Resumo
Este texto, um exercício de articulação entre antropologia e psicanálise para pensar o cuidado a pessoas idosas, baseia-se em um estudo de caso etnográfico numa instituição asilar no Município de São Paulo. Busca-se compreender as representações de velhice, envelhecimento, cuidado e o que move a assistência à velhice. Amor, carinho e atenção, entendidos pelos profissionais e funcionários como requisitos para o bom exercício da tarefa, são concebidos como doação (dom) e independem do saber técnico. Recorrentes referências aos modelos de gestão do trabalho com a velhice baseados tanto na noção de caridade (dom) quanto na biomedicina (técnica) têm implicações para o cuidado; por motivos diferentes, ambos convergem para uma prática em que o velho aparece submetido às intenções de um outro. A ideia do dom como uma suposta ação desinteressada evidencia o cuidado como uma relação de poder.
Palavras-chave:
Cuidado; Velhice; Institucionalização; Biomedicina e Dom; Etnografia; Psicanálise