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"Piores que bestas feras": Garcilaso de la Vega e o imaginário hispano-inca sobre os Guarani Chiriguano

Resumos

No presente artigo propomos uma análise do imaginário de Garcilaso de la Vega sobre os Chiriguano - povo guarani falante que, por volta do século XV, se estabeleceu nas fronteiras do império andino. O tenaz enfrentamento que travaram contra os exércitos imperiais incaicos e, posteriormente, contra os hispânicos ensejou que o cronista Garcilaso de la Vega descrevesse os Chiriguano como a antítese da civilização. Nossa análise incide sobre como esse cronista mestiço abordou os Chiriguano, no intuito de tecer similaridades entre o imaginário cristão e o inca.

imaginário; barbárie; Chiriguano; Garcilaso de la Veja; Incas.


In the present article, we propose an analysis of the imaginary of Garcilaso de la Vega about the Chiriguano - a speaking Guaraní people who, around the 15th century, settled in the borderline of the empire of the Andes. The fierce battles in which they engaged against the imperial inca armies and later against the Hispanic people led the chronicler Garcilaso de la Vega to describe the Chiriguano as the antitheses of civilization. Our analysis shows how this mestizo chronicler viewed the Chiriguano, hoping to point out similarities between the Christian imaginary and the inca imaginary.

imaginary; barbarity; Chiriguano; Garcilaso de la Veja; Incas.


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  • ACOSTA, José de. De Procuranda Indorum Salute. (1577). Reeditada sob o título Predicación del evangelio en las indias. Estudio preliminar y edición del P. Francisco Mateos. Madrid: Atlas, 1954.
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  • BERNAND, Carmen & GRUZINSKI, Serge. História do novo mundo: da descoberta à conquista, uma experiência europeia (1492-1550). 2.ed. São Paulo: EDUSP. 2002.
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  • CHAMORRO, Graciela. Teologia e representação: uma aproximação ecofeminista do monoteísmo. In: REIMER, Ivoni Richter. Imaginários de divindade. Goiânia: UCG, São Leopoldo: Oikos, 2008.
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  • FLORES GALINDO, Alberto. Buscando un inca: identidad y utopia en los Andes. Habana: Casa de las Américas, 1986.
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  • RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Os paradoxos do imaginário. São Leopoldo: Unisinos, 2003.
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    » http://www.scielo.br/pdf/ra/v43n1/v43n1a01.pdf
  • WOORTMANN, Klaas. O selvagem e o Novo Mundo: ameríndios humanismo e escatologia. Brasília: UNB, 2004.
  • 1
    Diversos autores abordam esse tema, entre os quais destacamos: PIFARRÉ, Francisco. Los Guarani Chiriguano: historia de un pueblo. La Paz: Cipca, 1989; SAIGNES, Thierry. Historia del pueblo chiriguano. Introdução e notas de Isabelle Combés. La Paz: Plural, 2007; WACHTEL, Nathan. Os índios e a conquista espanhola. In: BETHELL, Leslie (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial. São Paulo: Edusp; Brasília; Funag, 1998, p. 135-194.
  • 2
    GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço. Trad. Roberto Freire d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 14.
  • 3
    Entre as leituras que concorreram para a elaboração dessa concepção, destacamos PATLAGEAN, Evelyne. A história do imaginário. In: LE GOFF, Jaques. A história nova. São Paulo: Martins Fontes, 1990; PESAVENTO, Sandra Jatahy. Em busca de uma outra história: imaginando o imaginário. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 15, nº 29, 1995 e RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Os paradoxos do imaginário. São Leopoldo: Unisinos, 2003.
  • 4
    GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Comentarios reales de los Incas. (1609). Edição, prólogo, índice analítico e glossário Carlos Araníbar. Lima: FCE, 1991, p. 132.
  • 5
    No original: "De las grandezas y prosperidades pasadas venían a las cosas presentes: lloraban sus reyes muertos, enajenado su imperio y acabada su república, etc. Estas y otras semejantes pláticas tenían los Incas y Pallas en sus visitas. Y con la memoria del bien perdido siempre acababan su conversación en lágrimas y llanto, diciendo: 'Trocósenos el reinar en vasallaje'...". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 40. Tradução nossa.
  • 6
    BERNAND, Carmen & GRUZINSKI, Serge. História do novo mundo: da descoberta à conquista, uma experiência europeia (1492-1550). 2.ed. São Paulo: EDUSP. 2002, p. 559.
  • 7
    No original: "me holgaba de oírlas como huelgan los tales de oír fábulas. GARCILASO DE LA VEGA, Inca Op. cit., p. 40. Tradução nossa.
  • 8
    Neste sentido, a obra de Garcilaso pode ser considerada uma reformulação das explicações históricas incas, expressas com conceitos tradicionais, para dar conta dos novos tempos coloniais. Essa discussão foi proposta por Eduardo Natalino dos Santos / Revista de História 150 (1º - 2004). p. 198-199.
  • 9
    No original: "...en mis niñeces me contaban sus historias cómo se cuentan las fábulas a los niños. Después, en edad más crecida me dieron larga noticia de sus leyes y gobierno, cotejando el nuevo gobierno de los españoles con el de los Incas, dividiendo en particular los delitos y las penas y el rigor de ella. Decíanme cómo procedían sus reyes, en paz y en guerra: de qué manera trataban a sus vasallos y cómo eran servidos de ellos. Además de esto me contaban como a propio hijo toda su idolatría, sus ritos, ceremonias y sacrificios, sus fiestas - principales y no principales - y cómo las celebraban". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 49. Tradução nossa.
  • 10
    No original: "De manera que no decimos cosas nuevas, sino que, como indio natural de aquella tierra ampliamos y extendemos com la propia relación lo que los historiadores españoles, como extranjeros, acortaron por no saber la propiedad de la lengua ni haber mamado em la leche aquestas fábulas y verdades como yo las mamé". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 94. Tradução nossa.
  • 11
    GRUZINSKI, 2001. Op. cit., p. 16.
  • 12
    No original: "...haciendoles muy cruda guerra y matandolos y asolando las tierras e indios que no se le querian sujetar y reconocerlo por Señor, y otras muchas crueldades...". MONTESINOS, Fernando de. Memorias Antiguas Historiales y politicas del Perú. Cuidada por D. Marcos Jiménez de la Espada (1644). Madrid: Imprenta de Miguel Ginesta, 1882. p. 188. Tradução nossa.
  • 13
    No original: "Prueba-se que los dichos Ingas tenian por costumbre de sacrificar á sus dioses é ídolos los niños y niñas más hermosos y que no tuviesen lepra ni ninguna mancha ni cosa fea en su cuerpo; y los dichos indígenas los hacian matar, y enviaban a cada provincia á pedir los dichos indios niños para hacer el dicho sacrificio...". MONTESINOS, Fernando de. Op. cit., p. 195. Tradução nossa.
  • 14
    MONTESINOS, Fernando de. Op. cit., p. 199.
  • 15
    No original: "habia algunos indios que cometian el pecado nefando (sodomia), y que, para usar deste pecado, se vestian como mujeres y se afeitaban; algunos testigos dicen que (os Inca) los castigaban, y otros que no. MONTESINOS, Fernando de. Op. cit., p. 199-200. Tradução nossa.
  • 16
    MONTESINOS, Fernando de. Op. cit., p. 201.
  • 17
    MURRA, John. El Tawantinsuyu. In: RABIELA, Teresa Rojas; MURRA, John (Eds.). Historia general de América Latina: Las sociedades originarias. Vol. 1. Paris: UNESCO, 1999. p. 483.
  • 18
    Galindo avaliou, nestes termos, a obra em análise: "El relato está guiado no solo por la preocupación de atener-se a los hechos, respetar a las fuentes, decir la verdad, sino además por el convencimiento de que la história puede ofrecer modelos éticos. Fue un historiador platónico convencido que sobre el passado es posible realizar un discurso político pertinente para el futuro. {...} Pero este libro respondia también a una conyuntura. Era un texto polémico destinado a enfrentar a los cronistas toledanos". FLORES GALINDO, Alberto. Buscando un inca: identidad y utopia en los Andes. Habana: Casa de las Américas, 1986. p. 54-55.
  • 19
    No original: "Para que se entienda mejor la idolatría, vida y costumbres de los indios del Perú será necesario dividamos aquellos siglos en dos edades: diremos como vivían antes de los Incas y luego diremos cómo gobernaron aquellos reyes, para que no se confunda lo uno con lo otro ni se atribuyan las costumbres ni los dioses de los unos a los otros". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 28. Tradução nossa.
  • 20
    No original: "poco mejores que bestias mansas y otros mucho peores que fieras bravas". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 28. Tradução nossa. Grifo nosso.
  • 21
    Idem, ibidem, p. 29.
  • 22
    Idem, ibidem, p. 29.
  • 23
    No original: "Otras naciones hubo como son los Chirihuanas {...}, que no tuvieran ni tienen inclinación de adorar cosa alguna - baja ni alta - ni por interés ni por miedo, sino que en todo vivían y viven hoy como bestias. Y peores, porque no llegó a ellos la doctrina y ensenãnza de los reyes Incas". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 31. Tradução nossa.
  • 24
    No original: "Y de estos hay algunos, como son los del cabo de Pasau y los Chirihuanas y otra naciones que no conquistaron los reyes Incas, los cuales se están hoy en aquella rusticidad antigua. Y estos tales son los peores de reducir, así al servicio de los españoles como a la religión cristiana, que como jamás tuvieron doctrina son irracionales y apenas tienen lengua para entender-se unos con otros dentro de su misma nación. Y así viven como animales de diferentes especies, sin juntarse ni comunicarse ni tratarse sino a sus solas". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 31. Tradução nossa.
  • 25
    As poucas informações existentes sobre Poma Ayala nos foram legadas por ele próprio. Seu pai teria pertencido a uma família nobre de Huánuco, na atual região de Ayacucho e sua mãe teria sido filha de Tupac Yupamqui, o décimo inca. Portanto, ele era um indígena de família nobre que durante a infância aprendeu a ler e escrever e foi introduzido à fé cristã. "Anos mais tarde {...} trabalhou como intérprete para os espanhóis, além de ter se engajado em ensinar espanhol para os nativos na tentativa de ajudá-los a se defender dos europeus e ao mesmo tempo resistir à colonização". MARTINS, Cristiana Bertazoni. Representações do Antisuyu em El primer nueva corónica y buen gobierno de Felipe Guaman Poma de Ayala. Revista de História, 153 (2º - 2005). p. 123.
  • 26
    MARTINS, Cristiana Bertazoni. Op. cit., p. 128.
  • 27
    No original: "...república estable, leyes públicas, ciudades fortificadas, magistrados obedecidos y lo que más importa, uso y conocimiento de las letras, porque dondequiera que hay libros y monumentos escritos, la gente es más humana y política". ACOSTA, José de. De Procuranda Indorum Salute. (1577). Reeditada sob o título Predicación del evangelio en las indias. Estudio preliminar y edición del P. Francisco Mateos. Madrid: Atlas, 1954. Proemio. Disponível em: <http://www.cervantesvirtual.com/ servlet/SirveObras/mcp/01361686433460613088024/p0000001.htm>. Tradução nossa.
  • 28
    ACOSTA, José de. Op . cit .
  • 29
    No original: "...los salvajes semejantes a fieras, que apenas tienen sentimiento humano; sin ley, sin rey, sin pactos, sin magistrados ni república, que mudan la habitación, o si la tienen fija, más se asemeja a cuevas de fieras o cercas de animales". ACOSTA, José de. Op . cit . Tradução nossa.
  • 30
    ACOSTA, José de. Op . cit .
  • 31
    No original: "...de muy corto entendimiento, aunque parecen superar algo a los anteriores, y tienen alguna sombra de república, pero son sus leyes o instituciones pueriles y como de burlas. ACOSTA, José de. Op . cit . Tradução nossa.
  • 32
    WOORTMANN, Klaas. O selvagem e o Novo Mundo: ameríndios humanismo e escatologia. Brasília: UNB, 2004, p. 126.
  • 33
    RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Os paradoxos do imaginário. São Leopoldo: Unisinos, 2003, p. 21.
  • 34
    A expressão é de Carlos Fausto. A crítica à antropologia evolucionista também se baseia em seu trabalho, Os índios antes do Brasil (Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p. 10-16).
  • 35
    Aqui cabe uma observação secundária no conjunto da nossa análise: o conteúdo dos relatos dos parentes mais idosos per-mite inferir que paralelamente à escola e à catequese cristã em Cuzco, Garcilaso foi catequizado também por anciãos "hereges" no seio da sua família, quando já haviam passado mais de vinte anos da conquista espanhola.
  • 36
    No original: "Nuestro padre el sol, viendo los hombres como te he dicho, se apiadó y tuvo lástima de ellos y envió de cielo a la tierra un hijo y una hija de los suyos para que los doctrinasen en el conocimiento de nuestro padre el sol para que lo adorasen y tuviesen por su dios. Y para que les diesen preceptos y leyes en que viviesen como hombres en razón y urbanidad, para que habitasen en casas y pueblos poblados, supiesen labrar las tierras, cultivar las plantas y mieses, criar los ganados y gozar de ellos y de los frutos de la tierra como hombres racionales y no como bestias". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 41. Tradução nossa.
  • 37
    No original: "Cuando hayáis reducido esas gentes a nuestro servicio los mantendrés en razón y justicia, con piedad, clemencia y mansedumbre haciendo en todo oficio de padre piadoso para con sus hijos tiernos y amados, a imitación y semejanza mía que a todo mundo hago bien: que les doy mi luz y claridad para que vean y hagan sus haciendas y les caliento cuando tienen frío. {...} Y tengo cuidado de dar una vuelta cada día al mundo para ver las necesidades que en la tierra se ofrecen, para proveerlas y socorrerlas como sustentador y bienhechor de las gentes". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 41. Tradução nossa.
  • 38
    Idem, ibidem, p. 42.
  • 39
    No original: "Adviértase, para que no enfade el repetir tántas veces estas palabras "nuestro padre el sol" que era lenguaje de los Incas y manera de veneración y acatamiento...". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 41. Tradução nossa.
  • 40
    No original: "Viviendo o muriendo aquellas gentes de la manera que hemos visto, permitió Dios Nuestro Señor que de ellos mismos saliese un lucero del alba que en aquellas oscurísimas tinieblas les diese algunas noticias de la ley y de la urbanidad y respeto que los hombres debían tenerse unos con otros haciéndoles capaces de razón y de cualquiera buena doctrina, para que cuando ese mismo Dios, Sol de justicia, tuviese por bien de enviar la luz de sus divinos rayos a aquellos idólatras, los hallase no tan salvajes, sino más dóciles para recibir la fe católica, la enseñanza y la doctrina de nuestra Santa Madre la lglesia Romana". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 39. Tradução nossa.
  • 41
    Sobre as representações do divino na tradição cristã, indicamos o artigo de CHAMORRO, Graciela. Teologia e repre-sentação: uma aproximação ecofeminista do monoteísmo. In: REIMER, Ivoni Richter. Imaginários de divindade. Goiânia: UCG; São Leopoldo: Oikos, 2008. p. 49-100.
  • 42
    MARTINS, Cristiana Bertazoni. Op. cit., p. 127.
  • 43
    GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p 277.
  • 44
    MURRA, John. A estrutura política inca. In: BELLOTO, Manoel Lelo & CORRÊA, Anna Maria Martinez. A América Latina de colonização espanhola. São Paulo: Hucitec, 1991. p. 28-29.
  • 45
    No original: "la tierra era malísima, de montañas bravas, ciénagas, lagos y pantanos y muy poca de ella de provecho para sembrar y cultivar. Y que los naturales eran brutísimos, peores que bestias fieras, que no tenían religión ni adoraban cosa alguna, que vivían sin ley ni buena costumbre sino como animales por las montañas, sin pueblos ni casas". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 459. Tradução nossa.
  • 46
    No original: "De hecho, la cordillera, por sus especiales condiciones climáticas y la fertilidad de sus valles se adapta exce-lentemente a uma cultura de maíz. (...) Como se vê este bioma favorece los cultivos típicos guarani, de maíz, yuca, frijoles (kumanda) y calabazas (joco). Se puede señalar que esta zona, tanto por su suelo como por sus precipitaciones y clima ofrece condiciónes óptimas para la producción de maíz". MELIÁ, Bartomeu. Los Guarani Chiriguano: Ñande Reko nuestro modo de ser y bibliografia general comentada. La Paz: CIPCA, 1988. p. 33-34. Tradução do editor.
  • 47
    WOORTMANN, Klaas. Op. cit., p. 171.
  • 48
    PIFARRÉ, Francisco. Op. cit., p. 42.
  • 49
    Frei Reginaldo de Lizárraga esteve no território chiriguano e descreveu a aldeia nos seguintes termos: "El mayor de los pueblos es de cinco casas; lo común es de tres; mas son muy largas, de más de 150 pasos, a dos aguas, con estantes en el medio sobre que se arma la cumbrera, y de estante a estante vive una parentela". LIZÁRRAGA, Reginaldo de. Descripción colonial (libro primero). (1605). Buenos Aires: Librería La Facultad, por Juan Roldán, 1916, p. 259.
  • 50
    No original: "...de los Incas, a hacer casas para su morada. No particulares sino en común, porque hacen un galpón grandísimo y dentro tantos apartadijos cuantos son los vecinos". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 461. Tradução nossa.
  • 51
    ROJAS MIX, Miguel. Los monstruos: ¿mitos de legitimación de la conquista? In: PIZARRO, Ana. América Latina: palavra, literatura e cultura. São Paulo: Memorial; Campinas: Unicamp, 1993. p. 127.
  • 52
    No original: "Y que comían carne humana. Y para haberla salían a saltear las provincias comarcanas y comían todos los que prendían, sin respetar sexo ni edad. Y bebían la sangre cuando los degollaban para que no se les perdiese nada de la presa. Y que no solamente comían la carne de los comarcanos que prendían, sino también la de los suyos propios cuando se morían y que, después de habérselos comido, les volvían a juntar los huesos por sus coyunturas y los lloraban y los enterraban en resquicios de peñas o huecos de árboles". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 459. Tradução nossa.
  • 53
    No original: "Como son indios de la montaña que comen carne humana, y así apenas deja el difunto que luego comienzan a comerlo que no le deja carne sino todo hueso; luego que acaba de suspirar le visten unos vestidos de plumajes que ellos les hacen y quitan la plumería, y le desnudan y le lavan, y comienzan a hacer carnicería, y ellos toman el hueso y lo llevan los indios, {...} y lo meten en un árbol que llama uitaca, a donde los gusanos lo tenía hecho agujero...". POMA DE AYALA, Felipe Guaman. Nueva Crónica y Buen Gobierno I. Ed. y prólogo de Franklin Pease García-Yrigoyen. México: FCE, 2005. p. 218. Tradução nossa.
  • 54
    No original: "Son los Chirihuanas (como se ha dicho) muy ansiosos por comer carne porque no la tienen de ninguna suerte, doméstica ni salvajina, por la mucha maleza da la tierra. Y si hubiesen conservado las vacas que el virrey le dejó se puede esperar que hayan criado muchas...". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 460. Tradução nossa.
  • 55
    No original: "Y son tan golosos y apasionados por comer carne humana que cuando salen a saltear, (...) y si hallan pastores guardando ganado más quieren uno de los pastores que todo el hato de las ovejas o vacas". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 461. Tradução nossa.
  • 56
    No original: "De la poca conversación y doctrina que de la jornada pasada de los Incas pudieron tener los Chirihuanas perdieron parte de su inhumanidad, porque se sabe que desde entonces no comen a sus difuntos como solían". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 460. Tradução nossa.
  • 57
    WOORTMANN, Klaas. O selvagem e a História. Heródoto e a questão do Outro. Revista de Antropologia. 2000, vol. 43, n.1. p. 13-59. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ra/v43n1/v43n1a01.pdf >.
  • 58
    CUNHA, Maria Manuela Ligeti Carneiro da. Imagens de índios no Brasil: o século XVI. Estudos Avançados, São Paulo, v. 4, n. 10, p. 91-110, 1990. p. 100.
  • 59
    THÉVET, André. As singularidades da França Antártica. São Paulo, Ed. Itatiaia e EDUSP, 1978, p. 199.
  • 60
    No original: "Y que andaban en cueros y que para juntarse en el coito no se tenía cuenta con las hermanas, hijas ni madres. Y que esta era la común manera de vivir da la nación Chirihuana". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 459. Tradução nossa.
  • 61
    No original: "No guardan un punto de ley natural; son viciosos, tocados del vicio nefando, y no perdonan a sus hermanas; es gente superbísima; todas las naciones dicen ser sus esclavos. Comen carne humana sin ningún asco; andan desnudos". LIZÁRRAGA, Reginaldo de. Op. cit., p.258. Tradução nossa.
  • 62
    No original: "...devoran carne humana, andan desnudos (...) entregados a los más vergonzosos delitos de lujuria y sodomia". ACOSTA, José de. Op . cit .
  • 63
    RAMINELLI, R. J. Imagens da Colonização: a representação do índio de Caminha à Vieira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. p.95.
  • 64
    WOORTMANN, Klaas. O selvagem e o Novo Mundo. Op cit., p. 97.
  • 65
    No original: "Hasta para la sodomia encuentra Michele da Cuneo una explicación racional: los mansos 'indiani' han contraído 'questo maledeto vicio' de los feroces canibales, que 'subiugando li dicti Indiani e mangiandoli' les hicieron 'per vilipendio etiam... quello excesso, il quale poi procedendo' pudo haver 'cresciuto de l'uno in altro'. Em suma, le han cogido gusto". GERBI, Antonello. La naturaleza de las Indias nuevas: de Cristóbal Colón a Gonzalo Fernández de Oviedo. (1978). Tradução de Antonio Alatorre. México: FCE, 1992. p. 49.
  • 66
    No original: "Ahora es mayor y más forzosa la obligación que tenemos de conquistar los Chirihuanos para sacarlos de las torpezas y bestialidades en que viven y reducirlos a vida de hombres, pues para eso nos envió nuestro padre el sol". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 460. Tradução nossa.
  • 67
    BACZKO, Bronislaw. A imaginação social. In: LEACH, Edmund et alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1985. p. 312.
  • 68
    No original: "Soltad esa vieja que lleváis en esa petaca que aquí nos la comeremos viva". GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Op. cit., p. 459. Tradução nossa.
  • 69
    Flores Galindo, em uma pesquisa realizada em escolas no Peru, demonstrou que a maioria dos entrevistados tinha uma imagem positiva do império incaico. Em torno de 68% consideravam-no uma sociedade e um governo justo e harmonioso. FLORES GALINDO, Alberto. Op. cit., p. 16-17.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2010
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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