Resumo
O artigo examina as estratégias de sobrevivência e reações políticas de grupos indígenas em áreas de fronteiras agrícolas, que são fortemente influenciadas por símbolos culturais, vínculos familiares e respostas vinculadas ao apego pela terra. Discute-se a especificidade da trajetória sócio-espacial dos povos indígenas e, além disso, propõe-se uma tipologia do espaço indígena. A análise é dedicada especialmente ao exemplo emblemático da fronteira vivida pelos Guarani-Kaiowá da América do Sul. A sabedoria e a resistência dos grupos Guarani-Kaiowá derivam da simultânea etnização do espaço e da espacialização da cultura. Essa experiência demostra uma agência geográfica moldada por práticas religiosas, fortes laços familiares e a capacidade de negociar internamente o retorno às suas áreas originais (retomadas). Há muitas lições a serem aprendidas, em particular a capacidade de absorver a brutalidade crescente e dissimulada que caracteriza o avanço da fronteira e, ao mesmo tempo, de expressar demandas políticas, formar alianças estratégicas sólidas e coordenar iniciativas de recuperação das áreas perdidas para o desenvolvimento.
Palavras-chave:
Guarani; Kaiowá; grilagem; retomada; cultura; religião