Este artigo é resultado de uma investigação acerca dos significados do dinheiro do Programa Bolsa Família (PBF). A etnografia que está na origem deste texto foi realizada entre 2010 e 2012 nas cidades de Alvorada e Porto Alegre. O objetivo mais amplo da investigação foi mostrar como o dinheiro do PBF, em que pese seja recebido em espécie, não é um dinheiro simples mediador abstrato. Pelo contrário, o acesso a este dinheiro ou, preferindo-se, ao PBF, vem acompanhado de uma série de valores morais que extrapolam, consideravelmente, as condicionalidades legais que caracterizam o programa. A partir de casos etnográficos, destacamos os aspectos centrais atinentes a esta moralidade: a negociação em torno da noção de vulnerabilidade, um conceito central para as assistentes sociais responsáveis pela inclusão de beneficiários no PBF, e os diferentes significados do dinheiro do Bolsa segundo o ponto de vista dos beneficiários. Com a finalidade de apresentar as informações de forma sintética agrupamos a diversidade dos significados em alguns eixos principais: dinheiro das e para as mulheres; dinheiro das e para as crianças; dinheiro interdito e vergonhoso aos homens.
Bolsa Família; dinheiro; moralidade; antropologia; políticas públicas