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Perfil dos pacientes tratados com malarioterapia em hospital psiquiátrico de Porto Alegre: nota histórica

Introdução:

A malarioterapia foi um tratamento para a cura da neurossífilis desenvolvido em 1917 por Wagner-Jauregg, através da inoculação de sangue contaminado pela malária em pacientes com neurossífilis. O paciente apresentava episódios febris que, muitas vezes, curavam-no da infecção sifilítica. Esse tratamento recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1927 e foi introduzido no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) em 1929.

Métodos:

Este é um estudo transversal retrospectivo descritivo com coleta de dados secundários históricos. Foram coletados dados de uma amostra de 19 prontuários médicos de pacientes tratados com malarioterapia no HPSP, em 1929 e 1930.

Resultados:

A maioria dos pacientes eram homens brancos com idades entre 25 e 40 anos. O tempo médio de internação foi de 1,4 ano e os desfechos nesse início de aplicação da malarioterapia foram majoritariamente negativos (63,2% foram a óbito).

Discussão:

Os 19 casos avaliados neste estudo referem-se ao primeiro ano de aplicação da malarioterapia no HPSP. As estatísticas existentes sobre o total de curados e mortos ao longo dos 10 anos de implantação dessa terapêutica sugerem que os desfechos dos anos seguintes foram melhores, possivelmente pelo aprimoramento da técnica. Como consequência dessa pesquisa inovadora, que tinha como princípio reorganizar o sistema nervoso central por meio da convulsão desencadeada pela febre da malária, outras formas de terapias de choque foram desenvolvidas, tais como a insulinoterapia, o choque por cardiazol e a eletroconvulsoterapia.

Neurossífilis; terapia com febre malárica; Wagner-Jauregg


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