Open-access Letramento digital no ensino de língua inglesa: uma revisão bibliográfica

Digital literacy in English language teaching: a bibliographical review

Resumo

No contexto do ensino de língua inglesa, a influência das tecnologias digitais é inegável, transformando tanto a linguagem quanto a comunicação. O letramento digital surge como um elemento-chave nessa evolução. Diante deste cenário, o objetivo do presente artigo é apresentar uma pesquisa bibliográfica acerca do conceito de letramento digital de modo a refletir sobre suas implicações no ensino-aprendizagem da língua inglesa. A pesquisa foi realizada no ano de 2022 com foco nas publicações mais recentes e disponibilizadas na íntegra na base de dados Web of Science, acessada pelo Portal da CAPES, delimitando-se assim a artigos publicados entre os anos de 2017 e 2021. A busca resultou em 10 artigos sobre o tema. O recorte temporal foi definido com o intuito de abordar estudos contemporâneos que dialoguem com os avanços mais atuais da área. Os estudos revelam que o letramento digital pode ser uma ferramenta importante, para motivar os alunos e aprimorar diversas de suas habilidades. Conclui-se que o letramento digital é fundamental para preparar os alunos para um mundo cada vez mais globalizado e conectado.

Palavras-chave:
Letramento digital; Ensino de língua inglesa; Pesquisa bibliográfica

Abstract

In the context of English language teaching, the influence of digital technologies is undeniable, transforming both language and communication. Digital literacy emerges as a key element in this evolution. In this scenario, the aim of this article is to present a bibliographic review of the concept of digital literacy to reflect on its implications for English language teaching and learning. The research was conducted in 2022, focusing on the most recent publications available in full text in the Web of Science database, accessed through the CAPES Portal, thus limiting itself to articles published between 2017 and 2021. The search resulted in 10 articles on the topic. The time frame was defined to address contemporary studies that dialogue with the most current advances in the field. The studies reveal that digital literacy can be an important tool for motivating students and enhancing various of their skills. It is concluded that digital literacy is essential for preparing students for an increasingly globalized and connected world.

Keywords:
Digital literacy; English language teaching; Bibliographical Review

1 Introdução

O mundo contemporâneo é marcado por vários avanços tecnológicos, que continuamente transformam diversos aspectos da vida das pessoas acarretando, também, transformações na linguagem. Barton e Lee (2015, p. 13) apontam que

A linguagem tem um papel fundamental nessas mudanças contemporâneas, que são, antes de tudo, transformações de comunicação e de construção de sentidos. A linguagem é essencial na determinação de mudanças na vida e nas experiências que fazemos. Ao mesmo tempo, ela é afetada e transformada por essas mudanças.

As tecnologias digitais têm transformado a linguagem por meio da internet, redes sociais, smartphones, entre outras ferramentas. Além disso, têm ampliado as possibilidades de leitura e escrita, ao fazer com que a linguagem possa ser mais fluida, e, assim, possibilitam o surgimento de novas formas de letramento.

Para Soares (2006) o letramento é “[...] o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita [...]” (Soares, 2006, p. 18). E ainda sobre o uso do termo ela declara que “[...] ao buscar uma palavra que designasse aquilo que em inglês já se designava por literacy, tenha-se optado por verter a palavra inglesa para o português, criando a nova palavra letramento” (Soares, 2006, p. 18, grifo do autor). Assim, o letramento, para Soares, é um processo social que envolve o aprendizado e a prática da leitura e da escrita para o exercício da cidadania. Sobre o conceito, afirmam Alves e Finger (2023, p. 33):

A palavra ‘letramento’ tem sua origem em uma perspectiva social de leitura, conforme explica Soares (2020a, 2020b). Nessa visão, tal termo implica saber fazer o uso efetivo de práticas de leitura e escrita para a inserção nas práticas sociais entre os indivíduos. Trata-se, nas palavras de Soares (2020a, p. 79), do ‘uso da escrita como discurso, isto é, como atividade real de enunciação, necessária e adequada a certas situações de interação, e concretizada em uma unidade estruturada - o texto - que obedece a regras discursivas próprias (recursos de coesão, coerências, informatividade, entre outros)’.

Ao situar as práticas de letramento nos contextos mediados pela tecnologia, o letramento digital (LD) surge como uma concepção que abarca demandas da sociedade contemporânea. Como definem Dudeney, Hockly e Pegrum (2016, p. 17) os letramentos digitais são “[...] habilidades individuais e sociais necessárias para interpretar, administrar, compartilhar e criar sentido eficazmente no âmbito crescente dos canais de comunicação digital [...]”, sendo assim, percebe-se como é importante abordar o impacto das tecnologias digitais no ensino de línguas. Tendo em vista nosso contexto de atuação profissional, como professoras de língua inglesa, nosso foco recai sobre o ensino-aprendizagem do idioma no contexto do LD. Por meio de uma revisão bibliográfica, buscamos compreender como as tecnologias digitais influenciam as práticas pedagógicas em um mundo cada vez mais globalizado e conectado.

Nesse sentido, a aprendizagem de uma língua adicional (LA) não deve se limitar apenas ao domínio gramatical e de vocabulário, ela também precisa incluir competências e habilidades digitais, pois essas são necessárias para um cidadão do mundo contemporâneo. Ferramentas como plataformas de aprendizado gamificadas, ambientes virtuais de aprendizagem e redes sociais ampliam as possibilidades pedagógicas ao integrar competências digitais diretamente nas práticas de ensino. Além de promover o domínio do idioma, essas tecnologias podem desenvolver habilidades cruciais para o século XXI, como a colaboração, a comunicação em ambientes digitais e o pensamento crítico sobre as informações consumidas e compartilhadas online. Além disso, Warschauer (2000) ressalta que a tecnologia da informação está revolucionando a comunicação humana, assim como a escrita e a imprensa revolucionaram no passado. Seu impacto sobre a forma como as pessoas interagem, acessam e compartilham informações é profundo e ocorre rapidamente.

Nesse sentido, partimos do pressuposto de que o LD no ensino de LI vai além do simples uso de recursos tecnológicos em sala de aula; ele envolve o desenvolvimento de competências e habilidades de pesquisa, análise, seleção e avaliação de informações online, além da comunicação mais efetiva em ambientes digitais. Conforme Dudeney, Hockly e Pegrum (2016), essas habilidades são cruciais para que os alunos possam participar ativamente da sociedade contemporânea, navegar em um mercado de trabalho cada vez mais digital e se conectar com pessoas de diferentes culturas.

Dessa forma, este artigo tem como objetivo situar a conceituação do termo LD, tendo em vista a relevância desta temática no contexto do ensino de LI, e busca fornecer informações valiosas para professores e pesquisadores que desejam abordar esse tema. Este estudo deriva da pesquisa de mestrado desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a qual investigou as representações de docentes de língua inglesa no Ensino Médio, de uma rede privada de escolas do Estado do Paraná, acerca de suas habilidades de letramento digital. A pesquisa buscou identificar o grau de letramento digital desses profissionais, com base em um questionário adaptado da Matriz de Letramento Digital de Dias e Novais (2009), bem como analisar as maiores necessidades formativas e dificuldades encontradas por esses professores no uso de tecnologias digitais no ensino de língua inglesa (Farias, 2024).

Assim, este artigo está organizado em seções que visam detalhar as etapas e os fundamentos deste estudo. Após esta breve introdução, discutimos sobre os procedimentos de filtragem e os artigos encontrados na revisão bibliográfica sobre LD no ensino de LI, no âmbito nacional e internacional. A seguir, discutimos sobre o conceito de LD, como o termo é apresentado nos artigos revisados e sobre o papel do professor de LI nesse contexto. Por fim, apresentamos as conclusões da revisão bibliográfica e sugestões para pesquisas futuras sobre o tema.

2 Revisão bibliográica

Para identificar de que forma o LD tem sido abordado na área de ensino de LI, no âmbito nacional e internacional, e como os pesquisadores têm definido este conceito, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre tema. Entende-se aqui que “[...] pesquisas bibliográficas constituem o campo que revisam; não são exaustivas; são situadas, parciais e feitas sob determinadas perspectivas [...]” (Reis, 2008, p. 52). Assim sendo, possibilitam uma compreensão ampla e situada dos conhecimentos já produzidos acerca de uma questão conceitual em específico sobre a qual se deseja aprofundar.

O procedimento inicial foi uma busca na base de dados Web of Science1, escolhida por ser referência em disponibilização de materiais científicos de alta qualidade e grande número de produções científico-acadêmicas brasileiras e internacionais. A base de dados foi acessada entre os dias 11 e 15 de julho de 2022 pelo Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com o acesso restrito Cafe2. Os seguintes critérios foram usados para a pesquisa dos materiais científicos: palavra-chave “digital literacy”; ano das publicações de 2017 a 2021. Tendo em vista que a pesquisa foi realizada no ano de 2022, a delimitação temporal do levantamento foi estabelecida com o objetivo de garantir a relevância e a atualização das discussões sobre letramento digital no ensino de língua inglesa. Ao concentrar a análise em um período recente, buscamos identificar as tendências mais atuais, as novas abordagens e os debates mais recentes sobre o tema; tipos de documentos: artigos científicos e artigos de revisão; áreas de pesquisa de educação: Estudos da Linguagem e linguística; idiomas: português e inglês. Para refinar os resultados encontrados foi usado também o Índice do Web of Science Emerging Sources Citation Index (ESCI), o qual, segundo seu site, abrange uma grande variedade de disciplinas e vão desde publicações internacionais e de amplo escopo até aquelas que fornecem informações regionais ou cobertura da área de especialidade3. Desta forma, seguindo os critérios descritos, foram encontrados 165 artigos acadêmicos.

Posteriormente, foi realizada a leitura dos resumos destes materiais, e foram filtradas para esta revisão apenas as produções científicas consideradas como diretamente relacionadas com o ensino de LI e que continham como palavra-chave o letramento digital, o que resultou em 14 artigos. Deste montante, quatro não estavam disponíveis na íntegra, restando, então dez artigos que foram analisados de forma mais profunda, conforme descrito a seguir.

2.1 Pesquisas sobre letramento digital na área de língua inglesa

Visando um conhecimento mais aprofundado sobre o LD na área de LI, foi realizada uma análise primária, recuperando os seguintes aspectos: autor(es), ano de publicação, objetivos da pesquisa, metodologia, sujeitos da pesquisa, universidades vinculadas e local de origem, e principais resultados/conclusões (Tabela 1).

Tabela 1
Pesquisas sobre letramento digital no ensino de língua inglesa

Conforme os dados dispostos no Tabela 1, é possível observar que as pesquisas sobre LD no ensino de LI foram realizadas em diferentes países e com diferentes metodologias e objetivos, mas todos estão relacionados à investigação da importância do LD para o ensino-aprendizagem da LI. Algumas pesquisas se concentram em compreender as experiências dos alunos com o uso de tecnologias digitais para aprender línguas adicionais, por exemplo, o estudo de Roche (2017) que investiga o impacto da inclusão do LD nos programas de preparação para o ensino superior para estudantes internacionais de LI como LA. Outras pesquisas se concentram em avaliar os benefícios do uso de tecnologias digitais para a aprendizagem, como o estudo de Valadares e Coelho (2021), que verifica a percepção dos estudantes sobre o uso de videogames como ferramenta de aprendizagem de LI. Ainda, outras pesquisas se concentram no desenvolvimento de práticas pedagógicas que integram o LD à aprendizagem de LA por exemplo, o estudo de Campbell e Kapp (2020) que defende uma abordagem integrada e situada ao LD para professores em formação de LI. Observa-se uma crescente diversidade de tecnologias empregadas no ensino de inglês, cada qual com suas especificidades e potencialidades. Plataformas de gamificação, ambientes virtuais de aprendizagem e redes sociais emergem como ferramentas chave para promover a interação, a colaboração e a autonomia dos aprendizes. A pesquisa de Valadares e Coelho (2021), por exemplo, evidencia o potencial dos videogames para tornar o aprendizado mais engajador. Já os estudos de Oliveira, Nunes e Carvalho (2018) e Xavier, Oliveira e Souza (2019) demonstram como wikis e memes podem estimular a produção de conteúdo autêntico e a reflexão crítica.

No que se refere às metodologias, observou-se que algumas pesquisas possuem perspectiva quantitativa, como os estudos de Roche (2017) e Bozavli (2021) que utilizaram apenas questionários como instrumentos de coleta de dados, pois seus objetivos estavam direcionados a conhecer/compreender as experiências dos alunos. Outras pesquisas utilizam abordagem qualitativa, como é o caso Oliveira, Nunes e Carvalho (2018), que utilizou entrevistas e observações para coletar dados sobre as estratégias de escrita em LI no ambiente digital usadas por alunos de uma escola pública de ensino médio, na produção de uma wikipage. Dhillon e Murray (2021), Almusharraf e Engemann (2020) e Campbell e Kapp (2020) usaram também o método de grupo focal como forma de coleta de dados para suas pesquisas.

Outras pesquisas se baseiam em métodos mistos, ou seja, combinando o quantitativo e o qualitativo, tal como o estudo de Valadares e Coelho (2021) que usou questionários, Action Logs e narrativas escritas para conhecer a percepção dos estudantes sobre o uso de videogames como ferramenta de aprendizagem de LI.

Dos dez estudos analisados nesse escopo, seis tiveram como sujeitos da pesquisa os alunos. Destes, três foram realizados com estudantes universitários (Roche, 2017; Bozavli, 2021; Valadares; Coelho, 2021) e os outros três com estudantes do Ensino Médio (Oliveira; Nunes; Carvalho, 2018; Xavier; Oliveira; Souza, 2019; Cladis, 2020). Os demais estudos têm como participantes professores, sendo dois voltados para docentes do ensino superior (Dhillon; Murray, 2021; Almusharraf; Engemann, 2020), enquanto os outros analisam professores em formação em programas de pós-graduação (Krajka, 2021; Campbell; Kapp, 2020). Alguns deles se concentram em compreender as percepções dos professores sobre o uso de tecnologias digitais para ensino, Dhillon e Murray (2021) investigam as visões e experiências de professores com ensino de Inglês para fins acadêmicos sobre seu desenvolvimento de habilidades digitais, sua aplicação de tecnologia de aprendizado eletrônico (e-learning) em seu ensino e suas percepções de seu valor como ferramenta de aprendizagem. Outros, se concentram no desenvolvimento de práticas pedagógicas que integrem o LD ao ensino, como o estudo de Almusharraf e Engemann (2020) que investiga o uso de práticas de letramento digital multimodal em salas de aula de inglês como língua estrangeira (IEL) no Reino da Arábia Saudita, identifica os obstáculos ao seu uso eficaz e propõe estratégias para superá-los.

Com base nos resultados e conclusões apresentados pelos estudos, podemos perceber que o LD é uma ferramenta valiosa para a aprendizagem de LA, pois pode contribuir para o aumento da motivação e da participação dos alunos, a melhoria na compreensão de textos e na produção de gêneros textuais, o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico entre outras. Cladis (2020) destacou que a dependência digital tem alterado a forma como lemos, escrevemos e processamos informações, com implicações negativas para o pensamento crítico, a criatividade e a interação social. Já Campbell e Kapp (2020) observaram que os professores em formação têm percepções variadas sobre suas próprias habilidades digitais e sobre os recursos tecnológicos, o que cria barreiras no uso de tecnologias. E, por fim, Dhillon e Murray (2021) constataram que professores de Inglês para Fins Acadêmicos (IFA) estão utilizando e-learning, mas há uma necessidade de melhor treinamento e suporte para que eles possam usar essas ferramentas de forma mais eficaz.

Outro ponto relevante diz respeito às limitações das pesquisas analisadas. Oliveira, Nunes e Carvalho (2018), destacam que, embora os alunos demonstrem habilidades digitais, ainda há lacunas, como dificuldades com vocabulário específico e o uso de tradutores online. Valadares e Coelho (2021) apontam barreiras sociais e o acesso restrito às tecnologias, além da importância do papel do professor como mediador. Campbell e Kapp (2020) mencionam a limitação das competências digitais dos professores em formação, enquanto Xavier, Oliveira e Souza (2019) sugerem mais reflexões sobre o uso de memes como ferramenta pedagógica. Almusharraf e Engemann (2020) destacam a limitação do tamanho da amostra e possíveis vieses nos dados, e Dhillon e Murray (2021) indicam a falta de treinamento contínuo e suporte técnico como obstáculos no uso de e-learning. Krajka (2021) e Bozavli (2021) reconhecem limitações na amostra e no método qualitativo, o que compromete a generalização dos resultados.

No que se refere aos desafios tecnológicos, Roche (2017) alerta para a dificuldade de estabelecer uma relação causal entre o programa de EAP e o sucesso acadêmico. Essa limitação indica a necessidade de mais pesquisas e a implementação de treinamentos e suportes mais consistentes para maximizar o uso das tecnologias digitais no ensino.

Por fim, ficou evidente que, embora muitos alunos estejam familiarizados com o ambiente digital e utilizem ferramentas digitais para a aprendizagem, ainda há desafios significativos a serem enfrentados. É preciso que os professores de LI estejam familiarizados com as tecnologias digitais e com as práticas de LD para poderem integrar essas ferramentas de maneira significativa aos contextos educacionais. Além disso, é preciso enfrentar os obstáculos que surgem no uso das tecnologias digitais, como a falta de formação e de suporte tanto para os professores quanto para os alunos.

2.2 Discussões sobre o conceito de letramento digital

A discussão sobre o uso do termo ”letramento” no singular ou no plural faz parte da compreensão do conceito de LD. Ao tratar da temática alguns autores como Dudeney, Hockly e Pegrum (2016) e Rojo e Moura (2019), defendem o uso do termo ”letramentos digitais”, no plural, para enfatizar a diversidade de formas de letramento que existem no mundo digital. Em contraste com essa perspectiva, Paiva (2021) argumenta que o termo ”letramento” é suficiente para abranger todas essas formas, sendo que

[...] letramento é um termo guarda-chuva e seria suficiente para definir qualquer prática social de linguagem. Observe que uso linguagem também no singular, pois também entendo que é um termo guarda-chuva e que inclui tanto a linguagem verbal, a linguagem visual e a linguagem multimodal (Paiva, 2021, p. 1165).

Concordamos com a perspectiva de Dudeney, Hockly e Pegrum (2016, p. 18), que argumentam que o letramento é mais do que um conjunto de habilidades ou competências individuais. Essa perspectiva é importante para a compreensão do conceito de letramento digital, pois enfatiza a importância do contexto social e cultural na aquisição e uso do letramento. Também concordamos que letramento é um termo guarda-chuva, quando se pensa em práticas sociais de leitura e escrita de modo geral dentro de um contexto sócio-histórico-cultural. Portanto, optamos por usar o termo ‘letramento’ no singular na presente pesquisa, seguindo a perspectiva de Paiva (2021).

Partindo do objetivo desta revisão, o qual centras-se na conceituação do termo LD na área de ensino-aprendizagem de LI foram identificadas algumas definições do termo nos artigos revisados, conforme Tabela 2.

Tabela 2
Definições de letramento digital

Dentre os dez artigos pesquisados, foi verificado que seis deles (Oliveira; Nunes; Carvalho, 2018; Campbell; Kapp, 2020; Almusharraf; Engemann, 2020; Krajka, 2021; Dhillon; Murray, 2021; Roche, 2017) trazem uma definição de LD, na qual estão baseadas suas pesquisas, e outros dois (Valadares; Coelho, 2021; Xavier; Oliveira; Souza, 2019) apesar de não trazerem uma definição para o termo, trazem a definição de multiletramento, como pode-se verificar no Tabela 2.

Cabe ressaltar que o termo multiletramento, que tem sido muito utilizado atualmente, está relacionado com os estudos do Group (1996). Segundo eles

Uma pedagogia de multiletramentos, (...) concentra-se em modos de representação muito mais amplos do que apenas a linguagem. Estes diferem de acordo com a cultura e o contexto, e têm efeitos cognitivos, culturais e sociais específicos (Group, 1996, p. 64, tradução nossa).9

Podemos considerar assim que este traz uma concepção amplificada dentro da qual podemos situar também o LD.

Ao analisar as definições de LD utilizada nos seis estudos identificados (Oliveira; Nunes; Carvalho, 2018; Campbell; Kapp, 2020; Almusharraf; Engemann, 2020; Krajka, 2021; Dhillon; Murray, 2021; Roche, 2017), tendo em vista a convergência e/ou proximidade entre as escolhas lexicais utilizadas, podemos considerar que o conceito pode ser entendido como a capacidade, habilidade ou domínio que uma pessoa possui para usar, criar, avaliar e comunicar-se usando recursos digitais.

Campbell e Kapp (2020); Dhillon e Murray (2021), e Oliveira, Nunes e Carvalho (2018) fazem referência a outros autores quando apresentam a definição de LD. Já Roche (2017), após citar a definição dada para o termo por alguns autores, apresenta sua própria definição.Almusharraf e Engemann (2020), e Krajka (2021) também elaboraram sua própria definição, sendo que Krajka (2021) é a única que faz relação específica em sua definição com a construção do LD dos professores.

Percebemos que LD envolve não apenas competências técnicas, mas também habilidades relacionadas ao uso da tecnologia de forma eficaz para localizar recursos, comunicar ideias e construir colaborações entre fronteiras pessoais, sociais, econômicas, políticas e culturais. Estas habilidades são adquiridas por meio da prática e experiência com os recursos digitais, o que significa que o LD não é algo imutável, mas sim desenvolvido ao longo do tempo e que está sempre interligado com os recursos usados em diferentes contextos sócio-históricos.

Assim, fica claro que, tanto a linguagem quanto a tecnologia modificam os contextos sócio-históricos e as experiências humanas como também são modificadas por esses contextos e experiências. Conforme Barton e Lee:

As práticas sociais em que a linguagem está inserida têm importância particular quando se examina a linguagem online, especialmente por causa das constantes mudanças, do aprendizado contínuo e da fluidez dos textos. Uma parte crucial do contexto de textos online é situá-los nas práticas de sua cria e utilização (Barton; Lee, 2015, p. 24).

Diante da gama de possibilidades, para esta pesquisa foi observado o letramento no ambiente digital, pois, como afirma Ribeiro “O pesquisador precisa, portanto, fazer um recorte dentro do tema mais amplo dos letramentos e chegar a um ambiente que deseje observar [...]” (Ribeiro, 2017, p. 26). Portanto, nessa pesquisa, o termo LD é adotado no singular refere-se às práticas de leitura e escrita desenvolvidas no ambiente digital, onde a tecnologia é um elemento importante para o desenvolvimento de novas habilidades de leitura e escrita, e está relacionado às habilidades sociais e cognitivas necessárias para usar a tecnologia de maneira eficaz e para o exercício da cidadania.

2.3 O papel do professor de língua inglesa no letramento digital

Outro assunto abordado por alguns dos autores ao discutirem o LD, foi o termo nativo digital, trazido primeiramente por Prensky (2001). Segundo o autor, “[...] nossos alunos hoje são todos ‘falantes nativos’ da linguagem digital de computadores, videogames e Internet [...]” (Prensky, 2001, p. 1, tradução nossa). Com relação aos estudos analisados, Oliveira, Nunes e Carvalho (2018) definem que são nativos digitais quem usa a tecnologia com maior apropriação por terem nascido e crescido com acesso às mídias. Bem como, Cladis (2020) cita Palfrey (2009) para explicar que os nativos digitais nunca experienciaram o mundo sem as tecnologias digitais, e que os “colonizadores digitais” são aqueles que aos poucos se acostumaram com as tecnologias.

Dhillon e Murray (2021) referem-se a Prensky (2001) ao abordar os termos nativos digitais e “imigrante digital”, esse último seria aquele que não cresceu com aparelhos digitais e pode não ser tão fluente quanto os nativos digitais. Os referidos autores também comentam que Pegrum (2009) e White (2013) questionam sobre o fato dessa distinção ser feita usando a idade como principal fator para essa classificação. Na perspectiva de Roche (2017), os alunos universitários são normalmente considerados nativos digitais, mas que isso não quer dizer que eles tenham um LD que seja relevante para o meio universitário.

Compreende-se assim que o termo nativo digital trazido por Prensky (2001), tem sido discutido por diversos autores, sendo definido amplamente como aqueles que nasceram e cresceram com acesso às tecnologias digitais. Contudo, do ponto de vista de Barton e Lee

Essa divisão pode ter sido útil durante algum tempo por volta do ano 2000, quando havia uma geração de pessoas sem contato com a internet; e durante certo tempo pesquisadores que haviam presenciado a mudança do impresso para a tela estudaram os mais jovens, que tinham crescido com as novas tecnologias (Barton; Lee, 2015, p. 23).

Estudos mais recentes, como o de Alexandre Filho, Karolline Mendonça e Nogueira de Moraes Garcia (2023), destacam que, diante das transformações tecnológicas e sociais das últimas décadas, essa categorização deve ser revista para atender à complexidade das relações contemporâneas com a tecnologia. Não se contrapõem aqui ao uso do termo nativos digitais em si, pois sabe-se que, ultimamente, muitos dos jovens têm tido mais acesso as tecnologias digitais, o que favorece o desenvolvimento de seu LD, contudo concordamos com Dudeney, Hockly e Pegrum (2016, p. 26) que “[...] a noção de uma geração digitalmente competente homogênea é mito [...]”. Os autores ainda complementam que

Primeiro, fatores óbvios como posição socioeconômica, nível de educação e localização geográfica, assim como fatores menos óbvios como gênero, raça e língua, têm grande impacto tanto no acesso quanto nas habilidades digitais, criando uma crescente muralha digital. (Dudeney; Hockly; Pegrum, 2016, p. 26)

Portanto, acreditamos que é importante levar em consideração a realidade de cada indivíduo e as variáveis que influenciam no seu acesso e uso das tecnologias digitais para o seu LD. Não se pode partir do pressuposto que todos os jovens hoje são nativos digitais e possuem o mesmo nível de LD, pois existem diversos fatores que afetam o acesso e o uso das tecnologias digitais. Mesmo que na atualidade variados recursos digitais estejam mais acessíveis disponíveis aos jovens10, isso não resulta, necessariamente, em maior capacidade de encontrar, interpretar e avaliar de forma crítica as informações, sendo comum que confiem na primeira informação recebida, sem avaliar sua relevância ou confiabilidade (Bueno; Galle, 2022).Um exemplo disso é que muitos jovens têm grande familiaridade com o uso de celulares para acesso às redes sociais do momento, com a linguagem e com ferramentas usadas nesses ambientes, porém muitas vezes não sabem como usar programas de edição de áudio, vídeo e imagens. Com frequência, observamos a existência de uma inclusão digital focada em acesso às tecnologias digitais, porém sem trazer práticas de letramento de maneira a tornar esse acesso mais eficaz. Uma verdadeira inclusão digital precisa criar oportunidades para que se adquira as habilidades e competências necessárias. Em relação ao enfoque deste estudo, os professores de LI devem considerar em sua prática pedagógica todos os fatores que implicam no LD dos alunos.

Ainda, alguns autores do escopo analisado debatem sobre o papel do professor de LI em contextos que as tecnologias digitais são utilizadas para o desenvolvimento da escrita e leitura. Nessa perspectiva, Oliveira, Nunes e Carvalho (2018) relatam sobre o dever dos professores de estimular diversos letramentos e identificar práticas para serem usadas em sala, a qual conforme os autores é o lugar para o exercício da cidadania. Ao tratar esse tema, Valadares e Coelho (2021) destacam o papel do professor como mediador na adesão das práticas digitais do diálogo com os alunos para inclusão de todos nessas práticas. Cladis (2020), por sua vez, pontua que os educadores devem permitir o uso de plataformas digitais e o diálogo digital, e cita como ponto principal para aprendizagem no meio digital a ênfase no pensamento e o aprendizado baseado em investigação.

3 Conclusão

Este artigo teve por objetivo explorar o conceito de LD no contexto do ensino de LI, tanto no âmbito nacional quanto no internacional. Para isso, realizamos uma revisão bibliográfica que analisou artigos acadêmicos selecionados. Essa análise permitiu destacar percepções significativas sobre esse conceito, no ensino dessa língua, com a utilização de diferentes abordagens para investigar as experiências de ensino-aprendizagem de LI ligadas ao LD, considerando alunos e professores de variados contextos.

Com base nas leituras realizadas, conclui-se que o professor de LI, tendo em vista a relevância global que o idioma assume, tem um papel importante em ambientes digitais. Considera-se assim que a aprendizagem da LI deve ser tratada como parte das práticas sociais contemporâneas, considerando o uso das tecnologias e a produção de gêneros textuais típicos da esfera virtual.

Os estudos analisados indicam que docentes de LI precisam estar familiarizados com as tecnologias digitais e saber como utilizá-las pedagogicamente para promover o letramento digital dos alunos. Ao adotar recursos digitais em sala de aula, o docente não apenas impulsiona a aprendizagem de seus alunos, mas também se torna um aprendiz e um modelo para eles, evidenciando a importância das práticas sociais mediadas pelo digital. Nesse sentido, o professor deve ser um mediador no processo de aprendizagem, ajudando os alunos a desenvolverem as habilidades e competências necessárias para se comunicar e interagir no mundo digital.

O conceito de LD, conforme os estudos abordados, envolve não apenas competências técnicas, mas também habilidades relacionadas ao uso eficaz da tecnologia para localizar recursos, comunicar ideias e construir colaborações em diversos contextos. Essas habilidades são adquiridas por meio da prática e da experiência, o que implica que o LD não é estático, mas sim um conjunto de habilidades em constante evolução, influenciado pelos contextos sócio-históricos em que se insere.

Nesse contexto, torna-se essencial desenvolver práticas educacionais na LI que abordem aspectos de LD e de Letramento Crítico, além de permitir a utilização dessas tecnologias como meio para ampliar o domínio da língua. Assim, proporcionar a possibilidade do exercício da cidadania do indivíduo, propiciado a ele uma maior compreensão dos contextos do mundo globalizado, os quais tem a LI e a tecnologia como seus pilares fundamentais. Como afirma Warschauer (2000), os aprendizes de inglês não são apenas consumidores passivos da língua, mas agentes ativos que utilizam a LI para expressar suas ideias e influenciar o mundo ao seu redor. Ao desenvolver essas habilidades, os alunos estarão mais preparados para enfrentar os desafios do século XXI e exercer sua cidadania de forma plena.

Por fim, ao compreender a importância do LD no ensino de LI, estamos buscando formas de auxiliar os alunos a enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que um mundo cada vez mais globalizado e conectado pode oferecer. Nesse cenário em constante transformação, percebemos que há um vasto campo de pesquisa a ser explorado. Algumas áreas promissoras para pesquisas futuras incluem a avaliação do impacto da inteligência artificial no ensino de LI, a investigação de estratégias eficazes para o desenvolvimento de competências críticas de LD e o estudo da integração das tecnologias digitais ao currículo escolar. À medida que novas tecnologias e abordagens emergem, a pesquisa e a prática contínua são essenciais para garantir que os alunos estejam adequadamente preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mundo digital em constante evolução. Dessa forma, proporcionaremos aos alunos a possibilidade de serem cidadãos informados e participantes ativos em uma sociedade cada vez mais digital e globalizada.

Referências

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  • 1
  • 2
    Acesso Cafe (Comunidade Acadêmica Federada, um serviço da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa - RNP). Este serviço permite o acesso remoto ao conteúdo assinado do Portal de Periódicos da CAPES disponível para a instituição. https://www.periodicos.capes.gov.br/index.php/acesso-cafe.html.
  • 3
  • 4
    Original: The notion of literacy as social practice (Barton, Hamilton, & Ivanič, 2000), expands the concept to include modes other than written language that are “multiple, multimodal, and multifaceted” (Alverman, Ruddell, & Unrau, 2013, p. 1150). Martin’s (2008) definition of digital literacy captures the inextricable connection between the digital and the context in which it is used. [Digital literacy is] the awareness, attitude and ability of individuals to appropriately use digital tools and facilities to identify, access, manage, integrate, evaluate, analyse and synthesize digital resources, construct new knowledge, create media expressions, and communicate with others, in the context of specific life situations, in order to enable constructive social action; and to reflect upon this process.
  • 5
    Original: Digital literacy is another term that refers to a constituent of media literacy on various digital platforms; it refers to a learner’s ability to explore, assess, create, and deliver clear evidence of learning through writing and other forms of communication (p. 86).
  • 6
    Original: Building teachers’ digital literacy needs to be anchored in established learning theories as digital literacy is a set of skills, knowledge, and attitudes enabling language teaching within a particular educational framework (p. 587).
  • 7
    Original: (...) digital literacy [3-5], defined by Dudeney, Hockly and Pegrum [6] as “the individual and social skills needed to effectively interpret, manage, share and create meaning in the growing range of digital communication channels”. This, they say, requires not only technical competence but also the ability to use technology “effectively to locate resources, communicate ideas, and build collaborations across personal, social, economic, political and cultural boundaries.”.
  • 8
    Original: (...) the definition of digital literacy used in the current paper is the ability to access, critically assess, use and create information through digital media in engagement with individuals and communities. Moving our understanding of digital literacy beyond ICT skills and the decoding of information in digital modes to explore relations of authority between authors and readers draws on concepts developed in the field of critical literacy (see Freebody & Luke, 1990; Luke, 2014), emphasising the socially situated nature of all literacy practices (p. 73).
  • 9
    Original: “A pedagogy of multiliteracies (...) focuses on modes of representation much broader than language alone. These differ according to culture and context, and have specific cognitive, cultural, and social effects” (Group, 1996, p. 64).
  • 10
    Não é nosso propósito aprofundarmos na discussão acerca da inclusão digital, porém, é necessário fazermos a ressalva de que ainda hoje não podemos afirmar, por exemplo, que todo e qualquer cidadão brasileiro esteja incluso. A Pesquisa TICS Domicílios - realizada desde 2005 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, com apoio do apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - visa mapear no Brasil “o acesso às TIC nos domicílios urbanos e rurais do país e as suas formas de uso por indivíduos de 10 anos de idade ou mais”. Os dados publicados em 2024 indicam que, por exemplo, 89% da população brasileira é usuária de internet, sendo que 28% dos domicílios não possuem conexão por banda larga. Informações disponíveis em https://cetic.br/pt/.

Editado por

  • Editor de seção:
    Daniervelin Pereira.
  • Editor de layout:
    João Mesquita.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    23 Set 2024
  • Aceito
    14 Jan 2025
  • Publicado
    18 Fev 2025
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