Resumo
Nesse artigo, descrevo as relações sociais que os indígenas Matis mantém com os animais - aos quais chamarei doravante de "animalumanos", animais que são humanos. Procuro mostrar como tais rituais são um importante "investimento cosmo-socio-lógico" para os Matis e parte constitutiva da economia de sua cultura. Comento também sobre a nomenclatura derivada da ciência morfológica matis acerca dos seres vivos, com ênfase nas plantas nomeadas como pedaços e órgãos de animais. Mostro como a estética predominante nessa festa é minimalista e mimeticamente sutil, especialmente quando diz respeito às roupas, às máscaras e aos padrões de animais produzidos e reproduzidos pelos Matis quando "en-acting" animalumanos e ao tecer suas roupas (braceletes e tornozeleiras). Reflito sobre o tipo de mimesis produzida é uma forma valiosa para tentar estable-tecer relações sociais com estrangeiros (sejam eles animais, seres desencorporados ou outros estrangeiros).
Palvras-chave:
Matis; Javari; relações humano-animal; performance; ritual; onça