INTRODUÇÃO:
Estudos prospectivos vêm demonstrando que o curso do transtorno bipolar (TB) é marcado por uma persistência de sintomas em grande parte do tempo, sendo estes predominantemente depressivos. Porém, até onde sabemos, não há estudos na América Latina sobre o assunto.
OBJETIVO:
Replicar pesquisas internacionais com uma amostra brasileira, para estudar prospectivamente a evolução no primeiro ano de tratamento e possíveis fatores relacionados a cronicidade.
MÉTODO:
Acompanhamos 102 pacientes com TB mensalmente por 12 meses, avaliando o número de meses em episódios afetivos e a intensidade dos sintomas maníacos e depressivos com a Young Mania Rating Scale (YMRS) e a Hamilton Depression Scale (HAM-D17), respectivamente. A partir de dados sociodemográficos e clínicos retrospectivos, buscamos definir fatores preditivos de evolução.
RESULTADOS:
Quase metade dos pacientes ficou cerca de metade do tempo sintomática, com predominância de episódios depressivos. Fatores preditivos de cronicidade encontrados foram a duração da doença e o número prévio de episódios depressivos. Encontramos, ainda, como fatores que predizem a ocorrência de novos episódios depressivos, a polaridade depressiva do primeiro episódio e um número maior de episódios depressivos.
CONCLUSÕES:
Em geral, a evolução do TB é bastante insatisfatória no primeiro ano de acompanhamento, apesar de tratamento adequado, com a predominância de sintomas depressivos. Episódios depressivos prévios são um fator preditivo de novos episódios depressivos e de uma pior evolução.
Evolução clínica; avaliação de resultados; depressão; transtorno bipolar