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A FORMAÇÃO DE LIGAÇÕES DE HIDROGÊNIO π‧‧‧H, F‧‧‧H E C‧‧‧H NOS COMPLEXOS C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) E C2H2‧‧‧3(HF)

THE FORMATION OF THE π‧‧‧H, F‧‧‧H AND C‧‧‧H HYDROGEN BONDS ON THE C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) AND C2H2‧‧‧3(HF) COMPLEXES

Resumo

In this work, a theoretical study on the basis of structural, vibrational, electronic and topological parameters of the C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) and C2H2‧‧‧3(HF) complexes concerning the formation of π‧‧‧H, F‧‧‧H and C‧‧‧H hydrogen bonds is presented. The main difference among these complexes is not properly the interaction strength, but the hydrogen bond type whose benchmark is ruled justly by the structure. Meanwhile, the occurrence of π‧‧‧H hydrogen bonds was unveiled in both C2H2‧‧‧(HF) dimer and C2H2‧‧‧3(HF) tetramer, although in latter, this interaction is stronger than C‧‧‧H of the C2H2‧‧‧2(HF) trimer. However, the F‧‧‧H hydrogen bonds within the subunits of hydrofluoric acid are the strongest ones, reaching a partial covalent limit, and thereby contribute decisively to the stabilization of the tetramer structure. In line with this, the largest red-shifts were observed on the hydrofluoric acid trimer of the C2H2‧‧‧3(HF) complex.

Keywords:
hydrogen bonds; infrared; QTAIM; NBO


INTRODUÇÃO

A ligação de hidrogênio é concebida como um caso particular de interações entre dipolos, cujo portfólio apresenta a forma Y‧‧‧H em que Y representa geralmente os átomos de flúor, oxigênio, nitrogênio, enxofre ou cloro.11 Desiraju, G. R.; Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 52. Proeminentemente, se considerarmos a concepção de Pimentel e McClellan,22 Pimentel, G. C.; McClellan, A. L.; The Hydrogen Bond, Freeman, W. H., San Francisco, 1960. Y‧‧‧H não pode ser considerada uma ligação de hidrogênio, visto que o hidrogênio interagindo com Y deva também estar ligado a outro elemento, neste caso simbolizado por X, e que, desta forma, origina o modelo Y‧‧‧H−X. Para Pauling,33 Pauling, L.; The Nature of the Chemical Bond, Cornell University Press: Ithaca, 1939. entretanto, a definição de ligação de hidrogênio recai na concepção de que o hidrogênio é atraído por estes dois outros átomos, Y e X, tornando-se um elemento mediador intermolecular sob condições de eletronegatividade propícias para ocorrência de tal interação. Mais recentemente, em 1993, Steiner e Saenger44 Steiner, T.; Saenger, W.; J. Am. Chem. Soc. 1993, 115, 4540. estabeleceram o conceito de carga pontual, em que para ocorrer à ligação de hidrogênio Y‧‧‧H−X, o hidrogênio deve estar defasado de elétrons enquanto Y acumule uma carga negativa parcial, além de X ser mais eletronicamente negativo do que o hidrogênio. Estas reflexões têm servido de base para o estudo de sistemas intra e intermoleculares formados e estabilizados por ligações de hidrogênio n‧‧‧H−C,55 Oliveira, B. G.; Lima, M. C. A.; Pitta, I. R.; Galdino, S. L.; Hernandes, M. Z.; J. Mol. Model. 2010, 16, 119.

6 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; Quim. Nova 2007, 30, 1167.

7 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; Hernandes, M. Z.; Cavalcante, K. R.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2007, 802, 91.

8 Oliveira, B. G.; Araujo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; Spectrochim. Acta A 2007, 68, 626.
-99 Oliveira, B. G.; Araujo, R. C. M. U.; J. Mol. Model. 2012, 18, 2845. em que n representa os pares de elétrons desemparelhados dos elementos F, O, N, S e Cl.1010 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; J. Mol. Model. 2011, 17, 2847.

11 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; Spectrochim. Acta A 2010, 75, 563.

12 Zabardasti, A.; Goudarziafshar, H.; Salehnassaj, M.; Oliveira, B. G.; J. Mol. Model. 2014, 20, 2043.
-1313 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; J. Mol. Model. 2009, 15, 123.

Doravante, além da ligação de hidrogênio n‧‧‧H−C e considerando os argumentos de Steiner e Saenger,44 Steiner, T.; Saenger, W.; J. Am. Chem. Soc. 1993, 115, 4540. cargas negativas não exclusivamente provêm de átomos com pares de elétrons desemparelhados, e ligações insaturadas π e saturadas pseudo-π também acumulam concentrações de carga suficientes para interagirem com grupos do tipo H−C.1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37. De fato, os complexos intermoleculares mais característicos com ocorrência da ligação de hidrogênio π‧‧‧H−C são C2H2‧‧‧HCN e C2H2‧‧‧C2H2,1515 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Pereira, F. S.; Lima, E. F.; Silva, W. L. V.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; Quim. Nova 2008, 31, 1673. nos quais há a concórdia de que sistemas oligomoleculares constituídos por mais de um doador de próton potencializam a força de interação e favorecem a estabilização em uma estrutura diferenciada. Neste discernimento, há algum tempo foi estudado o dímero C2H2‧‧‧HF juntamente com sua estrutura trimolecular, o complexo C2H2‧‧‧2(HF).1616 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Lima, E. F.; Silva, W. L. V.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2006, 775, 39. Neste último, ao invés da ligação de hidrogênio π‧‧‧H−F, foi observado a C‧‧‧H−F, em que o complexo não apresentou forma T-shaped, mas uma forma assimétrica em que o átomo de carbono tornou-se o receptor de próton. Visto posto, este trabalho atual foi elaborado com o objetivo de investigar a formação de ligações de hidrogênio π‧‧‧H−F ou C‧‧‧H−F não simplesmente revisitando as estruturas dos complexos C2H2‧‧‧(HF) e C2H2‧‧‧2(HF), mas propondo uma nova estrutura tetramolecular com o trímero do ácido fluorídrico: C2H2‧‧‧3(HF).

Conforme outros trabalhos,1717 Oliveira, B. G.; Zabardasti, A.; Goudarziafshar, H.; Salehnassaj, M.; J. Mol. Model. 2015, 21, 77.

18 Oliveira, B. G.; J. Theor. Comput. Chem. 2014, 13, 1450060.

19 Oliveira, B. G.; Struct. Chem. 2014, 25, 745.

20 Rozenberg, M.; RSC Adv. 2014, 4, 26928.

21 Singh, R. N.; Kumar, A.; Tiwari, R. K.; Rawat, P.; Spectrochim. Acta A 2013, 113, 378.

22 Fuster, F.; Grabowski, S. J.; J. Phys. Chem. A 2011, 115, 10078.

23 Li, L.; Wu, C.; Wang, Z.; Zhao, L.; Li, Z.; Sun, C.; Sun, T.; Spectrochim. Acta A 2015, 136, 338.
-2424 Zhu, H.; Huang, B.; Li, J.; Jiang, Z.; Wang, B.; Wang, Z.; Zhang, R. -Q.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2015, 17, 20361. a investigação teórica de propriedades estruturais, eletrônicas, topológicas e vibracionais, neste caso dos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF), esmerilha o estudo com acuracidade no torno das ligações de hidrogênio π‧‧‧H−F ou C‧‧‧H−F ou até mesmo F‧‧‧H−F no dímero 2HF e trímero 3HF. Porquanto, fazem-se necessários métodos de estrutura eletrônica que sejam capazes de capturar toda a fenomenologia destas interações. Além dos métodos ab initio serem sempre eficientes,2525 Duvoisin Jr., S.; Lima, I. C. V.; Kuhnen, C. A.; Quim. Nova 2011, 34, 1595.

26 Barbiellini, B.; Shukla, A.; Phys. Rev. 2002, 66, 235101.
-2727 Churakov, S. V.; Cem. Conc. Res. 2008, 38, 1359. também é bem estabelecido que a Teoria do Funcional de Densidade ou DFT (do inglês, Density Functional Theory)2828 Cohen, A. J.; Mori-Sánchez, P.; Yang, W.; Chem. Rev. 2012, 112, 289.

29 van Mourik, T.; Bühl, M.; Gaigeot, M. - P.; Philos. Trans. R. Soc., A 2014, 372, 20120488.
-3030 Jones, R. O.; Rev. Mod. Phys. 2015, 87, 897. tem sido utilizada no estudo de propriedades de sistemas formados por ligação de hidrogênio com resultados bastante satisfatórios,3131 Srivastava, A.; Mishra, R.; Kumar, S.; Dev, K.; Tandon, P.; Maurya, R.; J. Mol. Struct. 2015, 1084, 55.

32 Nazarparvar, E.; Zahedi, M.; Klein, E.; J. Org. Chem. 2012, 77, 10093.

33 Varfolomeeva, V. V.; Terentev, A. V.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2015, 17, 24282.

34 Oliveira, B. G.; Vasconcellos, M. L. A. A.; Struct. Chem. 2009, 20, 897.
-3535 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; J. Mol. Model. 2009, 15, 421. e que, em alguns casos, híbridos fornecem resultados mais confiáveis do que os obtidos via métodos perturbativos. Na prática, o B3LYP é o funcional mais utilizado3636 Albuquerque, A. R.; Santos, I. M. G.; Sambrano, J. R.; Quim. Nova 2014, 37, 1318.

37 Manfrini, R. M.; Teixeira, F. R.; Piló-Veloso, D.; Alcântara, A. F. C.; Nelson, D. L.; Siqueira, E. P.; Quim. Nova 2012, 35, 1294.
-3838 Marana, N. L.; Sambrano, J. R.; Souza, A. R.; Quim. Nova 2010, 33, 810. inegavelmente pelo histórico profícuo de resultados obtidos em diversas outras linhas de pesquisa, mas também pela aplicação em trabalhos que envolvem sistemas intermoleculares.3939 Feng, G. -R.; Qi, T. -Y.; Shi, W. -J.; Guo, Y. -X.; Zhang, Y. -J.; Guo, J.; Kang, L. -X.; J. Mol. Model. 2014, 20, 2154.,4040 DiLabio, G. A.; Johnson, E. R.; Otero-de-la-Roza, A.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 12821. Na zona de interstício intermolecular, a condição eletrônica que pondera a interação entre Y e H−X são os respectivos orbitais de fronteira HOMO e LUMO, cuja interação é suportada pelo fenômeno de transferência de carga.4141 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2007, 30, 1678. Como tal, esta quantificação de transferência de carga acompanhada pela determinação da carga líquida atômica e eventuais variações tornam-se parâmetros muitos importantes para o estudo das ligações de hidrogênio π‧‧‧H−F, C‧‧‧H−F e F‧‧‧H−F. Dentre os algoritmos de partição de carga mais comumente utilizados,4242 Guadagnini, P. H.; Bruns, R. E.; Quim. Nova 1996, 19, 148. as Cargas derivadas do Potencial Eletrostático baseado em uma Grade exterior a superfície de van der Waals ou ChelpG (do inglês, Charges derived from Electrostatic Potential Grid-based),4343 Dupradeau, F. -Y.; Pigache, A.; Zaffran, T.; Savineau, C.; Lelong, R.; Grivel, N.; Lelong, D.; Rosanski, W.; Cieplak, P.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2010, 12, 7821. bem como as cargas obtidas da Análise Natural de Ligação ou NBO (do inglês, Natural Bond Orbitals),4444 Glendening, E. D.; Landis, C. R.; Weinhold, F.; WIREs Comput. Mol. Sci. 2012, 2, 1. são muito eficientes neste sentido.4545 Weinhold, F.; Klein, R. A.; Angew. Chem. Int. Ed. 2014, 53, 11214.,4646 Frenking, G.; Caramori, G. F.; Angew. Chem. Int. Ed. 2015, 54, 2596.

Pela inerência e notoriedade de suas propriedades,4747 Zhang, J.; Chen, P.; Yuan, B.; Ji, W.; Cheng, Z.; Qiu, X.; Science 2013, 342, 611. a ligação de hidrogênio pode ser considerada uma ligação com caráter covalente,1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,1919 Oliveira, B. G.; Struct. Chem. 2014, 25, 745.,4848 Martin, T. W.; Derewenda, Z. S.; Nat. Struct. Mol. Biol. 1999, 6, 403.,4949 Grabowski, S. J.; Chem. Rev. 2011, 111, 2597. e cuja caracterização teórica repousa na Teoria Quântica de Átomos em Moléculas ou QTAIM (do inglês, Quantum Theory of Atoms in Molecules),5050 Bader, R. F. W.; Atoms in Molecules: A Quantum Theory, Oxford University Press, 1994. na partição dos termos de energia para quantificação da energia eletrônica SAPT (do inglês, Symmetry-Adapted Perturbation Theory)5151 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova. 2012, 35, 2002. e, consequentemente, da força de interação, além da espectrosocpia de raios-X.5252 Altaner, C. M.; Thomas, L. H.; Fernandes, A. N.; Jarvis, M. C.; Biomacromolecules 2014, 15, 791. Em seu formalismo mecânico-quântico, a QTAIM é munida do princípio de que os átomos são entidades de camadas abertas, e estes, por sua vez, permutam carga e momento com seus vizinhos.5353 Bader, R. F. W.; Chem. Rev. 1991, 91, 893. Para ligações químicas σ e π, este princípio as caracteriza como interações de camada aberta, ao passo que as ligações de hidrogênio são designadas de camadas fechadas.5353 Bader, R. F. W.; Chem. Rev. 1991, 91, 893. Ambos, fluxo de carga e momento, são concebidos como Caminhos de Ligação ou BP,5050 Bader, R. F. W.; Atoms in Molecules: A Quantum Theory, Oxford University Press, 1994. nos quais são identificados Pontos Críticos de Ligação ou BCP, em que a densidade eletrônica internuclear e seu correspondente Laplaciano são determinados.5353 Bader, R. F. W.; Chem. Rev. 1991, 91, 893. Estes descritores QTAIM têm sido vastamente utilizados não apenas para caracterização de ligações de hidrogênio,5454 Oliveira, B. G.; Leite, L. F. C. C.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2009, 915, 38.

55 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Monatsh. Chem. 2011, 142, 861.
-5656 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; Quim. Nova 2010, 33, 1155. mas também para predição de sua força de interação.1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,5757 Oliveira, B. G.; Vasconcellos, M. L. V. A. A.; Inorg. Chem. Commun. 2009, 12, 1142.,5858 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Silva, J. J.; Ramos, M. N.; Struct. Chem. 2010, 21, 221. A respeito dos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF) objetos de estudo neste trabalho de pesquisa, pela QTAIM espera-se que as três ligações de hidrogênio π‧‧‧H−F, C‧‧‧H−F e F‧‧‧H−F sejam identificadas, e com isso possa ser possível demonstrar que os perfis destas interações são funções da estrutura intermolecular, seja dimérica, trimérica ou tetramérica, e não somente sejam oriundos dos termos eletrônicos que compõem a energia eletrônica.

PROCEDIMENTO COMPUTACIONAL

As geometrias otimizadas dos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF) foram determinadas ao nível de teoria B3LYP/6-311++G(d,p) com todos os cálculos processados pelo software GAUSSIAN 03W.5959 Gaussian 03, Revision B.04, Frisch, M. J.; Trucks, G. W.; Schlegel, H. B.; Scuseria, G. E.; Robb, M. A.; Cheeseman, J. R.; Montgomery Jr., J. A.; Vreven, T.; Kudin, K. N.; Burant, J. C.; Millam, J. M.; Iyengar, S. S.; Tomasi, J.; Barone, V.; Mennucci, B.; Cossi, M.; Scalmani, G.; Rega, N.; Petersson, G. A.; Nakatsuji, H.; Hada, M.; Ehara, M.; Toyota, K.; Fukuda, R.; Hasegawa, J.; Ishida, M.; Nakajima, T.; Honda, Y.; Kitao, O.; Nakai, H.; Klene, M.; Li, X.; Knox, J. E.; Hratchian, H. P.; Cross, J. B.; Adamo, C.; Jaramillo, J.; Gomperts, R.; Stratmann, R. E.; Yazyev, O.; Austin, A. J.; Cammi, R.; Pomelli, C.; Ochterski, J. W.; Ayala, P. Y.; Morokuma, K.; Voth, G. A.; Salvador, P.; Dannenberg, J. J.; Zakrzewski, V. G.; Dapprich, S.; Daniels, A. D.; Strain, M. C.; Farkas, O.; Malick, D. K.; Rabuck, A. D.; Raghavachari, K.; Foresman, J. B.; Ortiz, J. V.; Cui, Q.; Baboul, A. G.; Clifford, S.; Cioslowski, J.; Stefanov, B. B.; Liu, G.; Liashenko, A.; Piskorz, P.; Komaromi, I.; Martin, R. L.; Fox, D. J.; Keith, T.; Al-Laham, M. A.; Peng, C. Y.; Nanayakkara, A.; Challacombe, M.; Gill, P. M. W.; Johnson, B.; Chen, W.; Wong, M. W.; Gonzalez, C.; Pople, J. A.; Gaussian, Inc., Pittsburgh PA, 2003. Através deste mesmo pacote computacional foram processados os cálculos ChelpG, NBO e também do Erro de Superposição do Conjunto de Base ou BSSE (do inglês, Basis Set Superposition Error)6060 van Duijneveldt, F. B.; van Duijneveldt-van de Rijdt, J. G. C. M.; van Lenthe, J. H.; Chem. Rev. 1994, 94, 1873. de Boys e Bernardi.6161 Boys, S. F.; Bernardi, F.; Mol. Phys. 1970, 19, 553. Os cálculos QTAIM foram processados pelos softwares AIM20006262 AIM2000 1.0 designed by F. Biegler-König, University of Applied Sciences, Bielefeld, Germany. e AIMAll 11.05.16.6363 Keith, T. A.; AIMAll Version 11.05.16, 2011.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parâmetros estruturais

As geometrias otimizadas dos complexos C2H2‧‧‧(HF) (I), C2H2‧‧‧2(HF) (II) e C2H2‧‧‧3(HF) (III) determinadas ao nível de teoria B3LYP/6-311++G(d,p) são apresentadas na Figura 1, enquanto na Tabela 1 são listados os valores das distâncias de ligação. Mesmo já tendo sido estudadas,1616 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Lima, E. F.; Silva, W. L. V.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2006, 775, 39. as estruturas I e II diferenciam-se pelas ligações de hidrogênio formadas entre o acetileno e o ácido fluorídrico, seja π‧‧‧He ou Cc‧‧‧He. A primeira trata-se de uma ligação clássica T-shaped,1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,6464 Rozas, I.; Alkorta, I.; Elguero, J.; J. Phys. Chem. A 1997, 101, 9457. cuja distância de 2,1921 Å maior do que 2,1050 Å aponta para uma menor força de interação na estrutura I. No complexo II, além de não usual, em que o carbono atua como receptor de próton, a ligação de hidrogênio Cc‧‧‧He é a preferencial, uma vez que Cb‧‧‧He apresenta uma distância maior de 2,1760 Å. Ao revés, o complexo III apresenta uma ligação de hidrogênio π‧‧‧He T-shaped clássica, sendo que, neste caso, sua distância de 1,9893 Å a condecora como sendo a interação mais curta e até próxima do limiar da covalência, cujo valor de referência é sempre inferior a 2,0000 Å.6565 Szatyłowicz, H.; J. Phys. Org. Chem. 2008, 21, 897. Tratam-se de ligações de hidrogênio direcionais dependentes da estrutura, mas especificamente no caso do complexo III, se tem o primeiro caso de uma ligação de hidrogênio π‧‧‧H com um perfil de força de interação superior a sistemas intermoleculares similares do tipo π.1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,1616 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Lima, E. F.; Silva, W. L. V.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2006, 775, 39.,6666 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2009, 908, 79.

67 Santos, I. T. O.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Quim. Nova 2014, 37, 624.
-6868 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2010, 944, 168. É digno de nota considerarmos a possibilidade de uma das ligações Cb‧‧‧He e Cc‧‧‧He serem formadas, embora seus respectivos valores de 2,078 e 2,050 Å sejam muito similares, mas são muito maiores do que a ligação π‧‧‧He supracitada.

Figura 1
Geometrias otimizadas dos complexos C2H2‧‧‧(HF) (I), C2H2‧‧‧2(HF) (II) e C2H2‧‧‧3(HF) (III) determinadas ao nível de teoria B3LYP/6 -311++G(d,p)

Tabela 1
Valores de ângulos (graus), distâncias (Å) das ligações σ e π (variações entre parênteses), e ligações de hidrogênio dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III) obtidos de cálculos executados ao nível B3LYP/6-311++G(d,p)

Concernente as ligações de hidrogênio F‧‧‧H nos dímero (II) e trímero (III) do ácido fluorídrico,6969 Figura 1S do Material Suplementar. a distância de 1,8313 Å em 2(HF) isolado (IV)6969 Figura 1S do Material Suplementar. é drasticamente reduzida à 1,777 Å. Com relação às duas ligações de hidrogênio Ff‧‧‧Hg e Fh‧‧‧Hi em III, na verdade estas interações praticamente se equivalem na estrutura cíclica isolada de 3(HF),6969 Figura 1S do Material Suplementar. em que cujos valores variando entre 1,7920 e 1,7990 Å estão em satisfatória concordância com o resultado de 1,7490 Å obtido por Asselin et al.,7070 Asselin, P.; Soulard, P.; Madebène, B.; Goubet, M.; Huet, T. R.; Georges, R.; Pirali, O.; Roy, P.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2014, 16, 4797. que utilizaram cálculos em nível coupled cluster com base de Dunning CCSD(T)-F12/AVTZ.

Sabe-se que as variações nas distâncias de ligação e ângulos são reflexos da perturbação estrutural provocada pela força de interação.1313 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; J. Mol. Model. 2009, 15, 123.,3434 Oliveira, B. G.; Vasconcellos, M. L. A. A.; Struct. Chem. 2009, 20, 897.,5656 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; Quim. Nova 2010, 33, 1155.,5959 Gaussian 03, Revision B.04, Frisch, M. J.; Trucks, G. W.; Schlegel, H. B.; Scuseria, G. E.; Robb, M. A.; Cheeseman, J. R.; Montgomery Jr., J. A.; Vreven, T.; Kudin, K. N.; Burant, J. C.; Millam, J. M.; Iyengar, S. S.; Tomasi, J.; Barone, V.; Mennucci, B.; Cossi, M.; Scalmani, G.; Rega, N.; Petersson, G. A.; Nakatsuji, H.; Hada, M.; Ehara, M.; Toyota, K.; Fukuda, R.; Hasegawa, J.; Ishida, M.; Nakajima, T.; Honda, Y.; Kitao, O.; Nakai, H.; Klene, M.; Li, X.; Knox, J. E.; Hratchian, H. P.; Cross, J. B.; Adamo, C.; Jaramillo, J.; Gomperts, R.; Stratmann, R. E.; Yazyev, O.; Austin, A. J.; Cammi, R.; Pomelli, C.; Ochterski, J. W.; Ayala, P. Y.; Morokuma, K.; Voth, G. A.; Salvador, P.; Dannenberg, J. J.; Zakrzewski, V. G.; Dapprich, S.; Daniels, A. D.; Strain, M. C.; Farkas, O.; Malick, D. K.; Rabuck, A. D.; Raghavachari, K.; Foresman, J. B.; Ortiz, J. V.; Cui, Q.; Baboul, A. G.; Clifford, S.; Cioslowski, J.; Stefanov, B. B.; Liu, G.; Liashenko, A.; Piskorz, P.; Komaromi, I.; Martin, R. L.; Fox, D. J.; Keith, T.; Al-Laham, M. A.; Peng, C. Y.; Nanayakkara, A.; Challacombe, M.; Gill, P. M. W.; Johnson, B.; Chen, W.; Wong, M. W.; Gonzalez, C.; Pople, J. A.; Gaussian, Inc., Pittsburgh PA, 2003. No acetileno, o pictograma em destaque na Figura 1 expõe o ângulo (β) formado pelo desalinhamento do átomo de hidrogênio em relação ao eixo internuclear C. A existência deste ângulo deve-se ao fato de que os átomos de carbono apresentam uma tendência de alteração em sua estrutura eletrônica, em particular na hibridização de sp para sp2. Conforme os valores de 0,61º para βI no complexo I, além de 1,93 (HaCbCc) e 1,46 (CbCcHd) para βII, bem como 1,75 (HaCbCc) e 0,86 (CbCcHd) para βIII, sendo estes dois últimos para os complexos II e III respectivamente, estes valores não apresentam relação direta com a distância da ligação de hidrogênio. O complexo I apresenta o mesmo valor de 164,36º para os ângulos θ1 e θ2 entre os átomos FfHeCc e FfHeCb devido a simetria T-shaped. Na estrutura II, os ângulos θ3 e θ4 se diferenciam entre os átomos FfHeCc e FfHeCb, cujos valores são 179,6 e 147,8º, respectivamente. Poder-se-ia admitir que a menor inclinação de 147,8º justificasse a formação de ligação de hidrogênio Cc‧‧‧He, mas ao analisarmos a estrutura III percebe-se que, embora a mesma tendência em relação ao ângulo θ7 e θ8 formados entre os átomos FfHeCc e FfHeCb se mantenha, cujos respectivos valores são 157 e 169º, não se pode utilizá-los para validar a existência das interações Cc‧‧‧He e Cb‧‧‧He simplesmente pelo fato da ligação de hidrogênio π‧‧‧He ser mais curta.

Como vastamente estabelecido,7171 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2010, 944, 168.

72 Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2014, 124, 208.
-7373 Oliveira, B. G.; Chem. Phys. 2014, 443, 67. a variação na distância de ligação no doador de próton é, juntamente com seu deslocamento vibracional, uma das principais comprovações que um sistema intermolecular é formado.88 Oliveira, B. G.; Araujo, R. C. M. U.; Carvalho, A. B.; Ramos, M. N.; Spectrochim. Acta A 2007, 68, 626.-99 Oliveira, B. G.; Araujo, R. C. M. U.; J. Mol. Model. 2012, 18, 2845.,1212 Zabardasti, A.; Goudarziafshar, H.; Salehnassaj, M.; Oliveira, B. G.; J. Mol. Model. 2014, 20, 2043.,1717 Oliveira, B. G.; Zabardasti, A.; Goudarziafshar, H.; Salehnassaj, M.; J. Mol. Model. 2015, 21, 77.,4141 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2007, 30, 1678. Foram observadas variações de distância ns ligações σ (H-F e C-H) e π (C≡C), embora as mais proeminentes sejam no ácido fluorídrico. No acetileno, as variações nas distâncias de ligação estão na faixa de 0,0011 a 0,0083 Å, mas no ácido fluorídrico as variações são muito superiores e atingem valores de 0,0284 Å, neste caso, a ligação He-Ff no complexo III. Pelo fato da variação na distância de ligação do doador de próton refletir o perfil da força de interação,7474 Q. Pordeus, R. Q.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2015, 145, 580. o valor de 0,0284 Å para a ligação He-Ff está condicionado à ligação de hidrogênio mais curta, a π‧‧‧H na estrutura tetramérica. Para os complexos II e I, as variações de 0,0198 e 0,009 Å correlacionam com ligações de hidrogênio com distâncias medianas e mais longas, ou seja, Cc‧‧‧He e π‧‧‧H, respectivamente. Comparando 2(HF) e 3(HF), observamos que a ligação Hg-Fh apresentou uma variação maior (0,0220 Å) no complexo III em relação a II, no qual o valor calculado foi de 0,0122 Å.

Modos vibracionais

Os modos vibracionais na região do espectro de infravermelho compõe uma das bases fidedignas para caracterização de um sistema intermolecular,7272 Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2014, 124, 208.,7474 Q. Pordeus, R. Q.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2015, 145, 580. principalmente aqueles formados por ligação de hidrogênio ou HBond (do inglês, Hydrogen Bond).7575 Meot-Ner (Mautner), M.; Chem. Rev. 2012, 112, PR22. Acerca dos novos modos vibracionais ou também reconhecidos como frequências de estiramento de ligação de hidrogênio, estas se caracterizam por valores muito baixos no espectro infravermelho acompanhado por baixas intensidades de absorção, legalmente, a depender da força de interação. Para os complexos I, II e III cujos modos vibracionais são organizados na Tabela 2, as frequências de estiramento demonstram uma total concordância com os valores de distância, conforme pode ser observado no gráfico ilustrado na Figura 2, o qual foi gerado a partir da Equação 1:

Tabela 2
Valores das frequências de estiramento (υ em cm-1) e intensidades de absorção (I em km mol-1) dos novos modos vibracionais dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III) obtidos de cálculos executados ao nível B3LYP/6-311++G(d,p)

Figura 2
Relação entre os valores das frequências e distâncias das ligações de hidrogênio nos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF)

Tem-se, novamente, que o complexo III formado por uma ligação π‧‧‧H apresenta a maior frequência de estiramento e, também, a maior intensidade de abosrção intermolecular. Há tempos que a literatura especializada dispõe de trabalhos que correlacionam a força de interação com os deslocamentos nas frequências de estiramento, especialmente dos doadores de prótons,7676 Hobza, P.; Havlas, Z.; Chem. Rev. 2000, 100, 4253. e em alguns casos nos quais o carbono atua como fonte de elétrons para formar ligações de hidrogênio.7777 Compaan, K.; Vergenz, R.; Von Rague Schleyer, P.; Arreguin, I.; Int. J. Quantum Chem. 2008, 108, 2914. Através dos valores listados na Tabela 3, na Figura 3 é traçado um gráfico entre os valores dos deslocamentos (Δυ) nas frequências de estiramento versus as variações nas distâncias de ligação (Δr), cuja correlação é considerada bastante satisfatória devido ao coeficiente linear r2 de 0,989:

Tabela 3
Valores dos efeitos red-shifts (Δυ em cm-1) e razões nas intensidades de absorção (I,c/I,m em km.mol-1) nas ligações σ e π dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III) obtidos de cálculos executados ao nível B3LYP/6-311++G(d,p)

Figura 3
Relação entre os valores das variações nas frequências e distâncias de ligação nos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF)

Como todas as distâncias de ligação sofrem aumento, sinergicamente as correspondentes frequências de estiramento são deslocadas para valores com menos energia no espectro de infravermelho, evento este denominado de batocrômico ou red-shift.7878 Oliveira, B. G.; Ramos, M. N.; Int. J. Quantum Chem. 2010, 110, 307.,7979 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Leite, E. S.; Ramos, M. N.; Int. J. Quantum Chem. 2011, 111, 111. Na Figura 3 são diagramatizados quatro grupos, a saber: A = efeitos red-shifts nas ligações π e C-H do acetileno; B = ligações H-F (I), He-Ff (II), Hi-Fj (III) e C-H (III); C = ligações Hg-Fh das estruturas II e III; e D que isoladamente representa o red-shift na ligação He-Ff de III.

Notadamente, o maior valor red-shift de -606,5 cm-1 no complexo III manifesta-se exatamente na ligação He-Ff cuja região doadora de carga é a ligação π do acetileno, que, por sua vez, é a distância intermolecular mais curta. Uma característica também marcante dos efeitos red-shifts é a alteração na intensidade de absorção, a qual, em geral, aumenta drasticamente quando ocorre a formação do complexo de hidrogênio.1919 Oliveira, B. G.; Struct. Chem. 2014, 25, 745.,3434 Oliveira, B. G.; Vasconcellos, M. L. A. A.; Struct. Chem. 2009, 20, 897.,4141 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2007, 30, 1678. Conforme os valores de IHF,c/IHF,m que relaciona as intensidades do complexo (IHF,c) em relação ao monômero (IHF,m), trata-se de um efeito hipercrômico em que há aumento na intensidade de absorção. Para o red-shift de -606,5 cm-1, a hipercrômia IHF,c/IHF,m fornecer um valor de 7,2 que é muito próximo de 6,8 para o oscilador HgFh cujo red-shift é -441,4 cm-1. Embora nem sempre possa ser estabelecida uma relação direta entre a magnitude dos efeitos red-shifts e a mudança hipercrômica, é por meio desta que a formação do complexo de hidrogênio torna-se melhor observável no espectro de infravermelho.

Transferência de carga e energia de interação

Os valores das transferências de carga computadas pelos métodos ChelpG e NBO são listados na Tabela 4.

Tabela 4
Transferência de cargas δQ (unidades eletrônicas, u.e.) obtidas de cálculos ChelpG (NBO em parênteses). Valores das energias das ligações de hidrogênio (ΔE e ΔEc em kJ mol-1) com as correções ΔZPE e BSSE (valores em kJ mol-1), e energias de interação NBO (ENBO em kJ mol-1) dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III)

Em I, ambos ChelpG e NBO fornecem um portfólio condizente com a teoria da ligação de hidrogênio,1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,4141 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2007, 30, 1678. em que os átomos de carbono em torno da ligação π apresentam diminuição de carga ou perda eletrônica. Entretanto, a molécula de HeFf tem valores negativos de -0,068 e -0,011 u.e. para o hidrogênio e flúor, respectivamente, indicando aumento de carga a qual proveio da ligação π. Por outro lado, os valores NBO falham nesta concepção, visto que o hidrogênio apresentou balanço de carga positivo, cujo valor é 0,009 u.e. Nas estruturas subsequentes, as cargas ChelpG mostram-se muito superiores às NBO. Em II, os átomos de carbono do acetileno apresentam diminuição de carga (0,031 e 0,014 u.e.), intercedido pelos aumentos de -0,101 e -0,016 u.e. nos hidrogênios He e Hg da subparte do dímero 2(HF). Embora o valor de 0,039 u.e. aponte para uma transferência de carga do átomo de flúor Ff para a molécula HgFh, o valor de -0,027 u.e. de Fh não condiz com a expectativa de formação da ligação de hidrogênio Fh‧‧‧Hd. Com relação aos resultados NBO, estes traduzem um comportamento totalmente anômalo e contraditório, como, por exemplo, carbonos com aumento de carga (-0,024 e -0,005 u.e.), hidrogênios (0,025 e 0,016 u.e.) e flúor (-0,031 e -0,034 u.e.) com diminuição e aumento de carga, respectivamente. Com relação ao tetrâmero, a descrição do perfil de transferência de carga via algoritmo ChelpG é precisa nos átomos de hidrogênio He e Hg, cujas variações são -0,104 e -0,082 u.e., bem como nos átomos de flúor Ff e Fh, em que, nestes se contabilizou diminuição de carga devido aos resultados de 0,082 e 0,040 u.e., respectivamente. Ao restante da estrutura, entretanto, as cargas ChelpG mostram-se ineficientes, bem como a NBO.

É bem estabelecido na literatura especializada que o fortalecimento das interações intermoleculares esteja sensivelmente aliada com o número e a distribuição de energia.8080 Sigala, P. A.; Ruben, E. A.; Liu, C. W.; Piccoli, P. M. B.; Hohenstein, E. G.; Martínez, T. J.; Schultz, A. J.; Herschlag, D.; J. Am. Chem. Soc. 2015, 137, 5730. Rotineiramente, a energia de interação é calculada com base na aproximação da supermolécula8181 Ilnicka, A.; Sadlej, J.; Struct. Chem. 2012, 23, 1332. no caso do sistema I, mas para os complexos II e III, a quantificação das contribuições não cooperativas das subpartes 2(HF) e 3(HF) privam a utilização deste argumento. Diante de tal entrave, a força de interação de cada ligação de hidrogênio fica restrita em partes a energia dos orbitais NBO.8282 Phipps, M. J. S.; Fox, T.; Tautermann, C. D.; Skylaris, C. K.; Chem. Soc. Rev. 2015, 44, 3177.

em que -2 indica a ocupação (2 elétrons) no orbital doador, |F| é a matriz de Fock, εY(A) - εYσ*(B) corresponde a diferença de energia entre os orbitais,8383 Oliveira, B. G.; Bueno, M. A.; Quim. Nova 2015, 38, 1. A e B representam os pares de elétrons (LP, do inglês Lone Pair) do flúor ou a ligação π do acetileno e o orbital antiligante das ligações σ (BD*(1)) F−H e C−H do doador de próton (HF ou HCCH), respectivamente.

Pelo fato de independer das energias das espécies isoladas, a energia de estabilização determinada pela Equação (3) é bastante utilizada em estudos de ligações de hidrogênio intramoleculares.8484 Grabowski, S. J.; J. Phys. Chem. A 2011, 115, 12789.,8585 Martínez-Cifuentes, M.; Weiss-López, B. E.; Santos, L. S.; Araya-Maturana, R.; Molecules 2014, 19, 9354. Para os complexos I, II e III, cujos valores são listados na Tabela 4, a energia de 55,56 kJ mol-1 da ligação de hidrogênio π‧‧‧H confirma a maior estabilização desta frente ao complexo I assim como em relação a CC‧‧‧He, a qual era até então considerada como sendo a interação preferencial no átomo de carbono ao invés da ligação π. Outrossim, comprova-se claramente que há um fortalecimento nas ligações de hidrogênio entre as unidades de ácido fluorídrico, em particular os resultados de 41,38 e 70,20 kJ mol-1 para Ff‧‧‧Hg-Fh nos complexos II e III, respectivamente.

Topologia QTAIM

No uso de suas atribuições delineadas na mecânica quântica,8686 Pilmé, J.; Renault, E.; Bassal, F.; Amaouch, M.; Montavon, G.; Galland, N.; J. Chem. Theory Comput. 2014, 10, 4830. a QTAIM tem sido considerada uma das visões mais modernas acerca da ligação química,8787 Hilal, R.; Aziz, S. G.; Alyoubi, A. O.; Elrobya, S.; Proc. Comput. Sci. 2015, 51, 1872. bem como na extensão a outros sistemas e questões relacionadas a estrutura eletrônica em geral.8888 Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2012, 35, 2002. Para as ligações σ e π, os valores apresentados na Tabela 5 reforçam que, embora estas apresentem perfil de interação de camada aberta devido aos valores negativos do Laplaciano, as maiores variações de densidade eletrônica são observadas nas ligações H-F. Estas variações são, na verdade, reduções de concentrações de carga, aspecto este totalmente condizente com os aumentos nas distâncias de ligação e efeitos red-shifts supracitados. Contudo, a força covalente destas ligações se mantém, como pode ser constatado na relação -G/U, a qual relaciona as contribuições das energias cinéticas e potenciais de densidade eletrônica. Os valores de -G/U refletem um caráter totalmente covalente pois estão compreendidos abaixo do limite de 0,5.1414 Oliveira, B.G.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2013, 15, 37.,4747 Zhang, J.; Chen, P.; Yuan, B.; Ji, W.; Cheng, Z.; Qiu, X.; Science 2013, 342, 611. Conforme destacado anteriormente, estes e todos os demais parâmetros topológicos são obtidos mediante localização de BCPs internucleares, com BP de fluxo de carga e, para os complexos I, II e III, a Figura 4 fornece a visualização da topologia QTAIM com caracterização de todas as ligações químicas, inclusive as ligações de hidrogênio. Para os complexos I e III, os BPs caracterizam as ligações π‧‧‧He, ao passo que para II a ligação de hidrogênio é direcionada ao carbono como receptor de próton. Reiterando o perfil de força de interação mediante os valores apresentados na Tabela 6, mesmo que o complexo III seja formado por uma ligação de hidrogênio π‧‧‧H, a densidade eletrônica de 0,027 e.ao-3 é superior aos valores de 0,023 (II) e 0,018 e.ao-3 (I). Pelos valores positivos do Laplaciano, as ligações de hidrogênio π‧‧‧H e Cc‧‧‧He são interações de camada fechada, embora o valor de 1,066 determinado pela razão -G/U tendencia o complexo III para uma ligação de hidrogênio π‧‧‧H com força no limiar do caráter covalente. Tal condição foi atingida pelas ligações Ff‧‧‧Hg e Fh‧‧‧Hi na estrutura III, em cujos valores de -G/U são 0,975 e 0,971, respectivamente.

Tabela 5
Parâmetros QTAIM dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III)

Figura 4
BCP e BP das ligações químicas e visualização das ligações de hi drogênio nos complexos C2H2‧‧‧(HF) (I), C2H2‧‧‧2(HF) (II) e C2H2‧‧‧3(HF) (III)

Tabela 6
Parâmetros QTAIM dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (II) e C2H2•••3(HF) (III)

Através dos valores da Tabela 7, em outras ligações de hidrogênio, como por exemplo a Ff‧‧‧Hg (II), esta apresenta um valor de 1,037 para a razão -G/U, sendo, portanto, também uma tendência para a covalência. Todavia, não havendo premissa de cooperatividade pelas energias de interação determinadas pela NBO no que concerne à relação -G/U, o complexo II apresenta-se como uma estrutura intramolecular covalente, apesar do valor positivo de 0,040 e.ao-5 do Laplaciano apontar Ff‧‧‧Hg como interação de camada fechada. Igualmente, as ligações de hidrogênio Fh‧‧‧Hd e Fj‧‧‧Hd nos complexos II e III, respectivamente, são formadas com quantidades mínimas de densidade eletrônica, particularmente o valor de 0,007 e.ao-3 em II, mas que as razões -G/U de 1,200 e 1,250 testificam que tratam-se de interações de camanda fechada essencialmente não covalentes. Entrementes, a aclamação pelos parâmetros QTAIM para caracterização de ligações de hidrogênio direcionais,6262 AIM2000 1.0 designed by F. Biegler-König, University of Applied Sciences, Bielefeld, Germany.,6464 Rozas, I.; Alkorta, I.; Elguero, J.; J. Phys. Chem. A 1997, 101, 9457.,6767 Santos, I. T. O.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Quim. Nova 2014, 37, 624. no caso dos complexos I, II e III estudados neste trabalho, observa-se uma relação discutível com as contribuições dos termos de energia8787 Hilal, R.; Aziz, S. G.; Alyoubi, A. O.; Elrobya, S.; Proc. Comput. Sci. 2015, 51, 1872. que munem a força de interação. Recentemente, Hill e Legon8989 Hill, J. G.; Legon, A. C.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2015, 17, 858. investigaram uma série de sistemas intermoleculares formados por ligações de hidrogênio com distintos direcionamentos e inclinações em suas padronizações, e foi mostrado que as contribuicões dos termos de energia eletrônica são flexíveis mediante certa estrutura intermolecular. Em outras palavras, e enfatizando o atual trabalho, há uma dependência unívoca da estrutura para com a formação do tipo e também da força de interação intermolecular.

Tabela 7
Parâmetros QTAIM dos complexos C2H2•••(HF) (I), C2H2•••2(HF) (b) e C2H2•••3(HF) (III)

CONCLUSÕES

Este estudo teórico das ligações de hidrogênio π‧‧‧H, C‧‧‧H e F‧‧‧H nos complexos C2H2‧‧‧(HF), C2H2‧‧‧2(HF) e C2H2‧‧‧3(HF) revelou uma dependência da estrutura intermolecular não apenas para o perfil da interação, mas também para a força de interação. Demonstrou-se uma fortificação das ligações de hidrogênio F‧‧‧H com caráter parcialmente covalente na estrutura tetramérica, na qual também se observou uma tendência da ligação de π‧‧‧H apresentar esta mesma propriedade. Nesta e no dímero, embora a nuvem eletrônica π seja a fonte eletrônica receptora de prótons, as ligações C≡C e C-H do acetileno não sofreram mudanças significativas. Ao oposto, as ligações H-F foram seriamente afetadas tanto estruturalmente como no ponto de vista vibracional, em que se teve a identificação de efeitos red-shifts superiores a -600 cm-1. Em termos de transferência de carga, o algoritmo ChelpG mostrou-se mais eficiente frente aos resultados NBO, pelo qual também foram computados as energias de interação. Consenso de que a cooperatividade nas estruturas triméricas e tetraméricas sejam imensuráveis, novamente, as ligações de hidrogênio F‧‧‧H apresentaram as maiores energias de interação NBO. A QTAIM caracterizou e diferenciou as ligações de hidrogênio nos complexos C2H2‧‧‧(HF) e C2H2‧‧‧3(HF) como sendo π‧‧‧H, enquanto para C2H2‧‧‧2(HF) observa-se a C‧‧‧H. Este panorama atesta que o tipo de ligação de hidrogênio formada não é função da força de interação, mas seguramente depende da estrutura intermolecular.

AGRADECIMENTOS

CAPES, CNPq, UFBA e FAPESB.

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  • 21
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    Santos, I. T. O.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Quim. Nova 2014, 37, 624.
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  • 69
    Figura 1S do Material Suplementar.
  • 70
    Asselin, P.; Soulard, P.; Madebène, B.; Goubet, M.; Huet, T. R.; Georges, R.; Pirali, O.; Roy, P.; Phys. Chem. Chem. Phys 2014, 16, 4797.
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    Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Ramos, M. N.; J. Mol. Struct. (THEOCHEM) 2010, 944, 168.
  • 72
    Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2014, 124, 208.
  • 73
    Oliveira, B. G.; Chem. Phys 2014, 443, 67.
  • 74
    Q. Pordeus, R. Q.; Rego, D. G.; Oliveira, B. G.; Spectrochim. Acta A 2015, 145, 580.
  • 75
    Meot-Ner (Mautner), M.; Chem. Rev. 2012, 112, PR22.
  • 76
    Hobza, P.; Havlas, Z.; Chem. Rev 2000, 100, 4253.
  • 77
    Compaan, K.; Vergenz, R.; Von Rague Schleyer, P.; Arreguin, I.; Int. J. Quantum Chem 2008, 108, 2914.
  • 78
    Oliveira, B. G.; Ramos, M. N.; Int. J. Quantum Chem 2010, 110, 307.
  • 79
    Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Leite, E. S.; Ramos, M. N.; Int. J. Quantum Chem 2011, 111, 111.
  • 80
    Sigala, P. A.; Ruben, E. A.; Liu, C. W.; Piccoli, P. M. B.; Hohenstein, E. G.; Martínez, T. J.; Schultz, A. J.; Herschlag, D.; J. Am. Chem. Soc. 2015, 137, 5730.
  • 81
    Ilnicka, A.; Sadlej, J.; Struct. Chem 2012, 23, 1332.
  • 82
    Phipps, M. J. S.; Fox, T.; Tautermann, C. D.; Skylaris, C. K.; Chem. Soc. Rev. 2015, 44, 3177.
  • 83
    Oliveira, B. G.; Bueno, M. A.; Quim. Nova 2015, 38, 1.
  • 84
    Grabowski, S. J.; J. Phys. Chem. A 2011, 115, 12789.
  • 85
    Martínez-Cifuentes, M.; Weiss-López, B. E.; Santos, L. S.; Araya-Maturana, R.; Molecules 2014, 19, 9354.
  • 86
    Pilmé, J.; Renault, E.; Bassal, F.; Amaouch, M.; Montavon, G.; Galland, N.; J. Chem. Theory Comput 2014, 10, 4830.
  • 87
    Hilal, R.; Aziz, S. G.; Alyoubi, A. O.; Elrobya, S.; Proc. Comput. Sci 2015, 51, 1872.
  • 88
    Oliveira, B. G.; Araújo, R. C. M. U.; Quim. Nova 2012, 35, 2002.
  • 89
    Hill, J. G.; Legon, A. C.; Phys. Chem. Chem. Phys. 2015, 17, 858.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Out 2015
  • Aceito
    30 Nov 2015
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