Resumo
Apresenta-se uma investigação sobre percepção, técnica, e cognição distribuída envolvendo coletivos de pescadores e peixes durante temporadas de pesca da tainha, no litoral de Santa Catarina, sul do Brasil. Discute-se o engajamento das técnicas de pesquisa, envolvendo a produção de imagens e sons, com as técnicas corporais e cadeias operatórias das práticas de vigia de cardumes, navegação de canoas não motorizadas e arrasto de rede no cerco dos peixes, para revelação dos conhecimentos implicados nesta modalidade de pesca. Aborda-se as trocas, entre os pescadores, de imagens feitas com smartphones da presença dos cardumes no mar, revelando um sistema de cognição distribuída envolvendo comunicação por rádio e outras formas tradicionais de obter e confirmar “notícias de peixe”, um monitoramento coletivo dos modos dos cardumes “se mostrarem” na paisagem costeira. Propõe-se entender o uso de “novas tecnologias” sem dissociá-las da tecnicidade de práticas coletivas e sistemas de conhecimento da pesca artesanal.
Palavras-chave:
percepção do ambiente; cognição distribuída; técnica; pesca artesanal