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As Ligas Acadêmicas na Área da Saúde: Lacunas do Conhecimento na Produção Científica Brasileira

The Academic Leagues in the Health Area: Knowledge Gaps from the Brazilian Scientific Production

RESUMO

As Ligas Acadêmicas são potentes estratégias desencadeadas na formação em saúde, protagonizadas por discentes e supervisionadas por docentes, que integram atividades de ensino, pesquisa e extensão. O objetivo deste trabalho é conhecer a produção científica brasileira acerca das Ligas Acadêmicas a fim de identificar lacunas do conhecimento. Trata-se de um estudo do tipo estado da questão, realizado por meio de busca nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e no Banco de Teses e Dissertações da Capes. Utilizou-se como palavra-chave “ligas acadêmicas”, seguida pela questão norteadora: “Qual a produção científica acerca das Ligas Acadêmicas?”. Após análise detalhada, foram selecionadas para a amostra final do estudo 24 produções. Verificou-se que a área do conhecimento que mais pesquisa sobre as Ligas Acadêmicas é a medicina, sendo a Revista Brasileira de Educação Médica o periódico com mais publicações sobre esse tema. Identificou-se ainda que preponderaram os seguintes tipos de estudo: relato de experiência e editorial. Os relatos de experiência estavam relacionados principalmente às experiências em Ligas por especialidades e por cursos de graduação. Destaca-se ainda a normatização das Ligas Acadêmicas e as Ligas Acadêmicas e a formação em saúde como objeto de estudo. As Ligas Acadêmicas vêm crescendo em todo o território nacional, destacando-se os cursos de Medicina como precursores destas iniciativas. As principais contribuições para a formação em saúde são a promoção de uma formação embasada na realidade em que os futuros profissionais estarão inseridos, a capacidade de estímulo ao trabalho em equipe, a reflexão crítica e a autonomia dos estudantes. No entanto, são reconhecidos alguns desafios, como a especialização precoce e a falta de supervisão docente efetiva. Com base no tripé da universidade formado pelo ensino, pesquisa e extensão, as Ligas Acadêmicas têm a possibilidade de promover a formação diferenciada em saúde, antecipar a inserção de seus participantes nos campos de atuação e preencher as lacunas do conhecimento encontradas na graduação por meio do protagonismo e da autonomia discentes, além de proporcionar a integração ensino-serviço-comunidade.

PALAVRAS-CHAVE
Educação Superior; Saúde; Educação Médica

ABSTRACT

Academic Leagues are powerful strategies developed in health training, which integrate teaching, research and extension activities, carried out by the students and supervised by teachers. The objective of this work, therefore, is to investigate Brazilian scientific production about academic leagues in order to identify knowledge gaps. This is a study into the state of affairs based on searches in the Virtual Health Library and the CAPES Data Bank of Theses and Dissertations. The keyword “academic leagues” was used with the following guiding question: “What scientific production is there regarding academic leagues?” After detailed analysis, 24 pieces of work were selected for the final sample of the study. It was found that medicine stands out in the study of the theme, with the Brazilian Journal of Medical Education being the periodical that has published the most articles on the theme. It was also identified that the following types of study prevailed: case studies and editorial reports. The case studies were mainly related to experiences in leagues by specialties and undergraduate courses. Also of note were works regarding the standardization of the academic leagues, and academic leagues and health training as an object of study. Academic Leagues have been growing throughout Brazil, with an emphasis on medical courses as precursors to these initiatives. The main contributions they offer to health education are the promotion of training based on the reality with which future professionals will be engaged, the capacity to stimulate teamwork, critical reflection, and student autonomy. However, some challenges are recognized, such as early specialization and lack of effective teacher supervision. From the tripod of the university, academic leagues have the possibility to promote a differentiated health training, anticipating the insertion of the trainees in practical settings, and filling the knowledge gaps found in undergraduate training based on an autonomous student-led approach, besides providing teaching-service-community integration.

KEY-WORDS
Education, Higher; Health; Education, Medical

INTRODUÇÃO

O sistema de ensino superior é capaz de exercer grande influência sobre a sociedade, ao mesmo tempo em que é influenciado e determinado por condições histórico-sociais, além de ter relevância nos processos de modernização e melhoria da sociedade11. LeonelloVM, Miranda Neto MV de, Oliveira MAC. A formação superior de Enfermagem no Brasil: uma visão histórica. RevEscEnferm2011;45(2)1774-1779..

Criada em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) definiu o papel da educação superior na formação acadêmica, destacando o estímulo ao conhecimento dos problemas da sociedade, com a finalidade de formar profissionais nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20.,33. Brasil. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 dez. 1996..

Sendo assim, para alcançarem esse perfil transformador, as universidades, de acordo com a legislação brasileira, devem estar fundamentadas sobre o tripé formado por ensino, pesquisa e extensão, que constitui o eixo fundamental das universidades do Brasil, conforme preconiza o artigo 207 da Constituição Brasileira44. Moita FMGSC, Andrade FCB. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissolubilidade na pós-graduação. RevBras de Educ 2009;14(41)269-393.,55. Brasil. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988..

No final de 2001, foram publicadas as Diretrizes Nacionais Curriculares (DNC), que garantem que a estrutura do curso de graduação deve assegurar a articulação com esse tripé para buscar um ensino reflexivo e criativo, que leve em conta a evolução epistemológica dos modelos explicativos do processo saúde-doença66. Brasil. Resolução nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União. 2001; Seção 1, p37.. Para que essa resolução seja exequível, é necessário proporcionar diferentes cenários de ensino-aprendizagem, entre eles a interação ativa com usuários e profissionais de saúde, o fortalecimento do vínculo da formação acadêmica com as necessidades sociais da saúde e a implementação de atividades didáticas que estimulem a criatividade, a autoaprendizagem e o espírito crítico77. Bastos MLS, Trajman A, Teixeira EG, Selig L, Belo MTCT. O papel das ligas acadêmicas na formação profissional. JBras de Pneumol 2012;38(6)803-805.. Esse conjunto de ações tem como objetivo garantir o que se propõe nas DCN, afim de mudar o perfil do egresso da graduação e atender as necessidades de saúde mais frequentes.

Neste contexto, inserem-se as Ligas Acadêmicas (LA), que têm por objetivo aproximar o estudante da prática de atenção à saúde, alcançar a indissociabilidade do tripé da formação, oferecer diversidade de cenários, formar para a saúde, aprender a fazer e aprender a cuidar do outro88. Silva SA da, FloresO. Ligas Acadêmicas no Processo de Formação dos Estudantes. RevBrasEduc Med. 2015;39(3)410-417.. Ainda não há um consenso sobre o conceito das LAem virtudedos múltiplos conceitos adotados por diversos autores, mas sabe-se que estas são primordialmente disparadas e protagonizadas por estudantes que decidem se aprofundar em determinado tema e sanar as demandas da população, sendo supervisionados e orientados por um professor escolhido pelos discentes99. Azevedo RP, Dini PS. Guia para construção de Ligas Acadêmicas. Assessoria Científica da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, 2006.. Assim, as Ligas Acadêmicasgarantem aos universitários uma diferenciação na disputa pelo mercado de trabalho22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20..

Diante disso, destaca-se a importância das LA para a formação em saúde, visto que a participação dos acadêmicos cria profissionais diferenciados, com uma visão ampliada do cuidado em saúde. Destaca-se também a importância delas para o meio social, graças às atividades que desenvolvem. Além disso, as LA são relevantes por garantirem a indissociabilidade entre as atividades do tripé das universidades. O objetivo deste trabalho é conhecer a produção científica brasileira acerca das Ligas Acadêmicas a fim de identificar lacunas do conhecimento.

METODOLOGIA

O estado da questão foi desenvolvido para realizar o levantamento das lacunas do conhecimento em relação ao tema em estudo por meio de busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no Banco de Teses e Dissertações – Capes.

Este tipo de estudo possibilita identificar as contribuições que a pesquisa trará para o conhecimento científico, além de permitir que o pesquisador entenda e conduza o processo de elaboração de seu estudo com relação ao desenvolvimento de seu tema e objeto de estudo1010. Nóbrega-Therrien SM, Therrien J. O estado da questão: aportes teórico-metodológicos e relatos de sua produção em trabalhos científicos. In: Farias IMS, Nunes JBC, Nóbrega-Therrien SM, org. Pesquisa Científica para iniciantes: caminhando no labirinto. Fortaleza: EdUECE;2010.,1111. Silveira CS, Nóbrega-Therrien SM. Estudos sobre pesquisa e formação de professores da Educação Básica: a elaboração do Estado da Questão. RevEduc em Quest 2011;41(27)219-243..

Utilizou-se como palavra-chave “ligas acadêmicas”, uma vez que não havia descritor disponível que permitisse a busca sobre o tema. Optou-se, então, por utilizar apenas uma palavra-chave, já que, ao cruzar “ligas acadêmicas” com outra palavra, a busca era restringida de tal modo que não era encontrada nenhuma produção.

A questão norteadora do estudo foi: Qual a produção científica acerca das Ligas Acadêmicas? Os critérios de inclusão adotados foram: estar disponível na íntegra e abordar o tema “Ligas Acadêmicas”. Os critérios de exclusão foram: estar repetido, não estar disponível para acesso e não abordar diretamente o tema do estudo.

Na busca foram encontrados 32 artigos na Biblioteca Virtual de Saúde; na segunda base de dados,8.003 teses e dissertações. No entanto, na BVS, seis não estavam disponíveis na íntegra, dois estavam repetidos, e três não abordavam diretamente o tema em estudo; na outra base, 7.997 não abordavam o tema do estudo e três não estavam disponíveis.

A fim de analisar as produções encontradas, elaborou-se um instrumento para coletar informações consideradas importantes das 24 produções científicas selecionadas para a amostra final deste estudo.

RESULTADOS

O Quadro 1 apresenta as informações coletadas a fim de verificar as lacunas do conhecimento sobre as Ligas Acadêmicas nas produções científicas selecionadas para o estudo.

Quadro 1
Artigos encontrados na BVS sobre Ligas Acadêmicas por título, autor e área do conhecimento. Sobral, Ceará, Brasil, 2017

Com base nos autores dos artigos selecionados, verifica-se que a área do conhecimento que mais pesquisa sobre as Ligas Acadêmicas é a medicina. Além disso, observa-se que o periódico onde foram encontrados mais artigos sobre a temática foi a Revista Brasileira de Educação Médica (n=5), preponderando os mestrados (n=2) em relação aos programas de pós-graduação.

Em relação ao ano, verificou-se uma uniformidade no número quantitativo de artigos publicados por ano, sendo que os primeiros registros apareceram em 2008 (n=2), seguidos por 2009 (n=1), 2010, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016 (n=3 cada), 2014 (n=2) e 2017 (n=1 cada).

Identificou-se ainda que preponderaram os seguintes tipos de estudo: relato de experiência (n=6) e editorial (n=6), seguidos pelo descritivo-exploratório (n=4), descritivo (n=2), exploratório (n=2), populacional prospectivo (n=1), documental (n=1), revisão de literatura (n=1) e dois não foram informados. Estes dados confirmam a necessidade e importância de mais estudos que verifiquem a colaboração das Ligas Acadêmicas na formação em saúde.

Além disso, verificou-se que os relatos de experiência estavam relacionados principalmente a experiências em Ligas por especialidades e por cursos de graduação, como pode ser verificado na Tabela 1, que distribui os artigos por objeto de estudo.

Tabela 1
Distribuição dos artigos selecionados por objeto de estudo. Sobral, Ceará, Brasil, 2017

Vale salientar ainda que, dos artigos selecionados, 22 estavam disponíveis na língua portuguesa e dois na língua inglesa.

DISCUSSÃO

A primeira Liga Acadêmica brasileira, a Liga de Combate à Sífilis, foi criada em 1920, com o objetivo de que os estudantes colocassem em prática os conhecimentos adquiridos na universidade em favor da troca de saberes com a comunidade1212. Burjato Júnior D. História da liga de combate à sífilis e a evolução da sífilis na cidade de São Paulo (1920-1995). São Paulo; 1999. Mestrado [Dissertação] – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto..

Desde então, a quantidade de Ligas Acadêmicas (LA) vem aumentando em território nacional, como expressam Botelhoet al.1313. Botelho NM, Ferreira IG, Souza LEA. Ligas Acadêmicas de Medicina: Artigo de Revisão. RevParaMed 2013;7(4)., entre outros autores, ao afirmarem que as Ligas Acadêmicas estão em processo de expansão nos últimos anos, o que coincide com os períodos de reformas curriculares1414. Hanamoto Filho PT, Villas-Boas PJF, Correa FG, Munoz GOC, Zaba M, Venditti VC, et al. Normatização da abertura de ligas acadêmicas: a experiência da Faculdade de Medicina de Botucatu. RevBrasEducMed 2010;34(1)160-167..

Nos últimos anos, o processo de formação dos profissionais da área de saúde passou por diversas mudanças, que envolveram discentes, docentes e a história dos próprios cursos, ao buscar a integração do processo de ensino-aprendizagem com os serviços de saúdepor meio de metodologias ativas com o objetivo de integrar a teoria com a prática e formar um profissional crítico-reflexivo1515. Belei RA, Gimeniz-Paschoal SR, Nascimento EN. História Curricular dos Cursos de Graduação da Área da Saúde. História da Educação2008;12(24)101-120.. Assim, as Ligas Acadêmicas acompanharam essas mudanças, uma vez que as lacunas do conhecimento que estavam aliadas às novas necessidades de aprendizagem eram identificadas pelos alunos e disparavam novas Ligas.

Segundo Keller-Franco et al.1616. Keller-Franco E, Kuntze TD, Costa LS. Inovação Curricular na Formação dos Profissionais da Saúde. Rev e-curriculum 2012;8(2)1-14., os desafios da saúde brasileira exigem que a formação dos profissionais da área da saúde seja construída de modo integrado e contextualizado, articulando teoria e prática, e incorporando ao processo de ensino-aprendizagem as realidades dos serviços em seus contextos econômico, político e cultural, preparando o futuro profissional para ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação tanto individual como coletiva com responsabilidade social.

Afirma-se ainda que a área da medicina é preponderante no que se refere à criação de LigasAcadêmicas. Esta evidência, provavelmente, se deve ao fato de que este fenômeno teve origemnas necessidades de aprendizagem de estudantes de Medicina e desde então vem crescendo em todo o território nacional.

Hanamoto Filho1717. Hanamoto Filho PT. Como as ligas acadêmicas podem contribuir para a formação médica? Diagn Tratamento 2011;16(3)137-138. afirma que esse crescimento significativo de abertura de Ligas, sobretudo em cursos de Medicina, exige reflexões acerca da estruturação e do desenvolvimento curricular das escolas médicas e suas relações com o mundo do trabalho.

Identificaram-se também iniciativas de Ligas Acadêmicas em cursos de graduação de Psicologia e de Enfermagem. Em estudo desenvolvido na Bahia, Magalhães et al.1818. Magalhães EP, Rechtman R, Barreto V. A liga acadêmica como ferramenta da formação em Psicologia: experiência da LAPES. PsicolEscEduc (Impr.) 2015;19(1)135-141. relatam a experiência da Liga Acadêmica como estratégia de formação do curso de Psicologia. Silva e Flores88. Silva SA da, FloresO. Ligas Acadêmicas no Processo de Formação dos Estudantes. RevBrasEduc Med. 2015;39(3)410-417. apontam a existência de Ligas Acadêmicas na formação de graduandos de Enfermagem na Universidade de Brasília.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Enfermagem e Medicina asseguram que a formação desses profissionais deve estar em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) de modo a exigir uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitando-os para atuar nos diversos serviços de saúde em seus diferentes níveis de atenção1919. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Parecer CNE n° 1133/01. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Brasília: Ministério da Educação; 2001.. Oliveira e Almeida Júnior2020. Oliveira FLB, Almeida Júnior JJ. Extensão universitária: contribuições na formação de discentes de Enfermagem. RevBrasPesq Saúde 2015;17(1)19-24 afirmam que, para alcançar esse perfil profissional, as universidades estão inserindo cada vez mais cedo os estudantes nos espaços extramuros, por meio de diferentes estratégias: disciplinas optativas ou obrigatórias, ou ações que contribuam para a prevenção e promoção da saúde. Neste sentido, podem-se considerar as Ligas Acadêmicas como uma dessas estratégias.

Além disso, verificou-se num dos artigos a questão da normatização das Ligas Acadêmicas. No entanto, outros apontaram a necessidade de uma regulamentação dessa atividade extracurricular, a fim de potencializar suas ações e racionalizar e controlar a abertura das Ligas Acadêmicas para, assim, reduzireventuais fragilidades1414. Hanamoto Filho PT, Villas-Boas PJF, Correa FG, Munoz GOC, Zaba M, Venditti VC, et al. Normatização da abertura de ligas acadêmicas: a experiência da Faculdade de Medicina de Botucatu. RevBrasEducMed 2010;34(1)160-167..

Outros estudos revelaram ainda a criação de organizações estaduais e até nacionais para a regulamentação das Ligas Acadêmicas. Em 2006, foi criada a Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina (Ablam). Iniciativas em âmbito local também tiveram como produto organizações locais, como, por exemplo, na Faculdade de Medicina de Botucatu com a criação do Conselho de Ligas Acadêmicas (Conligac)22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20.,1313. Botelho NM, Ferreira IG, Souza LEA. Ligas Acadêmicas de Medicina: Artigo de Revisão. RevParaMed 2013;7(4).. Verifica-se, assim, a necessidade de elaborar regras que subsidiem o desenvolvimento das Ligas Acadêmicas em todas as áreas da formação em saúde para que se possa realmente permitir a integração entre ensino, pesquisa e extensão.

Torres et al.22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20. afirmam que há uma precária literatura sobre o tema e apontam a relevância de se conhecer o papel que as Ligas Acadêmicas exercem na formação em saúde a partir do senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania.

Além disso, embora ainda não exista um consenso sobre o conceito das Ligas Acadêmicas, com base na leitura e análise dos diversos autores das publicações selecionadas para este estudo pode-se afirmar que são entidades estudantis, não vinculadas à grade curricular obrigatória, originadas das lacunas de conhecimento identificadas e geridas pelos estudantes, com a orientação de no mínimo um docente e a colaboração de pesquisadores e profissionais do SUS, abrangendo determinada área da saúde e incorporando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão77. Bastos MLS, Trajman A, Teixeira EG, Selig L, Belo MTCT. O papel das ligas acadêmicas na formação profissional. JBras de Pneumol 2012;38(6)803-805.,88. Silva SA da, FloresO. Ligas Acadêmicas no Processo de Formação dos Estudantes. RevBrasEduc Med. 2015;39(3)410-417.,2121. Pêgo-Fernandes PM, Mariani AW.O ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento 2011;16(2)50-51..

As atividades desenvolvidas incluem aulas teóricas, cursos, simpósios, congressos, projetos de pesquisa, atividades assistenciais, campanhas e eventos públicos de promoção à saúde22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20.,1313. Botelho NM, Ferreira IG, Souza LEA. Ligas Acadêmicas de Medicina: Artigo de Revisão. RevParaMed 2013;7(4).. O ensino na área da saúde deve considerar a universidade como um espaço privilegiado para reflexão e construção de conhecimento para que possa atender às questões de relevância social2222. Cavalheiro MTP, Guimarães AL. Formação para o SUS e os Desafios da Integração Ensino Serviço. Caderno FNEPAS 2011;1 19-27.. Além disso, fomentar o conhecimento científico poderá causar impactos significativos na atuação profissional, bem como ofertará aos cursos de pós-graduação estudantes mais críticos e com domínio tanto da escrita quanto da condução de projetos científicos2323. Figueiredo WPS, Moura NPR, Tanajura DM. Ações de pesquisa e extensão e atitudes científicas de estudantes da área da saúde. ArqCiênc Saúde 2016;23(1)47-51.. A extensão também tem importante significado para a formação, uma vez que promove uma aproximação entre os estudantes e a realidade em que estarão inseridos a partir do reconhecimento das necessidades populacionais, representando, assim, um canal de comunicação entre a universidade e a sociedade de modo a preparar os alunos para atuar em um modelo de atenção à saúde que reconheça as necessidades da população2020. Oliveira FLB, Almeida Júnior JJ. Extensão universitária: contribuições na formação de discentes de Enfermagem. RevBrasPesq Saúde 2015;17(1)19-24.

As LA estão vinculadas a uma Pró-Reitoria de Extensão, mas há predominância das práticas de ensino e de pesquisa sobre as práticas de extensão, devido à burocracia na criação das Ligas, ao calendário acadêmico e ao distanciamento entre a universidade e a comunidade88. Silva SA da, FloresO. Ligas Acadêmicas no Processo de Formação dos Estudantes. RevBrasEduc Med. 2015;39(3)410-417.. Torres et al.22. Torres AR, Oliveira GM, Yamamoto FM, Lima MCP. Academic Leagues and medical education: contributions and challenges. Interface - Comunic, Saúde, Educ 2008;12(27)713-20. afirmam que é fundamental que as LA não se afastem da sua função primária de extensão universitária.

Essas estratégias de ensino-aprendizagem devem possibilitar uma aproximação das ações voltadas à prática, uma vez que os participantes idealizam atividades de extensão e pesquisa, ampliando os cenários para discussão, já que possibilitam o contato com outros estudantes de cursos da saúde e instigam um processo de qualificação profissional nos serviços de saúde, bem como a autogestão do próprio aprendizado do estudante2424. Silva SA. As perspectivas das ligas acadêmicas no processo de formação dos estudantes de saúde na Universidade de Brasília. Brasília; 2013. Mestrado[Dissertação] Universidade de Brasília (UNB) Instituto de Psicologia..

Assim, tais estratégias se aproximam do que Paulo Freire preconiza ao afirmar que o educando é o centro de sua própria educação ao ocupar o papel de protagonista do processo de ensino-aprendizagem, evidenciando uma prática pedagógica que instigue sua criatividade, criticismo, autonomia e liberdade2525. Freire P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996..

Entre as principais motivações que os estudantes têm para participar de uma Liga está o desejo de contato precoce com a prática, a possibilidade de ser reconhecido como adulto profissionalizante, a integração com outros acadêmicos, a identificação com um grupo, o combate ao estresse e a qualificação profissional1717. Hanamoto Filho PT. Como as ligas acadêmicas podem contribuir para a formação médica? Diagn Tratamento 2011;16(3)137-138., o que lhes concederia a qualificação de um profissional autônomo, crítico-reflexivo com capacidade de resolutividade na tomada de decisão para atender as necessidades de saúde da população.

Uma das principais críticas às Ligas Acadêmicas é a especialização precoce. Segundo Stelet2626. Stelet BP. Sobre as repercussões de atividades extensionistas na construção de valores e virtudes durante a formação em medicina. Rio de Janeiro; 2013. Mestrado [Dissertação] – Instituto de Medicina Social., as Ligas podem se tornar um espaço para especialização precoce, sendo estimuladas pelo desenvolvimento de atividades relacionadas a somente determinada área específica. Alguns autores afirmam ainda que a maioria das Ligas tem o enfoque em atividades assistenciais, com a oportunidade para se aprofundar precocemente nas especialidades2121. Pêgo-Fernandes PM, Mariani AW.O ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento 2011;16(2)50-51.,2727. Imakuma ES. As ligas acadêmicas no Ensino Médico. RevMed 2013;92(4)271-272.. As Ligas Acadêmicas de Medicina, por exemplo, funcionam na divisão social do trabalho, do ensino, da pesquisa, da prática e da especialização dos saberes e poderes médicos, sendo voltadas à antecipação acadêmica, posteriormente profissional e, finalmente, especializada2828. Lima Neto FF, Rodrigues RM. Hipócrates do amanhã: as ligas acadêmicas de medicina e a educação médica na UFC, 2016..

Segundo Batista e Gonçalves2929. Batista KBC, Gonçalves OSJ. Formação dos Profissionais de Saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde Soc 2011;20(4)884-899., a especialização do cuidado à saúde, o distanciamento do sujeito nos processos de cuidado e as diferenças de pensamento entre os usuários, os trabalhadores e os gestores da saúde têm representado uma grande tensão na construção do modelo de saúde almejado.

A fragmentação curricular por especialidade é uma questão que gera reflexões sobre a formação em saúde. A saúde deve ser entendida segundo um conceito ampliado da integralidade tanto da assistência quanto do próprio ser humano, e a especialização pode fragilizar esse processo de cuidado integral do indivíduo. Neste sentido, apesar de as Ligas Acadêmicas focarem algum conhecimento específico, elas devem buscar subverter a fragmentação do conhecimento, uma vez que os estudantes envolvidos serão futuros profissionais que irão ter a vida como foco do trabalho,e esta requer um cuidado integral para que se possa atender as necessidades singulares de cada indivíduo.

A saúde da população é complexa e exige uma visão ampliada que seja capaz de incorporar o sujeito em todas as suas dimensões. Assim, a formação em saúde deve garantir o diálogo entre as diferentes formas de saber, segundo os pressupostos da promoção da saúde e da integralidade na atenção à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS3030. Varjabedian D, Raymundo CS, Guazzelli ME, Akerman M. Limites e possibilidades para a efetivação da integralidade na atenção à saúde: o Cenário de Ensino em questão. ABCS Health Sci 2015;40(3)208-213..

Outro desafio enfrentado pelas Ligas Acadêmicas é a possibilidade de subversão da estrutura curricular obrigatória, uma vez que os estudantes podem priorizar as atividades das LA em detrimento das atividades de ensino1717. Hanamoto Filho PT. Como as ligas acadêmicas podem contribuir para a formação médica? Diagn Tratamento 2011;16(3)137-138.. Um estudo realizado em 2003 com o objetivo de investigar as relações estabelecidas entre a participação em atividades extracurriculares e as mudanças pessoais verificou a contribuição dessas atividades nos conhecimentos e habilidades acadêmicos, complexidade cognitiva, competência prática, competência interpessoal e humanitarismo. Ficou evidenciado que, durante a formação profissional, tais atividades não tiveram o papel de substituir as obrigatórias, mas contribuíram diretamente para a relação do estudante com o seu curso3131. Fior CA. Contribuições das atividades não obrigatórias na formação do universitário. Campinas; 2003. 136f. Mestrado [Dissertação] – Faculdade de Estadual de Campinas., de modo a apresentá-loàs diversas interfaces que os cursos podem proporcionar.

Alguns autores questionam o exercício ilegal da profissão quando não há supervisão docente1717. Hanamoto Filho PT. Como as ligas acadêmicas podem contribuir para a formação médica? Diagn Tratamento 2011;16(3)137-138., reconhecendo a necessidade da supervisão, uma vez que é no cotidiano que a qualidade da informação sobre as práticas em saúde chega aos discentes, também com uma imensa carga de receios pelo que foi vivenciado apenas na teoria3232. RudnickiT, Carlotto MS. Formação de estudante da área da saúde: reflexões sobre a prática de estágio. Rev SBPH 2007;10(1)97-110. e podem vir acompanhadas dos “vícios” dos profissionais.

As LA, apesar das fragilidades mencionadas, ocupam importante espaço no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes de graduação3333. Canôas WS. O Significado das Ligas Acadêmicas para Estudantes de Medicina. 2016.. Neste sentido, é necessário um constante diálogo entre os atores envolvidos nesse processo, de forma a reconhecer as necessidades de aprendizagem e de apoio a fimde potencializar e valorizar essas estratégias complementares da formação em saúde.

CONCLUSÃO

A Liga Acadêmica é um fenômeno ascendente no cenário brasileiro que eclodiu no recorte temporal, coincidindo com as reformas curriculares. A partir do tripé da universidade, as LA possibilitam a formação diferenciada em saúde, antecipam a inserção de seus participantes nos campos de atuação e preenchem as lacunas do conhecimento encontradas na graduação por meio do protagonismo e autonomia discentes.

Apesar da relevância das LA para a formação, ainda se tem uma precária literatura sobre o tema. Além disso, os estudos selecionados demonstram a importância de se refletir sobre o papel das LAno que se refere ao pilar da extensão universitária, de modo a identificar os resultados positivos esperados ou saber se as Ligas Acadêmicas servem apenas para uma especialização precoce para os acadêmicos, como mostrado como um desafio por alguns autores.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2018

Histórico

  • Recebido
    30 Ago 2017
  • Aceito
    24 Nov 2017
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