RESUMO
A nação brasileira conquistou a sua independência num momento de rivalidade colonial, quando o apelo ao fim da escravatura estava ligado à luta por novos mercados e mais recursos. Não por coincidência, houve uma adesão ampla e global a uma compreensão racista da humanidade que justificava as invasões europeias. Os discursos raciais reinantes infiltraram-se nas obras do círculo literário, romântico, brasileiro, que procurava unir o país, utilizando diversas estratégias literárias. Um dispositivo central foi a mesticização dos personagens ao mesmo tempo em que se exaltavam as vitórias e qualidades do branco, contribuindo, assim, para a edificação da branquitude. Analisamos a trajetória desses dispositivos literários desde a época romântica, culminando o artigo com uma comparação das obras Tenda dos milagres (AMADO, 1969) e Um defeito de cor (GONÇALVES, 2007) na pós-modernidade.
Palavras-chave:
branquitude; racismo; literatura brasileira; literatura canônica; literatura negro-brasileira