RESUMO:
Neste artigo, pretendemos abordar o papel da memória e da narrativa na constituição da identidade pessoal, a partir de conceitos teóricos da obra de Paul Ricoeur (em especial O si-mesmo como outro) e da análise do conto “O urso atravessou a montanha”, de Alice Munro. Esse movimento nos permitirá sublinhar a ideia de que, contrariamente ao que parte da literatura sobre identidade e narrativa tem sustentado, não é só aquilo que poderíamos chamar de autonarrativa que cumpre um papel na manutenção da identidade pessoal. Ao invés disso, recuperamos a ideia ricoeuriana de uma rede de narrativas ou emaranhado de histórias, na qual auto- e heteronarrativas se imbricam mutuamente, servindo de sustentáculos para as identidades constituídas sobre ela.
Palavras-chave:
Identidade; Narratividade; Doença de Alzheimer; Alice Munro; Paul Ricoeur