No famoso capítulo de abertura de Mimesis (1946), Erich Auerbach dá uma indicação sutil do alcance de seu estudo ao introduzir a comparação entre o Gênesis e a Odisseia com a observação de que cada um dos textos pertence a um “mundo de formas” (Formenwelt) próprio. Com isso, fica sugerido, se atentarmos para o subtítulo da obra (“A realidade apresentada/exposta [Dargestellte] na literatura ocidental”) que, ao longo do livro, o que acompanhamos é a criação de diferentes mundos e “realidades” por meio do manejo criativo da palavra, sedimentado historicamente em repertórios formais e estilísticos (Auerbach, 2020, p. 6). A julgar pelo conjunto de textos escolhido pelo autor para ilustrar as transformações nas formas de expressão e conhecimento na linguagem ao longo da história ocidental — que inclui Petrônio, mas também Tácito, Dante, Francisco de Assis, Rabelais e Montaigne — o foco dessa agenda de pesquisas não se pauta por um exclusivismo, nem mesmo pelo privilégio de gêneros “ficcionais” ou “poéticos”. Em seu último livro, o filólogo afirma que seu propósito é “sempre o de escrever história” (Auerbach, 1958, p. 20), parecendo se basear no pressuposto de que não é só na poesia, mas em todo uso criativo da linguagem, no mundo concreto, que a humanidade cria, adensa e expande seus horizontes cognitivos.
Quase três décadas depois do aparecimento de Mimesis, em pesquisa fortemente influenciada pelo pensamento auerbachiano, Hayden White apresentava sua arrojada teoria da história enquanto ficção (Metahistória, 1973) em paralelo com a tese de que foi a inaudita intensidade inventiva (no sentido poético-ficcional) da historiografia e das filosofias da história desenvolvidas no segundo e terceiro quartéis do século XIX que consolidou uma “imaginação histórica” caracteristicamente moderna — com o auxílio das técnicas e formas de representação do real da ficção realista, como lembrou Roland Barthes (2012). É verdade que o romance, por outro lado, participa de um amplo movimento de transformação no modo de se experimentar e pensar o real na modernidade ocidental, o que exige a elaboração de novas técnicas e formas de apreender e representar a realidade. Essa mudança, processada gradualmente, ocorre diante da percepção de um esgotamento das práticas e codificações retóricas e poéticas (Wellbery, 1998) amplamente veiculadas por aquilo que Hansen (2013) chamou de “instituição retórica” — ou melhor, frente ao sentimento de que as formas consolidadas pelas preceptivas e usos retóricos tinham perdido a capacidade de simbolizar experiências vividas como novas. Citamos apenas um conjunto limitado de textos exemplares para ilustrar a densidade reflexiva das idas e vindas históricas daquilo que Dominick LaCapra denominou sugestivamente a “mútua interrogação entre a história e a literatura” (LaCapra, 2013, p. 12).
Se o entendimento da solidariedade entre a história e a ficção literária na tessitura do real como pensável e dizível já não causa o desconforto de outrora na teoria da história — mesmo que se possa falar, ainda hoje, na necessidade de proteger a pesquisa histórica do “banho ácido da virada linguística” (Jablonka, 2021, p. 282) —, parece persistir, no âmbito dos estudos literários, certo incômodo com a história. Não é de hoje que a ficção ou, de modo mais abrangente, a literatura, se socorrem preferencialmente da história como um outro que as define pela negação. Segundo esse tipo de perspectiva, que pode ser remontado à Antiguidade Clássica, o enquadramento histórico do mundo aparece como um olhar de Medusa que neutralizaria todo o potencial criador da linguagem — lembre-se, para ficar apenas num exemplo, a passagem do “Ensaio sobre aquilo em que mais penso” na qual Anne Carson declara que “a meta principal da filologia é reduzir todo prazer textual [textual delight] a um acidente da história” (Carson, 2000, p. 34). De uma maneira ou de outra, o que parece estar em jogo é uma relação sempre movediça entre o real e as tentativas de apreendê-lo, ou de subvertê-lo textualmente, sobretudo quando se fala daquela forma particular de eventos, cujos símbolos primordiais são a violência e a desumanização, o discurso histórico tem sido avaliado por certos autores, a exemplo do próprio White (2014), nos termos de uma notória insuficiência. Mas aquilo que o crítico americano considerou ser uma série de experimentos inventivos de acercamento de um “passado que não passa” nas obras de escritores como J.M. Coetzee e W. G. Sebald — torcendo e ressignificando a expressão de Ernst Nolte (1986) — pode ser visto (e mesmo lamentado) como baixa intensidade ficcional ou imaginativa. Para além das controvérsias, é certo que os eventos limítrofes da contemporaneidade, ao testarem as categorias racionais de legibilidade do mundo, têm forçado a pensar as relações entre história e literatura menos nos termos de fronteiras e delimitações do que em seus emaranhamentos, o que vem resultando em obras instigantes, como as de Saidyia Hartman e Toni Morrison, que embaçam a linearidade do tempo, o alcance de nossos conceitos e desafiam o “saber tácito” com que opomos convencionalmente a realidade à ficção (Iser, 2013, p. 31). Ao propor, no lugar desse dualismo, o esquema ternário real-fictício-imaginário, no qual a ficção realiza a intermediação entre os dois outros termos, Wolfgang Iser ofereceu uma alternativa instigante tanto a perspectivas sociológicas e historicistas que supunham ser o texto literário mero reflexo ou expressão de seus contextos, de um lado, quanto, de outro, a posições pós-estruturalistas que terminam por reiterar, com a ideia de uma “literariedade” que distingue a literatura da não-literatura, a ideia da autonomia da arte em relação ao seu mundo circundante.
Intitulamos este dossiê “Formas textuais, imaginação e historicidade” com o intuito de acolher investigações que não se pautassem necessariamente pelas ênfases e exclusões decorrentes das polaridades “história/ficção” ou “história/literatura”. As contribuições que recebemos confirmam, a nosso ver, a produtividade do enquadramento pelo qual optamos. Elas podem ser lidas como avanços significativos na compreensão de diversos artefatos textuais a partir dessas polaridades, mas acreditamos que elas são mais plenamente contempladas por um alargamento analítico no qual as interrogações disparadoras das pesquisas já não se deixam esgotar por tais alternativas tradicionais. Isso nos parece refletir, de um lado, as transformações nas práticas de escrita (sobretudo as ostensivamente “literárias”, mas não exclusivamente) decorridas desde a segunda metade do século passado, mas também um significativo amadurecimento conceitual dos esforços críticos para apreender em sua pluralidade e multivocidade diferentes manifestações textuais, que podem ser variadamente inscritas na história, na literatura, no ensaio, na filosofia ou nas ciências sociais, eventualmente transitando entre essas diferentes categorias.
O dossiê conta com textos que avaliam os limites tensos entre ficção e história na obra de autores que se dedicaram a refletir sobre passados atravessados pela violência e pela desumanização institucionais. É o caso de “Desromantizando a História da Escravidão nos Estados Unidos: O modo trágico em Scenes of Subjection de Saidiya Hartman”, de Allan Kardec Pereira, e de “Como libélulas sobre baionetas: A luta contra o ‘não-tempo’ e a ‘não-vida’ em Assis Brasil”, de Cláudia Cristina Fontineles. Em comum, esses artigos discutem uma forma particular de temporalidade própria a eventos, como a escravidão ou a ditadura civil-militar, caracterizada por certa sempiternidade, i.e., por um passado sempre presente como “vida póstuma”, nos termos de Hartman, ou como um “não-tempo” imerso em uma “não-vida”, diria Assis Brasil. Pereira destaca a crítica direcionada por Saidiya Hartman às narrativas românticas da resistência negra, propondo, em seu lugar, um enredamento trágico das histórias da escravidão, cujos efeitos são significativos ainda no presente, moldando vidas negras e revelando os limites de um pretenso progresso democrático. Por sua vez, Fontineles parte da circunstância da perda e da gradual recuperação de fragmentos da memória da personagem Jeremias de Os que bebem como os cães, de Assis Brasil, para pensar a peculiaridade de um tempo marcado pela violência da tortura, pelo apagamento de memórias e pela luta por consciência histórica. Por meio da figura do “não-tempo” e da “não-vida”, o autor constrói uma metáfora para a opressão política e a anulação da dignidade humana.
O dossiê conta também com trabalhos que buscam realizar uma interface entre o estudo da literatura e a história intelectual no Brasil, nos quais são apresentadas análises críticas de narrativas distintas, produzidas em momentos diferentes, acerca do passado brasileiro, incluindo desde a experimentação modernista do início do século XX, até expressões célebres do pensamento social brasileiro e, ainda, discursos históricos criados por estudantes. Em “Evento, historicidade e mito em Macunaíma (1928) de Mário de Andrade”, Hugo Merlo insere o método mítico e a composição experimentados no texto ficcional mais famoso de Mário de Andrade em um embate amplo travado pela crítica modernista e vanguardista ao realismo mimético e às elaborações derivadas dele — em especial contra um determinado tipo de pensamento histórico brasileiro caracterizado por sua abordagem tradicional e realista do passado. Ao posicionar Macunaíma nesse confronto como um desafio à concepção moderna de tempo histórico, o artigo permite que os procedimentos de composição elaborados no texto ficcional apareçam não apenas como uma resposta a um contexto intelectual específico e delimitado, mas como um meio alternativo de figurar, com recurso a um uso particular do mito (que envolve a desfiguração de sua função tradicional), as relações dos indivíduos com a temporalidade. No artigo “Oliveira Martins: a protonação como pedra angular da imaginação formativa do Brasil”, Alfredo Cesar Barbosa de Melo trilha o caminho dos estudos que têm procurado compreender criticamente a “formação” como modelo narrativo e epistemológico a partir do qual se busca articular a história brasileira. No artigo, fica demonstrada a reiteração de temas e argumentos do historiador Joaquim Pedro de Oliveira Martins na elaboração das obras clássicas Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Paulística e Retrato do Brasil, de Paulo Prado, particularmente o recurso narrativo a uma “protonação” definida por uma conformação racial determinada, que constituiria a “pedra angular” do Brasil-nação independente, e que se revela decisiva para a concreção desses textos centrais para a fortuna da “formação” na historiografia e no pensamento social do Brasil. O artigo de André Jobim Martins, “Liberdade, ordem, revolução: metamorfoses no léxico político brasileiro (1928-1936)”, analisa produções textuais como artigos de revista e jornal e ensaios políticos dos anos anteriores ao Estado Novo a partir da identificação do complexo temático e argumentativo à roda dos três conceitos elencados no título. Com isso, o autor procura ao mesmo tempo reavaliar obras consagradas (como Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda) à luz de seus contextos de enunciação e enquadrá-las, ao lado de textos mais breves e menos conhecidos e de eventos políticos a eles conectados, como a política de educação e cultura dos anos 1930, numa história intelectual transdisciplinar. Em “A centralidade do Brasil no discurso luso-tropical de Gilberto Freyre na revista O Cruzeiro (1952-1961)”, Alberto Luiz Schneider examina a centralidade do Brasil no discurso luso-tropical de Gilberto Freyre, especialmente em suas colunas publicadas na revista O Cruzeiro entre 1952 e 1961. Na contramão da percepção consolidada de que o luso-tropicalismo freyreano seria mera propaganda do colonialismo salazarista, Schneider mostra como a construção de um pensamento luso-tropical nesses textos abriria espaço para uma interpretação histórica e cultural, além de aspectos geopolíticos que poderiam ser definidos como Brasil-cêntricos. Já o artigo de Lisiane Sias Manke e Aaron Sena Cerqueira Reis, “Formas textuais da narrativa histórica escrita por estudantes para o jornal Correio do Colegial (1938 – 1959)”, investiga o jornal estudantil Correio do Colegial, publicado entre 1938 e 1959 no Colégio Jackson de Figueiredo, em Aracaju, com ênfase nas narrativas históricas criadas por estudantes. Essas narrativas, de cunho nacionalista, enfatizavam eventos políticos de grande monta, além de figuras heroicas, promovendo “valores cívicos e patrióticos” que caracterizavam certos discursos sobre a formação do Brasil no século XX. Ainda que produzidos no ambiente escolar, afirmam os autores, os textos dos estudantes publicados no jornal combinariam “lógica” e “estética”, o que permitiria compreendê-los como uma “historiografia poética”.
Também integram este dossiê artigos que exploram a questão do feminino a partir de dois enquadramentos distintos: nos termos de uma escrita de si segundo dispositivos narrativos da literatura contemporânea e como análise de um papel de gênero atribuído a mulheres em autores da literatura do século XVIII. O artigo “Inleiarsi: História, ficção e formação na escrita de Annie Ernaux e Elena Ferrante”, de Luiza Larangeira da Silva Mello, explora as interseções entre história e ficção nas obras de Annie Ernaux e Elena Ferrante, destacando como ambas reconfiguram topoi clássicos do Bildungsroman e da autobiografia, ao mesmo tempo em que os mantêm porosos às questões literárias contemporâneas do final do século XX e início do XXI. Inleiarsi — palavra cunhada por Ferrante — significa a dissolução do “eu” em “ela”, um afastamento que a linguagem opera a fim de revelar a impossibilidade de uma consciência unificada e de um eu completamente em paz no mundo, ao contrário da integração plena do sujeito preconizada pela tradição clássica do romance de formação. Em outra direção, o artigo de Clarissa Mattos Farias e João Azevedo e Dias Duarte, “Ficções do feminino no romance do século XVIII: Roxana (1724), de Daniel Defoe, e A nova Heloísa (1761), de Jean-Jacques Rousseau”, examina comparativamente as duas narrativas ficcionais em prosa a partir do modo como elas participam dos embates ideológicos do século XVIII em torno do papel de gênero atribuído a mulheres e de temas caros para o período, como a castidade, o adultério e o casamento. Em vez de enfatizar apenas o aspecto simbólico do realismo romanesco, isto é, seu poder de estabilizar os sentidos das contradições emergentes no contexto das obras estudadas — em particular, as transformações na experiência feminina —, os autores destacam o potencial intrínseco que a forma do romance tem de extrapolar as intenções dos autores. As conformações das narrativas e os usos do ficcional, como mostram Farias e Duarte, dão margem a brechas interpretativas e alternativas aos projetos autorais declarados em paratextos e outros textos de natureza não ficcional.
Ainda na chave temática da imaginação histórico-social moderna, o dossiê conta com artigos que abordam as respostas formais, epistemológicas e políticas elaboradas por dois escritores franceses no contexto pós-revolucionário. O artigo de Maria Juliana Gambogi Teixeira, “Do método e do espírito da revolução historiográfica micheletiana”, parte do exame de um paratexto analítico, posicionado no meio da obra majoritariamente narrativa de Jules Michelet, a História da Revolução Francesa, e imbrica os posicionamentos epistemológicos, estilísticos, políticos — e, em última instância, historiográficos — do historiador oitocentista francês no debate intelectual da época em torno do grande evento que mobiliza os homens de letras no início do século XIX, a Revolução Francesa. A consideração de uma aliança entre o método e o espírito na obra micheletiana, hipótese da autora que extrapola o paratexto em destaque e que parte da inter-relação fundamental entre todas as esferas anunciadas acima, explicita os termos de um debate no qual a intelectualidade da época, por intermédio de sua produção de conhecimento histórico e pelo manejo da linguagem em seus escritos, com menor ou maior consciência de seu poder, intervém no debate público. O artigo “Preparações para o futuro: a extravagante teoria de Charles Fourier”, de Henrique Estrada Rodrigues, parte do problema da exuberância expressiva dos textos de Charles Fourier, que parecem nunca ultrapassar as considerações introdutórias para cumprir a promessa anunciada de uma interpretação sistemática da sociedade e de proposições para sua reforma em termos inéditos. O autor busca estabelecer uma interpretação do conceito moderno de utopia como mais do que a temporalização de diretivas para a perfectibilidade da condição humana, à maneira da consagrada interpretação de Reinhart Koselleck (2014) sobre a “temporalização da utopia” nos esquemas histórico-filosóficos da modernidade. A utopia de Fourier não seria tanto um planejamento para o futuro, mas um convite à descoberta e à invenção de novos desejos.
Publicamos ainda reflexões sobre dois autores centrais para a teoria literária e da teoria da história, Erich Auerbach e Dominick LaCapra, tendo também a satisfação e o privilégio de oferecer aos leitores de Varia Historia materiais inéditos de ambos os autores. No artigo “Poesia e guerra: Uma conferência de Erich Auerbach e seus estratos históricos”, Leopoldo Waizbort analisa uma conferência proferida por Erich Auerbach na Universidade de Istambul, em torno de 1941, situando-a nos quadros mais amplos da produção crítica do filólogo e em seus distintos “estratos históricos”. O constante ajuste de foco, da circunstância particular de Auerbach e sua família no exílio ao quadro mais abrangente de sua obra, é uma característica marcante do artigo de Waizbort, que situa no tema da humaine condition uma espécie de grau adequado para divisar as possíveis relações entre o texto-conferência e a obra auerbachiana. Povo e nação foram os motivos pelos quais Auerbach avaliou o surgimento de uma poesia de guerra, cujo corte na modernidade se daria com Rousseau e com a Revolução Francesa. A grande mudança, afirma, seria a passagem de uma literatura heroica centrada nas grandes personalidades para o retrato da vida comum de um soldado qualquer nas trincheiras. E como bem nota o artigo, a tragicidade do cotidiano seria um tema relevante em diversos escritos do filólogo. Os leitores terão acesso à conferência na íntegra. O texto, datilografado e sem título, encontra-se abrigado no Deutsches Literaturarchiv-Marbach, tendo sido consultado em momentos diferentes por Patrícia Reis e Leopoldo Waizbort, sendo deste último a transcrição que ora se apresenta. Além do texto original, em francês, constam duas traduções: a primeira, inédita, é uma versão em língua portuguesa realizada por Gabriel Vertulli e Patrícia Reis; a segunda, assinada por Cecilia Sá Cavalcante Schuback, com revisão técnica de John D. Raimo, verte o original diretamente para o inglês. O documento acompanha, ainda, uma alentada apresentação, na qual Reis destaca as condições adversas de sua produção, demonstrando o modo como a reflexão auerbachiana era permeada pelos acontecimentos políticos de seu tempo. O dossiê conta também com uma entrevista concedida aos organizadores pelo historiador e comparatista Dominick LaCapra, intitulada “História, textualidade e responsabilidade: um diálogo biográfico”, precedida de uma breve apresentação. O texto é publicado em inglês, idioma no qual foram formuladas as perguntas e respostas, e em tradução nossa para o português. O texto apresenta ao público os principais temas e argumentos da obra de LaCapra, um dos mais influentes e prolíficos teóricos contemporâneos da história. As investigações de LaCapra têm construído um fecundo espaço de reflexão que combina estilos de pensamento e escrita da teoria crítica, do pensamento pós-estruturalista e da psicanálise, em diálogo com tradições teóricas da investigação histórica e dos estudos literários. O vigor e a atualidade do pensamento de LaCapra se dão a ver no crescente interesse que tem despertado no Brasil, como mostram a recente tradução de seu último livro, Compreender outros, pela editora Autêntica (2023) e a resenha que dele escreveu Clarissa Paranhos, intitulada “Variações sobre o risco”, que também sai neste dossiê.
Os leitores de Varia Historia encontrarão neste dossiê uma amostra das produções de um campo reflexivo do qual esperamos um continuado florescimento. Boa leitura.
REFERÊNCIAS
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- WHITE, Hayden. Metahisto´ria: A imaginação histórica do século XIX. Sa~o Paulo: EdUSP, 1995.
- WHITE, Hayden. The practical past Evanston, Illinois: Northwestern University Press, 2014.
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Editor responsável:
Ely Bergo de Carvalho
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
07 Jul 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
23 Nov 2024 -
Revisado
12 Mar 2025 -
Aceito
24 Nov 2024
