Introdução:
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma patologia neuropsiquiátrica de difícil diagnóstico e de relevante prevalência entre pessoas jovens. É comumente tratada com metilfenidato, uma substância psicoestimulante com mecanismo de ação similar ao da cocaína. Estudos prévios demonstram que o uso contínuo de fármacos estimulantes na infância ou adolescência pode sensibilizar o sujeito para o subsequente abuso de drogas psicoestimulantes, como cocaína e metanfetamina.
Objetivo:
Revisar estudos experimentais em modelos não humanos (roedores e macacos) tratados com metilfenidato na infância ou na adolescência e testados para os efeitos reforçadores de drogas psicoestimulantes na vida adulta.
Método:
A coleta sistemática dos dados foi realizada em quatro bases de dados (Web of Knowledge, PsycARTICLE, PubMed e SciELO). Na busca inicial, 202 artigos publicados entre 2009 e 2014 foram triados. Destes, sete preencheram os critérios de inclusão e foram revisados neste estudo.
Resultados:
Os dados indicam um efeito da pré-exposição ao metilfenidato sobre o TDAH em animais adolescentes da linhagem do rato espontaneamente hipertensivo (spontaneously hypertensive strain, SHR). Esse efeito foi encontrado, sobretudo, nos estudos que utilizaram o paradigma de autoadministração.
Conclusão:
Estudos futuros devem priorizar a linhagem dos SHR - modelo animal do TDAH. Delineamentos que comparem diferentes paradigmas comportamentais e formas de administração utilizando essa linhagem podem prover uma melhor compreensão do efeito da exposição ao metilfenidato na infância e adolescência.
Metilfenidato; transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; modelos animais; drogas analépticas; abuso de drogas