Este artigo descreve algumas reflexões, histórias e práticas analíticas de assessores e conselheiros do órgão antitruste brasileiro (CADE) a respeito dos mercados, setores, indústrias - ou seja, do mundo econômico - que eles buscam compreender e administrar. A atividade desses profissionais exige, principalmente, uma avaliação de determinadas características de mercados para que se possa estabelecer uma estratégia de investigação de alegações de práticas anti-competitivas de mercado e para que se possa julgar os casos sob responsabilidade deste tribunal antitruste. A partir de entrevistas com esses profissionais e de observação participante do trabalho analítico por eles executado, procura-se ressaltar modos de conhecer e conceber os mercados que são paralelos àqueles utilizados oficialmente e mais explicitamente pelos burocratas da autoridade antitruste. A descrição desses modos laterais de conhecer, que aqui aparecem como um conjunto de experiências vividas - pessoais e familiares -, é posta em relação com as práticas etnográficas de produção de conhecimento, tendo em vista refletir sobre a importância da experiência vivida na literatura de antropologia e sociologia dos mercados.
mercado; experiência vivida; para-etnografia; conhecimento; antitruste; CADE