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A obliteração da cultura e a naturalização da escolha nas confabulações da psicologia evolucionista

Nas últimas décadas do século vinte, duas formas radicalmente opostas de retratar culturalmente o parentesco emergiram, de um lado, nas narrativas da psicologia evolucionista e, de outro, naquelas das novas tecnologias biogenéticas. Ambas são peculiarmente influenciadas por uma obsessão euro-americana com escolha, mas movem-se em direções opostas. Enquanto Marilyn Strathern (1992) tem argumentado que as novas tecnologias reprodutivas "hiper-sofisticam" a natureza - tomada como biologia - dissolvendo-a num transbordar de escolhas, eu alego que os psicólogos evolucionistas "super-simplificam" a cultura - tomada como escolha pessoal - dissolvendo-a em seleção natural/sexual e "mecanismos" psicológicos inatos. Enquanto outros pesquisadores consideraram as transformações culturais engendradas pelas tecnologias reprodutivas e biogenéticas, neste artigo eu proponho analisar o emaranhado de analogias, pressupostos, omissões, e saltos lógicos e imaginativos que possibilitam a super-simplificação da cultura perpetrada pela psicologia evolucionista no seu tratamento reducionista de parentesco e gênero, além de mapear algumas das conseqüências daquela narrativa.

debate natureza; gênero; parentesco; psicologia evolucionista


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