigues”, com 6.041.851 visualizações, obtiveram 7,96% de likes e 0,06% de dislikes, sendo classificados pelos espectadores na terceira colocação da avaliação “gostei”, ultrapassados por canais com menos visualizações, a saber, “Ler até amanhecer” (3.433.155 visualizações e 8,3% gostei) e “Ler antes de morrer” (1.623.270 visualizações e 8,44% gostei). Apesar disso, em todos os canais, poucas são as avaliações “não gostei”, cuja soma corresponde a somente 1% do total das visualizações.

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Discussão

Este estudo, ao revelar que os seis canais qualificados para análise foram criados por mulheres e que, em conjunto, reúnem 2.910.000 seguidores, 3.744 vídeos e 208.700.606 visualizações, sugere o protagonismo delas na comunidade booktuber brasileira. Esse achado se assemelha ao dos estudos espanhóis de Tomasena ( 2021TOMASENA, José Miguel. ¿Quiénes son los bookTubers? Ocnos. Revista de estudios sobre lectura, Universidad Castilla la Mancha, v. 20, n. 2, p. 43–55, jun. 2021. DOI: 10.18239/ocnos_2021.20.2.2466. Disponível em: <https://doi.org/10.18239/ocnos_2021.20.2.2466>.
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), que analisou a distribuição de 464 canais booktubers de língua espanhola em vários países, em que 62% são conduzidos por mulheres e 32,9% por homens 7 7 Uma pequena parte dos 464 canais é administrada por bibliotecas, escolas e coletivos ( Tomasena 2021). , e de Garcı́a-Roca ( 2020GARCÍA-ROCA, Anastasio. Spanish Reading Influencers in Goodreads: Participation, Experience and Canon Proposed. Journal of New Approaches in Educational Research, University of Alicante, v. 9, n. 2, p. 153, jul. 2020. DOI: 10.7821/naer.2020.7.453. Disponível em: <https://doi.org/10.7821/naer.2020.7.453>.
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), o qual evidenciou que, dentre os 100 booktubers mais influentes na Espanha, 79,5% são mulheres e 20,5% homens.

Na amplitude da abrangência temática veiculada pelas booktubers brasileiras, para além da educação informal, a formal é favorecida, inclusive quanto aos temas transversais, isso porque, como aludem Fialho and Sousa ( 2021FIALHO, Lia Machado Fiuza; SOUSA, Francisca Genifer Andrade de. A formação do pedagogo em reflexão. Plurais Revista Multidisciplinar, v. 6, n. 3, p. 171–186, dez. 2021. ISSN 2177-5060, 2447-9373. DOI: 10.29378/plurais.2447-9373.2021.v6.n3.8600. Disponível em: < https://www.revistas.uneb.br/index.php/plurais/article/view/8600>. Acesso em: 18 out. 2022.
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), o ensino-aprendizagem rompe os limites da sala de aula presencial e permeia os ambientes informais, transformando-os em lócus de construção e de compartilhamento do conhecimento. Ademais, na onipresença do território virtual, a informação é instantânea, as formas tradicionais de leitura são modificadas e a construção do saber é expandida cada vez mais ( KRUG 2019KRUG, Flavia Susana. O texto eletrônico e suas particularidades textuais. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 12, n. 1, p. 37–47, abr. 2019. DOI: 10.17851/1983-3652.12.1.37-47. Disponível em: <https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.1.37-47>.
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).

Paulina Ferreira and Santos ( 2018FERREIRA, Élida Paulina; SANTOS, Daiane Conceição Simões. Inovação no ensino: letramento crı́tico no smartphone em sala de aula de lı́ngua portuguesa. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 11, n. 3, p. 252–267, dez. 2018. DOI: 10.17851/1983-3652.11.3.252-267. Disponível em: <https://doi.org/10.17851/1983-3652.11.3.252-267>.
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) indicam que, apesar de a escola ser a instituição oficial do letramento, a competência para a leitura é influenciada pelos recursos tecnológicos e pela internet, pois eles ampliam a sala de aula física para o meio virtual, promovem interação social e desenvolvem a criticidade dos estudantes. À vista disso, Leite ( 2021LEITE, Tatiany. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/channel/UCS5a1_esduzm8pczibavnmq.
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), com maestria didática, apresenta as escolas literárias, esclarece as figuras de linguagem e resenha as obras indicadas para os exames de acesso ao Ensino Superior no Brasil. Já B. Rodrigues ( 2021RODRIGUES, Bel. Literatura, criminologia, cinema. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/belrodrigues.
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) direciona as exposições sobre livros baseados em crimes reais para abordar bullying nas escolas, depressão, pensamentos suicidas, abuso sexual e físico em crianças e adolescentes, expondo suas concepções críticas a respeito da maneira como o sistema judicial atuou na condução dos crimes veiculados nas obras narradas.

Os espectadores, não necessariamente os inscritos, mas aqueles que acessam os canais, interagem com as booktubers de duas formas: pelos comentários e pelos links e dislikes. O estudo permitiu alcançar que existe um canal de interação aberto por todas as seis booktubers, pois se relacionam com os seguidores por intermédio de fecundos comentários sobre o conteúdo propagado, fomentando, inclusive, a comunicação entre espectadores, que também se comunicam uns com os outros nesse espaço. Tais evidências reportam ao estudo de Vizcaı́no-Verdú, Contreras-Pulido, and Guzmán-Franco ( 2019VIZCAÍNO-VERDÚ, Arantxa; CONTRERAS-PULIDO, Paloma; GUZMÁN-FRANCO, Marı́a-Dolores. Reading and informal learning trends on YouTube: The booktuber. Comunicar, Grupo Comunicar, v. 27, n. 59, p. 95–104, abr. 2019. DOI: 10.3916/c59-2019-09. Disponível em: <https://doi.org/10.3916/c59-2019-09>.
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) acerca dos booktubers espanhóis de alto impacto, em que, nessas comunidades, a palavra é ampliada para os respectivos seguidores, permitindo expandir e aprofundar novas práticas produtivas do saber, principalmente pela afinidade entre o público juvenil, que, de mero espectador, passa a refletir a respeito do contexto literário, interpretando-o. Essa interação, conforme entendem Oliveira et al., ( 2021OLIVEIRA, Heloá Cristina Camargo de et al. Booktubers e bibliotecas: uma proposta de atuação inovadora de mediação de leitura. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, v. 14, p. 8–25, 2021.), com versatilidade de horários, produz a sensação de proximidade entre booktubers e público. Entretanto, há de considerar o congraçamento de Silva and Gonçalves ( 2021SILVA, Cı́cero da; GONÇALVES, Adair Vieira. Principales vertientes de los estudios de alfabetización en Brasil. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais - Pro-Reitoria de Pesquisa, v. 14, n. 1, e29164, abr. 2021. DOI: 10.35699/1983-3652.2021.29164. Disponível em: <https://doi.org/10.35699/1983-3652.2021.29164>.
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) de que a leitura e a escrita mediadas pelas TDICs – letramento digital –, como meio de alcançar o letramento literário – leitura e escrita de diferentes textos literários –, requisitam o acesso à internet e o domínio das ferramentas que lhes são próprias. Contudo, por ora, em razão das distorções locorregionais e econômicas brasileiras, ainda muito excludentes.

A vinculação entre comunidade booktuber e educação alude à essencialidade da leitura para o aprendizado crítico-reflexivo necessário à aquisição de competências formativas pelos estudantes. Dı́az, Calvillo, and Ibáñez ( 2021DÍAZ, Inmaculada Clotilde Santos; CALVILLO, Marı́a Juárez; IBÁÑEZ, Ester Trigo. Motivación por la lectura académica de futuros docentes. Educação Formação, Educacao e Formacao, v. 6, n. 1, e3535, jan. 2021. DOI: 10.25053/redufor.v6i1.3535. Disponível em: <https://doi.org/10.25053/redufor.v6i1.3535>.
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) estudaram a motivação para a leitura acadêmica em estudantes da Universidade de Cádiz e descobriram que, apesar das declarações estudantis de gostar de ler, a desmotivação para essa prática predomina. Então, indicaram que os textos literários correspondem a 29,87% e os acadêmicos a 1,95% das leituras efetuadas pelos sujeitos daquela amostragem. Ao se cotejar o estudo de Cádiz com a pesquisa em relato, certifica-se a simetria entre ambos, porque os vídeos dos canais “Ler antes de morrer” ( ISABELLA LUBRANO, 2021ISABELLA LUBRANO. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/lerantesdemorrer.
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) e “Vá ler um livro” ( LEITE 2021LEITE, Tatiany. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/channel/UCS5a1_esduzm8pczibavnmq.
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) voltados à escolarização, que abordam os clássicos da literatura nacional e internacional e as escolas literárias brasileiras, em conjunto, corresponderam a 18% das visualizações, possivelmente um indicador do minguado interesse por essa temática.

Chamou a atenção, contudo, o conteúdo dos dois canais mais acessados, “Bel Rodrigues” (6.041.851 visualizações) e “Ler até amanhecer” (3.433.155 visualizações), por se referirem a crimes reais ocorridos no Brasil e em outros países, quando os seis vídeos averiguados reuniram o expressivo número de 9.475.006 (69%) visualizações ( B. RODRIGUES, 2021RODRIGUES, Bel. Literatura, criminologia, cinema. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/belrodrigues.
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; J. RODRIGUES, 2021RODRIGUES, Joici. Ler até amanhecer. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/lerat%c3%89amanhecer.
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), fazendo aflorar a inquietude a respeito da razão da predileção dos leitores por tal gênero. Para esclarecer, Browder ( 2010BROWDER, Laura. True crime. In: NICKERSON, Catherine Ross (Ed.). The Cambridge Companion to American Crime Fiction. [S.l.]: Cambridge University Press, jul. 2010. P. 121–134. DOI: 10.1017/ccol9780521199377.011. Disponível em: <https://doi.org/10.1017/ccol9780521199377.011>.
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) leciona que as obras literárias sobre crimes verdadeiros pertencem ao gênero híbrido, denominando-se true crime. Dentre suas características, a escrita é próxima à ficção policial e à romântica, mas com dados reais documentais. Além disso, exercem imensa atratividade sobre os leitores, que se envolvem, muitas vezes, profundamente com a leitura e se posicionam em relação às vítimas, aos criminosos e aos policiais, investigadores e outros agentes, numa relação complexa ou mesmo contraditória.

Malgrado a constatação de canais com playlists heterogêneas, a aquiescência à leitura é o principal escopo das booktubers investigadas, as quais transitam por gêneros variados sem deixar escoar a oportunidade para se posicionarem a respeito dos enredos e de outras questões correlatas. Provam-se essas menções por Feltrin ( 2021FELTRIN, Tatiana. Ligando livros e pessoas. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/user/tatianagfeltrin.
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), que critica veementemente a trilogia romântica erótica britânica escrita por E. L. James, sobretudo o perfil sadomasoquista do protagonista e a maneira como a protagonista transforma-se no exercício da sexualidade. Sinaliza a booktuber que o grande interesse por obras desse tipo se dá em razão da curiosidade e do trabalho midiático atrativo dos leitores. Outro julgamento feito por Tatiana Feltrin, a partir do paradigma da coleção Harry Potter, é no tocante aos problemas de tradução da língua estrangeira para o português e ao alto custo das obras, que se antagonizam à baixa qualidade do material utilizado na confecção dos livros pelas editoras brasileiras. Inclusive, compara preço e qualidade das versões estrangeiras e nacionais. Além disso, ante a existência de filmes baseados em livros, declara sua predileção pelos livros e denuncia que, na maioria das vezes, o cinema falha em retratar a essência dos livros.

De maneira geral, a linguagem utilizada nas vídeo-resenhas é fluente e bastante diversificada. Algumas booktubers utilizam termos coloquiais, outras intercalam expressões em inglês, presumivelmente na intenção de adequar a oralidade à compreensão do público e aos termos próprios dos videoblogueiros literários, sendo que a multimodalidade é proeminente nessas apresentações. Com efeito, Britto e Silva (2019) cientificam que a vídeo-resenha é um gênero emergente e multimodal complementar à prática docente que possui estrutura composicional de resenha e recursos estilísticos próprios de vídeos, cujos autores utilizam-se de imagens e de reforço linguístico, como gesto, entonação, ênfase e ritmo de fala, para aumentar a capacidade cognitiva e interpretativa do público. Em conformidade, Pena ( 2020PENA, Zósimo López. El análisis multimodal del anuncio publicitario audiovisual para el aula de Lengua Castellana y Literatura en Educación Secundaria y Bachillerato. Educação Formação, Educacao e Formacao, v. 5, n. 3, mai. 2020. DOI: 10.25053/redufor.v5i15set/dez.2839. Disponível em: <https://doi.org/10.25053/redufor.v5i15set/dez.2839>.
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) assevera, na multimodalidade, que tais combinações na mesma mensagem favorecem o entendimento em confluência com o contexto situacional, sociocultural, da qual emergiu. Concorda-se com a opinião de Oliveira et al., ( 2021OLIVEIRA, Heloá Cristina Camargo de et al. Booktubers e bibliotecas: uma proposta de atuação inovadora de mediação de leitura. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, v. 14, p. 8–25, 2021.) quando inferem que a linguagem menos formal, livre e divertida pode amenizar a visão engessada da biblioteca diante da sociedade e produzir a compreensão de que a prática da leitura é agradável. Concordam também Oliva, Ponce, and Jurado ( 2021OLIVA, Manuel Francisco Romero; PONCE, Hugo Heredia; JURADO, Paula Rivera. Una mirada a los clásicos en la formación inicial de maestro desde la Lectura Fácil. Educação & Formação, v. 6, n. 1, e3533, jan. 2021. DOI: 10.25053/redufor.v6i1.3533. Disponível em: < https://revistas.uece.br/index.php/redufor/article/view/3533>.
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), pois, para propiciar a compreensão e o prazer pela leitura de obras clássicas em populações como a infantil, é necessário utilizar metodologias inovadoras com as adaptações compatíveis com as especificidades dos alunos.

As booktubers orientam como aderir à leitura e como otimizá-la mediante cautela na escolha da edição e da tradução da obra de interesse, principalmente dos clássicos originários em língua estrangeira. Em se tratando da literatura brasileira mais antiga, que contém linguagem mais erudita, propõem compreender as palavras desconhecidas na totalidade do texto e com o contexto, sem pausas para consultar dicionários, evitando, portanto, interferir na continuidade do ato. Para construir mentalmente a imagem do que se lê, aconselham o apoio dos recursos existentes na internet sobre a época, a geografia e a cultura relacionados ao tempo e ao espaço referidos na obra. Para não “se perder” no livro, destacam a importância de atentar para a integralidade da obra, ler prefácios, introduções, comentários, orelhas e outras informações antes de iniciar a leitura dos capítulos ( ISABELLA LUBRANO, 2021ISABELLA LUBRANO. Vá ler um livro. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/lerantesdemorrer.
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).

Depreende-se dos vídeos sondados que as booktubers ultrapassam as fronteiras das vídeo-resenhas e transitam pelos demais elementos que compõem o âmbito literário. Mesmo se autoavaliando como não especialistas, lançam-se a avaliar produtos vinculados à leitura, como é o caso dos equipamentos leitores digitais ( FELTRIN, 2021FELTRIN, Tatiana. Ligando livros e pessoas. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/user/tatianagfeltrin.
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), e realizam bookshelfs, apresentando suas estantes de livros ( M. SOUZA, 2021SOUZA, Melina. Melina Souza. [S.l.: s.n.], 2021. https://www.youtube.com/c/melinasouza01.
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).

Por fim, todos os canais remetem a links para a aquisição dos livros apresentados. Igualmente, Tomasena ( 2021TOMASENA, José Miguel. ¿Quiénes son los bookTubers? Ocnos. Revista de estudios sobre lectura, Universidad Castilla la Mancha, v. 20, n. 2, p. 43–55, jun. 2021. DOI: 10.18239/ocnos_2021.20.2.2466. Disponível em: <https://doi.org/10.18239/ocnos_2021.20.2.2466>.
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) informa que os booktubers são prescritores de livros e grandes aliados das editoras, por isso contemplam o interesse comercial. Mas, como conclui o estudo de Garcı́a-Roca ( 2020GARCÍA-ROCA, Anastasio. Spanish Reading Influencers in Goodreads: Participation, Experience and Canon Proposed. Journal of New Approaches in Educational Research, University of Alicante, v. 9, n. 2, p. 153, jul. 2020. DOI: 10.7821/naer.2020.7.453. Disponível em: <https://doi.org/10.7821/naer.2020.7.453>.
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), a partir da análise dos mais notáveis booktubers espanhóis, eles são motivadores de consumo confiáveis, alinhados à educação formal e à formação literária.

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Considerações finais

O presente estudo foi concebido a partir da inquietação acerca do conteúdo difundido pelos booktubers brasileiros mais populares, que agregam 100 mil ou mais seguidores. Logo, objetivou-se investigar os principais canais literários e o conteúdo veiculado pelos booktubers mais influentes do Brasil. Para atender a tal escopo, empreendeu-se uma pesquisa quantiqualitativa que investigou seis canais e 18 vídeos disponibilizados abertamente no YouTube.

Evidenciou-se que todos os canais que atenderam aos critérios de inclusão foram criados por mulheres brancas, no período de setembro de 2007 a agosto de 2018, os quais, em conjunto, congregam 2.910.000 inscritos, com uma média anual de 624 vídeos e 34.783.434 visualizações. Não obstante o expressivo número de visualizações e de seguidores, o estudo não permitiu afirmar se efetivamente os conteúdos foram alcançados por completo, porque visualizações diferem de assistir inteiramente aos vídeos. Todavia, indicam o significativo e crescente interesse do público pelas obras veiculadas: livros do gênero true crime, romance, aventura, fantasia, ficção, incluindo clássicos da literatura nacional e internacional. Apesar de a mediação da leitura ser o principal mote das booktubers, alguns canais oferecem vídeos sobre outras temáticas: viagens, intercâmbios, compras e outros.

Em termos quantitativos, o maior número de visualizações, 9.474.905 (69%), foi dos seis vídeos sobre livros integrantes do gênero true crime. Por outro lado, três vídeos literários de livros empregados nos concursos de acesso ao Ensino Superior no Brasil obtiveram 6% das visualizações e três vídeos acerca de orientações para aderir à leitura e de sínteses sobre clássicos da literatura brasileira e estrangeira alcançaram 12%. As narrativas, na perspectiva multimodal, perpassam por outros aspectos vinculados à leitura, a exemplo da indicação de marcas de leitores digitais e das recomendações de compras das obras apresentadas.

Além disso, destaca-se que este estudo proporcionou conhecer a produção difundida por seis booktubers brasileiras, influentes em correspondência ao interesse do público pelos respectivos canais e pelo conteúdo divulgado, conforme expresso no quantitativo de seguidores e de visualizações que os canais e vídeos aglutinam. Ademais, tornou-se possível afirmar que os livros literários de crime baseados em fatos são os que mais despertam a atenção do público jovem.

Depreende-se que a comunidade booktuber exerce relevante papel à educação informal e formal, mas, considerando que o acesso à plataforma YouTube se dá mediante as TDICs, o alcance daqueles alijados da inclusão digital não é equânime. Dessa maneira, ainda que os canais estimulem a leitura por despertar a curiosidade dos seguidores e por possibilitar a participação nos debates, ante a severa desigualdade social, muitos brasileiros sequer possuem condições econômicas para dispor de acesso à internet e aos equipamentos digitais e de compra dos livros indicados.

Esta pesquisa também permite lançar luz às inovadoras maneiras de estimular a leitura, a exemplo dos canais de booktubers, por vezes pouco valorizadas ou até mesmo desconhecidas pelos professores brasileiros. Todavia, a ampla aderência a esses canais permite asseverar não apenas a necessidade de políticas públicas para fomentar maior justiça social e acesso às TDICs e aos livros à população, como também a urgência de formação de professores para explorar e trabalhar as TDICs em prol de uma educação mais atrativa e imbricada com as demandas de uma juventude cada vez mais digital e conectada, sabendo-se que ainda são escassas as pesquisas sobre essa temática no Brasil.

Uma das limitações do estudo é a possibilidade de outros canais literários influentes não terem sido abarcados pelos critérios de busca. Com efeito, o estudo permitiu refletir acerca da abundância do universo informacional em torno do objetivo de investigação. Confia-se, então, na relevância da pesquisa por trazer ao debate um tema de interesse para a sociedade e para os pesquisadores dedicados a compreender as novas nuanças do meio educacional e literário.

Para estudos futuros, sugere-se analisar o conteúdo dos comentários postados pelos canais com a finalidade de: entender a percepção do público a respeito dos canais e suas interações; monitorar a popularidade desses canais; ou para repisar a busca em um lapso temporal mais adiante, compreendendo a ampliação ou a diminuição do movimento de incentivo à leitura intermediado por booktubers.

Referências

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  • 1
    Entende-se por TDICs o conjunto de aplicações tecnológicas mediadas por equipamentos digitais que utilizam a internet.
  • 2
    No dia 10 de novembro de 2021, o YouTube anunciou que a contagem de “dislike ” se tornaria invisível para o público, permanecendo uma meta privada apenas para os criadores de conteúdo. Neste artigo, como a coleta se deu em 18 de outubro de 2021, a referida métrica ainda era acessível a todos. Ver mais em: “Atualização da contagem ‘não gostei’ do YouTube”, disponível em: https://blog.youtube/intl/pt-br/news-and-events/atualizacao-nao-gostei/.
  • 3
    No Brasil, Enem é a sigla amplamente utilizada para designar o Exame Nacional do Ensino Médio, que avalia o desempenho escolar individual de cada aluno ao término da Educação Básica e propicia acesso às vagas ofertadas para o Ensino Superior em diversas instituições de Educação Superior.
  • 4
    Bookshelf é uma palavra em inglês que significa prateleira de livros ou estante de livros, todavia, ela ainda é mais empregada no idioma estrangeiro.
  • 5
  • 6
  • 7
    Uma pequena parte dos 464 canais é administrada por bibliotecas, escolas e coletivos ( Tomasena 2021TOMASENA, José Miguel. ¿Quiénes son los bookTubers? Ocnos. Revista de estudios sobre lectura, Universidad Castilla la Mancha, v. 20, n. 2, p. 43–55, jun. 2021. DOI: 10.18239/ocnos_2021.20.2.2466. Disponível em: <https://doi.org/10.18239/ocnos_2021.20.2.2466>.
    https://doi.org/10.18239/ocnos_2021.20.2...
    ).

Editado por

Editor de seção:

Hugo Heredia Ponce

Editor de layout:

Leonado Araújo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Mar 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    02 Abr 2022
  • Aceito
    22 Abr 2022
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