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O eclipse do Principal: apontamentos sobre as mudanças de hierarquias entre os indígenas do Grão-Pará e os impactos no controle da sua mão de obra (décadas de 1820 e 1830)

RESUMO

Este artigo parte do quase desaparecimento de citações à figura dos Principais dos “indígenas avilados” na documentação sobre o Grão-Pará, nas décadas de 1820 e 1830. O esvaziamento, a partir da Carta Régia de 1798, de funções centrais dos Principais na política de recrutamento de mão de obra e dos descimentos, somada à acelerada integração das antigas aldeias às vilas e povoados, parece ter resultado na primeira metade do XIX em uma organização social distinta daquela marcada pelo Diretório. Por um lado, esses aspectos devem ser considerados para refletir sobre as identidades indígenas que, apesar de um cenário adverso, mantêm-se bastante marcadas na sociedade desta província. Também como resultante das mudanças na organização do trabalho indígena, é patente o fortalecimento dos oficiais de Milícias de Ligeiros como atores políticos. Como se pretende demonstrar, esses indivíduos passam a ter uma ação destacada na província, sempre marcada pela oposição aos grupos identificados como liberais. Por fim, pretende-se ainda fazer alguns apontamentos sobre o papel das câmaras em tentativas de resguardar os indígenas de abusos na utilização da sua mão de obra. De forma preliminar, interroga-se se nestes espaços ainda se manteve preservada a voz das lideranças indígenas.

Palavra-chave:
indígenas; Principais; Grão-Pará, Império do Brasil, mão de obra.

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