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Monócitos e mastócitos peritoneais na doença inflamatória do cólon, em ratos

Peritoneal monocytes and mast cells in the inflammatory colon disease on rats

Resumos

Com o objetivo de conhecer o comportamento dos monócitos e mastócitos em peritônio livre na vigência de doença inflamatória do cólon, células que sabe-se participam ativamente do processo inflamatório, colite ulcerativa é induzida em ratos com ácido acético à 10%. Utilizaram-se 20 animais Wistar, 10 para controle e 10 para indução de colite. Os macrófagos são marcados com azul de Tripan e células são capturadas do peritônio livre após 5 dias de evolução. Observou-se que o número de monócitos/macrófagos era 3 vezes maior no líquido peritoneal obtido dos animais com doença inflamatória do que nos seus controles e o número dos mastócitos 2 vezes maior (p<0,001). Estes achados permitem admitir que o peritônio participa ativamente do processo inflamatório.

Colite ulcerativa; Monócitos; Mastócitos


In order to determine the behavior of monocytes and mast cells in the free peritoneum in the presence of inflammatory disease of the colon, cells known to participate actively in the inflammatory process, ulcerative colitis was induced in rats with 10% acetic acid. Twenty Wistar rats were divided into two groups of 10 animals each, controls and animals submitted to the induction of colitis. Macrophages were labeled with Trypan blue and the cells were captured from the free peritoneum after 5 days of evolution of the disease. The number of monocytes/macrophages was 3 times higher in the peritoneal fluid obtained from animals with inflammatory disease than in the controls and the number of mast cells was twice higher (p<0,001). These data permit us to propose that the peritoneum actively participates in the inflammatory process.

Colitis; ulcerative; Monocytes; Mast cells


Monócitos e mastócitos peritoneais na doença inflamatória do cólon, em ratos1 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Maria de Lourdes Pessole Biondo-Simões2 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Fernando Hintz Greca3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Antonio Pádua Gomes da Silva4 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Agostinho Bryk Junior5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Adriana Blanco5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Cleber Amarante5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Daniele Imanichi5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Dirceu Barbosa Seiler Neto5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Fábio Urbaneski5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 2 . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 3 . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. 4 . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR. 5 . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.

Biondo-Simões ML, Greca FH, Silva APG, Bryk Jr A, Blanco A, Amarante C, Imanichi D, Seiler Neto DB, Urbaneski F. Monócitos e mastócitos peritoneais na doença inflamatória do cólon, em ratos. Acta Cir Bras [serial online] 1999 Oct-Dec;14(4). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

RESUMO: Com o objetivo de conhecer o comportamento dos monócitos e mastócitos em peritônio livre na vigência de doença inflamatória do cólon, células que sabe-se participam ativamente do processo inflamatório, colite ulcerativa é induzida em ratos com ácido acético à 10%. Utilizaram-se 20 animais Wistar, 10 para controle e 10 para indução de colite. Os macrófagos são marcados com azul de Tripan e células são capturadas do peritônio livre após 5 dias de evolução. Observou-se que o número de monócitos/macrófagos era 3 vezes maior no líquido peritoneal obtido dos animais com doença inflamatória do que nos seus controles e o número dos mastócitos 2 vezes maior (p<0,001). Estes achados permitem admitir que o peritônio participa ativamente do processo inflamatório.

DESCRITORES: Colite ulcerativa. Monócitos. Mastócitos

INTRODUÇÃO

A colite ulcerativa é uma doença inflamatória idiopática na qual a mucosa inflamada pode ser reultado de uma lesão primária ou talvez conseqüência secundária da perda da integridade da mucosa3. A causa das doenças inflamatórias intestinais, tanto da colite ulcerativa como da doença de Crohn, não é conhecida, mas parece que o fenômeno imune faz parte da sua patogênese10. Nestas doenças observam-se acúmulo de células inflamatórias na lâmina própria do intestino afetado5.

A migração dos leucócitos da circulação sangüínea através do endotélio vascular para o tecido intestinal tem um importante papel na manutenção dos mecanismos de defesa por meio da função imune, dentro da lâmina própria da mucosa. Acredita-se que esta migração é direcionada por gradiente quimiotático8. Na lâmina própria não inflamada 15% das células mononucleares são macrófagos. Durante a inflamação intestinal o número destas células aumenta muito14. Esta elevação se dá graças ao aumento da migração de monócitos que são atraídos pela proteína-1-monócito-quimioatraente (MCP-1). Esta substância pode ser produzida pelas células endoteliais, pelas células mononucleares da lâmina própria e pelas células epiteliais. O MCP-1 pode participar da patogênese da colite ulcerativa e da doença de Crohn uma vez que pode estabelecer um gradiente quimiotático capaz de influenciar a migração dos monócitos/macrófagos através do endotélio para a lâmina própria durante estados inflamatórios12.

A interleucina 8 (IL-8) é outro importante quimiotático e ativador de neutrófilos, sendo produzida por um grande número de células, entre elas: macrófagos, neutrófilos, células endoteliais e fibroblastos16. Neutrófilos e macrófagos recentemente recrutados são responsáveis pela produção de IL-8 na doença inflamatória intestinal, sugerindo um mecanismo de ciclo continuado de atração de neutrófilos5.

Macrófagos parecem ter papel crucial na defesa da mucosa intestinal, formando densos agregados subepiteliais, particularmente no cólon. Entre as citoquinas produzidas por estas células, além da IL-8, encontra-se: IL-6, IL-1b e TNF-a que possuem a capacidade de aumentar a resposta imune na doença inflamatória intestinal11. As citoquinas IL-1b e TNF-a estimulam a proliferação do epitélio colônico à partir de células das criptas e influenciam a regeneração da mucosa15. Contudo, o acúmulo de macrófagos, aumentam a produção de superóxidos, peróxido de hidrogênio e outros metabólitos do oxigênio podendo levar à destruição epitelial, aumentando a lesão mucosa13,17.

Toda reação inflamatória é caracterizada por influxo de leucócitos, edema e mudança no calibre e na permeabilidade da microcirculação. Muitas destas modificações refletem a liberação de mediadores químicos. Não só os monócitos mas também os mastócitos estão relacionados com a iniciação, a manutenção e a ampliação da resposta inflamatória. Existem evidências de que mastócitos contribuem na resposta imune, na rejeição, na cicatrização e em outros processos biológicos7.

A doença inflamatória intestinal não é limitada exclusivamente à mucosa e à submucosa, existindo relatos de invasão da muscular e até mesmo de perfuração intestinal4. Assim é possível admitir que algum comprometimento mesotelial possa existir. Aspirados de peritônio obtidos em laparoscopias revelam a existência de 4 tipos de células no líquido peritoneal normal: macrófagos (36%), células mesoteliais (36%), linfócitos (18%) e polimorfonucleares (7%)1.

O presente estudo objetiva conhecer o comportamento destas células no peritônio livre quando doença inflamatória do cólon é induzida em ratos.

MÉTODO

Utilizaram-se 24 ratos machos (Rattus norvegicus, Rodentia mammalia) com idade entre 140 e 150 dias e peso médio de 310,5 ± 45 g, distribuídos em 2 grupos: controle e experimento. O ambiente de experimentação, a temperatura, a umidade e o ciclo claro-escuro foram os próprios do ambiente, Biotério da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Durante o período de experimentação os ratos tinham livre acesso à água e à ração.

Após limpeza mecânica do cólon, introduziu-se 9 cm de uma sonda 6F, perfurada lateralmente com intervalos de 1 cm. Nos animais do grupo controle injetou-se 2 ml de solução salina isotônica e nos do grupo experimento 2 ml de ácido acético à 10%, conforme MacPHERSON e PFEIFFER (1978)6. Administrou-se, a cada animal de ambos os grupos, 0,5 ml do corante azul de Tripan por via venosa e 0,5 ml por via subcutânea diariamente durante 5 dias. Vinte e quatro horas após a última administração do corante, sob anestesia inalatória de éter etílico, injetou-se 10 ml do solução salina isotônica intra-peritoneal. Em seguida procedeu-se ao sacrifício com dose letal do anestésico. Realizou-se laparotomia mediana e aspirou-se o líquido peritoneal que colocado em tubo de ensaio foi centrifugado. Desprezou-se o sobrenadante e reespandiu-se o "pellet" com 2 ml de solução salina isotônica. Colocou-se a solução assim obtida em câmara de suta e capturou-se as células em lâminas. Fixou-se o material em álcool 70% e 24 horas após corou-se com hematoxilina. Efetuou-se a leitura contando-se os monócitos e os mastócitos existentes em 10 campos.

Analisou-se os resultados através do teste de Mann-Whitney estabelecendo-se p£ 0,05 para rejeição da hipótese de nulidade.

RESULTADOS

Registrou-se a perda de 3 amostras, do grupo controle, examinando-se portanto 9 amostras deste grupo e 12 do grupo experimento.

A contagem dos monócitos revelou média de 2,66 células por campo no grupo controle e 6,45 células por campo no grupo experimento ( p<0,001), (Figuras 1 e 2).

FIGURA 1
– Fotomicrografia de céluas obtidas de lavado peritoneal de animal do grupo controle onde se pode ver monócitos livres().
FIGURA 2
– Fotomicrografia de células obtidas de lavado peritoneal de animal do grupo com doença inflamatória. Observa-se maior concentração de monócitos().

A média de mastócitos por campo, no grupo controle foi de 1,04 células e no grupo experimento 2,09 células (p<0,001), (Figura 3).

FIGURA 3
– Fotomicrografia de células obtidas de lavado peritoneal de animal do gruo com doença inflamatória onde se pode ver a presença de mastócitos().

DISCUSSÃO

A resposta inflamatória caracteriza-se por aumento do calibre e da permeabilidade dos vasos da microcirculação, estas alterações permitem a saída de macromoléculas, líquido e células da luz dos vasos para o interstício. A degranulação dos mastócitos precede à mobilização dos neutrófilos7.

Os monócitos/macrófagos representam papel importante na patogênese e na manutenção do processo inflamatório12,13,17. SCHOELMERICH e col. (1988) observaram que durante a inflamação intestinal observaram aumento do número de células mononucleares na lâmina própria14. Entretanto pouco se sabe da participação do peritônio nestas doenças. Hoje não se pode admitir o mesotélio abdominal como uma simples membrana de revestimento, é possível, diante das funções que vêm sendo descritas admiti-la como um órgão, um grande órgão com 1,7 a 2 m2 de superfície9. Como um órgão de tão grande extensão e intimamente ligado ao intestino não participaria de um processo inflamatório que o estivesse acometendo? Se este órgão é uma membrana semi-permeável e apresenta uma importante rede de arteríolas e vênulas sob uma única camada de células mesoteliais2 é possível supor que este órgão participe ativamente do processo de migração de céluas envolvidas no processo inflamatório.

CONCLUSÕES

No presente estudo observou-se um aumento significante no número de monócitos livres obtidos do lavado peritoneal, chegando a ser 3 vezes maior nos animais com doença inflamatória quando comparados aos seus controles normais. Da mesma forma, encontrou-se 2 vezes mais mastócitos nestes animais. Desta forma pode-se aventar que este órgão deva estar envolvido ativamente no processo.

Biondo-Simões ML, Greca FH, Silva APG, Bryk Jr A, Blanco A, Amarante C, Imanichi D, Seiler Neto DB, Urbaneski F. Peritoneal monocytes and mast cells in the inflammatory colon disease on rats. Acta Cir Bras [serial online] 1999 Oct-Dec;14(4). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

SUMMARY: In order to determine the behavior of monocytes and mast cells in the free peritoneum in the presence of inflammatory disease of the colon, cells known to participate actively in the inflammatory process, ulcerative colitis was induced in rats with 10% acetic acid. Twenty Wistar rats were divided into two groups of 10 animals each, controls and animals submitted to the induction of colitis. Macrophages were labeled with Trypan blue and the cells were captured from the free peritoneum after 5 days of evolution of the disease. The number of monocytes/macrophages was 3 times higher in the peritoneal fluid obtained from animals with inflammatory disease than in the controls and the number of mast cells was twice higher (p<0,001). These data permit us to propose that the peritoneum actively participates in the inflammatory process.

SUBJECT HEADINGS: Colitis, ulcerative. Monocytes. Mast cells.

Endereço para correspondência:

Maria de Lourdes Pessole Biondo-Simões

Rua Ari José Valle, 1987.

82030-000 Curitiba - PR

Tels: (041) 273-5117/991-5566

Data do recebimento: 20/05/99

Data da revisão: 15/06/99

Data da aprovação: 07/08/99

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  • 1
    . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
    2
    . Prof. Adjunta de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná. Doutora em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
    3
    . Prof. Titular de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR e Prof. Adjunto de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Universidade Federal do Paraná. Doutor em Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
    4
    . Prof. Titular de Anatomia Patológica da PUC-PR.
    5
    . Alunos de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUC-PR.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Jan 2000
    • Data do Fascículo
      Out 1999

    Histórico

    • Aceito
      07 Ago 1999
    • Recebido
      20 Maio 1999
    • Revisado
      15 Jun 1999
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