Resumo
Fazemos neste artigo uma revisão teórica da conjunção entre a experiência vivida do pertencimento familiar e a do englobamento religioso nas sociedades modernas, com base em dados resultantes de um estudo comparativo sobre pessoa, família e religião no Brasil urbano, concentrado em uma rede dos estratos sociais superiores e em um contexto médico de cuidados paliativos. Em ambos os contextos os sujeitos se movem no que se pode chamar de um “éter transpessoal”, um complexo entranhamento da pessoa na experiência religiosa e no parentesco que ultrapassa os limites das unidades racionais e autônomas privilegiadas pelo conhecimento científico hegemônico e pela ideologia individualista. Nosso interesse é o de contribuir para a compreensão dos processos e características do “eu extenso” nas condições modernas em geral e de explorar as circunstâncias em que essas condições tendem a se tornar mais explícitas, como limites e contrapartidas fenomenológicas à individualização e ao desencantamento que caracterizam a modernidade ocidental.
Palavras chave:
família; pessoa; religião; relacionalidade; cuidados paliativos