Acessibilidade / Reportar erro

O trabalho, sua invisibilidade e seu estudo algumas considerações a partir do trabalho nos serviços dos transportes

Labour: its invisibility and its study. Some comments based on labour in the transport services

Resumos

Com as mudanças que vêm ocorrendo no trabalho, delineia-se uma nova topologia com algumas novas características, que apresentam dificuldades para sua análise. Os gestos do trabalho executados para a realização da tarefa nem sempre são observáveis. Da mesma forma, as condições ruins de trabalho não podem ser facilmente mensuráveis nem mais perceptíveis. A realidade vivida há tempos pelo trabalhador dos serviços é da falta de materialidade do produto de seu trabalho. De improdutivo, impinge-se a condição de um trabalho virtual e, agora, invisível. O presente artigo busca contribuir para o estudo do trabalho dos serviços, como uma tentativa de "olhar" essa invisibilidade, seja do gesto como das condições. A compreensão do trabalho enquanto um fazer possibilita apreender esse gesto operatório e olhar as condições do trabalho face à saúde do operador.

trabalho; visibilidade; serviços; saúde; trabalhador


Because of the changes happening in labour a topology with new characteristics which can't easily be analysed is brought about. The gestures of the workers involved in the fulfillment of a task can't always be observed. In the same way bad working conditions aren't easily measurable or perceptible. The reality lived by the service employees is characterized by the absence of the materiality of labour's product. This article is an effort to contribute to the studies of service-labour by trying to "look at" this invisibility of gesture and of working conditions. By conceiving labour as a "making" it is possible to comprehend this operative gesture and look at the working conditions in connection with the operator's health.

labour; visibility; services; health; worker


Texto completo disponível em PDF.

  • 1
    Ver também a evolução dos serviços a nível mundial em Gibert (1986)GIBERT, E. (1988) Analyse comparée de l'évolution des services dans les grandes nations occidentales. Paris, La Documentation Française.; Preel (1986); Maillat (1986)MAILLAT, D. (1986) Le secteur tertiaire en question. Paris, Genève, Anthropos/Ere.; Gershuney et alii (1983)GERSHUNEY et alli. (1983) The new service economy. The transformation of employment in industrial society. London, Francis Pinter..
  • 2
    Podemos citar alguns tais como F. Daniellou (1988)DANIELLOU, F. (1988) L'activité des opérateurs de conduite dans une salle de processus automatisé. Paris, CNAM. e os estudos dentro do quadro de pesquisa de A.Wisner (CNAM).Ver também de K. Meckassoua (1989)MECKASSOUA, K. (1989) Étude comparé des activités de régulation dans le cadre d'un transfert de technologie. Approche anthropotechnologique. Paris. Tese (doutoramnento). Université de Paris..
  • 3
    Principalmente se forem ressaltadas as características que marcam a irrecuperabilidade, a atemporalidade e a a espacialidade dos serviços de transportes, cf. Itani (1992a)______. (1992a) 'Metroviários' et travail automatisé: rapport au travail dans le métropolitain de São Paulo. Paris. Tese (doutoramento). École des Hautes Etudes en Sciences Sociales..
  • 4
    Cf. estudos de Dejours em especial Travail : usure mental (1980).
  • 5
    Tal como a quebra do tempo entre o cronológico e o biológico. Ver especialmente K. Pomian (1984)POMIAN, K. (1984) L'ordre du temps. Paris, Gallimard..
  • 6
    Cf. depoimento de condutor de metrô obtido em 1989. Ver sobre isso Itani (1992a)ITANI, A. (1989a) Le travail dans le secteur de services. Relatório EHESS, Paris..
  • 7
    Depoimento de condutor de metrô obtido em 1988 (cf. Itani (1992a)ITANI, A. (1989a) Le travail dans le secteur de services. Relatório EHESS, Paris..
  • 8
    Depoimento de condutor de metrô obtido em 1988 (cf. Itani, 1992aITANI, A. (1989a) Le travail dans le secteur de services. Relatório EHESS, Paris.).
  • 9
    Ver a respeito artigo de Wanner (1989)WANNER, J.C. (1989) L'homme dans la sécurité des systèmes pilotes. La recherche, Paris, 212, juillet-Août, p. 36-39..
  • 10
    Tal como ocorre nos acidentes de trabalho, o que é analisado por N. Dodier (1994)DODIER, Nicolas. (1994) Causes et mises en cause. Innovation sociotechnique et jugement morale face aux accidents du travail. Revue Française de Sociologie, Paris, nº 7, Avril-Juin, p 251-281..
  • 11
    Cf. relatórios do serviço de investigação obtidos no INRETS, Paris.
  • 12
    Como é ressaltado por F. Daniellou (1988)DANIELLOU, F. (1988) L'activité des opérateurs de conduite dans une salle de processus automatisé. Paris, CNAM. e por C. Dejours (1980DEJOURS, C. (1980) Travail : usure mental. Paris, Centurion.; 1989)______. (1989) Le travail et santé mental. De l'enquête à l'action. Prevenir, Paris, nº 19, 2º semestre, p. 3-19..
  • 13
    Como isso é salientado por C. Dejours (1989)______. (1989) Le travail et santé mental. De l'enquête à l'action. Prevenir, Paris, nº 19, 2º semestre, p. 3-19..
  • 14
    Tais como o de James Reason (1988)REASON, J. (1988) Human error. Cambridge, Cambridge University Press..
  • 15
    Ver sobre isso além de J. Reason (1988)REASON, J. (1988) Human error. Cambridge, Cambridge University Press., V. De Kayser (1989)DE KAYSER, V. (1989) L'erreur humain. La Recherche, Paris, n º 216, p.1444-1455. e Jacques Leplat (1985)LEPLAT, Jacques. (1985) L'erreur humain. Paris, A. Colin..
  • 16
    Tais como as situações de stress ou as consideradas dentro dos "limites de suportabilidade" pelo operador, como vimos em estudo anterior (cf. Itani, 1992aITANI, A. (1989a) Le travail dans le secteur de services. Relatório EHESS, Paris.).
  • 17
    Tal como Castoriadis já analisava nos anos 40 (1974).
  • 18
    No sentido de criação enquanto obra resultante de um imaginário social produtivo dentro do entendimento de Castoriadis (cf. 1986, p. 232-233)______. (1986) Domaines de l'homme. Paris, Seuil..
  • 19
    Como isso é analisado por Castoriadis (cf. 1974, p. 43)CASTORIADIS, C. (1974) L'expérience du mouvement ouvrier, 2. Col. 10/18. Paris, Gallimard..
  • 20
    No sentido como é analisado por Boltanski (cf. 1982, p. 51-52)BOLTANSKI, L. (1982) Les cadres. Paris, Minuit..

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • AULAGNIER, P.(1979) Les destins du plaisir. Paris, PUF.
  • BLANC, M. & CHARRON, E. & FREYSSENET, M. (1989) Le 'développement' des systèmes-experts en entreprise. Paris, CNRS/GIT Mutations industrielles.
  • BOLTANSKI, L. (1982) Les cadres. Paris, Minuit.
  • BOUDON, R. (1983) Effets pervers et ordre social. Paris, PUF.
  • CASTORIADIS, C. (1974) L'expérience du mouvement ouvrier, 2. Col. 10/18. Paris, Gallimard.
  • ______. (1975) L'institution imaginaire de la société Paris, Seuil.
  • ______. (1978) Les carrefours du labyrinthe. Paris, Seuil.
  • ______. (1979) Capitalisme moderne et révolution, 2. Col. 10/18. Reedição. Paris, Gallimard.
  • ______. (1986) Domaines de l'homme. Paris, Seuil.
  • ______. (1990) Le monde morcelé. Paris, Seuil.
  • DANIELLOU, F. (1988) L'activité des opérateurs de conduite dans une salle de processus automatisé. Paris, CNAM.
  • DEJOURS, C. (1980) Travail : usure mental. Paris, Centurion.
  • ______. (1989) Le travail et santé mental. De l'enquête à l'action. Prevenir, Paris, nº 19, 2º semestre, p. 3-19.
  • DE KAYSER, V. (1989) L'erreur humain. La Recherche, Paris, n º 216, p.1444-1455.
  • DIESAT. (1986) Condições de trabalho dos operadores de movimento do metrô de S.Paulo, S.Paulo. Relatório de pesquisa (mimeo).
  • DODIER, Nicolas. (1994) Causes et mises en cause. Innovation sociotechnique et jugement morale face aux accidents du travail. Revue Française de Sociologie, Paris, nº 7, Avril-Juin, p 251-281.
  • DUBOIS, P. et alii. (1985) Le travail et sa sociologie. Paris, L'Harmattan.
  • DUCLOS, D., L'homme face au risque technique, Paris, L'Harmattan, 1991.
  • FAVERGE, J. M. (1980) L'homme agent de infiabilité et de fiabilité du processus industriel. Ergonomics, Paris, 13. p. 301-327.
  • GERSHUNEY et alli. (1983) The new service economy. The transformation of employment in industrial society. London, Francis Pinter.
  • GIBERT, E. (1988) Analyse comparée de l'évolution des services dans les grandes nations occidentales. Paris, La Documentation Française.
  • ITANI, A. (1989a) Le travail dans le secteur de services. Relatório EHESS, Paris.
  • ______. (1989b) Technologie et transferts dans les services de transports. Communication présentée au débat sur Transfert de technologie en l'Amérique Latine et les enjeux Paris (mimeo).
  • ______. (1992a) 'Metroviários' et travail automatisé: rapport au travail dans le métropolitain de São Paulo. Paris. Tese (doutoramento). École des Hautes Etudes en Sciences Sociales.
  • ______. (1992b) Tecnologia metroviária e a relação entre trabalho e qualificação. Revista Nacional dos Transportes Públicos, São Paulo. Ano 14, nº 55, 2º trimestre. p. 95-111.
  • ______. (1994a) Segurança e risco nos sistemas automatizados. São Paulo, paper elaborado para a ANPET.
  • ______. (1994b) Trabalho feminino e tecnologia : a imagem da alteridade. Tempo Social (Revista de Sociologia da USP). São Paulo, vol. 4 nos 1-2, Departamento de Sociologia, FFLCH-USP, setembro.
  • LEPLAT, Jacques. (1985) L'erreur humain. Paris, A. Colin.
  • MAILLAT, D. (1986) Le secteur tertiaire en question. Paris, Genève, Anthropos/Ere.
  • MARX, K. (1975) Capítulo Inédito D'o Capital. Porto, Escorpião.
  • MCDOUGALL, Joyce. (1989) Théâtres du corps. Paris, Gallimard.
  • MECKASSOUA, K. (1989) Étude comparé des activités de régulation dans le cadre d'un transfert de technologie. Approche anthropotechnologique. Paris. Tese (doutoramnento). Université de Paris.
  • MOSCOVICI, S. (1961) La psychanalyse, son image et son public. Paris, PUF.
  • POMIAN, K. (1984) L'ordre du temps. Paris, Gallimard.
  • PRELL, B. (1984) Essai sur l'avenir des services. Paris, Fast.
  • REASON, J. (1988) Human error. Cambridge, Cambridge University Press.
  • RIBEILL, G. (1978) Histoire des cheminots. Paris, PUF.
  • TRINQUET, P. (1993) Les risques au travail. Prevenir, Paris, nº24.
  • WANNER, J.C. (1989) L'homme dans la sécurité des systèmes pilotes. La recherche, Paris, 212, juillet-Août, p. 36-39.
  • WEBER, M. (1979) Sobre a teoria das ciências sociais. Lisboa, Presença.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Jun 1996

Histórico

  • Recebido
    Fev 1995
Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, 05508-010, São Paulo - SP, Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: temposoc@edu.usp.br