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Das palavras e das coisas curiosas: correspondência e escrita na coleção de notícias de Manuel Severim de Faria

Resumos

Enquanto vigorou a União das Coroas Ibéricas (1580-1640) aprofundaram-se as relações de conhecimento acerca das conquistas luso-espanholas. Alguns circuitos e conexões surgiram constituídos por funcionários e clérigos letrados, tanto de enviados com o objetivo de registrar e descrever as partes do Oriente e do Ocidente como dos que ao lado de suas atividades administrativas e evangelizadoras enviavam informações e conhecimentos delas. Manuel Severim de Faria, Chantre da Sé de Évora, criou e centralizou um desses importantes circuitos, do qual fizeram parte, entre outros, o vice-rei Diogo do Couto e os freis Cristóvão de Lisboa e Vicente do Salvador. Outros, menos conhecidos, relatavam em cartas as notícias com grande rapidez, como as da guerra contra os holandeses na Bahia em 1624-25.

União das Coroas Ibéricas; clérigos letrados; Manuel Severim de Faria.


The Iberian Crowns' Union (1580-1640) enabled a deeper knowledge of both Portuguese and Spanish conquests. Some circuits and connections arouse from the activities of enlightened bureaucrats and clergyman, commissioned to register and describe Eastern and Western parts of the world, or sent to accomplish day to day administration or evangelic duties that should be informed to their superiors. Manuel Severim de Faria, Chanter of Évora, not only created but was also at the centre of one of these important circuits, from which took also part, among others, Vice-Roy Diogo do Couto and friars Cristovão de Lisboa and Vicente do Salvador. Others, less notorious, used to send letters that traveled amazingly fast, informing such events as the War against the Dutch in Bahia, in 1624-25.

Iberian Crowns' Union; clergyman enlightened; Manuel Severim de Faria.


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  • WORSTER, Donald. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 4, no 8, 1991, p. 198-215.
  • 1
    ABREU, J. Capistrano de. Notas preliminares a: SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil (1500-1627). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1982, p. 29 e 32.
  • 2
    A pesquisa sobre o ambiente letrado e as conexões do evorense Manuel Severim de Faria teve início na tese de doutorado, defendida em 2001, quando tivemos a oportunidade de conhecer seus manuscritos referentes, entre outros assuntos, à visita dos Filipes a Lisboa. Cf. MEGIANI, Ana Paula T. O rei ausente. Festa e cultura política nas visitas dos Filipes a Portugal (1581 e 1619). São Paulo: Alameda/Fapesp/Cátedra Jaime Cortesão, 2004. Entre 2002-2003 demos continuidade à pesquisa em um estudo em nível de pósdoutorado, financiado pela Fapesp, intitulado A pedra e a tinta: engenheiros e impressores no Portugal filipino, na tentativa de compreender a circulação, edição e censura de livros em Portugal no período da União Ibérica.
  • 3
    As obras atualmente publicadas de Manuel Severim de Faria são: Discursos vários políticos (introdução, actualização e notas de Maria Leonor Soares Albergaria Vieira). Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda; Notícias de Portugal. Introdução, actualização e notas de Francisco A. Lourenço. Lisboa: Colibri, 2003.
  • 4
    Recentemente publicamos o estudo acerca dessas conexões em MEGIANI, Ana Paula T. Política e Letras no tempo dos Filipes: o Império Português e as conexões de Manuel Severim de Faria e Luis Mendes de Vasconcelos. In: BICALHO, Maria Fernanda Baptista; FERLINI, Vera Lucia Amaral. Modos de governar. Idéias e práticas políticas no Império Português. Séculos XVI a XIX. São Paulo: Alameda/Cátedra Jaime Cortesão-USP, 2005, p. 239-256.
  • 5
    A respeito cf. FERNANDES, Maria de Lurdes Correia. A biblioteca de Jorge Cardoso (1669), autor do Agiológio Lusitano. Cultura, erudição e sentimento religioso no Portugal moderno. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2000.
  • 6
    "Paralelamente, as actividades do Chantre de Évora afiguram-se cruciais na construção de uma rede de homens de letras e na dinamização da vida acadêmica eborense. De facto, a sua biblioteca, consultada por muitos, ocupa o centro de um circuito de comunicação e de relações epistolares à escala planetária. Severim exemplifica bem até que ponto se intensifica, ao longo da primeira metade de Seiscentos, um gosto pelo livro e pela leitura em paralelo com a emergência de uma nova configuração do campo literário." CURTO, Diogo Ramada. A história do livro em Portugal: uma agenda em aberto. In: Leituras, nos 9-10, outono 2001-primavera 2002, p. 28.
  • 7
    A melhor relação da coleção de manuscritos e impressos que pertenceram ao Chantre de que se tem notícia foi realizada pelo conde da Ericeira, quando do levantamento da Livraria dos Condes de Vimieiro, e publicada na Collecçam dos Documentos e Memorias da Academia Real da Historia Portugueza, neste anno de 1724 se compuzerão, e se imprimirão por ordem dos seus Censores, Dedicada A ElRey Nosso Senhor, seu augustissimo protector, e ordenada pelo Marquez de Alegrete Manoel Telles da Sylva, Secretário da mesma Academia. Lisboa Occidental, Officina de Pascoal da Sylva, Impressor de sua Magestade, e da Academia Real, MDCCXXIV, ao abrir a primeira relação afirma Ericeira: "A Livraria do Conde de Vimieiro será a primeira, de que dê conta; compomse de quatrocentos manuscritos, e livros raros, a amyor parte do Erudito, e Ilustre Chantre de Evora Manuel Severim de Faria, alguns de parentes seus muito scientes, outros do preclaro varão Martim Affonso de Souza." Notícias da Conferência que a Academia Real da Historia Portugueza fez em 27 de Abril de 1724, p. 4.
  • 8
    Exemplificamos o caso com o trecho da carta a seguir: "Mando a VM hum Papagayo da terra, o corpo da cor de cinza, e o rabo vermelho, he nom pode VM mandar ensinar o q quiser, e a lição q se lhe der há de ser de noite, e das escruas, e polla manhã sedo, vay encomendado ao irmão Pa Je azevedo para o mandar ao Sr Gaspar de Faria Severim." Observação feita no verso de uma carta do padre Matheus Cardoso, enviada do Congo em 1624 - BNRio, mss 33,33,012 - códice Severim de Faria.
  • 9
    CURTO, Diogo Ramada. O discurso político em Portugal (1600-1650). Lisboa: Centro de Estudos de História e Cultura Portuguesa/Projeto Universidade Aberta, 1988, p. 110-111.
  • 10
    Para um balanço desses trabalhos e suas contribuições ver: CHARTIER, Roger. L'Ancien Regime Typographique: réflexions sur quelques travaux récents. Annales. ESC, 36 (1981), p. 191-209.
  • 11
    Em um artigo publicado em 2001, o historiador francês Jean-Frédéric Schaub realiza um balanço da obra e das idéias de Fernando Bouza, apresentando as relações entre história cultural e história política por ele desenvolvidas. Segundo Schaub: "Les recherches de Fernando Bouza visent précisément à mettre en lumière la capacité de mobilisation massive des media à large diffusion (manuscrits, imprimés, gravures) par les autorités politiques ibériques à l'époque moderne. Cf. SCHAUB, J. F. Une histoire culturelle comme histoire politique (note critique). Annales, HSS, juillet-octobre, 2001, nos 4-5, p. 981-997.
  • 12
    BOUZA , Fernando. Corre manuscrito. Una historia cultural del Siglo del Oro. Madrid: Marcial Pons, 2001.
  • 13
    Em um artigo muito conhecido, Bouza apresenta a seguinte observação crítica com relação aos estudos sobre história do livro e da leitura na Época Moderna, desenvolvidos por parte dos historiadores do século XX: "Como se sabe, a historiografia contemporânea foi dominada por muito tempo - e de forma substancial - por um preconceito actualista. A aplicação deste preconceito à Idade Moderna converteu este período histórico no cenário da modernização, ou seja, no prelúdio que antecipou e comprovou o momento contemporâneo. Nesse contexto, a função do historiador não seria outra que a de explicar e de dotar de lógica as realidades contemporâneas que conhecia, desde o Estado à produção industrial. Passando pela família burguesa e pelo sentimento do eu, sem esquecer, evidentemente, a ciência e o pensamento. No campo concreto da história das formas de comunicação, tal enfoque supôs privilegiar a aparição e a consolidação das formas contemporâneas de leitura e de escrita, tendo como fundamento essa aliança {...} que associava os destinos do escrito e do racional no processo de modernização e progresso. À modernidade associar-se-ia, exclusivamente, a escrita racional, e tal explica que a partir da aparição da imprensa se viesse a condenar o oral e o icônico-visual à sobrevivência de formas certamente formosas, mas sempre retardatárias, e portadoras de valores escassamente inovadores. BOUZA, Fernando. Comunicação, conhecimento e memória na Espanha dos séculos XVI e XVII. Lisboa: Centro de História da Cultura, 2002, p. 110.
  • 14
    Peter Burke, em cujo capítulo IV, denominado "O lugar do conhecimento: centros e periferias", alude: "{...} o tema principal será a crescente centralização do conhecimento, ligado a aperfeiçoamentos na comunicação física e também ao surgimento do livro impresso. Esses desenvolvimentos estão por sua vez ligados ao surgimento de uma economia mundial, à ascensão de algumas grandes cidades (às vezes sedes das principais bibliotecas) e acima de tudo à centralização do poder." BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento. De Gutenberg a Diderot. Trad. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 57-58.
  • 15
    "No âmbito desta configuração, onde se fazem sentir interesses militares, comerciais e religiosos, o orientalismo - entendido como o conhecimento do Oriente e de outras civilizações pelos europeus - assume contornos específicos. E será necessário esperar pelos finais do século XVIII para assistir à formação de uma geração de 'orientalistas profissionais'. Resta saber qual a relação entre os referidos portugueses e - uma vez chegado o século XVIII, com os seus esforços iluministas de conhecimento - os denominados 'orientalistas profissionais'? À primeira vista, o que mais impressiona é a ausência de uma continuidade entre os trabalhos destes últimos e as obras dos portugueses que os precederam." CURTO, D.R. A história do livro em Portugal, op.cit., p. 20-21.
  • 16
    SCHWARTZ, Stuart B.; PÉCORA, Alcir (orgs.). As excelências do governador. Trad. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
  • 17
    Idem, Introdução de SCHWARTZ, S.B. p. 38-40.
  • 18
    A coleção Moreira da Fonseca da BNRio, à qual pertence o códice Manuel Severim de Faria, contém um total de 54 códices de documentos concernentes aos domínios portugueses e ao Brasil, entre os anos de 1473 e 1920 - Discursos, memórias, ofícios, cartas, apologias e provisões régias referentes à história e à economia do Brasil, como seus limites, rendimentos, capitanias, contratos, cobrança de impostos, e correspondências do marquês de Pombal; e a história de Portugal, como seus domínios, reis, armas e outras nações. Obras poéticas de vários autores, entre eles Gregório de Matos. Além disso, contém estudos sobre botânica, protozoários, física e química.
  • 19
    É importante ressaltar que a recolha das cartas que integram o códice Severim de Faria pelo médico brasileiro Antônio Moreira da Fonseca nos arquivos portugueses foi feita segundo o critério de referência à invasão holandesa. Do conjunto de onde provêm não temos referência precisa, mas provavelmente muitas outras haveria. O mesmo tipo de procedimento realizou o barão de Studart quando selecionou e publicou no Brasil partes dos Anais de Severim de Faria relativas ao mesmo episódio: FARIA, Manoel Severim de. Historia portugueza e de outras províncias do occidente desde o anno de 1610 até o de 1640 da felice acclamação de el rey d. João IV. Ed. do barão de Studart, Fortaleza: Typ. Studart, 1903. Embora o título da obra tenha sido conservado como aparece nos manuscritos, o conteúdo apresenta apenas os assuntos relativos ao Brasil.
  • 20
    Não pretendemos tratar aqui dos aspectos que envolveram a invasão da Bahia pelos ho-landeses, pois estão desenvolvidos em vasta historiografia cujo balanço pode ser visto em PUNTONI, Pedro. A mísera sorte. A escravidão africana no Brasil holandês e as guerras do tráfico no Atlântico-Sul (1621-1648). São Paulo: Hucitec, 1999. Cap. 1. Holandeses no Brasil; e, do mesmo autor As Guerras no Atlântico-Sul (A ofensiva holandesa). In: HESPANHA, António Manuel (org.). Nova história militar de Portugal. Lisboa: 2004, p. 255-267.
  • 21
    "Publicaram-se grandes quantidades de crônicas e relatos dos acontecimentos, muitos dos quais escritos por participantes, observadores e historiadores. Ninguém que tenha prestado serviço nas tropas vitoriosas deixou, desde então, de mencionar os seus serviços para obter recompensas ou favores." Stuart SCHWARTZ. A jornada dos vassalos: poder real, deveres nobres e capital mercantil antes da Restauração, 1624-1640. In: Da América Portuguesa ao Brasil. Estudos Históricos. Trad. Lisboa: DIFEL, 2003, p. 144-45. Recentemente, um estudo publicado nesta mesma revista aborda a circulação de impressos e manuscritos sobre a guerra da Bahia. CAMENIESTZKI, Carlos Ziller; PASTORE, Gianriccardo Grassia. 1625, o Togo e a Tinta: a batalha de Salvador nos relatos de guerra. Topoi. Vol. 6, no 11, jul.-dez, 2005, p. 261-288.
  • 22
    Idem, ibidem, ver nota 6.
  • 23
    Idem, ibidem, p. 146.
  • 24
    HOLANDA, Sérgio B. de. O domínio holandês na Bahia e no Nordeste (colaboração de Olga Pantaleão). In: ___________ (coord.). História Geral da Civilização Brasileira. 4a ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1972, p. 237.
  • 25
    Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, códice Severim de Faria, mss I, 33,33,012.
  • 26
    Ainda com relação às notícias, PUNTONI, P. As Guerras no Atlântico-Sul, op. cit., usa o canal de comunicação estabelecido entre o padre Antonio Vieira e o Geral da Companhia de Jesus para reconstruir o episódio da invasão de Salvador.
  • 27
    BRAUDEL, Fernand. El Mediterráneo y el Mundo Mediterráneo en la Época de Felipe II. Trad. 4a reimpr. México: Fondo de Cultura Econômica, tomo I, p. 479.
  • 28
    "Não se verificou qualquer modificação significativa na duração das viagens, entre os séculos XVI e XVIII." A.J.R. RUSSELL-WOOD. Um mundo em movimento. Os portugueses na África, Ásia e América. (1415-1808). Trad. Lisboa: DIFEL, 1998, p. 56.
  • 29
    Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, códice Severim de Faria, mss I,33,33,004.
  • 30
    Idem, ibidem.
  • 31
    SALVADOR, Frei Vicente do, op. cit., p. 405.
  • 32
    Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, códice Severim de Faria, mss I,33,33,005.
  • 33
    Idem, ibidem.
  • 34
    Bernardo de Gost, doc.cit.
  • 35
    Luis Leitão Tavares, doc.cit.
  • 36
    Matheus Cardoso, doc.cit.
  • 37
    L.L. Tavares, doc.cit.
  • 38
    B. de Gost, doc.cit.
  • 39
    Idem, ibidem.
  • 40
    M. Cardoso, doc.cit.
  • 41
    "Parece não ter havido faceta da experiência humana que tenha escapado aos olhos de lince e aos excelentes ouvidos dos portugueses, nas suas peregrinações. [...] Tais informações forneceram os materiais usados por cronistas oficiais e por historiadores os quais, não só tinham acesso, sem restrições, a todos os relatórios que entravam em Portugal, mas podiam recorrer a testemunho oral riquíssimo daqueles que regressavam de alémmar. Igualmente, conselheiros reais, estrategas militares, prospectores comerciais e até membros do clero recorreram a essas mesmas fontes para tomar decisões no interesse da Coroa, do País e da Cristandade." RUSSELL-WOOD, A.J.R. op.cit., p. 97.
  • 42
    HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. 6a ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Cap.VI.
  • 43
    Nesse sentido, ver: ALÍAS BERGEL, Antonio J. As relações de sucessos nas origens do jornalismo. Aproximação ao mercado informativo na Lisboa do século XVII. Leitura. Rev. Bibl. Nac. Lisboa, S.3, no 14-15, abril 2004-abril 2005, p. 211-238.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2007

Histórico

  • Recebido
    Nov 2006
  • Aceito
    Jan 2007
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