Partindo de uma analise da narrativa que faz do Negro o arquétipo do beneficiário da ajuda europeia para o desenvolvimento, este artigo examina a produção de uma diferença ontológica, racial e cultural, entre doadores e beneficiários da ajuda. Mostra-se a articulação entre dois processos sócio-históricos: as reconfigurações da burocracia europeia encarregada da gestão das relações com os países «não-desenvolvidos» e as trajetórias sociais e profissionais de alguns dos primeiros funcionários responsáveis por informar sobre essas politicas no quadro do processo de unificação europeia. O texto examina a definição das populações e territórios beneficiários da ajuda para o desenvolvimento em quatro partes: a racialização da pobreza e as politicas da piedade, a Europa comunitária e o desenvolvimento da África, a burocracia e a organização do mundo, e as paixões e vocações dos profissionais do desenvolvimento.
Desenvolvimento; Politica; Pós-colonialismo; Raça; União Europeia; África