RESUMO
Este texto analisa alguns indícios da presença da prática da capoeira no estado do Rio Grande do Sul, entre a metade do século XIX e o início do século XX. São utilizados registros em jornais, como A Federação, disponíveis no acervo digital da Biblioteca Nacional, além de processos-crime do acervo do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul e dos relatos de cronistas da época, como Achylles Porto Alegre e Ary Sanhudo, nos quais busco identificar a presença dos capoeiras enquanto tipo social. A partir das evidências, proponho que, ao contrário do que o senso comum defende, a capoeira não é originária de um grande polo difusor, mas sim fruto de uma ampla área de circulação dos portadores dessa prática, que vai do norte ao sul do território brasileiro, criando parte do imaginário sobre essas pessoas marginalizadas na forma de uma territorialização negra da mentalidade branca e de um ponto de atrito para aqueles que se pensam como herdeiros da civilização europeia.
Palavras-chave:
capoeira; Porto Alegre; território negro; cultura afro-brasileira; Rio Grande do Sul