Revista Brasileira de Saúde Ocupacionalhttps://www.scielo.br/journal/rbso/feed/2024-01-02T20:27:40.077000ZVol. 49 - 2024Werkzeug Dez anos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e os desafios da formação para (trans)formação do trabalho 10.1590/2317-6369/21622pt2024v49e42024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZHennington, Élida AzevedoSantos, Gideon Borges dosPasche, Dário Frederico
<em>Hennington, Élida Azevedo</em>;
<em>Santos, Gideon Borges Dos</em>;
<em>Pasche, Dário Frederico</em>;
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Resumo O objetivo do artigo, de natureza teórica, é discutir a formação em saúde tomando como referência a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), que no ano de 2022 completou dez anos. Essa reflexão crítica está baseada em revisão de literatura e na experiência profissional dos autores em ensino, pesquisa e serviços no campo da Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador. A PNSTT preconiza a capacitação e o desenvolvimento da força de trabalho em saúde de nível médio e superior, com prioridade às equipes de Vigilância em Saúde e da Atenção Primária/Estratégia Saúde da Família. A formação em saúde deve considerar o trabalho em sua função ontogenética enredada no sistema capitalista que o transforma, paradoxalmente, em afirmação e negação do sujeito: pelo trabalho nos tornamos humanos e sob as regras do capital o trabalho se torna arriscado e adoecedor. A formação enseja a construção de modos de trabalho conjunto e diálogo permanente entre trabalhadores e demais atores sociais, desde o planejamento até a efetivação e posterior avaliação dos projetos formativos em saúde, trabalho e ambiente. Atuando de forma democrática, coletiva e organizada, é possível reinventar práticas concretas de educação e trabalho na perspectiva da formação cidadã.Mortalidade e carga do câncer de laringe atribuíveis aos riscos ocupacionais no Brasil: estudo da Carga Global de Doença, 201910.1590/2317-6369/11522pt2024v49edepi92024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZViana, Luciana de PaulaBustamante-Teixeira, Maria TeresaMalta, Deborah CarvalhoGirardi, Flavia AraújoNogueira, Mário CírioPassos, Valéria Maria de AzeredoGuerra, Maximiliano Ribeiro
<em>Viana, Luciana De Paula</em>;
<em>Bustamante-Teixeira, Maria Teresa</em>;
<em>Malta, Deborah Carvalho</em>;
<em>Girardi, Flavia Araújo</em>;
<em>Nogueira, Mário Círio</em>;
<em>Passos, Valéria Maria De Azeredo</em>;
<em>Guerra, Maximiliano Ribeiro</em>;
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Resumo Objetivo: descrever a mortalidade e os anos de vida ajustados pela incapacidade disability-adjusted life years – DALYs) para câncer de laringe no Brasil atribuíveis a fatores de risco ocupacionais e comportamentais. Métodos: estudo ecológico com dados do estudo Global Burden of Disease 2019. Foram obtidas taxas de mortalidade e de DALYs para o câncer de laringe atribuíveis aos riscos ocupacionais (ácido sulfúrico e amianto) e comportamentais (tabaco e álcool), de 1990 e 2019. Resultados: no Brasil, em 2019, a taxa de mortalidade por câncer de laringe atribuível aos riscos ocupacionais (ácido sulfúrico e amianto) foi 0,28 (II95%: 0,17;0,43) no sexo masculino e 0,03 (II95%: 0,02;0,04) no feminino, e a de DALYs foi 7,33 (II95%: 4,28;11,44) e 0,64 (II95%: 0,35;0,03), respectivamente. O ácido sulfúrico foi o principal risco ocupacional para a doença. Houve redução das taxas atribuíveis ao tabaco (mortalidade:-45,83%; DALYs:-47,36%) e aos riscos ocupacionais (mortalidade:-23,20%; DALYs:-26,31%), no Brasil, com aumento em alguns estados das regiões Norte e Nordeste. Conclusão: houve redução na mortalidade e na carga do câncer de laringe atribuível aos fatores ocupacionais no período, porém menor em comparação ao tabagismo, reforçando a importância de ações para reduzir o impacto dos riscos ocupacionais, como as medidas regulatórias aplicadas ao tabaco.Efeitos combinados de gênero, raça e estressores ocupacionais na saúde mental10.1590/2317-6369/15222pt2024v49edepi122024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZSousa, Camila Carvalho deAraújo, Tânia Maria de
<em>Sousa, Camila Carvalho De</em>;
<em>Araújo, Tânia Maria De</em>;
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Resumo Objetivo: analisar os efeitos isolados e combinados do gênero, da raça e dos estressores ocupacionais sobre a saúde mental de trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Métodos: estudo transversal com amostra aleatória de trabalhadores(as) da saúde da Bahia, Brasil. As variáveis de exposição principais foram: gênero, raça e estressores ocupacionais, avaliados por meio da escala de Desequilíbrio Esforço-Recompensa (DER). O Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) mensurou os transtornos mentais comuns (TMC), variável desfecho. As medidas de interação foram verificadas com base no critério da aditividade, pelo cálculo do excesso de prevalência, excesso de razão de prevalência e diferença relativa. Resultados: participaram 3.343 trabalhadores, 77,9% do sexo feminino. A prevalência de TMC foi 21,7% maior entre mulheres, negros e pessoas em situações de exposição aos estressores laborais. Entre as mulheres negras em situação de DER, a prevalência de TMC foi três vezes maior em relação aos homens brancos em situação de equilíbrio (grupo de referência). Discussão: trabalhadoras negras acumulam desvantagens sociais e estão mais suscetíveis a ocupações de maior esforço e menor recompensa. A prevalência de TMC foi superior na intersecção das exposições. O efeito combinado dos fatores excedeu a soma dos efeitos isolados, demonstrando interação entre gênero, raça e estressores ocupacionais.Teletrabalho e saúde no contexto da pandemia de COVID-1910.1590/2317-6369/34122pt2024v49edcinq32024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZBridi, Maria AparecidaTropia, Patricia VieiraVazquez, Bárbara Vallejos
<em>Bridi, Maria Aparecida</em>;
<em>Tropia, Patricia Vieira</em>;
<em>Vazquez, Bárbara Vallejos</em>;
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Resumo Introdução: com a pandemia de COVID-19 e a política de distanciamento social, quase 9 milhões de trabalhadores tiveram suas atividades profissionais transferidas para o ambiente doméstico. Esse contexto funcionou como um laboratório no qual as empresas puderam experimentar a modalidade do teletrabalho. Objetivo: analisar o crescimento do teletrabalho e o perfil dos teletrabalhadores, destacando impactos e consequências para saúde dos profissionais. Métodos: análise de bibliografia pertinente, exploração de dados secundários de pesquisas sobre condições objetivas e subjetivas do teletrabalho, publicações sobre o teletrabalho no contexto da pandemia e pós-pandemia, análise de anúncios de trabalho remoto. Resultados: em razão da forma como ocorreu durante a pandemia, o trabalho remoto, além das consequências para saúde e condições de vida e trabalho, acarretou novos desafios para a classe trabalhadora. Entre eles, destacam-se: como assegurar condições ambientais e ergonômicas adequadas ao trabalho e como garantir o limite de jornada, a delimitação do tempo de trabalho, tendo em vista a tendência de sua manutenção para o período pós-pandemia. Conclusão: a análise revelou impactos sobre a saúde dos trabalhadores, com novos desafios para a classe trabalhadora. Tais impactos, entre outras razões, se devem a jornadas ampliadas, condições ergonômicas no domicílio e pressões para cumprimento de metas.O desafio da atenção integral à saúde e da emancipação de trabalhadores escravizados10.1590/2317-6369/36222pt2024v49edcinq82024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZLeão, Luís Henrique da Costa
<em>Leão, Luís Henrique Da Costa</em>;
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Resumo Introdução: as formas contemporâneas de trabalho escravo trazem impactos diferenciados à saúde desses trabalhadores, necessitando haver desenvolvimento de práticas de cuidado emancipatório. Objetivo: analisar as dimensões teórico-práticas do processo saúde-doença-cuidado e da emancipação dos(as) trabalhadores(as) em cenário de escravização. Métodos: trata-se de ensaio que problematiza aspectos teórico-conceituais das relações saúde-trabalho-escravidão, destacando a relevância da ampliação da noção de trabalhador para além das relações de assalariamento. Resultados: o artigo apresenta revisão crítica das experiências brasileiras de apoio à emancipação de trabalhador(a)s em situação de escravidão e leitura crítica do “Fluxo nacional de atendimento às vítimas do trabalho escravo”, ressaltando o desafio premente de desenvolver novos caminhos de cuidado em saúde e o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde do trabalhador, especialmente para os momentos pós-resgate de trabalhadores, de modo a superar o risco de reescravização e reduzir vulnerabilidades sociais. Conclusão: o processo social de luta contínua para ampliar e fortalecer as estratégias emancipatórias requer o protagonismo e organização de trabalhadores, conectando as lutas sindicais, sociais, de gênero e raça como lutas por liberdade e dignidade. Lutas por saúde que promovam a construção de territórios livres de trabalho escravo, contendo conjunto de ações para assegurar condições básicas de vida digna e exercício da liberdade.Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho: um olhar sobre o passado, o presente e o futuro10.1590/2317-6369/39622pt2024v49edcinq92024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZMasson, Maria Lúcia VazFerreira, Léslie PiccolottoMaeno, Maria
<em>Masson, Maria Lúcia Vaz</em>;
<em>Ferreira, Léslie Piccolotto</em>;
<em>Maeno, Maria</em>;
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Resumo Introdução: o Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT) é um agravo de elevada prevalência, especialmente em professores. Em 2018, o Ministério da Saúde (MS) publicou o Protocolo DVRT, visando orientar sua identificação e notificação, de modo a subsidiar ações de vigilância sobre seus determinantes. Objetivo: sintetizar história, resultados de debates e reflexões acerca do DVRT no Brasil, desafios enfrentados e caminhos futuros para a formalização do seu reconhecimento. Método: ensaio teórico, realizado a partir de revisão de literatura, documentos e registros de participação dos atores sociais no processo de reconhecimento do DVRT. Resultados: a busca do reconhecimento do DVRT percorreu uma trajetória não linear, destacando-se três fases: elaboração de protocolos e formalização preliminar do DVRT; internacionalização das discussões; e inclusão do DVRT na nova lista de doenças relacionada ao trabalho do MS, seguida de revogação e repristinação. Conclusão: o processo de busca de reconhecimento do DVRT se transformou em um “imbróglio político-social”, desdobrando-se em iniciativas do Poder Legislativo e do Conselho Nacional de Saúde e no reconhecimento nos estados da Bahia e do Espírito Santo. Desafios surgiram com as mudanças no mundo do trabalho, implementação de linhas de cuidado e capacitação profissional para o manejo do DVRT.A contribuição da Ergonomia para a segurança no trabalho10.1590/2317-6369/01923pt2024v49edcinq152024-01-02T20:27:40.077000Z2020-08-09T06:49:10.599000ZDiniz, Eugênio Paceli HatemLima, Francisco de Paula AntunesSimões, Raoni Rocha
<em>Diniz, Eugênio Paceli Hatem</em>;
<em>Lima, Francisco De Paula Antunes</em>;
<em>Simões, Raoni Rocha</em>;
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Resumo Introdução: processos de alto risco com elevadas taxas de acidentes desafiam a segurança. Por outro lado, sistemas ultrasseguros conquistaram ótimos indicadores. Em ambos, a prevenção parece ter chegado a um limite - em um deles, porque parece impotente para gerar prevenção; no outro, porque foi tão bem-sucedida que parece impossível avançar. Objetivo: evidenciar a contribuição da Ergonomia em prol da segurança, nas situações descritas, suas possibilidades ainda por explorar, entre elas a Ergonomia de concepção na integração homem-máquina (sistemas informatizados). Método: análise comparativa dos achados oriundos de estudos ergonômicos em sistemas de produção com altas taxas de acidentes e sistemas ultrasseguros. Discussão: a análise da atividade dos motofretistas mostrou que existem alternativas de ação ainda não exploradas entre as relações de trabalho desfavoráveis e a percepção de inevitabilidade dos acidentes. Nos sistemas ultrasseguros, o aparente limite pode ser superado com os avanços recentes na análise da ação e cognição situadas e na construção de espaços de debate que permitam o retorno da experiência de campo. Em sistemas informatizados, as práticas de projeto colaborativo, que se valem da experiência dos trabalhadores para alimentar as dinâmicas de aprendizagem e a confiabilidade técnica, são possibilidades ainda pouco praticadas na Engenharia de Segurança.