Resumo
Mediadores entre diferentes esferas, as entidades conhecidas como povo da rua podem ser tomadas como a própria materialização do princípio de indeterminação, sendo consideradas perigosas e poderosas. Tal indeterminação age sobre os processos de objetificação e subjetivação que acontecem no ritual. Me volto aqui para as sessões de consulta, tomando o encontro entre entidades e seus clientes como um momento de instabilidade, onde a vulnerabilidade da linguagem - o perigo das palavras - está no cerne da própria eficácia ritual. Se todo encontro envolve um risco de des-entendimento, tal risco é certamente intensificado nas sessões de consulta com o povo da rua, onde a instabilidade é uma qualidade implícita do tipo de conhecimento que ali se busca, o qual envolve questões de amores, desafetos, traições e da violência vivida, todos domínios inerentemente instáveis.
Palavras chave:
linguagem; performance; ritual; religiões de matriz africana; povo da rua