Abstract in Portuguese:
O objetivo deste artigo consiste em detalhar como os termos éthos (grafado com epsílon) e êthos (com eta), ao mesmo tempo em que diferem, se completam entre si. Visto que os dois termos estão intimamente associados aos conceitos de phýsis (de natureza) e de moîra (de necessidade ou destino) este estudo quer também explicitar como se dá essa inter-relação.Abstract in English:
The objective of this article is to describe the terms éthos (writed with epsilon) and êthos (with eta), that are in the same time different and complementary. This two terms are closely associates to the concepts of phýsis (of nature) and moîra (of necessity or destination) and this study wants to show how this interrelation is done.Abstract in Portuguese:
Liberdade e poder são dois temas que se correlacionam ao longo da história da filosofia política moderna. Nos textos de Hobbes, a ideia da liberdade como ausência de impedimentos às ações ajuda-nos a pensar o dever de obediência ao poder soberano e as relações entre política e direito. Uma situação de vácuo jurídico, em que tudo é permitido, faz-se, contudo, impossível, de modo que a solução de Hobbes consiste em sustentar a ideia do direito natural como direito originário individual vinculado à preservação da vida. Suas ideias do direito natural e da lei natural, que servem de fundamento ao dever de obediência ao soberano, amparam-se em princípios jurídicos, teológicos e biológicos. Tais princípios, entretanto, não dão conta da questão da extensão do poder soberano. Hobbes recorre à análise da linguagem. Sua teoria contratual afirma o princípio de preservação da vida na base da política e sustenta a ideia da criação e da manutenção do poder soberano no ato de linguagem implicado na estrutura representativa do pacto político.Abstract in English:
Liberty and power are two subjects correlated along the history of the political modern philosophy. In the texts of Hobbes, the idea of liberty as absence of impediments to the actions helps us to think the duty of obedience to the sovereign power and the relations between politics and right. A situation of legal vacuum, in which everything is allowed, is, nevertheless, impossible, so that the solution of Hobbes consists in supporting the idea of the natural right like original individual right linked to the preservation of the life. His ideas of the natural right and of the natural law, which serve of basis to the duty of obedience to a sovereign, lean on legal, theological and biological principles. In spite of that, such principles do not surround the question of the extension of the sovereign power. Hobbes resorts to the analysis of the language. His contractual theory affirms the principle of preservation of the life on basis of the politics and supports the idea of the creation and of the maintenance of the sovereign power in the act of language implicated in the representative structure of the political covenant.Abstract in Portuguese:
O artigo examina a relação entre paixão, democracia e deliberação no pensamento de Hobbes e no de Walzer. São apresentadas as razões pelas quais esses dois pensadores posicionam-se de forma crítica no concernente às deliberações no âmbito de governos democráticos. A relação entre razão e paixão é também examinada no interior do problema central de nosso estudo comparativo.Abstract in English:
The article examines the relationship among passion, democracy and deliberation in the thought of Hobbes and Walzer. Reasons are presented by which those two thinkers are positioned in a critical way regarding the deliberations in the democratic governments' extent. The relationship between reason and passion is also examined inside the central problem of our comparative study.Abstract in Portuguese:
Este artigo tem por objetivo examinar uma tensão existente no interior da teoria kantiana do respeito pela lei moral. Originalmente, na Fundamentação, o respeito é concebido por Kant como um mero efeito ou subproduto da imediata determinação da vontade pela lei moral. Na segunda Crítica, contudo, Kant parece conceder um papel mais positivo ao respeito, dando a ele a tarefa de enfraquecer a influência exercida pelas inclinações, o que contaria como uma promoção da influência da lei moral sobre a vontade. Buscaremos mostrar que essa alteração na teoria kantiana do respeito é inteiramente devida a uma concessão a um difundido modelo de determinação da vontade que é de inspiração humiana. Além disso, buscaremos mostrar que esse modelo humiano tem de ser completamente abandonado, porque ele se choca tanto com a concepção refletida de Kant sobre motivação moral quanto com sua concepção refletida sobre a determinação da vontade pelas inclinações.Abstract in English:
This paper intends to examine a tension within Kant's theory of respect for the moral law. Originally, in the Groundwork, respect is conceived by Kant as a mere effect or by-product of the immediate determination of the will by the moral law. However, in the Second Critique, Kant seems to confer to respect a more positive role by assigning to it the task to weaken the influence exercised by the inclinations, thereby promoting the influence of the moral law on the will. We show that this shift in Kant's theory of respect is entirely due to a concession to a widespread model of determination of the will by inclinations, which is of Humean inspiration. Besides, we show that that Humean model must be completely abandoned because it is at odds both with Kant's considered view of moral motivation and of the determination of the will by inclinations.Abstract in Portuguese:
Este artigo quer mostrar que Kant descobriu, segundo Eric Weil, o problema do sentido. Entretanto, Eric Weil observa que Kant não encontrou uma linguagem apropriada para falar do sentido. A linguagem de Kant era ainda uma linguagem ontológica. Malgrado isso, Kant conseguiu fechar, na terceira Crítica, o abismo que separava natureza e liberdade.Abstract in English:
This article is intended to show that, according to Weil, Kant discovered the problem of sense. Weil, however, believed that Kant failed to final an appropriate language to adress the problem he discovered. Kant's language was still ontological. Despite this, Weil thought Kant succeeded in closing the gap between nature and liberty in the third Critique.Abstract in Portuguese:
Analisamos neste artigo a teoria do conhecimento de Arthur Schopenhauer com base em sua dissertação Sobre a quádrupla raiz do princípio de razão suficiente (1813), seu ensaio Sobre a visão e as cores (1816), os dois primeiros livros de O mundo como vontade e representação (1819), bem como o apêndice a esta obra intitulado Crítica da filosofia kantiana. Aqui temos em mente a relação de Schopenhauer com as filosofias anteriores (em especial a de Kant) e a fundamentação de sua intuição do mundo como Vontade baseada em uma epistemologia de raízes kantianas.Abstract in English:
We analyse in this article the theory of knowledge by Arthur Schopenhauer included in his dissertation On the Fourfold Root of the Principle of Sufficient Reason (1813), his essay On Vision and Colours (1816), the two first books of The World as Will and Representation (1819), and the appendix at this work, intitled Criticism of the Kantian Philosophy. We have here in mind the relation of Schopenhauer with the previous philosophies (especially that by Kant) and the establishment of his intuition of world as Will based in an epistemology of Kantian sources.Abstract in Portuguese:
O presente artigo pretende destacar a tese de que a natureza para Feuerbach é um existente autônomo e independente e possui primazia ante o espírito. Para ele, a natureza material, que existe, em sua diferencialidade qualitativa, independente do pensar, é diante do espírito o original, o fundamento não deduzível, imediato, não criado, de toda existência real, que existe e consiste por si mesmo. Feuerbach opõe a natureza ao espírito, pois ele a entende não como um puro outro, que só por meio do espírito foi posto como natureza, mas como o primeiro, a realidade objetiva, material, que existe fora do entendimento e é dada ao homem, por meio de seus sentidos, como fundamento e essência de sua vida. Trata-se, pois, primeiro daquela essência (luz, ar, água, fogo, plantas, animais etc.) sem a qual o homem não pode nem ser pensado nem existir. A natureza é, para Feuerbach, a pluralidade de todos os objetos e essências que realmente são. Sob esta condição, é possível conceber a natureza como a garantia da exterioridade mesma, como que um existente fora de nós, que nada sabe de si e é em si e por si mesmo; por conseguinte, ela não deve ser vista como aquilo que ela não é, isto é, nem como divina, nem como humana. A natureza sempre existiu, quer dizer, ela existe por si e tem seu sentido apenas em si mesma; ela é ela mesma, ou seja, nenhuma essência mística, pois, por trás dela, não se esconde nenhum absoluto, nada humano, nada divino, transcendental ou ideal.Abstract in English:
This article tries to delineate the proposition that to Feuerbach nature is an autonomous and independent being that comes first in comparison to the spirit. To him, material nature, that exists in its qualitative differentness, independent from thinking, is the original source, the immediate, not deductible, uncreated fundament of all real existence, that exists and consists in itself, when put vis-à-vis the spirit. Feuerbach sets nature against the spirit, for it is his understanding that nature is not a pure other that only through the spirit was set as nature, but as the first source, the objective material reality that exists outside reason and is given to man by means of his senses as fundament and essence of his life. Therefore, one is dealing first with that essence (light, air, water, fire, plants, animals etc.) without which man does not exist or could be thought of as existing. To Feuerbach nature is all objects and essences put together. Under this condition it is possible to conceive nature as guarantor of externality itself as if it could exist independently from us, an entity that is unaware of itself and which exists in itself and by itself; for this reason it shall not be seen as something which it is not, i.e., neither divine nor human. Nature always existed, i.e., it exists in itself and has only meaning in itself; it is itself, i.e., it has no mystical essence, it does not hide behind it any absolute being whether human, divine, transcendental or ideal.Abstract in Portuguese:
Procura-se destacar aqui, a partir da relação de mútua dependência entre o concreto e o especulativo em Theodor Adorno, algumas características próprias de sua exposição filosófica. A recusa de definições, a busca de constelações, a construção de "modelos críticos" tornam-se mais inteligíveis quando examinadas à luz da relação entre os conceitos e o não-conceitual. Pretende-se assim esclarecer melhor a relação entre verdade e história no pensamento de Adorno.Abstract in English:
Here it is aimed to highlight some personal characteristics of Theodor Adorno's philosophical exposure through his relation of mutual dependence amongst the concrete and the speculative. The denial of definitions, the search for constellations, the building of "critical models" become more intelligible when observed under the light of the concepts and the non-conceptual. Therefore, it is intended to better explain the relation between truth and history in Adorno's thinking.Abstract in Portuguese:
Entre os desafios postos para as pesquisas em ciências humanas e sociais está a compreensão do cotidiano como espaço para a captura das formas de apropriação da realidade objetiva por parte dos sujeitos e, ao mesmo tempo, a identificação das respostas dos sujeitos diante das condições postas. Como categoria analítica, destacamos as reflexões de Lukács acerca da categoria alternativa, tomando-a como mediação entre teleologia e reflexo, no processo de objetivação da teleologia em causalidade posta.Abstract in English:
One of the challenges in the human and social sciences researches is the understanding of the everyday life as field to identify and capture the forms of appropriation of the objective reality by social being. At the same time, the understanding and identification of the subjective answers in view of the objective conditions. As analytical category we detach the reflections of Lukács concerning the alternative category, taking it as mediation between teleology and posited structures, between process of objectivation of teleology and posited structures.Abstract in Portuguese:
O Argumento dos Zumbis proposto por Chalmers, ao contrário de defender o dualismo, bane as qualia para um "mundo" onde elas não podem influenciar o julgamento que fazemos sobre nós mesmos. Por este motivo, pelo próprio argumento, podemos ser um zumbi e não saber. A isso Chalmers chamou de The Paradox of Phenomenal Judgment. O problema é que ele aceita tal paradoxo como parte de sua própria teoria. No entanto, este movimento filosófico não é aceitável e este paradoxo mina a teoria de Chalmers por dentro mostrando que o argumento dos zumbis é, na verdade, um argumento contra o dualismo. Chalmers tenta resolver este problema com uma série de argumentos que tem como base o fato de que a consciência é um bruto explanandum indubitável. No entanto, tal tentativa fracassa por uma série de razões que mostram que mesmo se ele estivesse correto, ainda poderíamos ser um zumbi e não saber.Abstract in English:
The Zombie Argument proposed by Chalmers, instead of working as a defense of dualism, banishes qualia to a 'world' where they cannot influence our judgments about ourselves. For this reason, according to the argument itself, we may be all zombies and not know it. This is what Chalmers called The Paradox of Phenomenal Judgment. The problem is that he accepts this paradox as part of his theory. This philosophical move, however, is not acceptable, for the paradox undermines Chalmers' theory, by showing that the zombie argument is, actually, an argument against dualism. Chalmers tries to solve this problem with many arguments based on the status of consciousness as brute indubitable explanandum. However, this attempt is a failure by a series of reasons showing that, even if he were right, we could still be zombies and not know it.