Resumo em Português:
Resumo Este artigo analisa a influência da filosofia de Rousseau na teoria antropológica de Kant. No primeiro momento, apresentam-se as semelhanças e diferenças acerca do modo como cada autor compreende o estado de natureza. No segundo momento, estabelece-se uma comparação entre o conceito de sociabilidade insociável de Kant e os conceitos de piedade e amor próprio, na filosofia de Rousseau.Resumo em Inglês:
Abstract This paper analyses the influence of Rousseau’s philosophy on Kant’s anthropological theory. Firstly, the similarities and differences between each philosopher’s understanding of the state of nature is presented. Secondly, a comparison between Kant’s concept of unsocial sociability and Rousseau’s concepts of piety and self-love is presented.Resumo em Espanhol:
Resumen Las concepciones de hombre y trabajo están íntimamente interconectadas dentro del pensamiento de Miguel de Unamuno. La persona, sin reducirse a ninguna forma de instrumentalización política y económica, no es un mero medio, sino un fin en sí misma. Unamuno no escamotea su lucha en contra del capitalismo y de la transformación de lo económico y de lo político en mero valor de cambio. No nos extraña, pues, que nuestro autor, no conformándose con los efectos del materialismo mercantilista, proponga unas concepciones de política y de sociedad más humanas capaces de dignificar la vida de cada hombre concreto de carne y hueso. Es en este marco teórico-conceptual en el que Unamuno conceptualiza el trabajo como vocación y como forma de realización humana, desvinculándolo de la perspectiva mercantilista vigente en su época. El propósito del presente estudio es, pues, descubrir la íntima relación que une la concepción unamuniana de hombre con su concepción del trabajo como forma de formación y libertad humanas.Resumo em Inglês:
Abstract The conceptions of man and work are intimately related in the thought of Miguel de Unamuno. The person, not reduced to any form of political or economic exploitation, is not a mere means but rather an end in itself. Unamuno does not shirk from his struggle against capitalism and the transformation of economics and politics to mere exchange value. It is not surprising therefore that our author, not content with the effects of mercantilist materialism, should propose a more human conception of politics and society capable of dignifying the life of each specific man of flesh and blood. Within this theoretical-conceptual frame, Unamuno conceptualizes work as vocation and as a form of human fulfilment, disassociating it from the mercantilist perspective that prevailed in his time. The purpose of the present study is thus to uncover the intimate relation that joins Unamuno’s conception of man with his conception of work as a form of human education and freedom.Resumo em Português:
Resumo O objetivo deste texto é cotejar as concepções de liberdade natural e de liberdade civil de John Locke e de Algernon Sidney. Se ambos escreveram seus tratados em resposta ao panfleto de Robert Filmer, Patriarcha, or the naturall power of kings defended against the unnatural liberty of the people, com críticas muito parecidas, as concepções de liberdade apresentadas, apesar das semelhanças, revelam nuanças significativas, com relevantes implicações em alguns casos, como na possibilidade de o governo deter a prerrogativa de agir em casos não previstos pelas leis civis ou de maneira contrária às leis civis, em situações de emergência. A intenção é mostrar que essas diferenças resultam em duas perspectivas distintas de pensar a relação entre governo e lei civil.Resumo em Inglês:
Abstract: The purpose of this paper is to compare the conceptions of natural liberty and civil liberty of John Locke and Algernon Sidney. Both wrote their treatises in response to Robert Filmer’s pamphlet, Patriarcha, or the naturall Power of kings defended against the unnatural liberty of the people. However, their conceptions of liberty, despite similarities, present significant nuances. These have important implications in some cases, for example, with regard to the government’s prerogative to act in cases not provided for by civil laws, or to act contrary to civil law in emergency situations. It is argued that these differences result in two different perspectives for thinking about the relationship between government and civil law.Resumo em Português:
Resumo Tencionamos, nestas reflexões, analisar os conceitos spinozianos de Deus, do homem e da razão, para, a partir do caráter necessário que os permeia, interrogarmos se existiria também a possibilidade de uma liberdade humana no pensamento do autor da Ética. Se tal liberdade existe, ela estaria situada no próprio plano racional, o que, por sua vez, levantaria ingentes problemas. A mesma questão - a da possibilidade de uma liberdade, em Freud - estaria colocada na margem de ação que, até certo ponto, ele assinala ao eu, por intermédio de sua nova divisão do aparelho psíquico, em Além do princípio de prazer (1920) e O eu e o isso (1923). Avancemos desde já que, se a ênfase de Spinoza, no que diz respeito à liberdade, recai sobre a razão, em Freud o acento é colocado sobretudo na simbolização e na significação que a tensão do desejo pode acarretar. Portanto, o nosso objetivo não é o de mostrar, ou provar, qualquer vínculo de dependência de Freud vis-à-vis de Spinoza. A nossa intenção é, antes, fazer ressaltar as diferenças que os separam, no que concerne à questão da necessidade e da liberdade.Resumo em Inglês:
Abstract This article begins with an analysis of the Spinozian concepts of God, man, and reason, as well as the necessary character that permeates them. Based on that, we will ask if there exists the possibility of human freedom in the thought of the author of Ethics. If such a freedom does really exist, it would be situated on the rational level, which would raise huge problems. The same question in Freud - that of the possibility of freedom - would be related to the action that, to a certain extent, he attributes to the ego in the context of his new division of the psychical apparatus in Beyond the Pleasure Principle (1920) and The Ego and the Id (1923). But if Spinoza’s emphasis with respect to freedom is placed upon reason, in Freud the emphasis is placed principally on the symbolization and signification that desire can bring about. Our goal is not to show that there is any dependence of Freud on Spinoza. We rather intend to underscore the differences that separate them with reference to the question of necessity and freedom.Resumo em Espanhol:
Resumen Para Freud la relación entre violencia y ley parece indisociable, en tanto la instauración de esta última depende de una violencia inaugural (el asesinato del padre), la que en lugar de quedar limitada a este momento inicial continúa activa a través de los propios mecanismos psíquicos que encarnan la función de la ley, de manera tal que la ley se encuentra coludida permanentemente con la misma violencia que intenta regular. Pensamos que este dilema es equivalente al delimitado por Benjamin en Para una crítica de la violencia, ensayo en el que este propone, por medio de la figura de la violencia divina o pura, una vía para interrumpir el papel fundante y conservador de la ley que le cabría a la violencia mítica. Se propone que la interpretación de Lacan sobre el acto de Antígona como trasgresión de la Átē, resulta afín a la idea de Benjamin sobre la superación del compromiso entre violencia mítica y ley que adjudica al acontecimiento de la violencia pura, replicando una crítica a la violencia, esta vez dentro de los márgenes teóricos del psicoanálisis. En ambos casos resulta posible situar un más allá del compromiso entre violencia y ley, el cual permite pensar una refundación de los límites simbólicos que dan soporte a la vida en comunidad.Resumo em Inglês:
Abstract For Freud, the relationship between violence and law seems inseparable, in that the establishment of the law depends on an inaugural violence (the murder of the father). However, instead of being limited to this initial moment, this inaugural violence continues active through the psychic mechanisms which embody the function of the law, so that the law is constantly in collusion with the same violence that it tries to regulate. We think that this dilemma is equivalent to that defined by Benjamin in his Critique of Violence, an essay in which he proposes, through the figure of divine or pure violence, a way to interrupt the founding and conservative role of law attributed to mythical violence. It is proposed that Lacan’s interpretation of the act of Antigone as a transgression of Átē is akin to Benjamin’s idea of overcoming the compromise between mythic violence and the law that adjudicates the occurrence of pure violence. Lacan thus provides a critique of violence, this time within the theoretical margins of psychoanalysis. In both cases it is possible consider something beyond the compromise between violence and law, allowing one to think of a refoundation of the symbolic limits that support the law and regulate the bonds of community life.Resumo em Português:
Resumo: Neste artigo, recusa-se o frequente pessimismo de Freud, tantas vezes denunciado por seus leitores, em relação à vida dos homens e aos destinos da humanidade, recusa auxiliada pela distinção, em sua obra, entre o domínio da metapsicologia e o da clínica. O primeiro domínio, fortemente associado à sistematização da psicanálise, admite um determinismo naturalista que, em seus termos, não prevê a autodeterminação do homem, da civilização e seus destinos, isto é, não tem a liberdade como uma noção operatória, caso em que as especulações teóricas foram compostas por certo ponto de vista evolucionista, partilhado com a biologia, assim como pelo ponto de vista entrópico, partilhado com a física. Sustenta-se que a metapsicologia foi assim concebida na ordem dos princípios que orientam a evolução de cada homem e da humanidade, segundo uma finalidade que comporta sua própria exaustão, por isso é aqui denominada entrópico-declinista. O segundo domínio, relacionado ao diagnóstico e às técnicas de cura, comporta uma noção de homem e de civilização que, longe de ser resultado de uma providência natural ou sobrenatural, o é de si mesmo, caso em que admite um tipo de autoesclarecimento, de escolhas e mesmo de autorregulação visando, no limite, à autoprodução humana que permite postergar o destino entrópico da humanidade, que neste texto se nomeia de emancipatória. Da distinção metodológica de ambas, espera-se discernir a filosofia da história e da natureza que estaria contida em sua obra.Resumo em Inglês:
Abstract: In this article, we reject the frequent pessimism regarding human life and the destiny of mankind that is found in Freud's work and often pointed out by his readers. This rejection is supported by the distinction in his work between metapsychology and clinical practice. Metapsychology, which is strongly related to the systematization of psychoanalysis, admits a naturalist determinism that on its own terms does not conceive the self-determination of man, civilization, or their destinies; that is, it does not have freedom as an operative notion. Metapsychology is marked by theoretical speculations composed of a certain evolutionary point of view shared with biology, and an entropic point of view taken from physics. We argue that metapsychology was thus conceived on the basis of principles that guide the evolution of man and humanity according to a purpose that entails their own exhaustion, and for that reason we call it entropic-declinist. The second domain, that of clinical practice, is related to diagnosis and healing techniques and sustains a notion of man and civilization that is not the result of natural or supernatural providence. It admits a kind of self-enlightenment, choice, and even self-regulation, aiming at human self-production and thus allowing a postponement of the entropic destiny of humanity; we call this emancipatory. Based on this distinction, we attempt to discern the philosophy of history and of nature contained in Freud's work.Resumo em Português:
Resumo: O artigo investiga os dois diferentes modelos de "observação psicológica" que Arthur Schopenhauer e Paul Rée elaboraram, enquanto parte de suas filosofias morais, pretendendo elucidar as críticas do último à moralidade e à psicologia empírica do primeiro. Para tanto, num primeiro momento, a investigação pauta alguns dos principais conceitos da filosofia moral schopenhaueriana, para, com isso, especificar os principais momentos da elaboração da referida psicologia empírica e o seu alcance no interior dessa filosofia. Destaca-se o caráter descritivo - mas, ainda assim, moral e crítico - atribuído por Schopenhauer a tal psicologia, no sentido de Psychologische Bemerkungen. Num segundo momento, indicam-se elementos conceituais que permitem pensar a recepção e as críticas de Rée a essa mesma noção, a partir da sua obra Psychologische Beobachtungen, que, mesmo declarada pelo autor como sendo de inspiração schopenhaueriana, apresenta suas "observações" com uma conotação diversa, mediante a recusa de elementos fundamentais daquele pensamento, notadamente no que tange ao âmbito da moralidade.Resumo em Inglês:
Abstract: This article investigates the two different models of "psychological observation" that Arthur Schopenhauer and Paul Rée elaborated as part of their moral philosophies. We intend to elucidate former's empirical psychology and the latter's critique of morality. The investigation first addresses the main concepts of the moral philosophy of Schopenhauer, so as to specify the principal aspects of his empirical psychology and its reach within his philosophy. We emphasize the descriptive - but still moral and critical - character attributed by Schopenhauer to this psychology in the sense of Psychologische Bemerkungen. Second, we discuss Rée's critique of this notion in his Psychologische Beobachtungen, a work which, even though declared by the author as being inspired by Schopenhauer, presents its "observations" with a rejection of fundamental elements of Schopenhauer's thought, especially with regard to morality.Resumo em Português:
Resumo: Este artigo pretende investigar a maneira pela qual o filósofo francês Jean-Paul Sartre enquadra, em sua psicologia fenomenológica da imaginação, a problemática acerca do irreal normal e do irreal patológico. Estruturando psicofenomenologicamente a atividade da consciência imaginante, será possível ver que a imagem (consciência imaginante) difere radicalmente da percepção (consciência perceptiva), mas ambas permanecem, contudo, consciência intencional. Nessa toada, cabe a indagação: se toda consciência imaginante é consciência intencional (o que significa, igualmente, que ela é consciência de si mesma), como enquadrar as experiências alucinatórias?Resumo em Inglês:
Abstract: The aim of the present article is to investigate how the French philosopher Jean-Paul Sartre understood, in his phenomenological psychology of the imagination, the problematic of the "normal unreal" and the "pathological unreal". By psycho-phenomenologically structuring the activity of the imaginative consciousness, we can see that the image (imaginative consciousness) differs radically from perception (perceptive consciousness), but both remain intentional consciousness. In this context, it is necessary to ask the following question: if all imaginative consciousness is intentional consciousness (which also means that it is self-consciousness), how can we frame hallucinatory experiences?Resumo em Português:
Resumo: O autor busca uma explicação para a expressão "o corpo conhece", de Merleau-Ponty, à qual atribui um valor real: os objetos do mundo têm uma significação que o corpo apreende por meio da percepção. A análise se concentra na Fenomenologia da percepção e nas notas de dois cursos: O mundo sensível e o mundo da expressão e A natureza. Há uma constante alusão ao eu posso como um modo subjacente e fundamental em relação ao eu penso. Daí, o filósofo francês conferir um papel central ao movimento que demonstra o entrelaçamento do corpo com o mundo.Resumo em Inglês:
Abstract: The author seeks an explanation for Merleau-Ponty's expression "the body understands", to which a real value is applied: the objects of the world have a signification that the body grasps by way of perception. The analysis focuses on Merleau-Ponty's Phenomenology of perception and on notes from two of his courses, Le monde sensible et le monde de l'expression and La nature. In these works, there is a constant allusion to the I can as an underlying and grounding mode with regard to the I think. The French philosopher thus grants a central role to movement that demonstrates the interweaving of the body with the world.Resumo em Espanhol:
Resumen: El artículo pretende realizar una confrontación entre el modelo fenomenológico de Merleau-Ponty y la propuesta deconstructiva de Derrida acerca del tema del lenguaje y de la problemática genética. En Merleau-Ponty, la cuestión genética se vincula a la noción de cuerpo y a la expresividad precategorial de los gestos, en los que el silencio describe una dimensión opaca e inalcanzable temáticamente, pero originaria y decisiva para la mirada fenomenológica. Por otra parte, Derrida es un crítico muy radical de todo uso filosófico de un origen pleno, y por lo tanto también de la proyección de un silencio primitivo pretendida por Merleau-Ponty. Sin embargo, la noción de silencio de Merleau-Ponty no cumple cabalmente la función que Derrida le asigna, siendo siempre para Merleau-Ponty un espacio diacrónico y diferencial. El texto que sigue pretende mostrar los puntos de contactos y de distancias entre Merleau-Ponty y Derrida con respecto al tema del lenguaje en general, haciendo también hincapié sobre la cuestión de la literatura, a la que ambos filósofos se dedican ampliamente y a la que ambos pretenden extender las cuestiones evocadas, con el objeto de demostrar que en este ámbito los motivos de oposición entre los dos planteamientos se hacen efímeros.Resumo em Inglês:
Abstract: This article aims to realize a confrontation between Merleau-Ponty's phenomenological model and Derrida's deconstructive proposal, with regard to the subject of language and the genetic problematic. In Merleau-Ponty, the genetic question is linked to the notion of the body and the pre-categorial expressiveness of gestures, in which silence describes a dimension that is opaque and thematically unattainable, but original and decisive for the phenomenological viewpoint. Derrida, in contrast, is a radical critic of the philosophical use of such origin, and therefore also of the projection to a primitive silence sought by Merleau-Ponty. However, the notion of silence in Merleau-Ponty does not fully meet fully the role assigned to it by Derrida, silence being always for Merleau-Ponty a diachronic and differential space. This article aims to show the points in common and the differences between Merleau-Ponty and Derrida on the issue of language in general. Also discussed is the topic of literature, with which both philosophers are widely engaged and to which both try to extend the issues under consideration in this paper. It is argued that in this area the motives behind the opposition between the two approaches become ephemeral.