Psicologia: Ciência e Profissãohttps://www.scielo.br/journal/pcp/feed/2023-02-07T21:43:24.607000ZUnknown authorVol. 43 - 2023WerkzeugA Subtração da Vida como Política de Morte: Vozes de Mães de Jovens Negros Assassinados10.1590/1982-37030032466602023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCunha, Vivane MartinsMoreira, Lisandra Espíndula
<em>Cunha, Vivane Martins</em>;
<em>Moreira, Lisandra Espíndula</em>;
<br/><br/>
Resumo Objetivamos reconstruir, por meio das vozes de mães de jovens negros mortos em ações policiais, a subtração da vida de seus filhos em contínuas políticas que precarizavam suas existências ao negar-lhes direitos básicos e cidadania. Participaram desta pesquisa seis mães. As conversas com elas, após cuidadosa aproximação, se iniciaram com a pergunta disparadora: “Como você gostaria de contar a história do seu filho?”. Para subsidiar nossas análises, tomamos como centrais a articulação teórica e política das noções de genocídio negro e de necropolítica. Este artigo evidencia que, entre o nascimento e a interrupção da vida por balas que atravessam o corpo como um alvo predestinado, o racismo constrói trilhos de precarização da vida que a torna cada vez mais abjeta, vulnerável e descartável, conduzindo à morte precoce, ainda que preveníveis, de jovens negros, principalmente, residentes em periferias e favelas. Nesta discussão, fomentamos uma visão menos compartimentalizada das múltiplas políticas genocidas, trazendo para o diálogo outras políticas públicas, para além da segurança pública. Abordamos um continuum de produção e legitimação de mortes de jovens negros, centrando nossas análises nas formas de apagamento social e institucional desses jovens, que ocorreram anteriormente à morte física, de modo a desqualificar suas vidas. Esses processos contribuem para que a política de segurança pública extermine vidas de jovens negros sem causar ampla comoção social, a devida investigação criminal e, portanto, a responsabilização do Estado, pois já eram vidas mutiladas e desumanizadas em suas existências.A Expressão da Subjetividade na Atuação em Psicologia Escolar10.1590/1982-37030032466662023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBonfim, FranciscaRossato, Maristela
<em>Bonfim, Francisca</em>;
<em>Rossato, Maristela</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo objetiva analisar como a constituição subjetiva do psicólogo se expressa em sua atuação no contexto escolar. A Teoria da Subjetividade, numa perspectiva cultural-histórica, e os princípios da Epistemologia Qualitativa foram utilizados no processo de construção interpretativa das informações. A pesquisa qualitativa foi realizada com uma psicóloga escolar em uma escola da rede pública de ensino de uma cidade de grande porte da região Centro-Oeste do país. Foram utilizados sistemas conversacionais e instrumentos apoiados em indutores escritos e indutores não escritos e realizados momentos informais e observações. Concluímos que a atuação profissional é marcada por produções subjetivas geradas em diferentes áreas da vida que se expressam no cotidiano escolar, muitas vezes, assumindo preponderância em relação às diretrizes políticas e pedagógicas dessa atuação. Essa constatação aponta para a necessidade de repensar a formação do psicólogo escolar por meio da criação de espaços reflexivos sobre a prática profissional e sobre o próprio psicólogo, para que haja um equilíbrio entre a subjetividade, os saberes e os fazeres da profissão.Correr Atrás do Vento: O Trabalho dos Mototaxistas de Sobral, Ceará10.1590/1982-37030032466862023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPontes, Ismênia Ariel Magalhães FeijãoPinheiro, Francisco Pablo Huascar AragãoSilva, Nayana Rios Nunes daJúlio, Natacha OliveiraAquino, Cássio Adriano Braz deCarvalho, Renata Guimarães de
<em>Pontes, Ismênia Ariel Magalhães Feijão</em>;
<em>Pinheiro, Francisco Pablo Huascar Aragão</em>;
<em>Silva, Nayana Rios Nunes Da</em>;
<em>Júlio, Natacha Oliveira</em>;
<em>Aquino, Cássio Adriano Braz De</em>;
<em>Carvalho, Renata Guimarães De</em>;
<br/><br/>
Resumo A pesquisa teve como objetivo geral analisar a atividade e o ofício dos mototaxistas de Sobral, Ceará. O objetivo específico foi compreender: a) a atividade exercida e o conceito de real da atividade; b) as prescrições; c) as regras informais; e d) as relações profissionais. A investigação adotou o referencial teórico da Clínica da Atividade, e participaram oito mototaxistas. Inspiradas no método da Instrução ao Sósia, foram realizadas e gravadas entrevistas semiestruturadas. Seu áudio foi transcrito e o conteúdo passou por análise construtivo-interpretativa. Os resultados mostraram que a atividade era regulamentada pela prefeitura e dependia da manutenção dos instrumentos utilizados. O expediente era organizado por uma regra do coletivo de trabalho relacionada ao horário de funcionamento de escolas e universidades. A busca por passageiros variava, sendo possível ficar em pontos fixos ou circular pela cidade. As condições ambientais demandavam cuidados como o uso de protetor solar e hidratação. A autonomia da profissão permitia organizar o próprio expediente e o ganho mensal. Entretanto, houve queixas relativas à falta de direitos previdenciários e ao fato de que a flexibilidade geraria uma sobrecarga de trabalho que poderia trazer prejuízos à saúde. Riscos foram identificados em acidentes de trânsito e violência urbana. Os relatos acerca das relações com os colegas mostraram um ambiente amistoso, e as relações com os passageiros eram definidas por cada situação, abrangendo desde interações objetivas até conversas pessoais.Por uma Pesquisa e Escrita Parafusos: Pulos, Rodopios e Invenções de Si10.1590/1982-37030032435882023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZVasconcelos, Michele de Freitas Faria deOliveira, Sandra Raquel Santos deRodrigues, Helmir Oliveira
<em>Vasconcelos, Michele De Freitas Faria De</em>;
<em>Oliveira, Sandra Raquel Santos De</em>;
<em>Rodrigues, Helmir Oliveira</em>;
<br/><br/>
Resumo O artigo parte da aposta na pesquisa como uma prática em movimento, na composição de territórios do ato de pesquisar como uma experiência. Inspiradas(os) na força disruptiva do torcer-retorcer dos Parafusos (folguedo sergipano, derivado de práticas de resistência à escravidão dos povos pretos), propomos um método-pensamento de inventar modos de ver, dizer e narrar a partir daquilo que está ao nosso redor, uma posição em relação ao mundo e a si mesmo, engendrando a ideia de que este mundo não é um dado, mas um efeito de nossas práticas. A partir dessa perspectiva, intentamos interpelar as próprias práticas discursivas e não discursivas da Psicologia, em favor de abrir trilhas nas quais esse saber possa refundar sua própria história, acentuando suas descontinuidades e heterogeneidades e, com isso, uma atitude de fazer frente às tendências colonialistas, agora em suas versões neoliberais. Esse modo de pesquisar se faz por: operar uma ideia-método genealógico-cartográfica e uma escrita polifônica; produzir máquinas de guerras nômades, minoritárias, pós-identitárias, decoloniais; e inventar com aquilo que está ao nosso redor em favor de saberes e fazeres das redes locais, que, tais como a planta mangabeira, não se deixam domesticar.Educação Sexual: Dificuldades dos Pais de Jovens com Síndrome de Down10.1590/1982-37030032493522023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBaltar, Monique Maria de SouzaCavalcanti, Anna Carolina SilvaSilva, Lygia Maria Pereira daLuz Neto, Rui Gonçalves daAlmeida, Hittalo Carlos Rodrigues deVieira, Sandra Conceição Maria
<em>Baltar, Monique Maria De Souza</em>;
<em>Cavalcanti, Anna Carolina Silva</em>;
<em>Silva, Lygia Maria Pereira Da</em>;
<em>Luz Neto, Rui Gonçalves Da</em>;
<em>Almeida, Hittalo Carlos Rodrigues De</em>;
<em>Vieira, Sandra Conceição Maria</em>;
<br/><br/>
Resumo Com este estudo buscou-se conhecer as dificuldades e barreiras de pais na educação sexual de jovens com Síndrome de Down, a partir de uma pesquisa descritiva e de natureza qualitativa, utilizando-se o conceito das representações sociais como referencial teórico-metodológico. O estudo foi conduzido em uma Organização Não Governamental (ONG), localizada em Recife (PE), após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, sob parecer consubstanciado 3.558.587. A amostra do estudo envolveu 11 pais de jovens com Síndrome de Down com idades entre 15 e 24 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas. A abordagem escolhida para a interpretação desses dados foi a análise de conteúdo proposta por Bardin. Pode-se elencar como principais dificuldades enfrentadas pelos pais ao conversarem com seus filhos sobre sexualidade: a infantilização do jovem com Síndrome de Down, julgando-o incapaz de experienciar tais fenômenos e compreender a orientação que pudesse ser repassada; o medo em ultrapassar etapas e, de repente, “estimular” o filho a viver sua sexualidade de maneira “precoce”; e o fato de os pais também terem recebido pouca ou nenhuma orientação sexual por parte de suas famílias. Diante das narrativas dos pais, é possível perceber que ainda são muitos os mitos, tabus e preconceitos que permeiam a sexualidade dos jovens com Síndrome de Down, demonstrando que os responsáveis estão despreparados para dar as devidas orientações.(Sobre)viver na Rua: Narrativas das Pessoas em Situação de Rua sobre a Rede de Apoio10.1590/1982-37030032437642023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGramajo, Carolina SiomionkiMaciazeki-Gomes, Rita de CássiaSilva, Priscilla dos Santos daPaiva, Alice Monte Negro de
<em>Gramajo, Carolina Siomionki</em>;
<em>Maciazeki-Gomes, Rita De Cássia</em>;
<em>Silva, Priscilla Dos Santos Da</em>;
<em>Paiva, Alice Monte Negro De</em>;
<br/><br/>
Resumo A população em situação de rua (PSR), em seu cotidiano, se relaciona com diferentes pessoas, grupos e/ou coletivos ligados à execução das políticas públicas, às organizações não governamentais, familiares ou a membros da sociedade civil. Pensar nessas dinâmicas de trabalho, cooperação e auxílio remete a pensar sobre uma rede de apoio que constrói estratégias com essa população. Tendo presente essas problematizações, este estudo teve como objetivo analisar as narrativas das pessoas em situação de rua sobre como é produzida sua rede de apoio. Para tanto, foi realizado um estudo qualitativo, de orientação etnográfica, sendo utilizada a observação participante, registros em diário de campo e entrevistas narrativas. Participaram seis pessoas em situação de rua que recebem alimentação ofertada por projetos sociais em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Os dados produzidos foram analisados a partir da Análise Temática. As análises expressam as especificidades das narrativas das trajetórias de vida associadas à chegada às ruas e à composição de uma rede de apoio na rua. Ao conhecer como se produz e opera essa rede de apoio, a partir das narrativas das pessoas em situação de rua, problematiza-se a complexidade dessa engrenagem e o desafio de produzir ações integradas entre as diferentes instâncias da rede. Nisso, destaca-se a potencialidade de práticas que levem conta à escuta, ao diálogo e à articulação na operacionalização de políticas públicas atentas às necessidades dessa população.A Equipe de Saúde Diante do Paciente Não Aderente ao Tratamento10.1590/1982-37030032448552023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFerreira, Ana Paula ChaconCampos, Elisa Maria Parahyba
<em>Ferreira, Ana Paula Chacon</em>;
<em>Campos, Elisa Maria Parahyba</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo deste estudo foi refletir sobre os efeitos da não adesão ao tratamento para a equipe de saúde e sobre as ações/reações da equipe que podem causar a não adesão ao tratamento. A amostra foi composta por 10 profissionais de saúde. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada. O material coletado foi submetido à análise temática, e discussão foi baseada na psicanálise. Como resultado, verificou-se que os profissionais relacionaram a não adesão às carências percebidas nos pacientes. Também foi identificada a presença de um ciclo de encaminhamentos, o qual, por vezes, significava uma tentativa de eliminar um incômodo (a não adesão), mas, em contrapartida, o causava. Verificou-se também a presença de confusão entre cuidado e controle, produzindo relações permeadas por desconfiança, verificação e correção. Percebeu-se, ainda, relação entre não adesão e frustração, seja porque o tratamento é insuficiente para evitar o sofrimento do paciente, seja pelo desconforto advindo da não cooperação do paciente. Ao final, como efeitos para a equipe, evidenciou-se a presença de profissionais envolvidos por um discurso de frustração, desvalorização e impotência. Como efeitos da equipe, verificou-se que profissionais também podem produzir aquilo de que se queixam, pelos lugares subjetivos que delineiam e cristalizam. A partir disso, problematiza-se o sentido que a não adesão pode assumir, e é importante considerá-la como um sinal que pode revelar os percalços (e as possíveis resoluções) do contrato relacional entre paciente e equipe.O Racismo Enraizado nas Famílias Inter-Raciais de São Paulo10.1590/1982-37030032448972023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFreitas, Renita de Cássia dos SantosD’Affonseca, Sabrina Mazo
<em>Freitas, Renita De Cássia Dos Santos</em>;
<em>D’affonseca, Sabrina Mazo</em>;
<br/><br/>
Resumo O racismo estrutural é uma realidade na sociedade brasileira e pode ser manifestado no interior de famílias inter-raciais. As crianças e as pessoas adultas que experienciam sentimentos de aceitação ou de rejeição nas dinâmicas familiares desenvolvem diferentes formas de ver a si mesmas, os outros e o mundo ao redor. Este estudo teve por objetivo avaliar as percepções de suporte emocional, rejeição parental na infância e discriminação cotidiana entre pessoas brancas, pardas e pretas. Participaram 175 pessoas, 80% do gênero feminino, com idade da amostra total variando de 18-39 anos (M = 24; DP = 5,11). Cento e três participantes se identificaram como branca/o, 42, como preta/o e 30, como parda/o. Todos responderam um formulário online composto pela Escala de Lembranças de Práticas Parentais, Escala de Discriminação Cotidiana e questões sociodemográficas. O resultado do teste Manova indicou que não houve diferença estatisticamente significativa entre as pessoas brancas, pardas e pretas em relação ao suporte emocional e à rejeição parental. Quanto à percepção de discriminação, houve diferença estatisticamente significativa nas subescalas de Tratamento Injusto [X²(2) = 17,360; p < 0,001] e Rejeição Pessoal [X²(2) = 27,970; p < 0,001], pessoas pretas apresentaram maiores médias que pardas e brancas, respectivamente. Discute-se a importância de falar sobre racismo nas relações familiares. Espera-se percepções de rejeição parental menor para pessoas brancas e de discriminação cotidiana maior para pardas e pretas.Paradigma Manicomial e Proibicionismo como Operadores da Guerra de Raças no Brasil10.1590/1982-37030032443292023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPrado, Guilherme Augusto Souza
<em>Prado, Guilherme Augusto Souza</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo relaciona o paradigma manicomial, relativo à assistência psiquiátrica, à compreensão e ao manejo do campo da saúde mental, ao paradigma proibicionista, referente ao porte, uso e à circulação de drogas, como duas séries de políticas e práticas sociais que operam a guerra de raças que está na base do Estado brasileiro. Com isso, propomos uma investigação arqueogenealógica acerca do emaranhado de condições de emergência das práticas e objetos de saber-poder mobilizados por esses dois paradigmas, atentando ao caráter político das verdades que as sustentam. Dedicamo-nos especialmente ao período entre o final do século XIX e o começo do XX ao interrogar as dinâmicas de forças que constituem as práticas sociais e seus efeitos de subjetivação, produzidos pela sujeição de corpos por meio de uma diversidade de mecanismos morais, disciplinares, eugênicos, higienistas e biopolíticos que articulam os anseios de modernização e produtividade do Estado brasileiro à gestão dos problemas de saúde e segurança do país, colocando a pobreza, o vício e a doença como desdobramento da sua constituição racial. Concluímos, por fim, que o conflito de raças aparece como fundo intrínseco que se atualiza no cerne e a partir dos campos problemáticos da saúde mental e das drogas, colocando como saída dos impasses sociais e políticos eliminar ou pelo menos diluir, via miscigenação ou submissão para integração, o elemento físico e cultural do negro do Brasil.Entrega em Adoção e Demanda de Reencontro à Justiça: Motivações da Genitora10.1590/1982-37030032454192023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPinho, Patricia Glycerio RodriguesMachado, Rebeca Nonato
<em>Pinho, Patricia Glycerio Rodrigues</em>;
<em>Machado, Rebeca Nonato</em>;
<br/><br/>
Resumo Mudanças legislativas em relação à adoção vêm trazendo importantes repercussões para a compreensão do instituto. Neste artigo, temos como objetivo discutir especificidades da entrega voluntária de uma criança para adoção, no contexto da Justiça, e as motivações de demanda posterior da genitora para a viabilização de um reencontro. Problematizamos a amplitude do direito de acesso às origens, assegurado em lei aos adotados, a partir do entrelaçamento das temáticas entrega e reencontro, procurando compreender essas experiências pela perspectiva da genitora. Este trabalho parte de um caso paradigmático, atendido em uma Vara da Infância, Juventude e Idoso no estado do Rio de Janeiro, que culminou com o contato, mediado pelo Poder Judiciário, entre a adotada e sua genitora, por iniciativa desta. Trata-se de um estudo qualitativo, no qual foi realizada uma entrevista semiestruturada com a genitora, quatro anos após o acolhimento de seu pedido à Justiça. Os dados obtidos na entrevista foram analisados por meio do método de análise de conteúdo, em sua vertente categorial, resultando em duas categorias: entrega em adoção e segredos; reencontro: motivações e trajetórias. Constatamos a ausência de publicações brasileiras sobre a temática do reencontro, apontando que o assunto ainda é um tabu. Identificamos que, após o reencontro com a filha, foi possível à genitora uma transformação de si mesma, favorecendo o rompimento do segredo da entrega e de parte de sua história. Assinalamos a necessidade de mais pesquisas, incluindo-se a possibilidade da inserção do Judiciário na mediação dessas demandas.A Experiência Intersubjetiva na Ludoterapia Humanista sob uma Perspectiva Fenomenológica10.1590/1982-37030032502652023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBezerra, Mharianni Ciarlini de SousaCury, Vera Engler
<em>Bezerra, Mharianni Ciarlini De Sousa</em>;
<em>Cury, Vera Engler</em>;
<br/><br/>
Resumo Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender, fenomenologicamente, a experiência vivida por psicoterapeutas e crianças no acontecer clínico da ludoterapia humanista. Foram realizados 26 encontros dialógicos individuais com nove psicoterapeutas e sete crianças, registrados pela pesquisadora na forma de Narrativas Compreensivas que incluíram suas impressões impactadas subjetivamente pelas falas e expressões corporais dos participantes. A análise fenomenológica culminou com a escrita de uma Narrativa Síntese. Os resultados indicam que a relação psicoterapêutica é percebida como: facilitadora do crescimento psicológico da criança; intensificadora do fluxo de mudanças ao dinamizar os processos pessoais infantis; geradora de motivação na criança para a relação interpessoal, a partir do envolvimento subjetivo do terapeuta; potencializadora da tomada de consciência com base na corporeidade; propiciadora da integração de experiências por meio do brincar; reveladora das singularidades individuais, catalisando o desenvolvimento; e, por fim, benéfica à atualização de significados e sentidos da experiência pessoal e relacional. Evidenciou-se, entre os psicoterapeutas, uma concepção da ludoterapia humanista que prioriza a compreensão dirigida ao estilo próprio de cada cliente em relação aos modos de sentir e expressar-se no mundo e à estruturação do processo psicoterapêutico a partir do relacionamento com a criança. Concluiu-se, assim, que a experiência desse tipo de relação interpessoal facilita a constituição na criança de singularidades que imprimem um sentido existencial próprio ao seu mundo de relações e historicidade. A relevância do processo psicoterapêutico para o crescimento psicológico da criança apresentou-se também pelo seu caráter psicoprofilático, reverberado no encadeamento de processos associados à experiência pessoal dela.“Terra é Vida, Despejo é Morte”: Saúde e Luta Kaiowá e Guarani 10.1590/1982-37030032453372023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFaria, Lucas Luis deMartins, Catia Paranhos
<em>Faria, Lucas Luis De</em>;
<em>Martins, Catia Paranhos</em>;
<br/><br/>
Resumo Partindo da psicologia, este texto compõe nosso exercício ético-político de assumir a perspectiva dos povos e de suas organizações, neste caso em específico, da Aty Guasu, movimento étnico-social dos Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul. A colonização e expropriação violenta dos territórios tradicionais destes povos, o tekoha guasu, culminou na limitação do modo originário de ser, segundo os princípios cosmológicos, desdobrando-se na precarização da saúde, visível pelos altos índices de desnutrição, suicídio, violência e mortalidade. Com este estudo, visamos descrever e analisar aspectos da dimensão saúde para os Kaiowá e Guarani a partir de suas próprias narrativas. Como estratégia metodológica, realizamos a análise documental de todos os comunicados, em formato de notas, publicados entre 2011 e 2013 no blog do movimento na internet. Também participamos, de 2015 a 2020, de momentos importantes para as comunidades, como as Grandes Assembleias Kaiowá e Guarani, com registros em diário de campo. Esses procedimentos, articulados às produções teóricas da antropologia, psicologia da libertação, estudos decoloniais e anticoloniais, possibilitaram o entendimento da indissociabilidade da saúde indígena dos processos de colonização territorial e intersubjetiva. Nesse sentido, a saúde dos Kaiowá e Guarani, tendo o tekoha como aspecto vital, segundo a cosmopolítica, encontra-se em profundo conflito devido à expropriação, expulsão e confinamento empreendido pelas políticas colonialistas. Portanto, propomos a compreensão do tekoha como indicador da saúde Kaiowá e Guarani e os movimentos de reocupação dos territórios, protagonizados pela organização autônoma das comunidades e sintetizados pela sentença: “terra é vida”, como retomada da saúde.Saúde Mental na Universidade: Atendimento Psicológico Online na Pandemia da Covid-1910.1590/1982-37030032456642023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCorreia, Karla Carneiro RomeroAraújo, Juliana Lima deBarreto, Sarah Rebeca VianaBloc, LucasMelo, Anna KarynneMoreira, Virginia
<em>Correia, Karla Carneiro Romero</em>;
<em>Araújo, Juliana Lima De</em>;
<em>Barreto, Sarah Rebeca Viana</em>;
<em>Bloc, Lucas</em>;
<em>Melo, Anna Karynne</em>;
<em>Moreira, Virginia</em>;
<br/><br/>
Resumo Com a pandemia da covid-19, o contexto universitário, que já vinha sendo palco de discussões em relação à saúde mental, tem vivenciado crises mais severas pelos estudantes. Diante deste cenário, foi desenvolvido o projeto Escuta Solidária, voltado à saúde mental dos discentes de graduação e de pós-graduação. Neste artigo, temos como objetivo discutir o atendimento psicológico online com estudantes do curso de psicologia durante o período de isolamento social rígido (maio a junho de 2020). Fizemos, com os psicólogos voluntários, um grupo focal direcionado para a experiência de atendimento psicológico online de curta duração no contexto pandêmico. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com os 11 psicólogos clínicos participantes do referido projeto. A partir de uma análise fenomenológica crítica, os resultados foram divididos em cinco categorias: a) limitações e contribuições do projeto; b) a importância da capacitação e supervisão clínica para a qualidade do projeto; c) atendimento psicológico online; d) ser psicólogo clínico durante a crise da covid-19; e e) demandas emergentes nos atendimentos psicológicos na quarentena. Por fim, discutimos a importância da desmistificação do atendimento psicológico em situações de crise, especialmente na modalidade online, fomentando questionamentos à formação e atuação dos profissionais, no sentido de estarmos atentos às demandas psicológicas que o contexto de crise acarreta na sociedade.Engajamento com o Trabalho e Exaustão Emocional de Profissionais da Socioeducação10.1590/1982-37030032479602023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMaia, Isadora MachadoMorais, Normanda Araujo de
<em>Maia, Isadora Machado</em>;
<em>Morais, Normanda Araujo De</em>;
<br/><br/>
Resumo Buscou-se compreender a percepção dos profissionais das medidas socioeducativas acerca do seu engajamento e exaustão com o trabalho. Para isso, realizou-se um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, por meio de uma entrevista semiestruturada a três integrantes da equipe técnica e dois coordenadores de segurança (idades entre 28 e 57 anos). A análise dos dados foi conduzida com o auxílio do software Iramuteq, que gerou cinco classes temáticas: a) rotina das unidades socioeducativas e as demandas do trabalho dos profissionais; b) gestão de conflitos nas unidades, da mediação à polícia; c) recursos pessoais e institucionais relacionados ao exercício da profissão; d) aspectos relacionados ao contexto de trabalho; e, por último, e) indicadores de esgotamento laboral, adversidades e adoecimento profissional. Os participantes descreveram diversas demandas relacionadas à exaustão física e psicológica (e.g. equipe reduzida, insalubridade, baixo salário e fragilidade do vínculo empregatício), mas também ressaltaram a relevância social de sua prática profissional junto aos adolescentes e o relacionamento positivo entre os profissionais como fatores que justificam o seu engajamento e permanência nas instituições socioeducativas. Conclui-se evidenciando que os contextos têm influência direta na saúde desses profissionais, o que sublinha a importância de se olhar para suas condições de trabalho e para aspectos ligados à saúde mental, promovendo, desse modo, avanços na realidade socioeducativa.A Utilização da Imitação Facial em Tarefas de Reconhecimento de Expressões Emocionais10.1590/1982-37030032493862023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva Neto, Júlio Alves daAfonso, Stevam Lopes AlvesSouza, Wânia Cristina de
<em>Silva Neto, Júlio Alves Da</em>;
<em>Afonso, Stevam Lopes Alves</em>;
<em>Souza, Wânia Cristina De</em>;
<br/><br/>
Resumo A imitação facial é um comportamento involuntário capaz de facilitar a transmissão de informações não verbais relevantes em diferentes contextos sociais. Este estudo teve por objetivo analisar a capacidade de reconhecimento de expressões emocionais enquanto o observador tensiona a própria face ou imita a face-alvo. A hipótese utilizada foi a de que indivíduos que tensionam a própria face terão menor probabilidade de acertos na execução das tarefas de reconhecimento de expressões emocionais e aqueles que imitam a expressão terão uma maior probabilidade de acertos na execução das mesmas tarefas. A amostra foi composta por 30 participantes, divididos em dois grupos experimentais: o Grupo Imitação (GI) e o Grupo Ruído (GR), ambos com 18 participantes do sexo feminino e 12 do sexo masculino. O experimento consistiu em apresentar fotos de atores expressando facialmente uma emoção básica por 10 segundos. Neste período, os participantes deveriam, então, observar ou intervir facialmente, imitando ou tensionando a própria face (de acordo com o grupo alocado, Imitação ou Ruído). Após os 10 segundos executando a instrução (observar, imitar ou interferir), o participante deveria responder - entre as opções alegria, tristeza, nojo, raiva, surpresa e medo - a emoção correspondente à imagem. Os resultados apresentaram diferenças significativas quando comparadas as tarefas de tensionar ou imitar a face-alvo, sugerindo que a alteração da própria face do observador pode influenciar durante o desempenho de uma tarefa de reconhecimento de emoções em faces.Serviço-Escola de Psicologia da Unifesp: Campos de Estágio, Ações e Especificidades10.1590/1982-37030032499892023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLima, Laura CamaraSousa, Conceição Reis deVieira, Renata MoraesMartins, Eduardo de Carvalho
<em>Lima, Laura Camara</em>;
<em>Sousa, Conceição Reis De</em>;
<em>Vieira, Renata Moraes</em>;
<em>Martins, Eduardo De Carvalho</em>;
<br/><br/>
Resumo O Serviço-Escola de Psicologia (SEP) da Unifesp foi constituído com o intuito de transcender o tradicional funcionamento das clínicas-escola, superando a atomização da Psicologia em áreas e oferecendo serviços integrados à rede. Isso possibilita uma formação interdisciplinar, pluralista, generalista, não tecnicista, crítica, permitindo a compreensão e atuação do psicólogo em diversos contextos socioculturais. O objetivo do artigo é descrever, avaliar e problematizar as ações do SEP da Unifesp, em relação à oferta de campos de estágio e ações desenvolvidas neles. É um estudo transversal, baseado em metodologia predominantemente quantitativa e descritiva. O levantamento de dados foi realizado por meio de dois questionários online respondidos por todos os supervisores. Os dados quantitativos foram submetidos à análise estatística descritiva. Os resultados evidenciaram maior incidência das ações no município de Santos e, em menor grau, em outros municípios da Baixada Santista e na cidade de São Paulo. A maioria das atividades de estágios não se limita ao espaço físico de atendimento clínico do Serviço-Escola, ocorrendo junto às instituições públicas ou às instituições ligadas ao terceiro setor na região, relacionadas, direta ou indiretamente, com a promoção de políticas públicas. A pluralidade de recursos utilizados (grupos, atendimento individual, acompanhamento terapêutico, oficinas, matriciamento, entre outros) revela uma ampliação do repertório de competências e habilidades. A variedade de oferta de projetos e campos de estágio, públicos-alvo atendidos, assim como a diversidade e flexibilidade de ações e estratégias desenvolvidas, apontam um movimento de congruência em relação às diretrizes curriculares nacionais e ao inovador Projeto Pedagógico do curso.Atuação em Urgência e Emergência a partir da Psicologia Junguiana 10.1590/1982-37030032503112023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZArrais, Rebecca HolandaMonteiro, Tuanne Freire
<em>Arrais, Rebecca Holanda</em>;
<em>Monteiro, Tuanne Freire</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo é um relato de experiência cujo objetivo é refletir sobre a atuação de uma psicóloga no contexto da urgência e emergência no hospital a partir da psicologia jungiana. Utilizou-se como método o recurso da sistematização da experiência, que consiste em sua interpretação crítica, cujo foco é o ordenamento e a reconstrução das experiências para explicitar a lógica do processo vivido. Por meio da reflexão de situações clínicas foi possível proporcionar um lugar para a subjetividade diante do disruptivo e da objetividade institucional do hospital. Teoricamente, o texto descreve as experiências de atendimento hospitalar, espaço em que urge o inesperado e o desconhecido. Aposta-se no simbolismo como movimento da psique para lidar com aquilo que o sujeito ainda não pode nomear, significar, incluindo a vulnerabilidade, as perdas e a questão da morte e do luto, este entendido como a ruptura de um vínculo. Dessa forma, a psicologia analítica se volta para como a entrada no hospital e a fugacidade do contexto de urgência e emergência afetam a psique dos sujeitos atendidos e de que forma esse psiquismo reage às vivências disruptivas e inesperadas.Situação-Limite: Por Outro Olhar sobre a Violência em um Caps AD10.1590/1982-37030032465842023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCirne, Madalena CamposMenezes, DanieleHonorato, Carlos Eduardo de Moraes
<em>Cirne, Madalena Campos</em>;
<em>Menezes, Daniele</em>;
<em>Honorato, Carlos Eduardo De Moraes</em>;
<br/><br/>
Resumo Este relato de experiência, situado no campo do cuidado a pessoas usuárias de álcool e outras drogas em contextos marcados por violência, tem como objetivo explorar os limites, desafios e caminhos possíveis, em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD III), para a sustentação de um cuidado orientado pela compreensão das pessoas usuárias do Caps a partir da sua existência, sofrimento e relação com o corpo social, mesmo diante de comportamentos tidos como violentos. De caráter qualitativo, o percurso de pesquisa foi conduzido por meio de dois recursos metodológicos: o relato de experiência, referente à trajetória de uma das autoras no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), e a metodologia caso traçador ou usuário-guia. O trabalho de cuidar de pessoas expostas à necropolítica exige um posicionamento ético dos trabalhadores de saúde mental de engendrar processos de resistências e produção de vida. Pela radicalidade que é vivenciá-la, a violência comparece como um elemento dificultador desse trabalho para os profissionais, fazendo com que, diante do desamparo, por vezes utilizem lógicas disciplinares para conseguir lidar com esse fenômeno. Propõe-se abordar as cenas nomeadas como violentas nos Caps com base na noção de situação-limite, retirando a situação da malha de sentidos que acompanha a palavra e remete a práticas disciplinares e ao contexto da violência urbana. Essa mudança de paradigma abre a possibilidade de que os trabalhadores se incluam nas situações, as entendam como relacionadas à complexidade e à singularidade da existência das pessoas envolvidas e, assim, proponham soluções produtoras de vida.Avaliação da Relação entre Eventos Traumáticos Infantis e Comportamentos Autolesivos em Adolescentes10.1590/1982-37030032471262023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMenezes, Mariana SiqueiraFaro, André
<em>Menezes, Mariana Siqueira</em>;
<em>Faro, André</em>;
<br/><br/>
Resumo Esta pesquisa teve como objetivo verificar a relação entre eventos traumáticos (ET) na infância e a ocorrência de comportamentos autolesivos em adolescentes. Os instrumentos utilizados foram o Questionário sobre Traumas na Infância (QUESI) e o Inventário de Autolesão Deliberada - reduzido (IAD-r). Participaram 494 estudantes do ensino médio de ambos os sexos e idade entre 15 e 18 anos (M = 16,4). Destes, 58,5% afirmaram ter sofrido abuso emocional de forma recorrente e 19,0% e 59,5% assumiram já ter sofrido abuso sexual e físico, respectivamente. Quanto à prática de autolesão, 65,0% revelaram já ter se engajado em comportamentos autolesivos. De acordo com a análise de Regressão Logística Binomial, todos os tipos de ET exibiram associação significativa com a prática de comportamentos autolesivos. A análise de moderação a respeito da interação entre a ocorrência de ET infantis e a prática de autolesão revelou ausência de moderação pelo sexo e pela idade. Porém, quanto ao abuso físico, o efeito de moderação da idade apresentou significância estatística limítrofe e indicou que os adolescentes mais novos, de 15 e 16 anos, que sofreram este tipo de abuso na infância, foram mais susceptíveis à prática autolesiva. Portanto, as altas taxas de ET e de autolesão encontradas nesta pesquisa revelam a gravidade do problema. Espera-se que esta investigação possa contribuir para a elaboração de intervenções para prevenção e controle dos fatores de risco que acometem a população infanto-juvenil.Uma Leitura Teórico-Clínica de uma Análise: O Fato Clínico como Operador Metodológico10.1590/1982-37030032481342023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBueno, Maria Lúcia da SilvaKessler, Carlos Henrique
<em>Bueno, Maria Lúcia Da Silva</em>;
<em>Kessler, Carlos Henrique</em>;
<br/><br/>
Resumo O presente artigo é oriundo de pesquisa acadêmica que teve como objetivo estudar a clínica psicanalítica e seus efeitos por meio da apresentação de fragmentos de uma análise já encerrada. Para alcançar esse objetivo, utilizamos a ferramenta metodológica do fato clínico, articulando o material clínico com alguns pontos da teoria psicanalítica. Como resultado, apontamos que é possível fazer uma leitura teórico-clínica de uma experiência de análise sob a perspectiva dos movimentos discursivos, em especial do sujeito do inconsciente ($) e do objeto a, conforme apresentados na proposição dos Quatro Discursos de Lacan. Acreditamos que este estudo enfatiza a importância da especificidade da pesquisa em psicanálise em sua dimensão clínica e os possíveis efeitos produzidos por esse processo terapêutico. Dessa maneira, entendemos que a divulgação deste trabalho pode contribuir para a discussão da prática clínica entre colegas do campo psicanalítico e acadêmico, bem como para a difícil tarefa da apresentação do material clínico com a sustentação teórica necessária, a fim de fortalecermos a sempre fundamental transmissão da psicanálise.Sobre Dias em Que me Senti sem Ar: Desassossegos do Pesquisar10.1590/1982-37030032479622023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRomanini, Moises
<em>Romanini, Moises</em>;
<br/><br/>
Resumo Conceitos como o de alteridade, encontro de saberes, polifasia cognitiva, o princípio de familiaridade e de representações sociais operaram na complexa tarefa de compreender como os encontros entre profissionais e usuários sustentavam e/ou transformavam as práticas de acolhimento. Entretanto, a experiência da minha pesquisa de doutorado me levou a questionar os próprios conceitos utilizados da Teoria das Representações Sociais. Ao final do ensaio, após discutir aspectos teórico-metodológicos, o princípio de familiaridade e a questão da tensão e dos afetos nas representações sociais, espero evidenciar como o movimento provocado pelo encontro com usuários e profissionais de uma Rede de Atenção Psicossocial levou-me a questionar pontos essenciais da teoria: o papel domesticador das representações, a forma ainda estática de evidenciar os fenômenos, a separação entre um sujeito que representa e o objeto representado e a dificuldade em usar suas ferramentas conceituais para acompanhar processos me fazem repensar meu lugar e minha função de pesquisador.Butler e a Psicanálise: Do Fracasso das Normas à Estranheza do Gozo10.1590/1982-37030032489762023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLima, Vinícius MoreiraBedê, Heloísa MouraRocha, Guilherme Massara
<em>Lima, Vinícius Moreira</em>;
<em>Bedê, Heloísa Moura</em>;
<em>Rocha, Guilherme Massara</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo deste artigo é fazer avançar o debate entre a psicanálise e os estudos queer, em especial a partir da interlocução traçada por Judith Butler com os trabalhos de Freud e Lacan. Retomando o modo como Butler articula Foucault, Derrida e a psicanálise para pensar os problemas de gênero, evidenciamos que a teoria psicanalítica permite à filósofa situar, a partir de sua concepção da melancolia de gênero, os pontos de fracasso da norma em função da vida psíquica do poder. Ainda que a cisheterossexualidade normativa imponha um roteiro de identificações e escolhas de objeto a seus sujeitos, há uma imprevisibilidade na maneira pela qual cada um responderá às injunções normativas da cultura, o que aponta para uma falha das normas em determinar completamente a subjetividade. A melancolia de gênero se torna, assim, uma marca da importância da psicanálise no percurso de Butler. Em seguida, discutimos as interpelações da filósofa ao simbólico lacaniano, bem como as nuances progressivamente introduzidas em sua leitura da diferença sexual. Ao longo do percurso de Butler, a diferença sexual deixa de ser considerada uma teoria da heterossexualidade e passa a ser apresentada como um conceito-borda, uma fronteira vacilante, que tomamos aqui como um convite para produzirmos uma releitura não normativa da diferença sexual na psicanálise a partir da teoria lacaniana da sexuação. Finalmente, localizamos a estranheza do gozo e o caráter irredutível da sexualidade às normas sociais como um importante eixo partilhado entre Butler e a psicanálise.Impacto do Racismo nas Vivências de Mulheres Negras Brasileiras: Um Estudo Fenomenológico10.1590/1982-37030032496742023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSantos, Gabrielle ChristineBrisola, Elizabeth B. V.Moreira, DivaTostes, Guilherme W.Cury, Vera E.
<em>Santos, Gabrielle Christine</em>;
<em>Brisola, Elizabeth B. V.</em>;
<em>Moreira, Diva</em>;
<em>Tostes, Guilherme W.</em>;
<em>Cury, Vera E.</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo teve como objetivo compreender, a partir de uma análise fenomenológica, o impacto do racismo sobre vivências de mulheres negras. Foram analisados relatos escritos por mulheres que se autodeclaravam negras encontrados em sites e blogs da internet. Esta pesquisa qualitativa fenomenológica foi inspirada na proposta filosófica de Edmund Husserl, consistindo na elaboração de uma narrativa síntese que resumiu os elementos essenciais das vivências dessas mulheres. Os resultados possibilitaram compreender que as experiências de racismo vivenciadas por mulheres negras têm início na infância e as acompanham ao longo de toda a vida, causando impactos sobre sua saúde mental. A insatisfação em relação ao cabelo natural e a cor da pele surgem como sinais concretos de recusa da identidade negra; enquanto o processo de tomada de consciência, reconhecimento e aceitação da negritude impulsionam a autoaceitação e a construção de uma nova identidade como mulher negra. A troca de experiências com outras pessoas negras sobre racismo favoreceu o reconhecimento da negritude. Conclui-se que o suporte emocional de pessoas que vivenciam o mesmo tipo de sofrimento social pode ser de grande relevância no processo de superação, assim como os processos de intervenção psicológica quando pautados por atitudes de empatia e aceitação. Nesse sentido, a formação de psicólogos deve incluir conteúdos e práticas que abordem o tema do racismo como parte da realidade social.Atendimento Psicossocial nos Serviços de Proteção Social Especial do SUAS10.1590/1982-37030032503012023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCordeiro, Mariana PrioliLara, Maria Fernanda AguilarMaia, Rodolfo Luis de Almeida
<em>Cordeiro, Mariana Prioli</em>;
<em>Lara, Maria Fernanda Aguilar</em>;
<em>Maia, Rodolfo Luis De Almeida</em>;
<br/><br/>
Resumo Documentos normativos determinam que serviços de Proteção Social Especial (PSE) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) devem oferecer atendimento psicossocial às(aos) usuárias(os). No entanto, não especificam que atendimento é esse, que tipo de atividades ele inclui, porque ele caracteriza principalmente serviços da PSE ou o que o diferencia das outras atividades desenvolvidas pelas equipes desses serviços. Diante disso, neste artigo, buscamos responder às seguintes questões: como profissionais que atuam nas equipes técnicas ou na gestão de serviços de proteção social especial do município de São Paulo compreendem a noção de “atendimento psicossocial”? E como essa noção é convertida em práticas concretas de intervenção? Para respondê-las, realizamos uma pesquisa bibliográfica e documental, bem como fizemos 10 entrevistas semiestruturadas com profissionais da PSE. As entrevistas e documentos analisados indicam a polissemia da expressão atendimento psicossocial. Ora ela refere-se a determinadas práticas ou ações que fazem parte do cotidiano dos serviços do SUAS; ora a um aspecto ou uma visão que norteia o trabalho. Indicam, ainda, que tal forma de atendimento é caracterizada, entre outras coisas, por sua interdisciplinaridade, pela importância que dá ao contexto e ao território e por não ser equivalente à clínica psicoterápica tradicional.Militância enquanto Convite ao Diálogo: o Caso da Militância Monodissidente 10.1590/1982-37030032486922023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZVas, DaniSilva Guimarães, Danilo
<em>Vas, Dani</em>;
<em>Silva Guimarães, Danilo</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo é uma produção teórica de caráter reflexivo que focaliza a relação entre pesquisa e militância a partir do construtivismo semiótico-cultural em psicologia, tendo como base o caso da militância monodissidente. A noção de monodissidência foi cunhada no percurso da militância bissexual para se referir a uma ferramenta analítica de ordem político-comunitária que contempla todas as pessoas que se atraem sexual e/ou romanticamente por mais de um gênero. São contrapostas concepções distintas de militância político-social em psicologia: de um lado, militância é entendida a partir de um autocentramento do militante, vinculado a uma rede de exclusões, negações, vedação e defesas psicológicas em relação à experiência; de outro, há uma compreensão dialógica de militância. Metodologicamente, a proposta de pesquisa se fundamenta no campo da participação observante, entendendo que o pesquisador está, primeiro, na condição de participante de certo campo sociocultural, a partir do qual passa a observar e refletir sobre fenômenos que ocorrem nele. Tomamos como ilustração a trajetória de construção da militância monodissidente do primeiro autor, trazendo tensionamentos dialógicos para a análise, postos em discussão com outras reflexões situadas sobre o tema. O conjunto de tensionamentos dialógicos emergidos nesse percurso foi mapeado e compreendido como um processo de multiplicação dialógica no encontro de self pesquisador com o self militante.Poder, Norma e Ideário na Lei da Alienação Parental 10.1590/1982-37030032498882023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBrandão, Eduardo PonteAzevedo, Luciana Jaramillo Caruso de
<em>Brandão, Eduardo Ponte</em>;
<em>Azevedo, Luciana Jaramillo Caruso De</em>;
<br/><br/>
Resumo A recomendação ética do psicólogo para intervir criticamente sobre a demanda vai de encontro com a tarefa de diagnosticar atos de Alienação Parental e, num sentido amplo, com a judicialização das relações privadas. A genealogia de Foucault consiste num método capaz de lançar luz sobre as práticas de poder na base dos discursos relacionados ao tema da alienação parental. O eufemismo pedagógico empregado para designar as sanções da lei tem como finalidade estratégica o convencimento a respeito de supostos benefícios da tutela sobre as famílias, ao mesmo tempo em que lhes são atribuídas alguma patologia disfuncional. Numa perspectiva crítica, a assimetria de gêneros corresponde às relações de poder presentes no problema da alienação parental. Por fim, a inversão dos critérios de identificação da alienação parental revela o distanciamento entre o ideal normativo e a realidade da ruptura conjugal e familiar, apontando para a importância de práticas de cuidado e assistência em vez de judicativas e punitivas.Temporalidade no Estabelecimento do Vínculo Parento-Filial em Adoções Malsucedidas10.1590/1982-37030032478662023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSampaio, Débora da SilvaMagalhães, Andrea Seixas
<em>Sampaio, Débora Da Silva</em>;
<em>Magalhães, Andrea Seixas</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo é parte de uma ampla investigação sobre a vivência do processo de adoção malsucedida de crianças e adolescentes sob a perspectiva dos adotantes. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com base em entrevistas semiestruturadas com 11 sujeitos independentes, nove mulheres e dois homens, moradores de diferentes estados do Brasil, que vivenciaram adoções malsucedidas. Buscamos analisar as percepções dos adotantes relacionadas à temporalidade no estabelecimento do vínculo parento-filial nessas adoções. A temporalidade da gestação simbólica foi vivenciada pelos participantes de diferentes formas, podendo ser afetada pela lentidão no processo administrativo e/ou por fantasias e idealizações referentes à origem da criança/adolescente. Tanto a demora quanto a tentativa de agilização do processo de adoção são fatores que podem gerar ansiedade na experiência da gestação simbólica e que não serão amparados no tempo cronológico, afetando o estabelecimento do vínculo parento-filial. Ressaltamos a relevância do cuidado nos períodos iniciais de construção do vínculo parento-filial, considerando a temporalidade particular de cada caso e a história pregressa da criança/adolescente, aspecto que influencia o sucesso do processo de adoção.Grupo Operativo com Psicólogos do SUS: Das Armadilhas ao Brincar10.1590/1982-37030032490302023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCaetano, Beatriz LacerdaSanteiro, Tales Vilela
<em>Caetano, Beatriz Lacerda</em>;
<em>Santeiro, Tales Vilela</em>;
<br/><br/>
Resumo Desenvolver habilidades para coordenar grupos é requisito importante do trabalho desenvolvido por psicólogos, especialmente quando vinculados a instituições de saúde pública. Este estudo foi uma pesquisa-ação amparada no enfoque clínico-qualitativo e desenvolvida a partir do dispositivo dos grupos operativos. O objetivo geral foi compreender como psicólogos percebem o trabalho grupal que oferecem em suas práticas laborais, a partir de vivências em grupos operativos de aprendizagem. Participaram 10 psicólogos atuantes em uma Unidade Ambulatorial de Atendimento Psicossocial - equipamento secundário da Rede de Atenção Psicossocial - de um município do interior de Minas Gerais. A ordenação de dados ocorreu a partir de emergentes grupais surgidos durante três sessões, e foram analisados a partir do diálogo com a literatura sobre grupos, em especial grupos em cenários institucionais. O processo grupal vivido fomentou recursos profissionais para lidar com a grupalidade. Expressões sobre dificuldades profissionais enfrentadas na coordenação de intervenções grupais apareceram e foram discutidas. O dispositivo “grupo” foi pensado como ferramenta possível de ser empregada para facilitar transformações e fomentar potenciais encontros humanos. Estudos futuros poderão ser direcionados a novas formas de compreender o trabalho grupal desenvolvido por esses e outros psicólogos, de realidades distintas da retratada.Bem-Estar no Trabalho: Influência das Condições para Criatividade entre Psicólogos dos Creas-MG10.1590/1982-37030032498182023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPantaleão, Patrícia de FátimaVeiga, Heila Magali da Silva
<em>Pantaleão, Patrícia De Fátima</em>;
<em>Veiga, Heila Magali Da Silva</em>;
<br/><br/>
Resumo Trata-se de estudo quantitativo correlacional com objetivo de testar um modelo em que Bem-Estar no Trabalho (BET) é explicado pelas Condições Favoráveis e Desfavoráveis para a Criatividade no Ambiente de Trabalho de psicólogos que trabalham nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social de Minas Gerais. Após a aprovação do Comitê de Ética, contatos dos centros foram localizados via arquivo público digital. O convite foi enviado por e-mail com o link de acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; Questionário com Dados Demográficos e Funcionais; Escala de Bem-estar no Trabalho; e Indicadores de Condições para Criar no Ambiente de Trabalho. A medida de BET contempla Afeto Positivo, Afeto Negativo e Realização Pessoal e Profissional; enquanto há seis Condições Favoráveis e três Desfavoráveis à Criatividade no Trabalho. As escalas multidimensionais apresentam evidências de validade e resposta Likert de cinco pontos. Os dados foram analisados a partir de estatísticas descritivas e inferenciais, regressão múltipla padrão para teste do modelo e Alfa de Cronbach para verificação da fidedignidade das escalas. A amostra de conveniência contou com 145 psicólogos, majoritariamente mulheres (n=125), com pós-graduação lato senso (n=102) e vínculo estatutário (n=74). As maiores médias encontradas foram Realização Pessoal e Profissional (M=3.47; DP=0.65), Atividades Desafiantes (M=3.50; DP=0.68), e Excesso de Serviços e Escassez de Tempo (M=3.51; DP=0.85). Os resultados apontam que as Condições para a Criatividade no Trabalho contribuem significativamente para as três dimensões de BET, demonstrando a importância de promover um contexto propício à criatividade e ao bem-estar dos trabalhadores.Reflexo e Sombra: O Duplo e o Narcisismo em Hoffmann e Chamisso10.1590/1982-37030032438852023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRabêlo, Fabiano ChagasDias, Reginaldo RodriguesMartins, Karla Patrícia Holanda
<em>Rabêlo, Fabiano Chagas</em>;
<em>Dias, Reginaldo Rodrigues</em>;
<em>Martins, Karla Patrícia Holanda</em>;
<br/><br/>
Resumo Esta é uma pesquisa qualitativa, em formato de ensaio, que realiza o estudo comparado de duas obras literárias, de A. Von Chamisso e E. T. A. Hoffmann, e de uma anotação do diário deste último para problematizar a repercussão de algumas formas de desestabilizações do Eu na dinâmica psíquica da neurose. O foco dos textos referidos está no fenômeno do duplo na sua forma negativizada, isto é, como o desaparecimento da imagem exterior que dá suporte ao Eu. As ausências da sombra e do reflexo são entendidas como representações metafóricas de uma alteração do Eu que engendra repercussões importantes na homeostase psíquica, sobretudo nas relações sociais de troca. Explora-se daí a menção no diário de Hoffmann de instrumentos ópticos para interrogar o uso desses aparelhos como modelos metapsicológicos na psicanálise. Salienta-se, ainda, a participação de processos de natureza estética na dinâmica psíquica do infamiliar, tomando como referência a ligação entre o conto de Hoffmann e o relato de Stendhal sobre a sua estadia em Florença.Impacto da Solidão na Qualidade de Vida de Universitários de Minas Gerais10.1590/1982-37030032439092023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBarroso, Sabrina MartinsSousa, Arthur Afonso Silva eRosendo, Letícia dos Santos
<em>Barroso, Sabrina Martins</em>;
<em>Sousa, Arthur Afonso Silva E</em>;
<em>Rosendo, Letícia Dos Santos</em>;
<br/><br/>
Resumo O ingresso na universidade é marcado por intensas transformações pessoais e pela necessidade de adaptação para um modelo de ensino mais autônomo. Esse cenário pode contribuir para o surgimento de sentimentos de solidão e impactar a qualidade de vida dos universitários. O presente estudo visou investigar as relações entre a solidão e a qualidade de vida em universitários de uma universidade pública do interior de Minas Gerais. Participaram da pesquisa 268 estudantes de graduação selecionados aleatoriamente. Como instrumentos, foram utilizados um questionário sociodemográfico e de hábitos de vida, o Medical Outcomes Study 36 - item Short Form (SF-36), e a Escala Brasileira de Solidão (UCLA-BR). Foram conduzidas análises descritivas e inferenciais (correlação, Kruskal-Wallis e regressão logística). O domínio da qualidade de vida com maior escore foi Capacidade Funcional e Vitalidade foi o menor. Referente à solidão, 60,82% da amostra apresentou nível mínimo. Houve associação significativa entre a solidão e seis domínios da qualidade de vida. A solidão dobrou a chance de pior qualidade de vida nos domínios: aspectos sociais (β = 2,66), limitação emocional (β = 2,18) e saúde mental (β = 2,61). Conclui-se que a solidão impacta negativamente a qualidade de vida dos universitários e que, por isso, são necessárias intervenções para essa população.Psicologia, Conselho Federal de Psicologia e Covid-19: Enfrentamento às Desigualdades Psicossociais no Brasil10.1590/1982-37030032437662023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRocha, Maria Laura Barros daBuarque, Camila do Nascimento LinsBueno, Luciano DominguesFalcão, Camila dos AnjosFernandes, Ana Luiza de MouraOliveira, Adélia Augusta Souto de
<em>Rocha, Maria Laura Barros Da</em>;
<em>Buarque, Camila Do Nascimento Lins</em>;
<em>Bueno, Luciano Domingues</em>;
<em>Falcão, Camila Dos Anjos</em>;
<em>Fernandes, Ana Luiza De Moura</em>;
<em>Oliveira, Adélia Augusta Souto De</em>;
<br/><br/>
Resumo A pandemia da covid-19 impôs transformações no cotidiano mundial, em âmbito micro e macroestrutural. Seu impacto psicológico desestabiliza e evidencia desigualdades e vulnerabilidades psicossociais brasileiras. Configura-se como um estudo de perspectiva crítica, com base na Psicologia Sócio-histórica, com o objetivo de mapear os posicionamentos da Psicologia, vindos de diferentes campos, diante das ações de saúde mental. Para tanto, utiliza-se o site do Conselho Federal de Psicologia para a análise de 62 documentos, que resultaram em dois eixos de produção crítica: 1) a relação da Psicologia com o Conselho Federal de Psicologia; e 2) da Psicologia com a sociedade. Revela-se o abismo social entre segmentos da sociedade brasileira; formas de exclusão da população carcerária; violência doméstica contra as mulheres e as crianças; dificuldades de acesso a estratégias sociais, na educação e na saúde, e de superação dos impasses acirrados com a infecção global pelo novo coronavírus. Conclui-se que a diversidade de públicos, temáticas, áreas de atuação e referenciais teóricos materializa um compromisso crítico e científico da Psicologia.Políticas Desenvolvimentistas e Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu: Capturas Contemporâneas10.1590/1982-37030032438132023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCarvalho, Andressa Veras deMacedo, João Paulo Sales
<em>Carvalho, Andressa Veras De</em>;
<em>Macedo, João Paulo Sales</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo propõe analisar as relações e os processos de subjetivação de mulheres quebradeiras de coco babaçu decorrentes das intervenções de políticas desenvolvimentistas em seus territórios de vida e reverberações no Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). Sob a perspectiva ético-estético-política da Cartografia, acompanhamos as narrativas das histórias de vida de 24 mulheres, suas atividades cotidianas e eventos do MIQCB, também analisamos os documentos das políticas. Entendemos que, ao passo que tais políticas de desenvolvimento rural contribuem para a melhoria das condições de vida, em termos materiais e simbólicos, elas também produzem ressonâncias relacionadas ao modo de subjetivação do tipo “empresário de si”, que agenciam seus modos de viver, de produzir e de se relacionar consigo e com os outros na lógica capitalista neoliberal. A resistência às capturas neoliberais também estão presentes ao ampliarem as mobilizações coletivas do próprio movimento, articulando com outros na produção de um “comum”.O Florir da Violeta: Um Estudo de Caso em Avaliação Terapêutica10.1590/1982-37030032442432023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGiasson, Fernanda da FonsecaRibeiro, Liliane CardosoCardoso, Lucila Moraes
<em>Giasson, Fernanda Da Fonseca</em>;
<em>Ribeiro, Liliane Cardoso</em>;
<em>Cardoso, Lucila Moraes</em>;
<br/><br/>
Resumo A Avaliação Terapêutica (AT) é um processo avaliativo e interventivo proposto para ser semiestruturado e colaborativo com o objetivo de promover mudanças positivas no cliente, que é convidado a ter uma participação ativa durante o processo. Na AT, os resultados dos testes psicológicos padronizados ganham destaque como facilitadores do processo de autoconhecimento do cliente. Desse modo, usualmente, integram-se os achados de testes psicológicos de autorrelato com os métodos projetivos para gerar informações que possam ampliar a visão que o cliente tem de si. Neste artigo, buscou-se compreender o potencial de uso dos testes psicológicos e da relação colaborativa a partir de um caso atendido na perspectiva da AT. A participante, Violeta (nome fictício), foi atendida em 10 sessões com duração entre 60 e 115 minutos. Foram utilizados os testes psicológicos Escala de Bem-Estar Psicológico (Ebep), Escala de Vulnerabilidade e Estresse no Trabalho (Event), Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), Método de Rorschach e Inventários de Habilidades Sociais 2 (IHS-2). Observou-se que, durante o processo, Violeta ampliou sua autopercepção, o que possibilitou mudanças no modo de agir em seus relacionamentos amorosos e na reflexão sobre como sua postura era vista por si e por seus colegas de trabalho. Acredita-se que a AT cumpriu com o objetivo de estabelecer uma experiência terapêutica que possibilitasse mudanças positivas para a cliente. Este estudo de caso contribuiu para ampliar a compreensão sobre a importância e o uso dos testes psicológicos neste modelo de avaliação psicológica.Vagalumes e Biografemas: Poéticas e Políticas Públicas no Desligamento Institucional por Maioridade10.1590/1982-37030032450272023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCappellari, AmandaCruz, Lílian Rodrigues da
<em>Cappellari, Amanda</em>;
<em>Cruz, Lílian Rodrigues Da</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo versa sobre o processo de desligamento institucional por maioridade de jovens que residem em serviços de acolhimento. Aposta-se em uma política do sensível para visibilizar os encontros e desencontros que acontecem entre as e os jovens e as políticas públicas brasileiras. Para tanto, realizaram-se encontros com jovens que já haviam passado pelo processo de desligamento e com jovens que logo completariam 18 anos e teriam de sair das instituições de acolhimento. Para tornar visíveis essas existências, investiu-se na escrita de biografemas, inspirados na obra de Roland Barthes. Os conceitos de necropolítica e vidas precárias foram fundamentais para compreender as omissões do Estado no momento do desligamento. Verificou-se que o Estado pode maximizar a precariedade de algumas vidas, especialmente daquelas marcadas por características de raça, gênero e classe culturalmente marginalizados. Contudo, é também o encontro com as políticas públicas que garante melhores condições de vida para alguns, facilitando o acesso à universidade e ao mercado de trabalho. A pesquisa aponta que, diante do abandono, as e os jovens se fazem vagalumes, produzindo luminosidades em meio à escuridão e reivindicando o direito à vida.Resiliência: Avaliação de Pacientes Queimados em um Hospital de Urgência e Emergência10.1590/1982-37030032487382023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZOliveira, Ketlin Monteiro Felipe deNovais, Marina RodriguesSantos, Roniery Correia
<em>Oliveira, Ketlin Monteiro Felipe De</em>;
<em>Novais, Marina Rodrigues</em>;
<em>Santos, Roniery Correia</em>;
<br/><br/>
Resumo A recuperação de vítimas de queimaduras é longa e dolorosa e afeta diversas esferas da vida do paciente. A resiliência, que se refere à capacidade humana de enfrentar e se adaptar a eventos adversos, exerce grande importância no processo de recuperação da queimadura. Logo, este trabalho objetiva avaliar a capacidade de resiliência de pacientes queimados, no momento da admissão e da alta hospitalar, em um hospital de emergência e urgência de Goiânia. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e transversal que utiliza a Escala de Resiliência de Connor-Davidson (CD-RISC) como instrumento de mensuração. Na admissão hospitalar, a média da resiliência foi de 71,35, tendo sido observada uma relação significativa entre o fator Amparo da escala CD-RISC e a presença do(a) companheiro(a). O escore de resiliência encontrado nesta pesquisa é consistente com outros achados da literatura científica internacional e nacional referente à expressão da resiliência em vítimas de queimaduras e outros adoecimentos. A relação entre o fator Amparo e a presença de um(a) companheiro(a) enfatiza a importância da rede de apoio familiar na reabilitação do paciente queimado.Uma Teoria Psicológica Transfeminista: Sobrevivendo aos Escombros da Saúde Mental Brasileira10.1590/1982-37030032437412023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFavero, SofiaMarini, Marine BataglinSenna, Ariane
<em>Favero, Sofia</em>;
<em>Marini, Marine Bataglin</em>;
<em>Senna, Ariane</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo reflete sobre os modos como a cisnormatividade, conceito impulsionado pelos transfeminismos, tem auxiliado na composição da psicologia de maneira histórica. Ao elaborar uma crítica sobre como a violência de gênero está expressivamente presente no território brasileiro, discute-se como tem sido pensada a saúde mental, esfera que, uma vez inserida nesse contexto mais amplo, está sendo convocada a produzir saídas criativas em relação aos sujeitos que são alvo de discriminações transfóbicas. Na busca de deslocar o olhar do indivíduo para o social, foi realizado um estudo bibliográfico para investigar os diferentes impactos que a cisnormatividade opera em nossos currículos psicológicos, gerando efeitos na prática e na própria profissão. A aposta está em reconhecer outras epistemologias como projetos éticos e políticos a uma psicologia contemporânea, e a contribuição transfeminista a “outra” clínica. É nesse sentido que este trabalho se destina a pensar um modo de cuidado que esteja baseado na singularidade, mas que, ao mesmo tempo, seja capaz de dedicar alguma atenção ao paradigma normativo que nos guia como terapeutas.Evidências de Validade do Teste Informatizado para Avaliação das Funções Executivas10.1590/1982-37030032444222023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZElage, Glauce Karine Conti de FreitasSeabra, Alessandra Gotuzo
<em>Elage, Glauce Karine Conti De Freitas</em>;
<em>Seabra, Alessandra Gotuzo</em>;
<br/><br/>
Resumo Funções executivas (FE) referem-se ao conjunto de habilidades que, de forma integrada, coordenam o comportamento e a cognição. Assim, o comprometimento no desenvolvimento das FE está ligado a vários desfechos negativos ao longo da vida. Portanto, a avaliação dessas habilidades na infância é essencial para identificar e prevenir prejuízos na vida adulta. Este estudo teve como objetivo investigar evidências de validade do Teste Informatizado para Avaliação das Funções Executivas (Tafe) pelo critério de idade e pelo padrão de correlação entre medidas do TAFE e outras medidas de FE. Para isso, foi utilizada uma amostra de 51 crianças, entre 4 e 10 anos de idade, matriculadas em uma escola privada na cidade de Goiânia (GO), da pré-escola ao 4º ano do ensino fundamental. Como instrumentos, foram utilizados, além do Tafe, as tarefas de Bloco de Corsi, Teste de Trilhas A e B, Teste de Trilhas Pré-Escolares, Teste de Stroop Pré-Escolares e Subteste Dígitos da Escala Wechsler de Inteligência. Foram conduzidas análises estatísticas Kruskal Wallis para verificar a evidência de validade por relação com idade e análises de correlação não paramétrica de Spearman para avaliar as evidências de validade convergente. O instrumento investigado mostrou-se efetivo para discriminar entre as diferentes faixas etárias, assim, sensível ao desenvolvimento das FE. Os resultados obtidos no Tafe correlacionaram-se aos obtidos em outros testes que também avaliaram FE, mostrando claros padrões de convergência. Logo, as análises dos resultados fornecem evidências de validade ao Tafe, derivadas a partir de diferentes estratégias de investigação.A Covid-19 Como um Analisador do Sofrimento de Enfermeiras: Um Ensaio Teórico10.1590/1982-37030032482952023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCunha, Claudia Carneiro daSequeira, Adriana PinheiroAlves, Ana Luisa AmaralSilva, Angélica Glória Mendonça daRocha, Danielly Pierre Procopio daLima, Madison Sant’ Iago deMathias, Paolla PinheiroFreitas, Vitor Benevenuto de
<em>Cunha, Claudia Carneiro Da</em>;
<em>Sequeira, Adriana Pinheiro</em>;
<em>Alves, Ana Luisa Amaral</em>;
<em>Silva, Angélica Glória Mendonça Da</em>;
<em>Rocha, Danielly Pierre Procopio Da</em>;
<em>Lima, Madison Sant’ Iago De</em>;
<em>Mathias, Paolla Pinheiro</em>;
<em>Freitas, Vitor Benevenuto De</em>;
<br/><br/>
Resumo Este ensaio propõe que a Covid-19 pode operar como um analisador, dentro da perspectiva da análise institucional, iluminando um determinado modo de organização social que promove profundas desigualdades e ameaça a vida em diversos níveis e revelando as condições sociais, institucionais e políticas de produção de sofrimento no corpo profissional de Enfermagem. A pandemia desvelou um conjunto de marcas relacionadas à profissão, agravadas pela crise sanitária, reforçando a naturalização das relações de cuidado atribuídas ao feminino, bem como um conjunto de clivagens e hierarquias internas à profissão a partir da sinergia de marcadores da diferença, como gênero, cor/raça, classe e geração. Além disso, este trabalho mostra a presença de uma necropolítica nas respostas à pandemia que banaliza a vida e permite morrer determinados grupos sociais. A ideia de “profissionais de linha de frente” é criticada em suas metáforas bélicas, mas tomada como figura de linguagem em sua potência para afirmar que existem corpos que, pelas marcas sociais e históricas e pela interdependência do cuidado, são mais presentes e exigidos e, portanto, mais vulneráveis à doença e ao sofrimento dela decorrente.Psicologia Escolar na Educação Superior: Demandas Apresentadas por Coordenadores de Cursos10.1590/1982-37030032492212023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPereira, Mariana PrudenteSilva, Silvia Maria Cintra da
<em>Pereira, Mariana Prudente</em>;
<em>Silva, Silvia Maria Cintra Da</em>;
<br/><br/>
Resumo A Psicologia Escolar e Educacional vem conquistando novos espaços para a atuação e campo de pesquisa, dentre eles, destacamos a educação superior. Assim, este estudo teve por objetivo conhecer as demandas apresentadas por coordenadores de cursos de graduação, analisá-las à luz da Psicologia Escolar na vertente crítica e apontar possibilidades de atuação do psicólogo escolar junto a estes. A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada a partir da análise de conteúdo das respostas obtidas dos questionários enviados por e-mail aos coordenadores dos 77 cursos de graduação oferecidos por uma instituição pública de ensino superior de Minas Gerais. Contamos com 28 questionários respondidos. As demandas apresentadas referem-se a questões acadêmicas e emocionais dos estudantes; sobrecarga de trabalho docente; relações interpessoais e formação continuada; burocracias enfrentadas pelos coordenadores; além da falta de preparação prévia e apoio para o exercício da função e concepções sobre o trabalho do psicólogo escolar. Concluímos que o coordenador, ao ouvir e compreender demandas advindas de discentes, docentes e técnicos, responde a elas por meio de uma parceria auspiciosa com o psicólogo escolar, juntamente com outros segmentos e instâncias da instituição.Psicólogas(os) no Sistema Educacional de Boa Vista/Roraima: Concepções, Práticas e Desafios10.1590/1982-37030032442022023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Márcia Justino daSouza, Marilene Proença Rebello de
<em>Silva, Márcia Justino Da</em>;
<em>Souza, Marilene Proença Rebello De</em>;
<br/><br/>
Resumo O objeto de estudo deste trabalho é a atuação de psicólogas(os) no campo da educação básica. Tivemos como objetivo investigar as práticas de atuação e os desafios enfrentados pelas(os) psicólogas(os) que trabalham na educação em Boa Vista (RR), com intuito de conhecer a inserção desses profissionais no sistema educacional. Trata-se de pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial teórico-metodológico da Psicologia Escolar Crítica. Realizamos o processo de levantamento dos dados entre os meses de março e abril de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas, audiogravadas e transcritas. Encontramos 21 psicólogas e um psicólogo trabalhando em instituições educacionais e de ensino na cidade; a maioria atuava na educação básica; metade dos entrevistados ingressou por concurso público e a outra metade era contratada e comissionada; poucos(as) foram contratados(as) como psicólogos(as) escolares. Para a análise, selecionamos dez psicólogas(os) com mais tempo no cargo. Quanto às práticas de atuação, identificamos que 60% atuavam na modalidade clínica e 40% na modalidade clínica e institucional. Como desafios, encontramos melhoria das condições de trabalho; estabelecimento de relações hierárquicas e a dificuldade de fazer compreender as especificidades desse campo de trabalho; necessidade na melhoria das condições para formação continuada; atuação da(o) psicóloga(o) escolar enquanto ação institucional. Diante do exposto, compreendemos ser necessária uma mudança de paradigma na atuação das(os) psicólogas(os) que trabalham na educação na região, e a apropriação das discussões da área, principalmente, aquelas apresentadas pela Psicologia Escolar Crítica, vez que esta contribui para uma atuação que leve em conta os determinantes sociais, políticos, culturais e pedagógicos que constituem o processo de escolarização.Trabalho Doméstico Remunerado e Resistência: Interseccionando Raça, Gênero e Classe10.1590/1982-37030032490902023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCarvalho, Mônica GurjãoGonçalves, Maria da Graça Marchina
<em>Carvalho, Mônica Gurjão</em>;
<em>Gonçalves, Maria Da Graça Marchina</em>;
<br/><br/>
Resumo No Brasil, o trabalho doméstico remunerado é essencialmente feminino e emprega cerca de 5,9 milhões de mulheres, correspondendo a 16,8% da ocupação feminina. Desse contingente, 61 % são compostos por mulheres negras. As empregadas domésticas estiveram historicamente submetidas a uma série de aspectos excludentes, como baixa remuneração, contratações à margem da legalidade e discriminação de gênero e raça. Esta pesquisa objetivou compreender a resistência enquanto categoria fundamental para compreensão do trabalho doméstico. Ao falar sobre essa categoria, destacamos a subjetividade que constitui os fenômenos sociais, partindo de uma compreensão dialética e histórica do sujeito e da relação indivíduo-sociedade, inserida em uma historicidade. Os resultados encontrados, coletados por meio de documentos, notícias, reportagens, participações no sindicato da categoria e da realização de entrevistas com cinco domésticas apontam a existência de formas de resistência no campo do trabalho doméstico, compondo movimentos de oposição e reação ao modus operandi colonial e às hierarquias de gênero-raça-classe que formam a sociedade brasileira. A psicologia sócio-histórica foi escolhida como abordagem teórico-metodológica, pois possibilita compreender do homem como ser ativo, social e histórico. Ao investigar as formas de resistência presentes nesse tipo de trabalho, compreende-se a trabalhadora doméstica não como mera consequência da realidade social em que se insere, mas como sujeito ativo que constitui essa realidade e é simultaneamente constituído por ela. Com esta pesquisa, pretende-se contribuir com a crítica à ideologia dominante que subalterniza essas trabalhadoras e as relega à subcidadania, uma condição sem reconhecimento e direitos.Reflexões Sobre o Trabalho On-line da Neuropsicologia Infantil numa Visão Histórico-Cultural10.1590/1982-37030032462242023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMorais, Caio Pereira GottschalkSolovieva, YuliaChastinet, Jamile BittencourtRojas, Luis Quintanar
<em>Morais, Caio Pereira Gottschalk</em>;
<em>Solovieva, Yulia</em>;
<em>Chastinet, Jamile Bittencourt</em>;
<em>Rojas, Luis Quintanar</em>;
<br/><br/>
Resumo O isolamento social provocado pela pandemia de covid-19 exigiu uma intensificação no estabelecimento de parâmetros para o trabalho do neuropsicólogo com suas especificidades. Assim, o objetivo deste artigo é levantar reflexões sobre a prática neuropsicológica infantil via internet baseada na nossa experiência prática vivenciada no período, relacionando com as referências teóricas da abordagem histórico-cutural e outros trabalhos que discorrem sobre as particularidades dessa modalidade de atendimento. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em fontes reconhecidas, como SciELO e Google Acadêmico, utilizando-se marcadores como “neuropsicologia on-line” e “teleneuropsicologia”, entre outros, em português, inglês e espanhol. Os trabalhos encontrados foram utilizados como fundamento para discutir as ideias aqui apresentadas, a partir da experiência dos autores durante esse período. Considera-se que os neuropsicólogos precisam enfrentar a possível necessidade do trabalho on-line, considerando que as situações vividas durante a pandemia tendem a aumentar a necessidade de avaliações e intervenções neuropsicológicas. Ao mesmo tempo, se prevê que essa via de trabalho deve se intensificar após o isolamento, dentro do que se tem denominado como “o novo normal”. Para isso, é essencial que haja esforço por parte da comunidade neuropsicológica para mostrar como essa área de trabalho pode ser útil para crianças, seus pais e professores. Conclui-se que é preciso ter a noção de que nenhuma via ou metodologia de trabalho é absolutamente completa, sendo essencial a instrumentalização das vantagens e desvantagens de todas elas.(In)tolerância como Política: Os discursos de Direita e de Esquerda no Facebook10.1590/1982-37030032494402023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZHolanda, Rochelly RodriguesAntunes, Deborah Christina
<em>Holanda, Rochelly Rodrigues</em>;
<em>Antunes, Deborah Christina</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo tem como objetivo analisar traços da mentalidade potencialmente autoritária a partir do discurso de usuários do Facebook vinculados a páginas de cunho político autodeclarado de direita e de esquerda no Brasil. A Netnografia é utilizada como aporte metodológico para imersão on-line nas páginas “Eu era Direita e não sabia” e “Jovens de Esquerda”, selecionadas por meio do Facebook Audience Insights, ferramenta disponibilizada pelo Facebook. Delas, foram extraídas oito postagens com maior engajamento (número de comentários, curtidas e compartilhamentos), identificadas pelo Netvizz. Foram coletados 3.489 comentários, os quais foram organizados em um corpus textual submetido ao software IRAMUTEQ e analisados sob a perspectiva da análise crítica imanente da teoria crítica. Como resultado, apresenta-se a forma como o pensamento autoritário se manifesta na racionalização da sociedade contemporânea e nas práticas discursivas em redes sociais on-line, enraizada no âmbito sociopolítico brasileiro, ameaçando o processo democrático e a construção de uma sociedade plural e liberta.Encarceramento Feminino: um Debate entre Criminologia e Perspectivas Feministas10.1590/1982-37030032495132023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZNunes, Caroline CabralMacedo, João Paulo
<em>Nunes, Caroline Cabral</em>;
<em>Macedo, João Paulo</em>;
<br/><br/>
Resumo Este ensaio teórico-reflexivo tem como objetivo discutir sobre as contribuições dos estudos da criminologia e sua crítica para as diversas formas de aprisionamento feminino, e mais atualmente para o encarceramento em massa no sistema prisional, além de abrir espaço para o debate sobre as diferentes perspectivas feministas e as relações com os estudos criminológicos, sobretudo com os posicionamentos da chamada criminologia crítica. Reconhecem-se importantes avanços e conquistas feministas no debate sobre a estruturação masculinizada do direito penal e do seu fazer jurídico, mas também a manutenção de diversas formas de violência de gênero que configuram um sistema penal antropocêntrico, seletivo, racista e discriminatório. Indica-se a urgência de estudos interseccionais que considerem as particularidades e reinvindicações das mulheres no cárcere e suas formas de militância, sobretudo diante de população carcerária feminina composta majoritariamente por mulheres negras, pobres e periféricas. Faz-se visível a necessidade de uma análise dos fatores que atravessam o encarceramento feminino por uma ótica feminista plural, adequada às realidades que se estudam e atenta às múltiplas perspectivas que podem existir dentro do feminismo.Adaptação Acadêmica em Universitários10.1590/1982-37030032440652023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMonteiro, Marcia CristinaSoares, Adriana Benevides
<em>Monteiro, Marcia Cristina</em>;
<em>Soares, Adriana Benevides</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo do estudo foi investigar o impacto das variáveis habilidades sociais, resolução de problemas sociais, automonitoria, autoeficácia e coping na adaptação acadêmica em estudantes de instituições de ensino superior públicas e privadas. Participaram 637 estudantes de ambos os sexos, sendo 36,5% (115) homens de instituições públicas e 22,3% (72) de instituições privadas, com idade variando entre 18 e 38 anos (M=24,7; DP=6,3), de diferentes graduações. Foram utilizados o Inventário de Resolução de Problemas Sociais, o Inventário de Habilidades Sociais, a Escala de Automonitoria, a Escala de Autoeficácia Acadêmica de Estudantes do Ensino Superior, o Inventário de Estratégias de Coping e o Questionário de Vivências Acadêmicas-reduzido. A autoeficácia na gestão acadêmica (40,9%) e a autoafirmação na expressão de afeto positivo (13,7%) apresentaram maior impacto para os estudantes de instituições públicas e privadas, podendo contribuir com possíveis intervenções no processo de adaptação ao ensino superior. Pesquisas prospectivas podem investigar questões relacionadas a dados sociodemográficos.O Cuidado em Saúde Promovido pelas Religiões Afro-Brasileiras10.1590/1982-37030032228172023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRocha, Matheus Barbosa daSevero, Ana Kalliny de SousaFélix-Silva, Antônio Vladimir
<em>Rocha, Matheus Barbosa Da</em>;
<em>Severo, Ana Kalliny De Sousa</em>;
<em>Félix-Silva, Antônio Vladimir</em>;
<br/><br/>
Resumo No decorrer da história, sempre foram infindáveis os casos em que os sujeitos recorriam a centros espíritas ou terreiros de religiões de matrizes africanas em decorrência de problemas como doenças, desempregos ou amores mal resolvidos, com o objetivo de saná-los. Por conta disso, este artigo visa apresentar os resultados da pesquisa relacionados ao objetivo de mapear os processos de cuidado em saúde ofertados em três terreiros de umbanda de uma cidade do litoral piauiense. Para isso, utilizamos o referencial da Análise Institucional “no papel”. Os participantes foram três líderes de terreiros e os respectivos praticantes/consulentes dos seus estabelecimentos religiosos. Identificamos perspectivas de cuidado que se contrapunham às racionalidades biomédicas, positivistas e cartesianas, e faziam referência ao uso de plantas medicinais, ao recebimento de rezas e passes e à consulta oracular. A partir desses resultados, podemos perceber ser cada vez mais necessário, portanto, que os povos de terreiros protagonizem a construção, implementação e avaliação das políticas públicas que lhe sejam específicas.Atendimento Psicossocial à Mulher que Comete Ofensa Sexual10.1590/1982-37030032481372023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCosta, Liana FortunatoStröher, Lucy Mary CavalcantiWolff, Lana dos Santos
<em>Costa, Liana Fortunato</em>;
<em>Ströher, Lucy Mary Cavalcanti</em>;
<em>Wolff, Lana Dos Santos</em>;
<br/><br/>
Resumo Objetivamos apresentar uma proposta de atendimento psicossocial grupal oferecida para mulheres adultas que cometeram ofensa sexual, cuidadoras e mães. A experiência está sendo desenvolvida no Distrito Federal, Brasil, com pessoas do gênero feminino provenientes de encaminhamento judicial. Carece que os profissionais das áreas da justiça, saúde, serviço social e psicologia avancem no estudo e na compreensão desta temática, de modo a pensarem a atuação e o apoio terapêutico a essas mulheres. O modo de atendimento é focal e breve, com ênfase na criação de um ambiente lúdico como facilitador das interações grupais e da discussão sobre os temas: identidade; confiança nas relações afetivas e sociais; vivência pessoal com violência física e sexual; configuração de gênero; e expressão da sexualidade e futuro. A abordagem individual também se baseia no enfoque dos temas mencionados. O oferecimento de ajuda à mulher cuidadora ou à mãe tem participação ativa na interrupção do circuito abusivo sexual, pois essa violência é extremamente ocultada, ocasionando uma prolongada vulnerabilidade para as vítimas. Ressalta-se o valor do texto indicando a descrição de ação voltada para uma população permanentemente não estudada e evitada em seu reconhecimento. Os limites desta proposta encontram-se na falta de outras iniciativas que possibilitem uma discussão sobre essa experiência.Inventory of Parenting Systems and Styles: A Measure for Early Childhood10.1590/1982-37030032482732023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGuimarães, Fernanda Pinto MonteiroPereira-Silva, Nara LianaBarbosa, Altemir José Gonçalvez
<em>Guimarães, Fernanda Pinto Monteiro</em>;
<em>Pereira-Silva, Nara Liana</em>;
<em>Barbosa, Altemir José Gonçalvez</em>;
<br/><br/>
Abstract The Component Model of Parenting (CMP), from an evolutionary perspective, proposes a phylogenetically evolved repertoire of six systems (body contact, body stimulation, face-to-face exchange, object stimulation, and primary care) and two parenting styles (distal and proximal) by combining some of these systems. We developed the Inventory of Parenting Systems and Styles (ISEP) and applied it to hospitals and schools to analyze its psychometric properties. The parenting measure analysis we propose evolved 70 primary caregivers of young children with a mean age of 22.44 months. ISEP consists of 26 daily situations and assesses the most common parenting practices caregivers adopted in each one of them. Besides, we created a Coding Guide to Parenting Practice. It enabled us to classify each response according to the CMP systems. We found a variance of 84.67% and 95.55% in codification agreement between expert judges and a significant intraclass correlation coefficient for all parenting systems, which discloses validity evidence on the response process of the inventory. Our analyses indicated the occurrence of all parental systems, with a prevalence of narrative envelope and body stimulation. Cluster analysis revealed two clusters, one formed by proximal style and another by distal style, in accordance with the interactions of the system, representing a validity of evidence based on the internal structure of the instrument. ISEP provides reasonable measures for research and professional practice in Psychology. Further research with more extensive and diverse samples is necessary to refine the instrument and, especially its guide.Percepções de Familiares sobre uma Rede de Cuidados de Saúde Mental Infantojuvenil10.1590/1982-37030032540812023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZReis, Luciana BicalhoPereira, Camila Marchiori
<em>Reis, Luciana Bicalho</em>;
<em>Pereira, Camila Marchiori</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo pretende conhecer como a rede de cuidados em saúde tem se operacionalizado a partir da percepção de familiares de crianças com demanda de cuidado em saúde mental (SM). Foram realizados dois grupos focais, um com familiares da Atenção Básica (AB) e outro com familiares do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij), totalizando 15 participantes. Seguiu-se com a análise lexical do tipo classificação hierárquica descendente, com o auxílio do software R Interface, a fim de análises multidimensionais de textos e questionários (IRaMuTeQ), resultando em cinco classes: A Pílula Mágica; Forças e Fraquezas dos serviços; Procurando por ajuda; Aceitando o diagnóstico da criança e Onde procurei ajuda. Os resultados apontam para dificuldades presentes na AB em identificar e manejar situações de Saúde Mental Infantojuvenil (SMIJ), por meio de uma lógica ainda medicalizante. Ressalta-se que a escola é apresentada como lugar de destaque na produção da demanda por cuidado e a família ainda é pouco convocada à construção das ações. Conclui-se, então, que avanços ainda são necessários para operacionalização de um cuidado pautado nas diretrizes da política de SMIJ.Educação Permanente no Sistema Único de Saúde: Concepções de Profissionais da Gestão e dos Serviços10.1590/1982-37030032551262023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZIglesias, AlexandraGarcia, Daniella CaldasPralon, Johnatan AntoniolliBadaró-Moreira, Maria Inês
<em>Iglesias, Alexandra</em>;
<em>Garcia, Daniella Caldas</em>;
<em>Pralon, Johnatan Antoniolli</em>;
<em>Badaró-Moreira, Maria Inês</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo pretende compreender as concepções de profissionais da gestão e dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre Educação Permanente em Saúde (EPS), bem como seus desafios e potencialidades. Utilizou-se de grupo focal para coleta, seguido de análise lexical do tipo classificação hierárquica descendente com auxílio do software Iramuteq. Os resultados delinearam quatro classes: a) EPS - entendimentos e expectativas; b) entraves à EPS; c) ETSUS e EPS por meio de cursos e capacitações; e d) dispositivos de EPS: potencialidades e desafios. Os participantes apontaram equívocos de entendimentos acerca da EPS ao equipará-la à Educação Continuada (EC) voltada à transferência de conteúdo, com repercussões negativas na prática de EPS. Discute-se o risco em centralizar o responsável pela concretização dessa proposta, que deveria ser coletiva e compartilhada entre diferentes atores. Reivindica-se, portanto, uma produção colaborativa, que possa circular entre os envolvidos, de modo que cada um experimente esse lugar e se aproprie da complexidade de interações propiciadas pela Educação Permanente em Saúde.A Disciplina Psicologia do Esporte nos Cursos de Psicologia e Educação Física10.1590/1982-37030032533332023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRaupp, Fabricio AntonioTeixeira, Karen CristineNunes, CyntiaGotardo dos Santos, MaryonPesca, Andréa DuarteNunes, Carlos Henrique Sancineto da SilvaMoraes Cruz, Roberto
<em>Raupp, Fabricio Antonio</em>;
<em>Teixeira, Karen Cristine</em>;
<em>Nunes, Cyntia</em>;
<em>Gotardo Dos Santos, Maryon</em>;
<em>Pesca, Andréa Duarte</em>;
<em>Nunes, Carlos Henrique Sancineto Da Silva</em>;
<em>Moraes Cruz, Roberto</em>;
<br/><br/>
Resumo Este discute a representatividade da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de Psicologia e Educação Física em instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC e situadas na região Sul do país. Foi realizado um estudo documental, com base nos currículos das Instituições. Os resultados revelaram que no Sul do Brasil 21,02% dos cursos de Psicologia, 41,96% dos cursos de bacharelado em Educação Física e apenas 14,83% dos cursos de licenciatura em Educação Física apresentam a disciplina Psicologia do Esporte em sua grade curricular. Observou-se que a disciplina é ofertada mais frequentemente em regime obrigatório nos cursos de bacharelado em Educação Física. Nos cursos de Psicologia, quando ofertada, costuma ser optativa. Os resultados evidenciam uma maior oferta da disciplina para os estudantes de Educação Física, em relação aos de Psicologia, o que pode estar relacionado ao próprio contexto de surgimento da disciplina e sua popularização no meio acadêmico. Para que esse panorama possa mudar e se possa oferecer uma formação adequada no curso de Psicologia para fomentar essa opção de carreira, há necessidade de se repensar o currículo e o próprio perfil do egresso, de forma a dar mais oportunidade aos estudantes para que conheçam as bases teóricas e os campos de aplicação da Psicologia do Esporte. Tal lacuna pode acarretar a fragilização da disseminação desse conhecimento aos estudantes de graduação e a consequente ocupação do mercado de trabalho.Racismo e Construção da Carreira: Estratégias de Enfrentamento Adotadas por Universitários Negros10.1590/1982-37030032534922023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAncillotti, Caio Gracco LimaSilva, Priscilla de Oliveira Martins da
<em>Ancillotti, Caio Gracco Lima</em>;
<em>Silva, Priscilla De Oliveira Martins Da</em>;
<br/><br/>
Resumo O racismo é um fenômeno que impacta a vida da população negra, direcionando-a para uma condição de marginalização social, inclusive profissionalmente. Diante disso, o presente estudo, qualitativo, objetivou analisar as estratégias de enfrentamento ao racismo adotadas por universitários negros de uma instituição pública de ensino superior no processo de construção de suas carreiras. Adotando-se como referencial a Teoria de Construção da Carreira, 27 entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com graduandos (16 do gênero feminino e 11 do gênero masculino) autodeclarados negros de uma universidade situada na região Sudeste do Brasil. Os dados coletados foram submetidos a Análise de Similitude, por meio do software IRaMuTeQ, que demonstrou, a partir de uma árvore máxima, que os discursos dos participantes estiveram centrados no termo “racismo” e em quatro troncos de similitude relacionados aos vocábulos: “negro”, “falar”, “situação” e “acontecer”. Os resultados indicaram que o racismo é um dos fatores que impactam a carreira dos sujeitos, sobretudo por sustentar práticas discriminatórias veladas e limitar oportunidades profissionais. Em resposta a ele, quatro estratégias de enfrentamento foram identificadas: a) diálogo com sujeitos próximos; b) busca por suporte junto à rede de apoio constituída na universidade; c) denúncia de seus impactos; e d) adoção de ações individuais de transformação da realidade. Os achados permitem identificar a adoção de diferentes estratégias individuais e coletivas de enfrentamento ao racismo, que devem ter seu desenvolvimento estimulado pelas instituições de ensino superior, a fim de que se tornem práticas sistematizadas que favoreçam a discussão sobre o fenômeno em âmbitos acadêmico e profissional.As <i>Startups</i> no Contexto da Organização Capitalista Financeira e as Subjetividades Empreendedoras10.1590/1982-37030032529492023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBarbosa, Milena de LimaMansano, Sonia Regina Vargas
<em>Barbosa, Milena De Lima</em>;
<em>Mansano, Sonia Regina Vargas</em>;
<br/><br/>
Resumo As startups são empresas que apresentam modelos de negócios marcados pela inovação, rapidez, flexibilidade e alta capacidade de adaptação aos mercados. Atuando em diferentes setores socioeconômicos, elas prometem criar e transformar produtos e serviços. A emergência e disseminação dessas empresas ocorrem em um momento histórico de mudanças iniciadas a partir de 1970 e marcadas pelas crises geradas com o esgotamento do paradigma da sociedade urbano industrial. No Brasil, o número desse modelo de negócio apresentou uma expansão expressiva, alcançando a marca de 13.374 nos últimos cinco anos. Atento a esse cenário, o objetivo desta pesquisa consistiu em compreender como sujeitos, grupos e instituições atribuem sentidos à experiência de trabalho nas chamadas startups. Na parte teórica, as condições sociais e econômicas que possibilitaram a emergência e disseminação das startups são analisadas em uma perspectiva crítica. A parte empírica, por sua vez, apresenta depoimentos de empreendedores relatando o contexto geral de atuação nas startups. Ao final deste artigo, conclui-se que há uma instrumentalização capitalística de componentes subjetivos específicos selecionados e colocados em circulação para fortalecer o modo de produção capitalista financeirizado.Percepção de Danos Físicos, Psíquicos e Sociais no Trabalho de Ser Mãe Universitária10.1590/1982-37030032531412023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAntloga, Carla SabrinaMonteiro, Renata AlvesBentes, Alice MirandaCassimiro, Êmili CamposAssunção, Fernanda da Silva
<em>Antloga, Carla Sabrina</em>;
<em>Monteiro, Renata Alves</em>;
<em>Bentes, Alice Miranda</em>;
<em>Cassimiro, Êmili Campos</em>;
<em>Assunção, Fernanda Da Silva</em>;
<br/><br/>
Resumo A vida universitária de mulheres mães apresenta questões que precisam ser mediadas quando comparadas com a mesma dinâmica em estudantes que não são mães. O referencial teórico da psicodinâmica do trabalho reconhece o estudar e o maternar como trabalho, pois demandam esforço cognitivo, físico e temporal com finalidade social. O objetivo deste artigo foi avaliar os danos advindos desses dois trabalhos, sobretudo, em suas dimensões física, psicológica e social, na vida de mães universitárias com filhos de até cinco anos de idade. Utilizou-se a metodologia quantitativa com ajuda da aplicação da Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT), e adaptada para o contexto estudantil e materno. A pesquisa foi respondida por 453 mães universitárias. Dessa forma, foi encontrada uma amostra heterogênea, cujas respostas apontaram para diferenças na percepção dos danos; correlações dos fatores; e associações com as variáveis sociodemográficas. Logo, discute-se a presença de danos físicos, sociais e psicológicos considerados graves para as duas atividades. No entanto, quando as mães universitárias residem com um companheiro ou têm maior renda, os danos sociais e psicológicos se mostraram menores. Com efeito, esta pesquisa ampliou o conhecimento sobre quem são as mães brasileiras na graduação e que tipo/grau de danos à saúde elas vivenciam, destacando que o acúmulo dos dois papéis acarreta níveis críticos que podem ser atenuados pelo apoio familiar e pela assistência às questões de vulnerabilidade econômica. Por fim, reforça-se a preocupação em analisar cientificamente essas realidades, servindo de embasamento para políticas públicas e estratégias futuras de intervenção.Tiros na Escola: Algumas Referências para a Psicologia na Assistência à Comunidade Escolar10.1590/1982-37030032503702023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFedri, Bruno Cervilieri
<em>Fedri, Bruno Cervilieri</em>;
<br/><br/>
Resumo A atuação em situações de emergências e desastres apresentam-se como um dos grandes desafios na atuação dos profissionais da Psicologia, demandando intervenções singulares, desde o primeiro contato com as vítimas e o com entorno afetado pelo ocorrido, passando pelo trabalho interdisciplinar e interinstitucional junto aos órgãos públicos de segurança, justiça, assistência e saúde. O presente artigo tem como objetivo apresentar, por meio da experiência na assistência às vítimas na Escola Estadual Raul Brasil, as particularidades e adversidades enfrentadas durante o primeiro semestre de intervenções emergenciais que antecederam a contratação de psicólogos por parte do poder público municipal para continuidade das ações. Por meio de relatos de experiência em intervenções psicológicas, obtidos em diferentes instituições para a assistência às vítimas, este trabalho também visa apresentar alternativas que possam servir de referências para a intervenção do psicólogo e da psicóloga em situações de emergências e desastres, especialmente ocorridas na comunidade escolar. Observou-se que a realização do trabalho interdisciplinar e interinstitucional somado à participação da direção da escola no planejamento das ações e a realização de plantões psicológicos e rodas de conversa junto à comunidade escolar foram fundamentais para a assistência às vítimas do ocorrido.Percepção Sobre o Cuidado à Perda Gestacional: Estudo Qualitativo com Casais Brasileiros10.1590/1982-37030032520712023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZVescovi, GabrielaLevandowski, Daniela Centenaro
<em>Vescovi, Gabriela</em>;
<em>Levandowski, Daniela Centenaro</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo analisou a percepção e os sentimentos de casais sobre o atendimento recebido nos serviços de saúde acessados em função de perda gestacional (óbito fetal ante e intraparto). O convite para a pesquisa foi divulgado em mídias sociais (Instagram e Facebook). Dos 66 casais que contataram a equipe, 12 participaram do estudo, cuja coleta de dados ocorreu em 2018. Os casais responderam conjuntamente a uma ficha de dados sociodemográficos e uma entrevista semiestruturada, realizada presencialmente (n=4) ou por videochamada (n=8). Os dados foram gravados em áudio e posteriormente transcritos. A Análise Temática indutiva das entrevistas identificou cinco temas: sentimento de impotência, iatrogenia vivida nos serviços, falta de cuidado em saúde mental, não reconhecimento da perda como evento com consequências emocionais negativas, e características do bom atendimento. Os achados demonstraram situações de violência, comunicação deficitária, desvalorização das perdas precoces, falta de suporte para contato com o bebê falecido e rotinas pouco humanizadas, especialmente durante a internação após a perda. Para aprimorar a assistência às famílias enlutadas, sugere-se qualificação profissional, ampliação da visibilidade do tema entre diferentes atores e reorganização dos serviços, considerando uma diretriz clínica para atenção ao luto perinatal, com destaque para o fortalecimento da inserção de equipes de saúde mental no contexto hospitalar.Presença de Risco de Transtorno do Estresse Pós-Traumático em Policiais Militares Feridos por Arma de Fogo10.1590/1982-37030032520982023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMonteiro, Vanessa FerreiraSilva, Simone Souza da Costa
<em>Monteiro, Vanessa Ferreira</em>;
<em>Silva, Simone Souza Da Costa</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo teve como objetivo identificar o risco de desenvolvimento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), bem como sua associação com pensamentos ou tentativas suicidas e a saúde mental de policiais militares feridos por arma de fogo, na Região Metropolitana de Belém (RMB), nos anos de 2017 a 2019. A pesquisa contou com a participação de 30 entrevistados, que responderam o Inventário Demográfico e a Lista de verificação de TEPT para o DSM-5 (PCL-5). Para análise dos dados, utilizou-se a técnica estatística Análise Exploratória de Dados e a técnica multivariada Análise de Correspondência. Os resultados revelaram a existência de risco de desenvolvimento do transtorno de forma parcial ou total em uma expressiva parcela da população entrevistada, tendo homens como maioria dos sintomáticos, com média de 38 anos, exercendo atividades operacionais e vitimados em via pública quando estavam de folga do serviço. O ferimento deixou a maioria com sequelas, com destaque para dores crônicas, limitações de locomoção e/ou mobilidade e perda parcial de um membro. E, ainda, policiais sintomáticos apresentaram comportamentos suicidas, relatando já terem pensado ou tentado tirar a própria vida. Desta forma, conclui-se que policiais militares são expostos constantemente a traumas inerentes a sua profissão. Quando há ameaça de vida, como nos casos de ferimentos por arma de fogo, são suscetíveis a sequelas físicas decorrente do ferimento, somadas a sequelas mentais tardias, como o surgimento de sintomatologias de TEPT e ideação suicida.A Relação com o Saber nas Atividades Lúdicas Escolares10.1590/1982-37030032525452023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRanyere, JeanMatias, Neyfsom Carlos Fernandes
<em>Ranyere, Jean</em>;
<em>Matias, Neyfsom Carlos Fernandes</em>;
<br/><br/>
Resumo O brincar é uma atividade importante para o desenvolvimento infantil, porque melhora aspectos cognitivos, emocionais e físicos. Além disso, jogos e brincadeiras podem ser explorados como recurso educacional. Partindo do entendimento da ludicidade enquanto um processo subjetivo, este trabalho investigou a relação com o saber estabelecida durante as brincadeiras, buscando compreendê-las em suas dimensões epistêmica, social e identitária. Dezesseis estudantes do 5º ano do ensino fundamental foram entrevistados a partir de um roteiro baseado no instrumento “balanço do saber”, proposto por Bernard Charlot. As questões foram adaptadas para possibilitar apreender o que as crianças dizem aprender durante as brincadeiras em que participam, com ênfase naquelas realizadas em sala de aula. Os resultados da análise de conteúdo realizada mostraram que, apesar de existirem conflitos sobre como se estabelecem as funções lúdica e educativa, quando a brincadeira infantil é utilizada como recurso pedagógico, os sujeitos podem identificar benefícios no processo de aprendizagem por meio dela. Aponta-se, também, a necessidade de considerar a condição social da criança no ambiente escolar para o sucesso ao utilizar essas atividades como práticas pedagógicas.Domestic Violence against Women in the Brazilian Media: Study of Social Representations10.1590/1982-37030032527912023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLeandro, MaiaraGiacomozzi, Andreia IsabelBousfield, Andrea Barbará S.Justo, Ana MariaVitali, Marieli Mezari
<em>Leandro, Maiara</em>;
<em>Giacomozzi, Andreia Isabel</em>;
<em>Bousfield, Andrea Barbará S.</em>;
<em>Justo, Ana Maria</em>;
<em>Vitali, Marieli Mezari</em>;
<br/><br/>
Abstract This study examined the content published by the newspaper Folha de São Paulo regarding domestic violence before and after Law 11340/06, commonly known as Maria da Penha Law, came into force. A retrospective and comparative documentary research analyzed 3408 news reports published between 1994 and 2018. Divided into two corpora, ‘12 years before’ and ‘12 years after’ the Law, the material was analyzed using the IRaMuTeQ software and Descending Hierarchical Classification. The first corpus included news reports on cases involving celebrities and little about ordinary people. It also covered the feminist struggle to reduce domestic violence, focusing on specialized police stations and shelters. The second corpus included reports on the achievements generated by the Law and its challenges, pointing out the need to regard the law as more than a punitive instrument, addressing its preventive and care spheres. Problematizing how the media discloses such law is paramount, since the content divulged affects the construction of social representations.Resolução de Conflitos Familiares por Adolescentes e Defesa do Domínio Pessoal10.1590/1982-37030032544832023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCosta, Lívia Braga de SáCamino, Cleonice Pereira dos SantosVasconcelos, Dalila Castelliano deAssis, Natália Lins Pequeno deSilva, Moisés Fernandes de Araújo
<em>Costa, Lívia Braga De Sá</em>;
<em>Camino, Cleonice Pereira Dos Santos</em>;
<em>Vasconcelos, Dalila Castelliano De</em>;
<em>Assis, Natália Lins Pequeno De</em>;
<em>Silva, Moisés Fernandes De Araújo</em>;
<br/><br/>
Resumo Compreender as estratégias de resolução de conflitos utilizadas por adolescentes na relação com seus pais é fundamental para entender como ocorre seu desenvolvimento saudável. Este artigo investigou a resolução de conflitos de adolescentes em situações de confronto entre o seu domínio pessoal e o controle parental. 36 adolescentes com idades entre 15 e 17 anos, divididos igualmente conforme o sexo, responderam a uma entrevista semiestruturada, que continha quatro situações de conflito hipotéticas. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo semântica e a testes não paramétricos. Os resultados foram categorizados em sete estratégias: Assunção de culpa, Submissão, Mentira, Hostilidade, Diálogo/Explicação, Negociação e Outra. A forma predominante de resolução utilizada foi o Diálogo/Explicação, considerada como uma forma recorrente de defender o domínio pessoal. Foram encontradas diferenças em relação ao sexo dos participantes e à situação hipotética. Por fim, os resultados são discutidos em termos de grau de autonomia e tipo de defesa do domínio pessoal.Orientação a Pais por Chamadas de Áudio Durante a Pandemia de Covid-1910.1590/1982-37030032416082023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAlvarenga, PatríciaSoares, Zelma FreitasSilva, Antonio Carlos Santos daCoutinho, Débora Gomes ValoisFreitas, Luna Maiana Araújo
<em>Alvarenga, Patrícia</em>;
<em>Soares, Zelma Freitas</em>;
<em>Silva, Antonio Carlos Santos Da</em>;
<em>Coutinho, Débora Gomes Valois</em>;
<em>Freitas, Luna Maiana Araújo</em>;
<br/><br/>
Resumo O distanciamento social ocasionado pela pandemia de Covid-19 levou a profundas mudanças na rotina das famílias com crianças pequenas, aumentando o estresse no ambiente doméstico. Este estudo analisou a experiência de planejamento e implementação de um projeto de extensão universitária que ofereceu orientação a pais com filhos de 0 a 11 anos por meio de chamadas de áudio durante a pandemia. O protocolo de atendimento foi desenvolvido para atender às necessidades de famílias de baixa renda e listava problemas específicos relacionados ao confinamento em casa e ao fechamento das escolas seguidos por uma variedade de estratégias de enfrentamento. A análise de 223 queixas relatadas pelos usuários em 130 ligações revelou que 94% dos problemas referidos pelos pais foram contemplados pelo protocolo de atendimento e estavam relacionados aos problemas externalizantes (39%) ou internalizantes (26%) das crianças ou ao declínio do bem-estar subjetivo dos pais (29%). Serviços de apoio devem orientar os pais quanto ao uso de práticas responsivas e assertivas que promovam o bem-estar emocional da criança e estabeleçam expectativas comportamentais em contextos estressantes. A diminuição dos conflitos entre pais e filhos resultante do uso dessas estratégias tende a reduzir o sofrimento dos pais, aumentando sua sensação de bem-estar subjetivo. Recomenda-se ampla divulgação dessas iniciativas e seguimento dos casos.Intervenções Psicológicas Necessárias: A Prática Como Residente no Serviço de Medicina Fetal10.1590/1982-37030032442442023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLadino, Giulia Latgé MangeliFernandes, Raquel Cristina BoffCunha, Ana Cristina Barros daMonteiro, Luciana Ferreira
<em>Ladino, Giulia Latgé Mangeli</em>;
<em>Fernandes, Raquel Cristina Boff</em>;
<em>Cunha, Ana Cristina Barros Da</em>;
<em>Monteiro, Luciana Ferreira</em>;
<br/><br/>
Resumo Com os avanços tecnológicos e o aprimoramento da prática médica via ultrassonografia, já é possível detectar possíveis problemas no feto desde a gestação. O objetivo deste estudo foi analisar a prática do psicólogo no contexto de gestações que envolvem riscos fetais. Trata-se de um estudo qualitativo sob formato de relato de experiência como psicólogo residente no Serviço de Medicina Fetal da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os registros, feitos por observação participante e diário de campo, foram analisados em dois eixos temáticos: 1) intervenções psicológicas no trabalho em equipe em consulta de pré-natal, exame de ultrassonografia e procedimento de amniocentese; e 2) intervenções psicológicas em casos de bebês incompatíveis com a vida. Os resultados indicaram que o psicólogo nesse serviço é essencial para atuar de forma multiprofissional na assistência pré-natal para gravidezes de alto risco fetal. Ademais, a preceptoria do residente é relevante para sua formação e treinamento para atuação profissional no campo da psicologia perinatal.Ideologia, Confiança Institucional e Representações Sociais de Universitários Sobre o Cenário Político Brasileiro de 2016-201710.1590/1982-37030032446702023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Saulo BagatiniCamino, Cleonice Pereira dos SantosQueiroz, Pablo Vicente Mendes de Oliveira
<em>Silva, Saulo Bagatini</em>;
<em>Camino, Cleonice Pereira Dos Santos</em>;
<em>Queiroz, Pablo Vicente Mendes De Oliveira</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo deste estudo foi testar um modelo teórico-explicativo para as representações sociais sobre o cenário sociopolítico brasileiro de 2017, de acordo com as seguintes relações: as representações seriam influenciadas diretamente pela confiança nas instituições, e essa confiança, determinada pelas simpatias ideológicas. Participaram 164 estudantes universitários - cuja idade média era 24 anos - que responderam a escalas intervalares. Realizaram-se modelagens de equações estruturais para testar o modelo teórico proposto. Os resultados indicaram: adequabilidade do modelo; dois grupos de variáveis apresentando relações positivas entre as variáveis do mesmo grupo e negativas na comparação intergrupos. No primeiro grupo constaram as variáveis: ideias-força de esquerda, confiança nos movimentos sociais, avaliação do governo Dilma e avaliação das políticas de esquerda; no segundo: ideias-força de direita, confiança nas instituições de controle, confiança na mídia, avaliação do governo Temer e avaliação das políticas de esquerda. Concluiu-se que a confiança institucional e a simpatia ideológica ancoravam as representações sociais do cenário brasileiro na população universitária estudada.Percepções de Psicólogos Organizacionais Sobre Inclusão de Pessoas com Deficiência em Empresas10.1590/1982-37030032504902023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZChura, Ana Esther PoluboiarinovGonçalves, Júlia
<em>Chura, Ana Esther Poluboiarinov</em>;
<em>Gonçalves, Júlia</em>;
<br/><br/>
Resumo As dificuldades e barreiras enfrentadas no processo de inclusão de pessoas com deficiência (PcD) nas organizações incitam o desenvolvimento de pesquisas. Este estudo compreendeu a percepção de psicólogos organizacionais sobre a inclusão de PcD em empresas. Dezoito psicólogos atuantes na área de gestão de pessoas de empresas das sete regiões do estado do Rio Grande do Sul responderam a uma entrevista individual. A média de idade dos participantes foi de 33,17 anos, atuavam em empresas de diferentes segmentos, eram predominantemente do sexo feminino e possuíam pós-graduação em áreas relacionadas. Os relatos dos psicólogos alertaram para o fato de que, em suas graduações, o conteúdo sobre deficiência humana e, especificamente, inclusão no mercado de trabalho foi escasso ou inexistente. Essa lacuna na formação, de egressos de diferentes instituições de ensino superior, é relatada desde os anos de 1990. Para esses psicólogos, barreiras atitudinais e organizacionais são frequentemente enfrentadas no processo de inclusão, tais como o despreparo das empresas, gestores e colaboradores para receber as PcD, os poucos programas voltados a uma prática efetiva de inclusão e não somente ao cumprimento da legislação, além das dificuldades dos próprios profissionais em identificar os potenciais e as limitações que a PcD apresenta e de adaptá-la de maneira correta ao trabalho. O psicólogo organizacional pode contribuir para um processo adequado de inclusão por meio de práticas, tais como treinamentos e sensibilizações, que fomentem a informação e diminuam a discriminação e as dificuldades.Saúde Mental e Atuação De Psicólogos Hospitalares Brasileiros na Pandemia da Covid-1910.1590/1982-37030032506752023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLemos, Gabriela Xavier deWiese, Íria Raquel Borges
<em>Lemos, Gabriela Xavier De</em>;
<em>Wiese, Íria Raquel Borges</em>;
<br/><br/>
Resumo Em março de 2020 a situação causada pela covid-19 foi elevada à categoria de pandemia, impactando de inúmeras formas a vida em sociedade. O objetivo deste estudo foi compreender os impactos da pandemia na atuação e saúde mental do psicólogo hospitalar, profissional que atua nos espaços de saúde e tem experienciado mais de perto o sofrimento dos doentes e dos profissionais de saúde frente à covid-19. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com 131 psicólogos que atuam em hospitais. Os profissionais foram convidados a participar através de redes sociais e redes de contatos das pesquisadoras, utilizando-se a técnica Bola de Neve. Foram utilizados dois questionários, disponibilizados na plataforma Google Forms, um abordando os impactos da pandemia sentidos pelos profissionais e outro referente ao sofrimento psíquico. Os dados foram analisados a partir de estatísticas descritivas e inferenciais. Foram observados impactos na atuação de quase a totalidade dos participantes, constatada a necessidade de preparação dos profissionais para o novo cenário, a percepção de pouco apoio institucional e quase metade da população estudada referiu-se a sintomas de sofrimento psíquico considerável desde o início da pandemia. É fundamental dar atenção a sinais e sintomas de sofrimento psíquico, procurando evitar o adoecimento de uma categoria profissional que se encontra na linha de frente do combate aos danos psicológicos da pandemia e cuja própria saúde mental é pouco abordada na literatura.Relatos da Pandemia: Ser Mulher e Mãe em Tempos de Covid-1910.1590/1982-37030032536592023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCopatti, Ana LuizaFerrari, Andrea GabrielaHoewell, Andressa GrandoSilva, Milena da Rosa
<em>Copatti, Ana Luiza</em>;
<em>Ferrari, Andrea Gabriela</em>;
<em>Hoewell, Andressa Grando</em>;
<em>Silva, Milena Da Rosa</em>;
<br/><br/>
Resumo Partindo da pergunta “Como tem sido ser mulher e mãe em tempos de pandemia?”, o presente estudo convidou mulheres que são mães, em redes sociais virtuais, a partilhar um relato de suas experiências com a readaptação parental em função do distanciamento social causado pela pandemia de covid-19. O objetivo foi refletir sobre a experiência de ser mulher e mãe em tempos de covid-19 e distanciamento social, apontando algumas ressonâncias do cenário pandêmico na subjetividade dessas mulheres. O estudo teve como base o referencial psicanalítico, tanto na construção da pesquisa e análise dos relatos quanto na sua discussão. A análise dos cerca de 340 relatos coletados, os quais variaram de uma breve frase a longos parágrafos, apontou para uma série de questionamentos, pontos de análise e reflexões. A pandemia, e o decorrente distanciamento social, parece ter colocado uma lente de aumento sobre as angústias das mulheres que são mães, evidenciando sentimentos e sofrimentos sempre presentes. Destacaram-se, nos relatos, a sobrecarga das mulheres com as tarefas de cuidado dos filhos e da casa, a culpa, a solidão, a exaustão, e o sentimento de que não havia espaço nesse contexto para “ser mulher”, sendo isso entendido especialmente a questões estéticas e de vaidade.Licentîa Hypomnema: Reflections and Perceptions in Teacher Education10.1590/1982-37030032545992023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLopes, Juliana CrespoNunes, Joelle SouzaRocha, Suzy Michelle Feitosa
<em>Lopes, Juliana Crespo</em>;
<em>Nunes, Joelle Souza</em>;
<em>Rocha, Suzy Michelle Feitosa</em>;
<br/><br/>
Abstract Student protagonism is paramount in the knowledge construction process. In this paper, we discuss a didactic-pedagogical resource called licentîa hypomnema (LH), inspired in portfolios and learning diaries in which student-teachers record their understandings and reflections regarding pedagogical topics learned at University in a meta-learning process on learning about teaching. The initial context of the research was a Psychological Development and Teaching course, offered in the Teacher Education program at Universidade de Brasília (UnB). Two of the authors, then Literacy and Languages Teaching students, produced their LH and peer assessed each other during the course. In their annotations, the student-authors recorded two pedagogical situations related to the use of LH in their own teaching practices, causing an impact on their formative path. These materials consist of the data for analysis and discussion. Moreover, we discuss possible uses of reflexive writing in teacher education and other learning contexts. Producing a LH supports knowledge production and allows students to connect theory and practice, which consequently influences the student’s teaching practice. Since LH is a didactic-pedagogical resource and not a close-ended tool, both the context and individuals who use it should be considered.A Psicopatia e o Criminoso Nato: a Modernização do Positivismo Criminológico10.1590/1982-37030032512272023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZArfeli, Gabriel Fernando MarquesMartin, Sueli Terezinha Ferrero
<em>Arfeli, Gabriel Fernando Marques</em>;
<em>Martin, Sueli Terezinha Ferrero</em>;
<br/><br/>
Resumo O conceito de psicopatia é habitualmente associado a uma psicopatologia caracterizada pela falta de empatia, manipulação, agressividade, impulsividade, egocentrismo, crueldade e criminalidade. Já amplamente aceito pela comunidade científica, o conceito costuma ser utilizado em contextos jurídico-penais na validação de seu funcionamento punitivo. Dentre as concepções que alicerçaram o surgimento histórico desse conceito, destaca-se o papel do criminoso nato de Lombroso. Nesse sentido, este estudo buscou evidenciar como o conceito contemporâneo de psicopatia se firma enquanto modernização das concepções lombrosianas acerca do criminoso nato. Para isso, nos apoiamos na psicopatolologia para realizar um estudo comparativo entre as produções de Lombroso e as pesquisas contemporâneas acerca da psicopatia. Dentre as principais similaridades, destacamos a ênfase atribuída à suposta natureza criminal, etiologicamente decorrente de sua configuração orgânica. No mais, tais concepções também se assemelham no destaque de um déficit afetivo e moral, assim como na descrição da tendência a ser canhoto, egoísta, mentiroso, resistente à dor, narcisista, impulsivo, promíscuo, cruel, maléfico e inapto ao trabalho. Assim como fez Lombroso, as pesquisas acerca da psicopatia costumam ser realizadas com sujeitos já previamente criminalizados; condicionando uma seletividade étnico-racial e de classe. Descritos como sujeitos perigosos, incuráveis e intratáveis, ambas as concepções promovem a defesa do acirramento da punição jurídico-penal. Concluímos que a criminalidade nata de Lombroso continua a ser expressa no conceito de psicopatia, visto que as funções jurídico-penais e socioeconômicas de sua definição exercem o mesmo papel na legitimação científica da violência de Estado, encarceramento em massa e racismo estrutural.A Clínica Psicanalítica das Urgências Subjetivas no Hospital Universitário: Construção de um Caso Clínico10.1590/1982-37030032534032023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAlmeida, Daniela Lima deAires, Suely
<em>Almeida, Daniela Lima De</em>;
<em>Aires, Suely</em>;
<br/><br/>
Resumo O hospital constitui-se como um contexto em que a urgência subjetiva pode vir a se apresentar de forma frequente, instaurando, para cada sujeito, uma vivência de angústia. O objetivo desta pesquisa foi investigar as possibilidades para uma clínica das urgências subjetivas no contexto de um hospital universitário em Salvador, considerando as vivências em uma residência multiprofissional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, em que se realizou revisão teórica sobre o tema e se construiu um caso clínico, sob orientação psicanalítica. A escolha do caso baseou-se na escuta clínica ao longo dos atendimentos e da atuação em equipe multiprofissional, considerando os impasses ao longo do tratamento. Foram utilizados registros documentais produzidos pela psicóloga residente ao longo dos atendimentos, que ocorreram durante três meses. Os resultados apontam para as contribuições da escuta psicanalítica no tratamento das urgências e na atuação em equipe multiprofissional no contexto hospitalar. A subjetivação da urgência permitiu, no caso em questão, um tratamento pela palavra do que havia incidido diretamente no corpo como fenômeno. Conclui-se pela relevância em discutir o tema da urgência e suscitar novas pesquisas, reintroduzindo no contexto hospitalar a questão sobre a subjetividade.Percepções e Expectativas de Homens Trans Acerca dos Relacionamentos Afetivo-Sexuais Pós-Transição10.1590/1982-37030032508252023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBoffi, Leticia CarolinaSantos, Manoel Antônio dos
<em>Boffi, Leticia Carolina</em>;
<em>Santos, Manoel Antônio Dos</em>;
<br/><br/>
Resumo As identidades transmasculinas ganharam visibilidade social e acadêmica no Brasil a partir de 2010, contudo, as questões subjetivas dos homens trans ainda são pouco debatidas, em particular temas associados aos relacionamentos afetivos na experiência desses sujeitos. Este estudo qualitativo tem por objetivo identificar as percepções e expectativas dos homens trans acerca dos relacionamentos afetivo-sexuais no cenário pós-transição de gênero. Participaram da pesquisa 15 homens transexuais hormonizados, com idades entre 20 e 41 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada nas modalidades presencial e on-line. Empregou-se análise temática reflexiva, que resultou em dois temas analíticos. Os resultados apontam que os homens trans, ao contrário de suas expectativas iniciais, percebem que tiveram menos oportunidades de relacionamentos afetivo-sexuais depois de sua transição de gênero. Os participantes atribuem essa dificuldade especialmente ao fato de não terem se submetido à cirurgia de redesignação sexual. O desconforto é acentuado por sua materialidade corpórea divergente da cisnormatividade, sistema regulador que associa pessoas pertencentes ao gênero masculino à presença de um pênis. Outra fonte de desconforto é o repúdio social, que alimenta a abjeção, exotização e fetichização dos corpos transmasculinos. Também são descritas as especificidades do relacionamento dos homens trans com mulheres cisgênero, heterossexuais e lésbicas. Os resultados evidenciam que a fixação persistente no genital, como referente e signo determinante do gênero e da sexualidade, modula e regula a busca e o encontro de parceira(o) íntima(o).Documentos Psicológicos: Um Estudo Comparativo das Resoluções CFP n.º 006/2019 e CFP n.º 007/200310.1590/1982-37030032517112023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSantos, Maria Liliane Gomes dosFrança, Larissa Oliveira
<em>Santos, Maria Liliane Gomes Dos</em>;
<em>França, Larissa Oliveira</em>;
<br/><br/>
Resumo As resoluções emitidas pelo Sistema Conselhos são instrumentos essenciais de orientação e promoção de práticas éticas que denotem qualidade técnica no exercício profissional da Psicologia. Dada a complexidade que envolve a elaboração de documentos psicológicos, esta pesquisa teve como objetivo identificar as principais mudanças observadas no texto da recém-publicada Resolução CFP n.º 006/2019 quando comparada à Resolução CFP n.º 007/2003, ambas referidas à elaboração de documentos psicológicos. Trata-se de uma pesquisa descritiva-comparativa de abordagem qualitativa, que utilizou da análise de conteúdo no tratamento e interpretação dos dados oriundos de fonte exclusivamente documental. Os resultados indicaram poucas diferenças qualitativas entre os marcos resolutivos, embora se vislumbre altamente relevante o ganho adquirido com a proibição de escritos descritivos, a exigência de referencial teórico para fundamentar o raciocínio profissional e a obrigatoriedade da devolutiva documental. Entre os achados que ganham notoriedade consta a preocupação com os princípios que regem a elaboração de documentos, cuja apresentação tautológica responde a um cenário político de retrocessos que tem favorecido o desrespeito aos direitos humanos e às minorias.Prevenção do Suicídio: Esquecimento do Ser e Era da Técnica10.1590/1982-37030032536522023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFeijoo, Ana Maria Lopez Calvo deMagliano, Fernando da RochaProtasio, Myriam MoreiraCosta, Paulo Victor Rodrigues daPortavales Silva, Victor
<em>Feijoo, Ana Maria Lopez Calvo De</em>;
<em>Magliano, Fernando Da Rocha</em>;
<em>Protasio, Myriam Moreira</em>;
<em>Costa, Paulo Victor Rodrigues Da</em>;
<em>Portavales Silva, Victor</em>;
<br/><br/>
Resumo Martin Heidegger, em sua ontologia, destaca uma característica específica da atualidade que atravessa o comportamento humano, na filosofia, na ciência ou no senso comum: o esquecimento do ser. O filósofo diferencia a época atual das demais épocas históricas. O horizonte histórico contemporâneo se desvela por meio do desafio e da exploração, da tentativa de controle e domínio dos acontecimentos, ao modo da disponibilidade e em função da produtividade. O filósofo esclarece que todo esse desenraizamento do homem atual está atrelado ao esquecimento daquilo que é o mais essencial, qual seja, a existência. A questão que norteia este estudo é apurar, por meio das referências de Heidegger e dos estudos sobre suicídio, o quanto a interpretação da morte voluntária nos dias atuais está atravessada por tal esquecimento. Pretendemos investigar o quanto as ações de prevenção desenvolvidas pela suicidologia se encontram atravessadas por tal esquecimento do ser do homem e, dessa forma, acabam por estabelecer relações entre ser e ente em uma consequente redução ao ente como invariante e atemporal. O caminho para investigar a questão iniciará por abordar, em maiores detalhes, a analítica existencial, a questão da técnica e o movimento de esquecimento do ser apontados por Heidegger a fim de problematizar as perspectivas científicas atuais sobre o suicídio em sua prevenção para, então, estabelecer uma compreensão fenomenológica e existencial sobre o referido fenômeno.Abordagem de Narrativas como Método de Pesquisa em Saúde Pública: Aproximações Conceituais e Contribuições da Psicanálise10.1590/1982-37030032506702023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPereira, Daphne RodriguesSá, Marilene de Castilho
<em>Pereira, Daphne Rodrigues</em>;
<em>Sá, Marilene De Castilho</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo refere-se à parte de uma pesquisa de doutorado, realizada em hospital de alta complexidade do Sistema Único de Saúde, cujos participantes são os profissionais de saúde. O objetivo deste artigo é analisar o potencial da abordagem das narrativas como método de pesquisa e intervenção nos serviços de saúde, traçando aproximações com a teoria psicanalítica. Sua relevância no campo da Saúde Pública está calcada no reconhecimento do papel do sujeito como agente de mudanças. O texto divide-se em duas partes: na primeira, explora as especificidades do trabalho na área da saúde, o paradigma da saúde pública no que concerne à gestão e possíveis contribuições da clínica ampliada para esse modelo. Na segunda parte, analisa o uso das narrativas como método de pesquisa nesse campo e as aproximações conceituais entre a narrativa em Walter Benjamin e a psicanálise em Freud. Busca na literatura referências sobre experiências análogas que fundamentem a proposta ora realizada e conclui pela importância de, no momento atual, apostar na força germinativa das narrativas como fonte criativa de novas formas de cuidar.Escola sem Partido e Conservadorismo Moral: Instrumentalização da Religião, Sexualidade e Gênero10.1590/1982-37030032509512023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMoura, Claudia Helena GonçalvesSilva, Pedro Fernando da
<em>Moura, Claudia Helena Gonçalves</em>;
<em>Silva, Pedro Fernando Da</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo tem por objetivo identificar e discutir alguns estratagemas psicológicos utilizados por movimentos conservadores e autoritários recentemente difundidos no Brasil - em especial, pelo Movimento Escola sem Partido -, em relação a temas como sexualidade e gênero, que atualmente foram incluídos como essenciais à formação escolar. Com esse propósito, empenhamo-nos em compreender a perspectiva cultural em que se apoiam e o modo como a articulam, ideologicamente, para inviabilizar o debate sobre eles. A partir da análise dos Projetos de Lei 246/2019 e 1859/2015, identificamos estratégias conservadoras que, autoritariamente, deslegitimam sua inclusão na formação escolar. Dentre elas, pareceu-nos urgente investigar a instrumentalização da religião, pois favorece a subordinação da crença religiosa, sobretudo associada ao conservadorismo moral imbricado na tradição cristã brasileira, ao discurso político autoritário. Assim como os movimentos fascistas que, nos Estados Unidos da década de 1930, reivindicavam um ordenamento autoritário e opressor da sociedade por meio do apelo a conteúdos religiosos instrumentalizados para esse fim, atualmente, o discurso religioso também é utilizado como forma de suscitar adesão ao conservadorismo social e político e de justificar preconceitos arraigados. Constatamos que a instrumentalização da religião é uma forma de justificar a permanência de valores conservadores na escola e na sociedade, bem como de reiterar o modelo de família heterossexual monogâmica e a ordem patriarcal. Por meio de estratagemas como esses, os movimentos conservadores e autoritários, articulados em função da negação da diversidade sexual e de gênero, impedem que a escola se constitua como espaço democrático e diverso.O Inventário de Envolvimento Paterno Revisado: Inclusão de Pais com Filhos Pré-Escolares10.1590/1982-37030032518112023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSantis, Ligia deQueluz, Francine Náthalie Ferraresi RodriguesCarvalho, Thaís Ramos deBarham, Elizabeth Joan
<em>Santis, Ligia De</em>;
<em>Queluz, Francine Náthalie Ferraresi Rodrigues</em>;
<em>Carvalho, Thaís Ramos De</em>;
<em>Barham, Elizabeth Joan</em>;
<br/><br/>
Resumo Apesar da importância do envolvimento paterno, sua avaliação persiste desafiadora. No Brasil, o Inventário de Envolvimento Paterno (IFI-BR) vem se mostrando adequado para uso com pais de crianças de 5 a 10 anos. Entretanto, do ponto de vista do desenvolvimento infantil e de intervenções preventivas, seria importante avaliar o envolvimento paterno quando as crianças são mais novas. Assim, este trabalho teve como objetivos: identificar limitações do IFI-BR, quando usado com pais de crianças entre 2 e 10 anos, e avaliar itens para o IFI-BR-revisado. No Estudo 1, 434 pais com filhos no Ensino Infantil ou Fundamental 1 responderam a um questionário sociodemográfico e ao IFI-BR. Com base em análises de dados omissos, estrutura interna e precisão, modificações foram sugeridas, visando à manutenção da estrutura interna original do instrumento. No Estudo 2, 572 pais com filhos na mesma faixa etária responderam a um questionário sociodemográfico e à versão modificada do IFI-BR. Foram comparadas as frequências de dados omissos e estimativas de precisão para os itens originais e modificados, selecionando aqueles que melhor representavam essa amostra de pais para compor a versão revisada do IFI-BR. Esses resultados indicaram evidências adequadas de validade, com base no conteúdo da versão revisada do IFI-BR, quando utilizada para avaliar a qualidade do envolvimento paterno de pais brasileiros com filhos do Ensino Infantil ao Fundamental 1. Após verificadas evidências de validade adicionais, essa versão revisada do IFI-BR poderá ser utilizada, por exemplo, em estudos longitudinais e na avaliação de intervenções precoces com pais.Vivências de Trabalho Precoce de Adolescentes em Medida Socioeducativa 10.1590/1982-37030032524762023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAlberto, Maria de Fatima PereiraMello, Marina Angelo deCruz, Flávia Helena PereiraMuniz, Aíla SouzaCosta, Cibele Soares da Silva
<em>Alberto, Maria De Fatima Pereira</em>;
<em>Mello, Marina Angelo De</em>;
<em>Cruz, Flávia Helena Pereira</em>;
<em>Muniz, Aíla Souza</em>;
<em>Costa, Cibele Soares Da Silva</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a vivência de trabalho precoce de adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa, no estado da Paraíba. Os instrumentos utilizados foram um Questionário Mosquito Diagnóstico e uma Entrevista Semiestruturada. A análise foi realizada com o software Iramuteq, (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), através da Análise Hierárquica Descendente, que gerou seis classes: significado do trabalho; infância e escola; condições objetivas de vida; trabalho, drogas e ato infracional; consequências do trabalho infantil; e trabalho infantojuvenil. A perspectiva teórica utilizada foi a psicologia histórico-cultural e os dados discutidos a partir do conceito de vivência. Conclui-se que as vivências e situações sociais de desenvolvimento foram caracterizadas pelo trabalho precoce que oportunizou o envolvimento com atos infracionais e as instituições responsáveis pela garantia de direitos em vez de garantir a proteção social, criminalizaram por meio de medidas socioeducativas.Processos de reflexividade dos Psicólogos do Esporte e <i><i>Coaches</i>: um estudo fenomenológico</i>10.1590/1982-37030032527432023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBarreira, Cristiano Roque AntunesMatos, Telma Sara Queiroz
<em>Barreira, Cristiano Roque Antunes</em>;
<em>Matos, Telma Sara Queiroz</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo desta pesquisa é identificar e compreender fenomenologicamente, por meio de relato de Psicólogos de Esporte (PE) e de Coaches, em sua vivência prática, como ocorrem os processos reflexivos em sua atuação, conforme apreendidos a partir de relatos de experiências. O método de investigação escolhido foi a fenomenologia, pois oferece os recursos necessários para tal mergulho junto à experiência reflexiva. A amostra intencional foi delineada por PE e Coaches (profissionais de Educação Física que recorrem ao Coaching) em atividade em esportes de alto rendimento, que tenham atuado ou estejam atuando em modalidades esportivas coletivas e/ou individuais. Realizaram-se nove entrevistas (cinco com PE, quatro com Coaches). O acesso ao objeto desse estudo se deu por meio de entrevistas em profundidade e semiestruturadas, orientadas pela escuta suspensiva. As questões disparadoras foram formuladas com base no Procedimento Estruturado de Reflexão adaptado. Para análise das entrevistas, realizou-se uma síntese de cada relato, seguindo-se de cruzamento intencional. Como resultados, percebeu-se que PE e Coaches trazem algumas similaridades no que se refere aos modos de refletir sobre sua prática. No entanto, as experiências que eles fazem desses processos reflexivos é que podem tomar rumos distintos. Os(as) PE amparam-se na regulamentação da profissão e resguardam-se em seus apontamentos, trazendo suas experiências e reflexões sobre os processos vividos. Os(as) Coaches trazem em suas explanações um trabalho coerente, organizado e compatível com o método do Coaching. Problematizar os processos reflexivos desses profissionais permite diferenciar qualitativa e eticamente suas atuações, possibilitando o fomento multiprofissional no esporte.Implicações da Prática Profissional no Acolhimento Institucional de Crianças: Perspectiva de Cuidadoras10.1590/1982-37030032516302023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCzelusniak, Caroline BoaventuraMoré, Carmen Leontina Ojeda OcampoSantos, Katia Gonçalves dosKrenkel, Scheila
<em>Czelusniak, Caroline Boaventura</em>;
<em>Moré, Carmen Leontina Ojeda Ocampo</em>;
<em>Santos, Katia Gonçalves Dos</em>;
<em>Krenkel, Scheila</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo qualitativo teve como objetivo compreender, a partir da teoria de bioecológica de desenvolvimento, as implicações da prática profissional no processo de acolhimento de crianças em uma casa-abrigo, na perspectiva de cuidadoras. As participantes foram 10 profissionais de uma casa-abrigo localizada na região sul do Brasil. Utilizou-se a entrevista semiestruturada e a organização e análise dos dados sustentou-se na Grounded Theory, com auxílio do software Atlas.ti 8.4.14. Os resultados evidenciaram uma centralização das ações de acolhimento e atenção em torno dos cuidados físicos das crianças. As ações para promover suporte e cuidados emocionais dentro da casa-abrigo eram delegadas às profissionais da equipe técnica da instituição. Observou-se que as dificuldades encontradas pelas cuidadoras diziam respeito à falta de segurança e preparação para responder e acolher as demandas emocionais das crianças, as quais estão presentes em diversos momentos do processo de acolhimento. Percebeu-se que as práticas institucionais afetaram decisivamente tanto as ações de acolhimento das participantes e o suporte emocional oferecido às crianças na passagem pela casa-abrigo quanto as cuidadoras, no sentido de vivenciarem no trabalho sentimentos de insegurança. Os resultados tensionam ecologicamente a interação nos processos proximais presentes no desenvolvimento humano. Advoga-se pela reflexão sobre as implicações das práticas institucionais de uma casa-abrigo e o desenvolvimento infantil, visando o cuidado integral dos acolhidos.Olhares e Produções de Saberes: Narrativas da Psicologia Acerca das Relações Raciais10.1590/1982-37030032533582023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Anne Bittencourt Santos e
<em>Silva, Anne Bittencourt Santos E</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo realiza um percurso histórico das narrativas teóricas construídas pelas elites intelectuais brancas brasileiras sobre as relações raciais no campo psicológico, bem como os efeitos desse processo no desenvolvimento da psicologia enquanto ciência e profissão. Como a maioria de profissionais da área é branca em um país cuja maioria da população é negra, torna-se cada vez mais urgente e necessário revisitar tanto as bases da psicologia acerca das relações raciais quanto o modo como essas relações se dão no cotidiano, com vistas a construir caminhos para pensar teoria e prática comprometidas com a igualdade racial. Nesse sentido, tecem-se considerações sobre as narrativas teóricas acerca das relações raciais no campo científico brasileiro, destacando o lugar da psicologia nesse percurso. Em seguida, discutem-se as relações entre as perspectivas da realidade social e das produções de saberes nesse campo. Ainda mais especificamente no campo da psicologia, evidenciam-se os paradigmas que orientaram os estudos sobre as relações raciais na área e, por fim, aponta-se um caminho possível para a construção de uma ciência psicológica compromissada com a igualdade racial.Notas para Decolonizar os Estudos Transpessoais no Brasil: Contribuições do Pluriperspectivismo Participativo10.1590/1982-37030032536242023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFerreira, Aurino LimaSilva, Silas Carlos Rocha daCunha, Djailton Pereira daBezerra, Marlos Alves
<em>Ferreira, Aurino Lima</em>;
<em>Silva, Silas Carlos Rocha Da</em>;
<em>Cunha, Djailton Pereira Da</em>;
<em>Bezerra, Marlos Alves</em>;
<br/><br/>
Resumo O campo dos estudos transpessoais tem avançado em diversas áreas no Brasil. Comemorou seus 40 anos com uma inserção ativa nas Instituições de Ensino Superior (IES) e uma ampliação de núcleos formativos e apoiadores de ensino, pesquisa e ações sociais, além de diálogos com o Sistema de Conselhos de Psicologia. Desafios são apresentados a partir do levantamento de uma série de questões importantes e ignoradas dentro da Psicologia Transpessoal no Brasil. Apresentamos o pluriperspectivismo participativo como possibilidade de decolonizar as matrizes eurocêntricas e estadunidenses, que dão suporte ao pensamento transpessoal brasileiro, buscando honrar nossas raízes históricas e incluir outras epistemologias e ontologias, que dão continuidade à crítica à lógica cartesiana moderna. Indicamos uma breve agenda de notas temáticas que carecem de um processo decolonizador no campo transpessoal: a) crítica às perspectivas de um pensamento hegemônico, em termos globais por meio da dominação Norte-Sul ou no campo das relações sociais; b) revisão das formas de “centrocentrismo”; c) questionamento da noção de universalismo das ciências e da ética; d) aprofundamento da análise crítica da supremacia restritiva da racionalidade formal técnico-científica em relação às formas de subjetividade, de vivências holísticas e integradoras e de valorização do corpo; e) revisão da noção de sujeito moderno desprovida da cocriação do humano com a comunidade, a história, a natureza e o cosmos.Telas na Infância: Postagens de Especialistas em Grupos de Cuidadores no Facebook10.1590/1982-37030032537412023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPuccinelli, Mariana FariasMarques, Fernanda MartinsLopes, Rita de Cássia Sobreira
<em>Puccinelli, Mariana Farias</em>;
<em>Marques, Fernanda Martins</em>;
<em>Lopes, Rita De Cássia Sobreira</em>;
<br/><br/>
Resumo Apesar das crescentes investigações sobre uso de telas na infância, essa é uma temática complexa e ainda recente, que traz diversos desafios para pesquisadores e cuidadores. Comunidades virtuais em redes sociais são utilizadas por mães e pais para esclarecer dúvidas e receber conselhos acerca da parentalidade e saúde infantil, podendo, simultaneamente, assumir uma função prescritiva e normativa quanto ao seu modo de agir. Sendo assim, este artigo pretende compreender como o uso de telas na infância vem sendo abordado por especialistas em grupos de mães e pais no Facebook. Foi realizado um estudo qualitativo envolvendo 49 postagens de especialistas, sobretudo psicólogos e educadores, extraídas de cinco grupos públicos de mães e pais nessa rede social. Os textos das publicações foram verificados por meio de análise temática e discutidos com base no referencial teórico psicanalítico. Os resultados mostraram que os especialistas destacam os possíveis prejuízos do uso de telas na infância, além de fornecer orientações aos pais sobre como lidar com sua presença no cotidiano das crianças e de suas famílias. Concluiu-se que apesar dos grupos de cuidadores no Facebook serem uma ferramenta de divulgação de informações acerca do uso de telas na infância, cabe não naturalizar a presença de especialistas nesses espaços virtuais criados por pais e mães, interpondo-se nos saberes e nas trocas horizontalizadas entre os cuidadores.O Mundo Privado na UTI: Análise da Internação de Pacientes Oncológicos10.1590/1982-37030032551522023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, José Dyego dos SantosAlmeida, Vitória Cordovil deCorrêa, Eric Aquino
<em>Silva, José Dyego Dos Santos</em>;
<em>Almeida, Vitória Cordovil De</em>;
<em>Corrêa, Eric Aquino</em>;
<br/><br/>
Resumo O presente estudo buscou investigar a percepção que pacientes adultos de uma unidade de terapia intensiva (UTI) oncológica têm acerca da experiência de internação nesse setor. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa e de compreensão. Sete pacientes de um hospital de câncer na região Sul do país foram pesquisados. Eles responderam a uma entrevista semiestruturada, a qual foi gravada e posteriormente transcrita, o que possibilitou o acesso às concepções prévias desses sujeitos acerca da UTI, aspectos psicológicos presentes durante a internação e concepções posteriores à experiência de internamento na unidade. Tais informações foram interpretadas por meio da análise de conteúdo. A partir dos resultados, foi possível verificar que a experiência de internação em contextos de terapia intensiva pode ser afetada, favorável ou desfavoravelmente, pelo conjunto de regras que o paciente traz consigo acerca do que é a UTI. Além disso, foi possível compreender também que os estímulos aversivos existentes nesse ambiente podem ser atenuados pela presença da família e por uma relação acolhedora e sensível com a equipe de saúde, favorecendo, assim, o repertório de enfrentamento do paciente frente a esse momento crítico de saúde.Expressões de Homofobia e Conflito Intergrupal entre Fãs de <i>League of Legends</i>10.1590/1982-37030032552902023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSantos, Victor Hugo da SilvaAléssio, Renata Lira dos Santos
<em>Santos, Victor Hugo Da Silva</em>;
<em>Aléssio, Renata Lira Dos Santos</em>;
<br/><br/>
Resumo Os jogos digitais são considerados um ambiente de privilégio masculino que exalta o padrão heteronormativo de masculinidade. A partir da Teoria das Representações Sociais, buscamos identificar as diferentes formas de expressão e ancoragens da homofobia a partir de princípios organizadores, nos discursos dos fãs do jogo League of Legends (LoL) na rede social Facebook. Foram selecionados 470 comentários publicados em 2017, os quais foram analisados com apoio do Iramuteq (software de análise lexicométrica) por meio de uma classificação hierárquica descendente, resultando em quatro classes: “Debate sobre a sexualidade dos campeões” (14,9%), “Representatividade no LoL” (29,8%), “Confronto entre as histórias de Varus” (39%), e “Estratégia empresarial” (16,2%). Os resultados evidenciam a existência de um conflito intergrupal, mediado pelo processo de ameaça simbólica: enquanto alguns comentários, realizados majoritariamente por homens heterossexuais, se utilizam do preconceito sutil para perpetuar a manutenção da heteronormatividade, outros comentários reforçam a importância da representação da diversidade nos jogos digitais.Saúde Mental e Cotas: um Estudo Comparativo entre Estudantes Universitários no Brasil10.1590/1982-37030032554102023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBarros, Rebeca Neri dePeixoto, Adriano de Lemos Alves
<em>Barros, Rebeca Neri De</em>;
<em>Peixoto, Adriano De Lemos Alves</em>;
<br/><br/>
Resumo Com a instauração da política de cotas, ocorreram profundas transformações no perfil dos estudantes das universidades públicas brasileiras. Essa nova composição do corpo discente, com maior representatividade de minorias e/ou estudantes de baixa renda, traz consigo novas demandas relacionadas à saúde mental do estudante. Apesar disso, ainda são escassas as pesquisas que investiguem esse contexto específico. Este estudo visa comparar a saúde mental de estudantes cotistas e não cotistas, avaliando diferenças nas prevalências de sintomas de depressão, ansiedade e estresse entre os dois grupos. Participaram da pesquisa 6.103 estudantes de graduação de uma universidade pública federal, dos quais 2.983 (48,88%) cotistas e 3.120 (51,12%) não cotistas. O levantamento de dados foi feito por meio de questionário on-line contendo questionário sociodemográfico e de hábitos de vida, e pelo Depression Anxiety and Stress Scale, na sua versão reduzida de 21 itens (DASS-21), utilizada para avaliar sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Os resultados indicaram que os estudantes cotistas apresentaram maiores prevalências de sintomas de depressão e ansiedade quando comparados aos não cotistas. As áreas de Ciências Exatas e da Terra, e os Bacharelados Interdisciplinares apresentaram maiores diferenças entre os dois grupos em relação a esses problemas em saúde mental. Os resultados apontam para a necessidade de que as universidades estejam atentas às novas demandas em saúde mental dos estudantes e que estas sejam contempladas nas políticas de atenção à saúde estudantil.Sentimentos e Percepções do Luto de Sobreviventes ao Suicídio de Jovens10.1590/1982-37030032556292023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGomes, Eliene RochaConstantinidis, Teresinha Cid
<em>Gomes, Eliene Rocha</em>;
<em>Constantinidis, Teresinha Cid</em>;
<br/><br/>
Resumo Sobreviventes ao suicídio são pessoas que têm suas vidas profundamente afetadas e apresentam sofrimento psicológico, físico ou social após serem expostas a esse fato. O objetivo deste estudo foi analisar a experiência de sobreviventes ao suicídio de jovens, a partir do luto. Participaram sete sobreviventes entre familiares, amigos e parceiros amorosos de jovens que cometeram suicídio. A análise de conteúdo de entrevistas narrativas apontou que os participantes utilizam explicações racionalizadas ou dissociadas, criando uma distância entre o evento e eles mesmos. Como formas de lidar com o sofrimento podem buscar o isolamento, apoio entre amigos, prática religiosa e/ou a dedicação ao trabalho. Reafirma-se a dimensão do luto diante dessa experiência, além da importância da prevenção ao suicídio e da posvenção aos sobreviventes.A Invenção de um <i>Setting</i> On-line para Atendimento Psicológico Remoto10.1590/1982-37030032557122023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGomes Júnior, Djalma Alves MagalhãesRocinholi, Luciene de Fátima
<em>Gomes Júnior, Djalma Alves Magalhães</em>;
<em>Rocinholi, Luciene De Fátima</em>;
<br/><br/>
Resumo Com o advento da covid-19, foi declarado estado de emergência de saúde pública e decretadas medidas de isolamento e distanciamento social para conter a propagação da doença. O Conselho Federal de Psicologia, considerando a importância do acolhimento seguro durante a pandemia, publicou a Resolução CFP nº 4/2020, permitindo que serviços psicológicos aconteçam de maneira remota. O presente estudo visa, através do Método da Cartografia, apresentar a construção de um setting on-line para intervenções grupais e os desafios na oferta de acolhimento e atendimento remoto. Foram ofertados grupos terapêuticos, por meio da plataforma Google Meet, para estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Um diário de bordo foi produzido para acompanhar as forças que atravessavam e constituíam o território e a experiência grupal remota. Compreendemos que o território-espaço-grupal-on-line era composto pelo espaço virtual em que nos reuníamos, pelos espaços individuais de cada integrante e pelas forças que os atravessavam. Observamos que nem sempre os participantes dispunham de um lugar privado, mas estiveram presentes no encontro com câmeras e áudios abertos e/ou fechados e/ou através do chat da videochamada. A participação no grupo funcionou como alternativa no momento de distanciamento social, sendo uma possibilidade para o atendimento psicológico em situações de dificuldade de encontros presenciais; entretanto, se mostrou dificultada em diversos momentos, pela falta de equipamentos adequados e instabilidade na internet, fatores que interferiram nas reuniões e impactaram na possibilidade de falar e escutar o que era desejado.Psicologia e Diabetes no Brasil: Um Mapeamento de Profissionais e de suas Ações10.1590/1982-37030032559122023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZRodrigues, Glaucia Margonari BecharaPecoli, Priscila Firmino GonçalvesMalerbi, Fani Eta Korn
<em>Rodrigues, Glaucia Margonari Bechara</em>;
<em>Pecoli, Priscila Firmino Gonçalves</em>;
<em>Malerbi, Fani Eta Korn</em>;
<br/><br/>
Resumo Pouco se sabe sobre a atuação do psicólogo no Brasil junto a pessoas com Diabetes Mellitus. O objetivo desta pesquisa foi identificar os psicólogos brasileiros que trabalham com essa população e suas ações. Foram convidados a responder a um questionário online psicólogos que atuam ou atuaram junto a pessoas com diabetes. Participaram 79 psicólogos, principalmente da região Sudeste (59,5%). Todos declararam que haviam cursado pósgraduação. Na amostra, predominou o gênero feminino (89,9%), com idade entre 26 e 40 anos (46,8%). A maioria dos que atuam com diabetes declarou-se autônoma ou voluntária, e quase metade trabalhava menos do que 10 horas semanais. Entre aqueles que deixaram de trabalhar com diabetes, apenas uma minoria tinha vínculo empregatício. Além do trabalho com pessoas com diabetes, a maior parte declarou exercer outras atividades profissionais, como atendimentos clínicos em consultórios particulares, sugerindo que esta não é a atividade principal. Majoritariamente, os respondentes declararam não ter conhecimentos suficientes para o atendimento específico às pessoas com diabetes. Discute-se a qualidade da formação profissional dos psicólogos no Brasil, a necessidade de aprimoramento em relação à atuação com pessoas com diabetes e as condições de trabalho.A Relação entre Arte e Vida em Vigotski: Uma Análise Conceitual10.1590/1982-37030032565982023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCarvalho, Lucas Dias Rebello deCarvalho, Alex Moreira
<em>Carvalho, Lucas Dias Rebello De</em>;
<em>Carvalho, Alex Moreira</em>;
<br/><br/>
Resumo Este trabalho teve como objetivo analisar a relação entre arte e vida segundo Vigotski. Para isso, foi realizada uma análise conceitual dos capítulos 1, 7, 9, 10 e 11 da Psicologia da Arte, do capítulo 13 da Psicologia Pedagógica e do texto O significado histórico da crise da Psicologia: Uma investigação metodológica. A pesquisa conceitual consiste na análise semântica dos principais conceitos de uma teoria com o intuito de elucidar seus sentidos ocultos ou confusos e desvendar possíveis contradições e ambiguidades no quadro teórico. Podemos observar que a arte é um fenômeno dialético tanto em sua criação como em seus efeitos. A influência da vida, isto é, da realidade sócio-histórica, na criação artística é indireta, pois ela é sempre mediada pelo psiquismo particular do artista. Já o efeito da arte sobre a vida possibilita que o ser humano se conscientize de sua realidade social e se engaje para mudá-la. A arte é, portanto, transformadora, pois reorganiza o psiquismo e possibilita uma mudança nas condições materiais dos seres humanos.Migração em Tempos de Covid-19: Impactos e Estratégias de Enfrentamento10.1590/1982-37030032566592023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLevitan, DéborahFurtado, Janaína RochaBousfield, Andréa Barbará S.
<em>Levitan, Déborah</em>;
<em>Furtado, Janaína Rocha</em>;
<em>Bousfield, Andréa Barbará S.</em>;
<br/><br/>
Resumo Em 2020, o mundo enfrentou uma grave emergência de saúde pública devido à pandemia de COVID-19, que impactou significativamente a mobilidade humana e a vida cotidiana de milhares de imigrantes ao redor do mundo. Este artigo fez uso de entrevistas online e por telefone com imigrantes que chegaram ao Brasil a partir de 2016, para identificar as estratégias de enfrentamento adotadas durante a pandemia. Foi realizada uma análise transversal das entrevistas com o auxílio do software Atlas.ti 9, usando a técnica sistemática de categorização iterativa. Com base em uma perspectiva sociocultural em psicologia, o artigo introduz os impactos iniciais da pandemia em diferentes esferas da vida cotidiana desses imigrantes e apresenta as estratégias mobilizadas para restaurar continuidades funcionais e relacionais em um momento no qual as rupturas provocadas pela migração e pela pandemia se sobrepõem. Entre outros, podese identificar como os entrevistados ativaram rapidamente as redes sociais locais e transnacionais virtualmente, mobilizando competências e habilidades aprendidas durante a migração.PsicoQuilombologia: Escrevivência de uma Psicologia das Encruzilhadas em Tempos Pandêmicos 10.1590/1982-37030032571262023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Uilames Lazaro daCardoso, Jackson PereiraFarias, Bruna RosaBandeira, Charlene da Costa
<em>Silva, Uilames Lazaro Da</em>;
<em>Cardoso, Jackson Pereira</em>;
<em>Farias, Bruna Rosa</em>;
<em>Bandeira, Charlene Da Costa</em>;
<br/><br/>
Resumo O texto é um relato de experiência da participação no Grupo de Estudos psicoQuilombologia ocorrida nos meses de setembro de 2020 a março de 2021, período atravessado pela segunda onda da pandemia de COVID-19 no Brasil. O objetivo do relato é apresentar o conceito-movimento de psicoQuilombologia como uma proposta epistemológica quilombola de agenciamento de cuidado e saúde, com base em uma escuta que se faça descolonial e inspirada no fecundo e ancestral acervo de cuidado dos povos africanos, quilombolas e pretos, preservado e atualizado em nossos quilombos contemporâneos. A metodologia utilizada é a escrevivência, método desenvolvido por Conceição Evaristo que propõe uma escrita em que as vivência e memórias estão totalmente entrelaçadas, imersas e imbricadas com a pesquisa. O resultado das escrevivências dessa pesquisa descortinam que os povos pretos desenvolveram práticas de cuidado e acolhimento às vulnerabilidades do outro, enraizadas no fortalecimento de laços e conexões coletivas de afetos e cuidado mútuos. Práticas de cuidado que articulam memória, ancestralidade, tradição, comunidade, transformação, luta, resistência e emancipação, engendrando modos coletivos de ser e viver. Nas quais cuidar do outro implica tratar suas relações e situar o cuidado como extensão de uma cura que se agencia no coletivo. O trabalho conclui apontando que o cenário pandêmico vigente acentua a pungência de se desenvolver estratégias de cuidado baseadas em epistemologias pretas e quilombolas, valorizando os sentidos de ancestralidade, comunidade, pertencimento e emancipação.Grupo Multifamiliar em Transtornos Alimentares Durante a Primeira Onda da Pandemia de Covid-19: Transição para a Modalidade Online10.1590/1982-37030032622622023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGil, MarianaOliveira-Cardoso, Érika Arantes deSantos, Manoel Antônio dos
<em>Gil, Mariana</em>;
<em>Oliveira-Cardoso, Érika Arantes De</em>;
<em>Santos, Manoel Antônio Dos</em>;
<br/><br/>
Resumo As restrições impostas pela pandemia de covid-19 levaram os serviços de saúde a reorganizarem seu funcionamento, ajustando-se à modalidade remota. A transição repentina e sem o devido preparo técnico impôs desafios adicionais para usuários e profissionais. Para aprimorar as estratégias assistenciais, torna-se imprescindível dar voz aos usuários dos serviços, para que narrem suas experiências e possam manifestar suas facilidades e dificuldades com essa passagem. Este estudo tem como objetivo investigar como os principais cuidadores familiares de pessoas com transtornos alimentares vivenciaram a transição do grupo de apoio para o formato remoto e identificar vantagens e desvantagens percebidas nesse modelo. Estudo clínico-qualitativo, exploratório, realizado em um serviço de atendimento especializado de um hospital terciário. O cenário investigado foi o grupo de apoio psicológico aberto a familiares que, desde o início da pandemia de covid-19, passou a ser oferecido na modalidade online. Participaram do estudo cinco mães e três pais presentes em 13 sessões grupais consecutivas. Entrevistas individuais foram aplicadas com a Técnica do Incidente Crítico logo após o término de cada encontro grupal, totalizando 26 entrevistas audiogravadas, transcritas e submetidas à análise temática. A transição para o online foi vivenciada pelos participantes como um recurso válido para permitir que o grupo funcionasse em tempos de grave crise sanitária. Como vantagens, foram mencionadas: a continuidade do cuidado, maior acessibilidade e facilidade em relação à logística da participação. Como limitações do formato online, foram destacadas: nem todos os familiares contam com conexão de internet de qualidade e possível dificuldade para manusear a tecnologia digital. Apesar dos desafios impostos pela súbita mudança para a modalidade online, na perspectiva dos usuários do serviço os esforços de adaptação foram bem-sucedidos, possibilitando a continuidade do cuidado à saúde mental.Geração de Renda para População em Situação de Rua: Relato de Experiência 10.1590/1982-37030032557142023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMedeiros, Mariana Maia deCoelho-Lima, FellipeSilva, Daniele Vitória Lima daMelo, Beatriz Pinheiro deSilva, José Vanilson Torres da
<em>Medeiros, Mariana Maia De</em>;
<em>Coelho-Lima, Fellipe</em>;
<em>Silva, Daniele Vitória Lima Da</em>;
<em>Melo, Beatriz Pinheiro De</em>;
<em>Silva, José Vanilson Torres Da</em>;
<br/><br/>
Resumo Uma das demandas centrais das pessoas em situação de rua é a dificuldade de acesso a trabalho e renda, o que tanto pode levá-las a essa circunstância como dificultar sua saída das ruas. Nessa direção, em parceria com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Natal, Rio Grande do Norte (MNPR/RN), Brasil, realizamos projeto de extensão com os objetivos de fortalecer as ações de geração de renda para os militantes do referido movimento e para o movimento em si e de promover a organização coletiva e política dos militantes do MNPR/RN em torno da pauta trabalho. Baseamo-nos na Economia Solidária para elaborar ações de geração de renda e fortalecimento político, e na Psicologia Social do Trabalho para informar sobre as intervenções realizadas pela equipe extensionista. Como estratégia de ação, foram realizados cinco bazares solidários em 2019, os quais envolveram militantes do MNPR/RN e extensionistas em reuniões preparatórias, arrecadação de materiais e efetivação dos bazares. Avaliou-se que os bazares foram uma ótima estratégia para a arrecadação de fundos para o movimento e a geração de renda imediata para os militantes envolvidos, mas que não garantiram a médio e longo prazo a renda dessas pessoas. Também possibilitaram o fortalecimento da autonomia, da participação ativa como trabalhadores e trabalhadoras e do aprendizado mútuo sobre princípios da Economia Solidária.Transtornos Alimentares: Vivências de Mulheres Acima de 30 Anos10.1590/1982-37030032617922023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLima-Santos, Eloha FlóriaSantos, Manoel Antônio dosOliveira-Cardoso, Érika Arantes de
<em>Lima-Santos, Eloha Flória</em>;
<em>Santos, Manoel Antônio Dos</em>;
<em>Oliveira-Cardoso, Érika Arantes De</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo deste estudo foi compreender como mulheres adultas (acima de 30 anos) diagnosticadas com transtornos alimentares (TAs) vivenciam o adoecer. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, desenvolvido com base no referencial teórico-metodológico da Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI). Participaram seis mulheres, com idades entre 34 e 65 anos, atendidas em um serviço especializado. Os dados foram coletados por meio de entrevista aberta, de inspiração fenomenológica, na modalidade remota. As entrevistas foram audiogravadas, transcritas e analisadas seguindo os passos da AFI. Duas categorias temáticas foram identificadas: “Vivendo antes do adoecer” e “Encontrando-se doente.” Constatou-se que os sintomas tiveram início anteriormente à vida adulta e que houve dificuldade na confirmação do diagnóstico. Na perspectiva das participantes, conviver com a sintomatologia ficou mais complicado em função de particularidades de manejo dos sintomas na vida adulta, e a idade é percebida como um fator que impacta e dificulta ainda mais a recuperação. As participantes relataram desesperança em relação ao futuro, apesar de a maioria reconhecer melhoras no quadro clínico ao longo do tempo e de valorizar a relação de confiança estabelecida com a equipe multiprofissional.Saúde Mental e Abortamento Voluntário na Audiência Pública da ADPF442/STF 10.1590/1982-37030032643242023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPorto, Madge
<em>Porto, Madge</em>;
<br/><br/>
Resumo O estudo teve como objetivo identificar os argumentos da estratégia de persuasão dos discursos apresentados na audiência pública sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental-ADPF 442, realizada em 2018, cujo propósito era discutir sobre a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana. Para tal, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, analítico-descritiva e documental. O objeto de análise foi o registro da audiência, apresentado em vídeo, disponibilizado na plataforma digital YouTube, e em ata lavrada pelo STF, ambos de acesso público. A partir de uma análise do discurso, identificou-se os argumentos utilizados na estratégia de persuasão, que foram sistematizados em quatro categorias de argumentos para cada um dos dois grupos identificados: o grupo pró e o grupo contra a descriminalização do aborto. As três primeiras categorias, Saúde mental, Direito e Saúde pública, mesmo com diferenças na forma de apresentar o argumento, se repetem nos dois grupos. Todavia, a quarta categoria, Pressupostos, se diferenciou. No grupo pró descriminalização do aborto, apresentou-se como Pressupostos filosóficos e científicos, e no grupo contra, como Pressupostos morais. Por fim, a defesa da saúde mental das mulheres foi o principal argumento numa forma de humanizar o sofrimento vivido pelas que desejam abortar e não encontram o suporte do Estado para assegurar sua dignidade, cidadania e efetiva igualdade, garantidas constitucionalmente.Formação em Análise do Comportamento no contexto da Educação Especial: Variáveis Pessoais e Atitudinais Relacionadas à Inclusão10.1590/1982-37030032644772023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBenitez, PriscilaDomeniconi, CamilaArruda, Hillary Cristina deFreitas, Maria Clara deAfonso, TatianaSouza, Lucas Vasconcelos deAraujo, Fernanda Aparecida Barbosa deCunha, Francinete Furtado da
<em>Benitez, Priscila</em>;
<em>Domeniconi, Camila</em>;
<em>Arruda, Hillary Cristina De</em>;
<em>Freitas, Maria Clara De</em>;
<em>Afonso, Tatiana</em>;
<em>Souza, Lucas Vasconcelos De</em>;
<em>Araujo, Fernanda Aparecida Barbosa De</em>;
<em>Cunha, Francinete Furtado Da</em>;
<br/><br/>
Resumo A inclusão educacional de estudantes com autismo e/ou deficiência intelectual no ensino regular, em classe comum, evidencia a urgência de programas de formação docente em práticas educacionais baseadas em evidências. O objetivo foi avaliar a estrutura de um processo formativo remoto para elaboração, aplicação e avaliação de uma intervenção comportamental na perspectiva educacional inclusiva e, mais especificamente, caracterizar as atitudes sociais de agentes educacionais participantes da formação. A formação ocorreu em dois formatos. No primeiro, todo o material foi disponibilizado em uma pasta virtual compartilhada e, no segundo, em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Nos dois formatos, a estrutura contou com parte teórica e prática, por meio de leitura de textos, realização de exercícios e discussões. Na parte prática, participantes tiveram a oportunidade de trabalhar com famílias e estudantes (crianças e jovens) com autismo e/ou deficiência intelectual visando identificar as necessidades e prioridades da família para elaboração colaborativa de um plano de intervenção (sistematização de práticas), implementação e análise das práticas. Para a caracterização da amostra foram levantadas informações pessoais, experiências prévias, familiaridade com ferramentas tecnológicas, conhecimento sobre os conceitos teóricos da Análise do Comportamento. Foi feita uma caracterização das atitudes sociais em relação à inclusão e analisada a validade social de participantes sobre a formação. Os resultados da formação identificaram correlações entre o nível de atitudes sociais e o engajamento nas atividades práticas entregues, além da relação entre o número de participantes que concluíram a formação, o cumprimento de tarefas e dificuldades de contato com a família. O estudo discutiu sobre estratégias que tenham em vista possibilidades de escalabilidade da formação docente de maneira sistemática e científica nesta área de atuação profissional.Práticas Psicológicas nos Creas do Interior do RS: O Olhar de Trabalhadoras(es)10.1590/1982-37030032551642023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPöttker, CarolineArpini, Dorian Mônica
<em>Pöttker, Caroline</em>;
<em>Arpini, Dorian Mônica</em>;
<br/><br/>
Resumo O presente texto tem o objetivo de explanar ações desempenhadas por psicólogas(os) trabalhadoras(es) dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), em situações de violência intrafamiliar, identificadas a partir do estude empírico realizado por mim, psicóloga pesquisadora, também trabalhadora de um Creas. Participaram da pesquisa doze psicólogas(os), trabalhadoras(es) destes centros, em sete municípios do interior do Rio Grande do Sul, onde foram realizadas, presencialmente, as entrevistas. A análise dos dados apontou para uma compreensão metodológica a partir de três dimensões já apontadas na bibliografia, sendo elas: a) Acolhida Inicial, que demonstra que esses profissionais geralmente iniciam suas práticas com uma família ou indivíduo indo ao encontro destes, buscando a vinculação dos mesmos com o serviço; b) Acompanhamento Especializado, onde essas(es) trabalhadoras(es) desenvolvem suas práticas com diversidade e criatividade, a partir de visitas domiciliares, trabalhos com grupos, indivíduos ou famílias, geralmente em conjunto com outros profissionais, principalmente assistentes sociais; c) Articulação com a Rede, onde se identificou um importante movimento para o trabalho em conjunto com outros serviços disponíveis no território. Por fim, as considerações finais indicam que ainda há um caminho a ser trilhado com relação à definição das práticas dos psicólogos no Creas. Porém, há muito que se falar a respeito de práticas que já estão ocorrendo. Assim, tornam-se relevantes as pesquisas acadêmicas nesse contexto, pois ao inserir os profissionais psicólogos trabalhadores da política, eles podem promover uma articulação entre a produção do fazer cotidiano e a reflexão teórica e acadêmica sustentada pelas pesquisas.Expectativas de Mães e Cuidadoras sobre Participação em um Programa de Prevenção à Violência10.1590/1982-37030032551652023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFaraj, Suane PastorizaSiqueira, Aline Cardoso
<em>Faraj, Suane Pastoriza</em>;
<em>Siqueira, Aline Cardoso</em>;
<br/><br/>
Resumo O presente estudo qualitativo objetivou compreender as expectativas de mães e cuidadoras sobre a sua participação no Programa ACT para Educar Crianças em Ambientes Seguros na versão remota, no período da pandemia de covid-19. Também visou identificar a percepção das participantes sobre educar uma criança em um ambiente seguro. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas on-line com doze mães e cuidadoras, antes da participação no Programa ACT. Os resultados indicaram diferentes expectativas sobre a participação no Programa ACT, entre elas: adquirir novos conhecimentos, aprimorar as habilidades parentais, trocar experiências, receber auxílio no momento da pandemia de covid-19 e possibilitar para a criança um desenvolvimento saudável. Na percepção das mães e cuidadoras, a versão remota do Programa ACT apresenta aspectos positivos; entre eles, a participação de pais e cuidadores que não residem na cidade em que é oferecida a intervenção. No entanto, apontaram como fatores negativos a ausência do contato físico e as interrupções que podem acontecer a partir das falhas de internet. Para as mães e cuidadoras, educar a criança em um ambiente seguro estava relacionado a promover os direitos estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como educação, saúde, lazer, cuidado, afeto, assim como protegê-la de situações de violência. Considera-se que as expectativas das participantes estavam alinhadas aos objetivos do Programa ACT. Torna-se prioritário oferecer programas de prevenção à violência aos pais e cuidadores, em especial em momentos adversos como o da pandemia de covid-19, a fim de promover o desenvolvimento e a saúde das crianças, assim como prevenir situações de violação de direitos.Atuação da Psicologia em Unidade Neonatal no Contexto da Pandemia da Covid-1910.1590/1982-37030032551952023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZDomingues, Sarah MarquesMelo, Eleonora Pereira
<em>Domingues, Sarah Marques</em>;
<em>Melo, Eleonora Pereira</em>;
<br/><br/>
Resumo A pandemia de covid-19 provocou intensas mudanças no contexto do cuidado neonatal, exigindo dos profissionais de saúde a reformulação de práticas e o desenvolvimento de novas estratégias para a manutenção da atenção integral e humanizada ao recém-nascido. O objetivo deste artigo é relatar a atuação da Psicologia nas Unidades Neonatais de um hospital público de Fortaleza (CE), Brasil, durante o período de distanciamento físico da pandemia de covid-19. Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de experiência, que ocorreu no período de março a agosto de 2020. No contexto pandêmico, o serviço de Psicologia desenvolveu novas condutas assistenciais para atender às demandas emergentes do momento, como: atendimento remoto; registro e envio on-line de imagens do recém-nascido a seus familiares; visitas virtuais; e reprodução de mensagens de áudio da família para o neonato. Apesar dos desafios encontrados, as ações contribuíram para a manutenção do cuidado centrado no recém-nascido e sua família, o que demonstra a potencialidade do fazer psicológico.Notas Sobre o Pesquisar em Cena(s)10.1590/1982-37030032554962023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZWottrich, Laura Anelise FaccioTorossian, Sandra Djambolakdjian
<em>Wottrich, Laura Anelise Faccio</em>;
<em>Torossian, Sandra Djambolakdjian</em>;
<br/><br/>
Resumo O presente artigo tem como objetivo apresentar a construção metodológica desenvolvida em uma pesquisa de mestrado, na qual sustentamos a escrita de cenas como método de pesquisa da escuta clínica. As cenas do trabalho em questão foram recolhidas ao longo do tempo, no contorno da experiência de um projeto de extensão universitária de atenção à infância e adolescência em situação de vulnerabilidade social, situado em uma comunidade periférica. Apresentamos, neste texto, as interrogações que se elaboraram em torno da escolha pelo trabalho com cenas, e compartilhamos o resgate histórico dessas como um método de escrever a clínica, bem como a retomada de sua análise a partir da tradição psicanalítica. Amparadas nesta teoria e em leituras e contribuições do filósofo francês Jacques Derrida, embasamos a noção de que a cena se constitui como um lugar de produção, ao engendrar a configuração particular de elementos significantes nos processos de subjetivação e de construção social. A cena não é, então, compreendida aqui como uma representação do que acontece na clínica, mas como um modo de produzir a escuta e os seus processos de investigação.Falsa Acusação de Abuso Sexual na Alienação Parental: Luto ou Melancolia?10.1590/1982-37030032623802023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZDias, Arlene Mara de SousaSouza, Mauricio Rodrigues de
<em>Dias, Arlene Mara De Sousa</em>;
<em>Souza, Mauricio Rodrigues De</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo apresenta como principal objeto de estudo a falsa acusação de abuso sexual no contexto da alienação parental para, diante dela, estabelecer a seguinte problemática: será possível propor uma eventual correlação entre si e os processos psíquicos do luto e da melancolia? Neste sentido, a partir do recurso teórico ao referencial psicanalítico de Freud e de Laplanche, debate as circunstâncias que norteiam o discurso levado ao Judiciário pelo genitor alienante valorizando em tal movimento não apenas a realidade material da prova, tão importante no campo jurídico, mas também a realidade psíquica ditada pelo inconsciente, a qual se pauta em uma noção de verdade que, na sua vinculação direta com a particularidade de cada sujeito e com o dinamismo das relações específicas que ele estabelece consigo mesmo e com os outros, coloca em xeque as certezas positivistas da norma. Em termos conclusivos, destaca o quanto, a despeito da atual literatura existente sobre alienação parental no Brasil a correlacionar, em regra, a um luto mal elaborado por parte do alienante, é possível e mesmo desejável cogitar também a presença da melancolia - ou, mais especificamente, de traços melancólicos intermediários - na formação e desenvolvimento desse fenômeno.Componente Curricular Projeto de Vida: Perspectivas de Professoras da Rede Estadual de São Paulo10.1590/1982-37030032624282023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Carlos Henrique Ferreira daSilva, Anna Karolina Santoro BorgesSouza, Lidiane dos SantosSousa, Marcela Pereira deFrancisco, Caroline de FátimaDellazzana-Zanon, Letícia Lovato
<em>Silva, Carlos Henrique Ferreira Da</em>;
<em>Silva, Anna Karolina Santoro Borges</em>;
<em>Souza, Lidiane Dos Santos</em>;
<em>Sousa, Marcela Pereira De</em>;
<em>Francisco, Caroline De Fátima</em>;
<em>Dellazzana-Zanon, Letícia Lovato</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo deste estudo foi conhecer a experiência de alguns professores ao lecionar projeto de vida durante a implementação do componente curricular Projeto de Vida no estado de São Paulo. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório. Participaram do estudo sete professoras que lecionavam o componente curricular Projeto de Vida em duas escolas públicas, de uma cidade do interior do estado de São Paulo, escolhidas por conveniência. Foram utilizados o Questionário de Dados Sociodemográficos e o Protocolo de Entrevista Semiestruturada para Projeto de Vida de Professores, elaborados para este estudo. As professoras foram entrevistadas individualmente, on-line, e as entrevistas foram gravadas em áudio e vídeo. Os dados foram analisados por meio de análise temática. Os resultados indicaram possibilidades e desafios em relação à implementação do componente curricular Projeto de Vida. Constatou- se que a maioria das docentes afirmou que escolheu esse componente curricular devido à necessidade de atingir a carga horária exigida na rede estadual. As professoras criticaram a proposta, os conteúdos e os materiais desse componente curricular. As críticas apresentadas pelas professoras estão em consonância com aquelas presentes na literatura em relação à reforma do Ensino Médio e ao Inova Educação. Esses resultados sugerem a necessidade de formação tanto nos cursos de licenciatura quanto em ações de formação continuada, para que os professores se sintam mais seguros e preparados para lecionar o componente curricular Projeto de Vida na Educação Básica. Propõe-se uma perspectiva de formação pautada na reflexão e na troca entre os pares para a construção de um projeto coletivo da escola para o componente Projeto de Vida.Um Capítulo Esquecido na História da Psicologia? Sexualidades Desviantes, Psicopatologia e Normalidade10.1590/1982-37030032632912023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAragusuku, Henrique Araujo
<em>Aragusuku, Henrique Araujo</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo tem como objetivo produzir uma análise histórica sobre as intersecções entre Psicologia e sexualidade desviantes da norma no Brasil, de fins do século XIX a meados da década de 1980. Esta temporalidade foi escolhida por abarcar o surgimento das pesquisas científicas sobre sexualidade e desvios sexuais, a consolidação dos estudos psicológicos sobre a temática e o processo mais recente de despatologização da homossexualidade. Em termos teóricos e metodológicos, foram adotados os pressupostos da História Social da Psicologia e da historiografia das homossexualidades no Brasil. Desse modo, buscou-se compreender como as ideias, concepções e práticas psicológicas foram mudando ao longo do tempo, em conexão com as transformações socioculturais e políticas que ocorreram durante o século XX. Para isto, foram utilizadas fontes primárias e secundárias de pesquisa com vistas à produção de interpretações sobre as conexões entre as ideias, os atores e os eventos narrados. Argumenta-se, ao longo do artigo, que as ideias e práticas psicológicas estão intrinsecamente conectadas aos contextos socioculturais e políticos de seu tempo, sendo os movimentos dinâmicos e os conflitos presentes nesses contextos fatores determinantes para a sua constituição.Violência Sexual e Aborto Legal: Possibilidades e Desafios da Atuação Psicológica10.1590/1982-37030032638772023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZMartino, Mayara KuntzSobreira, Léia AnselmoNakandacare, Verônica Cristina de Souza Arrieta
<em>Martino, Mayara Kuntz</em>;
<em>Sobreira, Léia Anselmo</em>;
<em>Nakandacare, Verônica Cristina De Souza Arrieta</em>;
<br/><br/>
Resumo A violência sexual e o aborto legal são temas tabus em nossa sociedade. No campo da saúde, a(o) psicóloga(o) atua em fases distintas, seja na avaliação psicológica do pedido pelo aborto legal, que culminará ou não em sua aquiescência; seja no momento posterior à solicitação, no atendimento em enfermarias ou ambulatorial. Partindo de relato de experiência, este artigo tem como objetivo refletir sobre as possibilidades e desafios da atuação psicológica no atendimento em saúde para pessoas em situação de gestação decorrente de violência sexual e que buscam pelo aborto legal. Para tanto, dividimos o artigo em três momentos. No primeiro deles, será possível encontrar dados conceituais, estatísticos e históricos sobre ambos os temas, trazendo recortes nacionais e internacionais. No segundo, trazemos apontamentos sobre o que chamamos de “eixos norteadores”, ou seja, dialogamos com aspectos fundamentais para o trabalho nesta seara, sendo eles gênero, família, sexualidade e trauma. Por fim, no terceiro, aprofundamos a reflexão sobre o atendimento psicológico atrelado aos conceitos já discutidos, analisando de forma crítica principalmente um dos pontos mais espinhosos da atuação: a avaliação para aprovação (ou recusa) do pedido pelo aborto. Apoiamo-nos no referencial psicanalítico e defendemos que esta atuação psicológica é primordialmente uma oferta de cuidado, comprometido com as demandas das pessoas atendidas e com a promoção de saúde mental, e consideramos que o papel da psicologia é essencial para o reconhecimento do sofrimento e dos efeitos do abandono socioinstitucional na vida do público atendido.“Somos a Terra Lutando para Sobreviver”: Histórias de Vida de Mulheres Agroecologistas10.1590/1982-37030032639592023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBackes, Raquel Meyer FagundesGiongo, Carmem ReginaCúnico, Sabrina Daiana
<em>Backes, Raquel Meyer Fagundes</em>;
<em>Giongo, Carmem Regina</em>;
<em>Cúnico, Sabrina Daiana</em>;
<br/><br/>
Resumo A luta pela terra e seu uso incide na forma como as subjetividades têm sido produzidas no Brasil. No contexto capitalista, patriarcal e machista, vive-se um processo de exploração da mão de obra de mulheres e de recursos naturais da Terra. Este estudo objetivou conhecer histórias de vida de mulheres agricultoras rurais que participam de movimentos sociais agroecológicos no Rio Grande do Sul. Participaram do estudo três mulheres agricultoras, com idades entre 21 e 53 anos, residentes e trabalhadoras em zonas rurais das cidades de Viamão e Rolante, escolhidas por conveniência. Os instrumentos utilizados foram: questionário sociodemográfico, entrevista de história de vida e observação participante, os quais foram, posteriormente, submetidos à análise temática. Os resultados demonstram que as histórias de vida das mulheres relatadas são marcadas por lutas e formas de resistência. Para além das situações de conflitos e falta de recursos, avistam-se questões próprias de gênero, como a invisibilidade feminina e a desigualdade no acesso à terra por mulheres. A construção de base e o fortalecimento do papel político das mulheres nos movimentos sociais permite inferir que existem melhorias significativas nas desigualdades e injustiças no meio rural. Contudo, pontua-se a necessidade de se promover o diálogo entre os movimentos sociais, as mulheres e a sociedade política sobre os modelos atuais de políticas públicas existentes, possibilitando, assim, avançar nas discussões a respeito da promoção da equidade de gênero nos espaços rurais, bem como potencializar o avanço das práticas agroecológicas em direção à superação do capitalismo.Violência por Parceiro Íntimo Entre Homens que se Relacionam com Homens10.1590/1982-37030032649822023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSouza, Daniel Cerdeira de
<em>Souza, Daniel Cerdeira De</em>;
<br/><br/>
Resumo A violência por parceiro íntimo (VPI) consiste em atos que ameacem causar ou efetivamente causem danos em um parceiro dentro de uma relação afetivo-sexual, independente da configuração ou tempo do relacionamento ou de haver coabitação ou não entre as partes. Nas relações homossexuais, a VPI é invisibilizada de diversas maneiras, mesmo sendo reconhecida como uma grave violação de direitos humanos. O estudo objetivou compreender os significados da VPI para um grupo de homens que se relacionam com homens (HRH). Participaram da pesquisa oito HRH, selecionados através da técnica “bola de neve”, utilizada devido à sensibilidade do tema, considerando os estigmas de ser HRH. Os dados foram obtidos através de entrevista semiestruturada e foram analisados pela Análise Temática. Como resultados, foram construídas seis categorias: 1º) O armário; 2º) Homofobia 3º) Racismo, poder e vulnerabilidade a VPI; 4º) Sexualidade; 5º) Infidelidade; 6º) HIV, que discutem a interseccionalidade de diversas formas de opressão na produção de VPI entre HRH. Conclui-se que a VPI vivenciada por esse grupo é influenciada por diversos fatores que envolvem a interseccionalidade de vários marcadores sociais, como os estereótipos de masculinidade em relação a hipersexualização e infidelidade, a homofobia como fator direto do estresse minoritário, o racismo que hierarquiza os corpos e invisibiliza o afeto de homens negros, e o estigma de HIV no imaginário social.Apropriação dos Espaços Urbanos na Infância e na Velhice em Brasília (DF)10.1590/1982-37030032556842023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZAlbuquerque, Dayse da SilvaGünther, Isolda de Araújo
<em>Albuquerque, Dayse Da Silva</em>;
<em>Günther, Isolda De Araújo</em>;
<br/><br/>
Resumo Os estudos sobre as relações mútuas entre as pessoas e o ambiente buscam subsidiar melhorias no contexto urbano a partir de métodos e técnicas pautados na compreensão do uso de espaços públicos e privados. A crescente demanda pela promoção de ambientes amigáveis para idosos e crianças nos cenários urbanos direcionou esta pesquisa e elencou dois componentes: o panorama relativo à população local e o arcabouço teórico da psicologia ambiental. Para tanto, buscou-se identificar as principais atividades realizadas por crianças e idosos em seus respectivos locais de moradia. Foram avaliados os principais usos e atividades desses dois grupos, em duas vizinhanças, diferenciando-os de acordo com suas especificidades em termos de demandas individuais e ambientais. As observações sistemáticas a partir da técnica de mapeamento comportamental centrado no lugar (MCCL) ocorreram na cidade de Brasília, Distrito Federal (DF) e permitiram compreender o processo de apropriação dos espaços na infância e na velhice e suas repercussões em termos da congruência pessoa-ambiente. Cada um destes setores organizados a partir de elementos específicos direciona as ações dos participantes para determinados tipos de comportamentos, observados de maneira a compor um roteiro em que a brincadeira (lazer ativo) surge como central na infância e a caminhada (circulação) como mais potente para a população idosa. Os resultados demonstram que o diálogo entre a psicologia ambiental e a ciência do desenvolvimento humano tem sido bastante profícuo e tem contribuído para a compreensão de aspectos da relação pessoa-ambiente em diferentes momentos do ciclo de vida.Percepções de Mulheres Companheiras de Homens Presos Acerca da Conjugalidade10.1590/1982-37030032573372023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBrum, Rayssa ReckPereira, Caroline Rubin RossatoSmeha, Luciane Najar
<em>Brum, Rayssa Reck</em>;
<em>Pereira, Caroline Rubin Rossato</em>;
<em>Smeha, Luciane Najar</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo objetivou compreender a experiência de mulheres companheiras de homens privados de liberdade acerca da conjugalidade. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa, em que participaram 12 mulheres companheiras de homens presos. Como instrumentos, utilizou-se um questionário de dados sociodemográficos e uma entrevista semiestruturada, a qual foi analisada por meio da Análise Temática. Os resultados encontrados demonstraram que as mulheres lançavam mão de diferentes estratégias para se manterem próximas de seus companheiros, engajando-se no tratamento penal deles, o que repercutiu em uma percepção de incremento da coesão conjugal. O compromisso assumido com seus relacionamentos mostrou-se relacionado, além do amor sentido pelos parceiros, a um desejo de manutenção do casamento e da família nuclear, além de evidenciar experiências de ciúme por parte dos homens. Dificuldades na comunicação, conflitos relacionados à insatisfação com o contexto prisional, além da falta de privacidade na intimidade e sexualidade do casal foram referidos pelas participantes.The State Mindfulness Scale for Physical Activity: Further Psychometrics Properties10.1590/1982-37030032573722023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPeixoto, Evandro MoraisPallini, Ana CeliPalma, Bartira PereiraCox, Anne Elizabeth
<em>Peixoto, Evandro Morais</em>;
<em>Pallini, Ana Celi</em>;
<em>Palma, Bartira Pereira</em>;
<em>Cox, Anne Elizabeth</em>;
<br/><br/>
Abstract Mindfulness has been defined as attention and awareness to the present with an attitude of openness, non-judgment, and acceptance. It is suggested that mindfulness can positively influence experiences in sports and physical activity, increasing adherence to these activities. This study aimed to examine new psychometric properties of the State Mindfulness Scale for Physical Activity (SMS-PA) using classical and modern testing theories among Brazilian sport and exercise practitioners. Two studies were conducted. In the first, with 617 Brazilian sports practitioners, confirmatory factor analysis supported the bifactor structure of the SMS-PA composed of two specific (mental and body mindfulness) and one general factor (state mindfulness), which did not vary among genders. The Rasch Rating Scale Model (RSM) supported essential one-dimensionality indicated by the general factor with good item fit statistics (infit/outfit 0.62-1.27). The model presented a good level of Rasch reliability (0.85), and the items difficulty estimation provided an understanding of the continuum represented by their content. In the second study, with 249 Brazilian exercise practitioners, the structural equation modeling showed that Body Mindfulness was associated with positive outcomes (positive affect and satisfaction with practice). The mediation analysis showed that people with higher levels of Body mindfulness tend to experience greater levels of Positive Affect and, consequently, greater Satisfaction with exercises. The results suggest that the Brazilian version of the SMS-PA is an appropriate measure of the state of mindfulness.Identidade Profissional do Psicólogo Judiciário: Um Estudo sobre Configurações Identitárias10.1590/1982-37030032617502023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZNakamura, Carlos RenatoMelo-Silva, Lucy Leal
<em>Nakamura, Carlos Renato</em>;
<em>Melo-Silva, Lucy Leal</em>;
<br/><br/>
Resumo Este estudo objetivou descrever a identidade profissional de psicólogos judiciários, partindo do cenário contemporâneo da Psicologia Jurídica brasileira, contexto que envolve crises e conflitos sobre a forma de responder a atribuições e demandas do campo legal. Pela perspectiva da sociologia das identidades profissionais de Claude Dubar, sustenta-se a hipótese de que a identidade profissional do psicólogo judiciário depende de estratégias de compatibilização entre o pertencimento à categoria e as atribuições legais e institucionais. Participaram 95 psicólogos do quadro ativo do Tribunal de Justiça de São Paulo, que responderam a um formulário online sobre a percepção de si e do campo de atuação. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo. Os resultados indicam a saliência da avaliação psicológica e da interdisciplinaridade na identidade profissional, e as rupturas identitárias diante de práticas verificatórias. Tais achados apontam a necessidade de participação da categoria na construção de suas atribuições; e dificuldades para o exercício das funções por limitações à autonomia profissional.Formação em Psicologia Escolar: Implicações para a Prática em Equipe Multiprofissional10.1590/1982-37030032651252023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSilva, Cláudia Luciene de MeloAquino, Fabíola de Sousa Braz
<em>Silva, Cláudia Luciene De Melo</em>;
<em>Aquino, Fabíola De Sousa Braz</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo dessa pesquisa foi levantar o perfil sociodemográfico e formativo de psicólogos escolares, e discutir seu impacto nas práticas junto ao coletivo escolar e no trabalho em equipe. No município onde ocorreu a pesquisa, o psicólogo escolar é membro da equipe de especialistas em Educação. Participaram da pesquisa 62 psicólogos que atuam no Ensino Fundamental I, II, e na Educação de Jovens e Adultos. Os participantes responderam um questionário on-line com perguntas abertas e fechadas sobre dados sociodemográficos, de formação e atuação profissional. Realizou-se uma análise qualitativa a partir dos objetivos e itens do instrumento, quais sejam: caracterização do perfil sociodemográfico dos psicólogos escolares, formação acadêmica, atuação em psicologia escolar, atuação em outros campos/áreas da psicologia, e atuação em equipe de especialistas. A média de idade dos profissionais é de 47,46 anos, e apenas um é do sexo masculino. Possuem tempo de atuação de um a 36 anos, e a maioria não possui estágio supervisionado e pós-graduações no campo da psicologia escolar. Parte das equipes que trabalham nas escolas está incompleta, e há uma variabilidade nos dias e horários de reuniões. Reafirma-se que a formação de psicólogos escolares tem repercussões na atuação junto à equipe multidisciplinar, e a importância de intervenções pautadas na perspectiva crítica e psicossocial em Psicologia Escolar. Ademais, conhecer o perfil sociodemográfico e formativo destes profissionais possibilita obter um quadro atualizado sobre o grupo pesquisado e criar estratégias de intervenção que potencializem a atuação desses profissionais junto à equipe de especialistas e demais setores da escola.A Coisa em Psicanálise e o Objeto no <i>Lísis</i> de Platão10.1590/1982-37030032649222023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBrun, Gustavo Héctor
<em>Brun, Gustavo Héctor</em>;
<br/><br/>
Resumo Este artigo propõe o estudo sobre o conceito de outro como semelhante e como objeto. Partindo de textos que interpelam a alteridade na psicanálise e remetendo aos temas do complexo semelhante, da satisfação, da perda, do luto, da negativa, da repetição; avalia o conceito de outro articulando textos de diversos autores. A partir da psicanálise freudiana, estuda o das Ding e a negação, discriminando com estes termos um objeto estruturante na origem do psiquismo. Aborda textos técnicos da psicanálise para delimitar o tema da repetição. Também a recordação e a repetição são vinculadas ao objeto e estudadas na perspectiva da filosofia moderna. São retomados temas do diálogo platônicos para definir o lugar do erótico e da amizade. No fim do presente artigo, propomos o termo clássico grego Oikos com valor equivalente ao da Coisa freudiana e como esta aparece em escritos psicanalíticos.Errata10.1590/1982-3703003243075err2023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZErrata10.1590/1982-3703003249090err2023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000Z20 Anos da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica: Desafios da ADI 348110.1590/1982-37030032784032023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCardoso, Lucila MoraesZanini, Daniela SacramentoResende, Ana CristinaKursancew, Carla Fernanda F. RodriguesOliveira, Sérgio Eduardo Silva de
<em>Cardoso, Lucila Moraes</em>;
<em>Zanini, Daniela Sacramento</em>;
<em>Resende, Ana Cristina</em>;
<em>Kursancew, Carla Fernanda F. Rodrigues</em>;
<em>Oliveira, Sérgio Eduardo Silva De</em>;
<br/><br/>
Resumo A Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), em seu 20º aniversário, vem discutir os possíveis efeitos, ainda efetivamente desconhecidos, da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3481, instruída no Supremo Tribunal Federal (STF), a qual desestruturou o modo como os testes psicológicos eram comercializados no Brasil. A livre comercialização de testes psicológicos coloca em risco a segurança de avaliações psicológicas e cabe à categoria profissional pensar estratégias de enfrentamento desses riscos. Neste artigo, são discutidos possíveis efeitos da ADI 3481 para a categoria profissional da psicologia, bem como para a sociedade em geral, e são também elencadas possíveis estratégias de enfrentamento desses riscos, sem desconsiderar aspectos éticos relacionados a eles. Dessa forma, busca-se neste manuscrito, além da problematização dos efeitos derivados da ADI 3481, pensar soluções ou alternativas que venham a redirecionar a trajetória da área da avaliação psicológica no Brasil. Com isso, abre-se um espaço de discussão e encaminhamentos que a categoria profissional precisará tomar nos próximos anos.Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos: Histórias contadas e não contadas10.1590/1982-37030032785252023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZNoronha, Ana Paula PortoReppold, Caroline TozziSantos, Acácia Angeli dosVillemor-Amaral, Anna ElisaPrimi, RicardoVeras, Mariana dos Reis
<em>Noronha, Ana Paula Porto</em>;
<em>Reppold, Caroline Tozzi</em>;
<em>Santos, Acácia Angeli Dos</em>;
<em>Villemor-Amaral, Anna Elisa</em>;
<em>Primi, Ricardo</em>;
<em>Veras, Mariana Dos Reis</em>;
<br/><br/>
Resumo O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) recebeu notoriedade entre brasileiros e estrangeiros por oferecer um complexo sistema de qualificação dos testes psicológicos, pouco visto em âmbito mundial. Sua elaboração dependeu de uma autarquia, que o financiou, normatizou e o mantém, mas também de pesquisadores docentes de avaliação psicológica, que trouxeram a expertise da área para que houvesse o pleno estabelecimento de seus parâmetros. Passadas duas décadas de seu lançamento, o SATEPSI foi tema de artigos, capítulos, lives e diálogos digitais, nos quais foram destaque, de modo geral, as Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, que o normatiza, e seus impactos para a área de avaliação psicológica - como, por exemplo, o aumento do número de pesquisas e de testes brasileiros qualificados. O que se pretende neste artigo é mencionar sua construção, à luz dos autores que vivenciaram o SATEPSI em funções e tempos distintos. Atenção especial será dada aos Métodos Projetivos, cuja história ainda é pouco revelada.Atualidades e Perspectivas Futuras da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica10.1590/1982-37030032786742023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCampos, Carolina RosaAlves, Rauni Jandé RoamaBueno, José Maurício HaasAndrade, Josemberg Moura dePeixoto, Evandro Morais
<em>Campos, Carolina Rosa</em>;
<em>Alves, Rauni Jandé Roama</em>;
<em>Bueno, José Maurício Haas</em>;
<em>Andrade, Josemberg Moura De</em>;
<em>Peixoto, Evandro Morais</em>;
<br/><br/>
Resumo A Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP), atrelada ao Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), tem como objetivos emitir pareceres acerca de solicitações advindas da avaliação psicológica(AP), elaborar e propor atualizações de documentos técnicos e normativos do CFP relativos à AP, elaborar e propor diretrizes para o ensino e formação continuada em AP, conduzir o processo de avaliação dos instrumentos submetidos ao SATEPSI e discutir temas e propor ações no âmbito da AP. Nos últimos 20 anos, a CCAP vem buscando atender a esses objetivos, indicando novos caminhos para a área. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo apresentar as principais atualidades e movimentos da CCAP, indicando caminhos possíveis e perspectivas futuras para a área de AP. São discutidas as ações atuais que vêm sendo desenvolvidas pela CCAP, bem como as ações futuras delineadas que buscam promover uma AP cada vez mais democrática. Concluímos que a AP é uma prática do(a) psicólogo(a) que deve ser operacionalizada com compromisso ético, atrelada aos direitos humanos e à justiça, com embasamento científico e alinhada às mudanças sociais.Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP) sobre políticas de cuidado10.1590/1982-37030032788612023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZNóbrega, Ana Sandra Fernandes ArcoverdeBernardes, Jefferson de SouzaHazin, IzabelSilva, Iolete Ribeiro daMoura, Maria de Jesus
<em>Nóbrega, Ana Sandra Fernandes Arcoverde</em>;
<em>Bernardes, Jefferson De Souza</em>;
<em>Hazin, Izabel</em>;
<em>Silva, Iolete Ribeiro Da</em>;
<em>Moura, Maria De Jesus</em>;
<br/><br/>
Resumo O objetivo do presente manuscrito é caracterizar e descrever os fluxos do Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP), dispositivo instituído no âmbito do Sistema Conselhos de Psicologia e regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia através da Resolução CFP nº 15, de 18 de agosto de 2023. O SAPP surge da necessidade premente de orientação e qualificação profissionais frente às práticas emergentes que produzem o saber/ fazer da psicologia. Nesse sentido, trata-se de processo que busca orientar, qualificar e fazer conhecer práticas que sejam compatíveis ou não com o exercício profissional em psicologia. Com o trabalho realizado no SAPP serão produzidos pareceres que contribuirão minimamente para o conhecimento das fronteiras que delimitam os campos da psicologia e, por excelência, conheceremos melhor nossas próprias formas de atuação. Através da consideração do trinômio teoria-prática-ética, o CFP espera com o SAPP abrir diálogos com grupos, práticas e saberes fronteiriços e constantemente relegados pela psicologia hegemônica. Para tanto, parte do pressuposto de que os saberes e fazeres destas populações podem refinar as teorias psicológicas e fazer a psicologia avançar como ciência e profissão.